Por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa
Eu (Antonio Carlos) conheci Zé Orlando (José Orlando Mendes da Silva) no primeiro show que a banda maranhense Tribo de Jah fez em Campina Grande – PB em 1997, eu era estudante de Comunicação Social e Artes da UEPB (Universidade Estadual da Paraíba) e fui fazer um trabalho para a disciplina de Fotografia.
Ao chegar no show no Saloon Bar que fica no centro da cidade, me identifiquei para o empresário da banda (Fernando Banas) e falei do meu objetivo como aluno de jornalismo de tirar fotos da banda no momento do show. Ele foi bem grosseiro, eu que sem noção do perigo, “mordi o Calcanhar Aquiles do valentão”, e ele me deixou acompanhar o show com livre acesso ao palco. Tirei as fotos na função de aprendiz de jornalista fotográfico empunhando minha Nikon como se fosse uma metralhadora disparando flash.
O show foi maravilhoso, a banda entrosada pulsando dentro do metrônomo. Eu nunca tinha assistido um show de dentro e fora do palco simultaneamente. Após o show fui conhecer os músicos no camarim, só Fauzi não era deficiente visual, ele foi bem educado e receptivo.
Eu deixei com Fauzi meus poemas impressos em folha A4 no qual alguns fariam parte em 1998 do meu livro “Poemas D’Versos Poemas”. Falei brevemente com Zé Orlando que também era o cantor e percussionista da banda. Em 1998 assisti o segundo show da banda como ouvinte no mesmo local e deixei com Fauzi as fotos tiradas no show anterior e o meu livro de poesia.
O que mais me chamou atenção no show da Tribo de Jah (Fauzi Beydoun, Zé Orlando, Aquiles, Joãozinho, Neto Enes, Frazão) eram dois climas no mesmo show. Fauzi começava o show com sua voz grave, com um canto falado e uma voz de radialista.
As letras reflexivas e quase messiânicas do magnata no ritmo do autêntico reggae roots do Maranhão: Jamaica Brasileira e da ilha do amor (São Luís – MA). São músicas perfeitas para dançar agarradinho e que são semelhantes no ritmo e no clima faceiro com os xotes que eu gosto de dançar nas festas juninas.
Mas quando Zé Orlando deixou a função de percussionista e assumiu a de vocalista da banda o clima do show se tornou solar. Ele chamou a galera para cantar juntos: Magnata e Regueiros, Mercadores de Canções, Magia Natural (versão de Natural Mystic), Não basta ser rasta, Oh Jah, Oh Jah, Battle For Another Life, Roots Rock Reggae, World In A Transition, Lost Man in Babylon, Pueblo de Jah. Meu deu a impressão de duas bandas e reversando no palco.
Zé Orlando é cofundador da banda Tribo de Jah e permaneceu de 1986 até 31 de maio de 2009. Foram 23 anos se apresentando com a banda pelo Brasil e Exterior. A banda participou do importante Festival de reggae mundial: Reggae Sunsplash Festival – Jamaica em 1995 e a banda Cidade Negra participou em 1992. Zé Orlando gravou 24 músicas no período que atuou na Tribo de Jah e todas são de autoria de Fauzi Beydoun.
Zé Orlando em 2010 criou a banda Pedra Rara com o objetivo de lançar 12 álbuns com nome das 12 pedras preciosas: Ônix, Safira, Jaspe, Rubi, Topázio, Esmeralda, Turquesa, Ágata, Ametista, Crisólito, Jade, Lesem). E já lançou dois álbuns: Ônix (2015) e Safira (2021). O diferencial dos álbuns é a diversidade criativa por serem canções de vários autores selecionadas para cada álbum que recebem a assinatura vocal da pedra rara Zé Orlando e com uma produção musical do reggae roots com o tempero da música brasileira.
Os músicos Aquiles (Baixo), Joãozinho (Bateria), Netto Enes (Guitarra solo), Frazão (Teclado), são amigos do Zé Orlando que se conheceram na Escola de Cegos do Maranhão em São Luís e formaram uma banda de baile com Zé Orlando no vocal, mas eles optaram em ficar na Tribo de Jah por segurança financeira e o prestígio consolidado da banda no cenário do reggae nacional e internacional.
