Atriz, cantora, produtora, mineira Biah Carfig, fez teatro no Conservatório Carlos Gomes na cidade de Campinas – SP.
No ano de 2000 fez parte do musical da Broadway Les Miseràbles, (primeira montagem no Brasil, em cartaz no Teatro Abril/Renaut), período também em que cursou canto erudito na ULM (Universidade Livre de Música) em São Paulo. Atua profissionalmente na área artística desde 1994. Integrou a Cia mambembe de teatro – “Sia Santa” percorrendo todo o Brasil com um repertório de peças infantis e adultas.
Fez parte do elenco do Hopi Hari desde a inauguração até o ano de 2000. Em 2005 escreveu e produziu o seu primeiro espetáculo Contos de Senhorita K com recursos próprios, peça que foi aclamada na cidade na época. Em 2010 – escreveu e produziu o musical autoral – O Canto das Vitaminas com músicas autorais em parceria com Fernando Zuben na produção musical e o espetáculo Brincando com a Broadway.
Desde 2002 integra o Circo Vox como cantora e atriz, percorrendo Brasil e exterior, tendo inclusive o espetáculo Curta a Temporada sido contemplado com o prêmio FUNARTE – edital Brasil/Portugal na cidade de Lisboa/ Portugal. Faz dublagem, narrações de poesias e vídeo-books e dá aulas de canto e expressão da voz para artistas e palestrantes. Fez o longa Intimidade Pública – com indicação de melhor filme estrangeiro em diversos países da Europa e EUA.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Biah Carfig para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 22.11.2021:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Biah Carfig: Nasci no dia 22 de março de 1974 em Campanha – MG. Registrada como Fabiana Carvalho de Figueiredo.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Biah Carfig: Meu contato com a música foi desde muito pequena. Meu pai Henrique Napoleão gostava muito de cantar e tocar violão. Eu, ainda criança pegava a escova de cabelo para ser meu microfone e cantava as músicas todas dos discos da minha infância: Balão Mágico, a Arca de Noé de Vinícios de Moraes e Toquinho, que era maravilhoso – grandes artistas brasileiros participavam, lembra? Ney Matogrosso, Alceu Valença, Rita Lee, Marina, Zuza, Fagner, as Frenéticas, Jane Duboc, Elba Ramalho, Boca Livre, Grande Otelo, Clara Nunes, Paulinho da Viola, Moraes Moreira, Fábio Jr, Bebel Gilberto, Elis Regina, então, imagina isso? Quanta gente que sou fã até hoje e que deixou um legado musical incrível para o mundo e para a história da música brasileira. Esses artistas me deram toda a inspiração para seguir nessa onda e toda diferença na minha história musical. Ainda criança, participei do coro infantil da igreja católica de Campanha – MG. Primeiras vezes que solei nos eventos com muita gente assistindo, devia ter uns 7 ou 8 anos de idade. Depois, na adolescência, meu irmão tinha uma banda cover e eu fazia os backs e algumas participações.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Biah Carfig: Minha formação é em teatro. Fiz teatro no Conservatório Carlos Gomes em Campinas – SP. Depois, cursei a ULM (Universidade Livre de Música) em São Paulo, mas não cheguei a me formar.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Biah Carfig: Influência inteira da música brasileira com esses artistas incríveis que citei a cima. Eu sempre fui apaixonada pelo Ney Matogrosso desde criança. Foi uma grande referência de intérprete e artista que desde sempre fez um trabalho inusitado e ousado. Então, minha influência foi muito dos cantores brasileiros mesmo dessa época. E também os discos dos Beatles que meu pai Henrique Napoleão tinha todos. Isso foi minha infância musical. Madonna foi uma grande referência também, não como cantora, mas como artista inteligente e disciplinada. Digamos que, dos meus 16 aos 23 anos mais ou menos, ela me inspirou muito como performer e show-woman. Sobre os que me influenciaram a partir da fase adulta, tem Marisa Monte, Zizi Possi, Elis, Ivete Sangalo, Tiago Iorc, Enya, Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha, Cartola, Maria Callas, Gal Costa, Maria Betânia, o som de Lorena Machenit e músicas celtas me encantam. Eclética, digamos (risos). Sobre quais deixaram de ter importância, diria que Madonna já deixou faz tempo, mas para mim, ela revolucionou a música pop com tamanha ousadia, coreografias, figurinos, incrivelmente ousada. Depois dela, vieram as outras… E Beatles não ouço mais faz tempo, mas esses outros cantores da minha época, me inspiram até hoje.