Em 2010, Zé Orlando foi me encontrar na Editora Abril (atuei como repórter de 2007 a 2012) conversamos como se fossemos velhos amigos que se reencontravam depois de décadas. Ele comentou sobre a saída da Tribo de Jah e que estava se sentindo como um canário livre de uma “gaiola de ouro”. Agora estava livre para voar com as próprias asas responsável pelo seu próprio destino na carreira musical.
Falou do instigante desafio de recomeçar formando a banda Pedra Rara e me pediu músicas para o primeiro álbum Ônix. Escrevi no mesmo dia do nosso encontro a letra Pedra Rara (https://www.youtube.com/watch?v=BTLXra-K8Tw) enviei para Savilar que fez a melodia, a música foi gravada juntamente com Asas – Antonio Carlos / Elisete Retter (https://www.youtube.com/watch?v=d7W117Oa1-U)
Eu e Zé Orlando passamos a nos falar com frequência e dividirmos ideias pessoais e profissionais. No seu segundo álbum – Safira tive mais duas canções gravadas: Somos Refugiados (Zé Orlando / Antonio Carlos / Nando Oliver) – https://www.youtube.com/watch?v=TxA2FA4kmqQ
e Obrigado por Existir (Antonio Carlos / Rogério Granja) – https://www.youtube.com/watch?v=fnPXmNgbnMc. Seus álbuns têm áudio descrição e atua na causa em prol da acessibilidade da pessoa com deficiência.
Zé Orlando no dia 20/07/2024 completou 60 anos e faz 14 anos que acompanho de perto seu progresso educacional, ele voltou a estudar se formando como Tradutor / Intérprete em Inglês e Espanhol pela FAAP – Fundação Armando Alvares Penteado. Além de continuar com sua carreira musical, em 2014 se tornou apresentador de web rádio com o programa Reggae In Box (https://pedrarara.com.br) que é retransmitido para quatro países: Argentina, Angola, Itália, Panamá.
Zé Orlando é uma pessoa generosa e colocou sua voz e interpretação singular nas músicas da Reggaebelde produzidas pelo alagoano Nando Oliver. Aceitou o desafio de cantar na região grave de sua extensão vocal. E começou o planejando da gravação do terceiro álbum da banda Pedra Rara que contará com músicas que sou (Antonio Carlos) autor das letras. Estamos escrevendo a quatro mãos sua autobiografia que registrará sua bela e desafiadora trajetória musical.
Links para conhecer mais sobre Zé Orlando:
Entrevista de Zé Orlando para a RitmoMelodia: https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/banda-pedra-rara
Pedra Rara – Ônix [CD Completo] 2015: https://www.youtube.com/watch?v=3b5KFVdnx_s&t=293s
Pedra Rara – Safira [CD Completo] 2021: https://www.youtube.com/watch?v=fnPXmNgbnMc&list=PLZSyn383KBo_Owb5mM6tRIQGnpbR9JvGX
Pedra Rara – Somos Refugiados – Ao Vivo no Estúdio Showlivre 2023: https://www.youtube.com/watch?v=30wdT09DsZw&list=PLGUN6Dd0rsPPO3gILNqUsUBejuDbiiTxm
Tribo de Jah: https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/tribo-de-jah
Vida e Obras da Tribo de Jah: https://ritmomelodia.mus.br/carreira-musical/vida-e-obra-da-tribo-de-jah
Reggaebelde: https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/reggaebelde
Pedra Rara – Gravada pela banda Pedra Rara – Zé Orlando: https://www.youtube.com/watch?v=BTLXra-K8Tw
Asas – Gravada pela banda Pedra Rara – Zé Orlando: https://www.youtube.com/watch?v=d7W117Oa1-U
Somos Refugiados – Pedra Rara: https://www.youtube.com/watch?v=TxA2FA4kmqQ
Show!!!!!
Viva a arte e os artistas.
Entrevista muito boa! Satisfação poder conhecer a história do artista.
Bom dia! Meu amigo!!!
Uau que História fascinante! Momentos que ficam guardados para na memória…como sua máquina fotográfica disparando flashes…RS.
Sensacional e coisas que fogem da nossa compreensão! Amizade se tornou sólida! Parceria e sincronismo natural.
Banda de membros que são deficientes sensoriais (Visão)…outros sentidos aguçados como navalhas!
Parabéns pela obra…por não deixar se perder tudo isto apenas na lembrança!!!
Sua Obra é um patrimônio.