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Biah Carfig: Minha carreira musical começou em 1993 em Campinas – SP, cantando em banda de baile. Mas como eu estudava canto erudito com uma professora italiana, ela me sugeriu não cantar em banda para não estragar a voz. Mas acabei não seguindo a ópera e fui parar no meio dos musicais da broadway. O primeiro musical que fiz foi Les Miseràbles em 2001 em São Paulo.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Biah Carfig: Ainda não lancei um álbum. Tudo programado para sair um single em 2022.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Biah Carfig: Sou uma cantora/atriz que já cantou de tudo. Neste single virá um estilo bem diferente, nada comercial para o Brasil, mas é o que eu realmente quero fazer.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Biah Carfig: Estudei técnica vocal desde meus 19 anos de idade. Estudei técnica vocal para teatro no conservatório, depois fui para o erudito, do qual, a técnica fica muito apurada, depois musical que é diferente do erudito. E a maneira de cantar muda, desde respiração até a musculatura que irá acionar na hora da emissão do som.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Biah Carfig: É primordial para quem quer ser um profissional da voz, para que se tenha uma saúde vocal adequada e uma vida longa na profissão. A voz é um músculo. Se não usado da maneira correta pode acarretar um problema para o resto da vida. É muito importante ter domínio de tudo e qualquer som que você emite para assim, dar sempre o seu melhor sem se agredir ou ter algum problema vocal.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Biah Carfig: Tem muitos, vou citar alguns: Billie Hollinday, Madaleine Peyroux, Ney Matogrosso, Maria Betânia, Jessie J, Elis Regina, Maria Callas, Meredith Monc, Marisa Monte, Freddie Mercury, Enya, Milton, Djavan, Gilberto Gil, Cássia Eller e tantos outros.
11) RM: Como é seu processo de compor?
Biah Carfig: Não compus muitas coisas ainda. Mas posso dizer que tenho processos diferentes para cada inspiração. Tem momentos que a canção vem pronta e eu gravo no celular para não esquecer, outras vezes é um processo demorado, pensando na matemática dos versos.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Biah Carfig: Tenho um parceiro para as músicas dos espetáculos que escrevi: Fernando Zuben. Ele entende muito bem o que eu quero na música e trabalhamos muito bem juntos. Agora tenho feito outras parcerias muito interessantes também.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Biah Carfig: Sempre digo que nada é muito fácil, inclusive uma carreira musical independente, mas acredito muito que qualquer coisa focada, dá para conseguir. Eu poderia dizer que os prós de uma carreira independente é você ser livre para fazer o que você realmente quer, não o que é mais comercial ou o que vai vender mais que geralmente acontece quando você vai trabalhar com gravadora que escolhe o que você vai cantar. Os contras, é você lidar com muitas frustrações de perceber que o que você gosta, pode não ser apreciado pelo público e tudo é mais demorado e difícil.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Biah Carfig: Dentro do palco as estratégias são sempre o foco, concentração, aquecimento físico, respiração e minha oração que sempre faço antes de entrar em cena. O palco é tão sagrado pra mim. Já fora do palco, preciso ter realmente mais estratégia.
15) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Biah Carfig: A internet ajuda muito. Sem ela seria impossível atingir as pessoas nessa velocidade. Antes tinha que ter o empresário para te vender, fazer seu marketing, ir de um em um falar do seu trabalho. Hoje, a internet atinge o mundo inteiro com uma boa estratégia nas mídias sociais. Agora, tudo o que é bom, vem o lado ruim junto. Você vai lidar com críticas muitas vezes horríveis sobre você ou o que você faz e se não estiver preparado para isso, pode acabar uma carreira inteira em um segundo. Mas temos que saber que a crítica vem de um jeito ou de outro. Mesmo com um excelente trabalho. É trabalhar o “tô nem aí” para o que os outros falam e continuar.
16) RM: Quais as vantagens e desvantagens do fácil acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Biah Carfig: Eu só vi vantagens até agora. Será que existe desvantagem?
17) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Biah Carfig: Eu ainda não fiz algo relevante, sinceramente. Agora me sinto realmente preparada para fazer o trabalho dentro da música que sempre quis. Aguarde que vou te dar notícias…(risos).
18) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas e quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Biah Carfig: Se a gente for ver como era antes e como é agora, fica difícil né? A qualidade caiu muito, de tudo, desde um arranjo até a qualidade da voz. Só voltar um pouquinho no tempo e ver como eram as vozes e como tinham personalidades marcantes. Hoje, não consigo saber quem está cantando, tá tudo muito igual. E as pessoas gostam. Agora o porquê gosta é o que fico pensando… Acho que as rádios e a televisão têm muita culpa nisso. Tem muita coisa boa escondida. A grande mídia só mostra o que pra ela é lucrativo. Agora, nas últimas décadas, tem muita coisa boa e quando você fala de décadas, pode ser 20, 30, 40 anos ou mais… Vamos até uns 30 anos… Marisa Monte, Renato Russo, Titãs, Cássia Eller, Mamonas Assassinas, Lenine, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Maria Gadu, Pitty, Zeca Baleiro, Ana Carolina…e nestes últimos anos estão aparecendo muitas coisas boas também: Tiago Iorc, Iza, Malía, Johnny Hooker e outros tantos.
19) RM: Quais os artistas já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Biah Carfig: Ney Matogrosso, Freddie Mercury, Maria Bethânia, Marisa Monte, Roberto Carlos, Beyoncé, Michael Jackson…
20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?
Biah Carfig: São muitas coisas que já aconteceram. Quase todas citadas na pergunta. Brigas não, ainda bem né? Já fiz um evento grande que o contratante não pagou, infelizmente aconteceu. Agora, só faço eventos com acordo de 50% antecipado. Uma coisa engraçada que aconteceu uma vez, eu, cantando em um evento, uma pessoa veio até mim, isso eu cantando e ela querendo falar comigo, no meio da música, queria contar um caso que aconteceu com ela com a música.
21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Biah Carfig: Feliz é poder ganhar dinheiro fazendo o que eu gosto. Triste é que ainda a arte e a cultura são extremamente desvalorizadas no nosso país.
22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Biah Carfig: Existe o dom musical. Tem pessoas que já nascem com muita sabedoria musical que não fazem muito esforço para aprender. Mas não é só de dom que vive um artista. Tem pessoas que não tem tanto dom, mas estudam tanto e focam tanto no que querem que ficam muito melhores do que aquele que tem o dom. O ideal é quem tem o dom, ter a disciplina de quem não tem o dom, aí, vira um primor.
23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Biah Carfig: Improvisação é uma técnica aprimorada e de tão resolvida pode-se improvisar. Um improviso estudado, digamos assim. É como o Jazz. Tem muito improviso no Jazz, mas tudo dentro de um conceito e regras que já foram pré-estabelecidas. Improvisação bem executada é simplesmente uma delícia.
24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Biah Carfig: É algo estudado antes e muito bem estudado.
25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Biah Carfig: Eu não diria que tem contras. Eu adoro os improvisos e para fazer isso, tem que saber música e ter domínio de harmonias e ter muita sintonia com os músicos. Mas se eu for dizer algo sobre um contra, talvez, a falta de comprometimento com a partitura. Tem músico que gosta de improvisar e não lê partitura. Mas é uma escolha também. Não necessariamente tenha que se ler a partitura. Tem pessoas que tocam muito e não sabem ler nada, fazem tudo de ouvido.
26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Biah Carfig: Nesse caso, se houver um contra sobre estudar harmonia, só se o método for muito ruim.
27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Biah Carfig: Não acredito que sem o pagamento do jabá minhas músicas toquem nas rádios de grande audiência…
28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Biah Carfig: Vá em frente e estude o máximo que conseguir.
29) RM: Quais os prós e contras do Festival de Música?
Biah Carfig: Não vejo contras para essa questão. Será que tem? Só se for festival de música pago para participar. Aí, quem paga participa, não quem é bom.
30) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Biah Carfig: Acredito que Festival de música revela novos talentos.
31) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Biah Carfig: A grande mídia não coloca as melhores coisas em alta.
32) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Biah Carfig: Acho incrível e muito bem feito. O Sesc é uma das coisas mais bacanas e que realmente funcionam no Brasil.
33) RM: O circuito de Bar na cidade que você mora ainda é uma boa opção de trabalho para os músicos?
Biah Carfig: O Bar é muito bom para fazer repertório e dar agilidade para escolher as melhores músicas e o que você quer cantar, mas definitivamente, é terrível artisticamente.
34) RM: Fale sua atuação como atriz.
Biah Carfig: Eu adoro atuar, fazer diversos personagens diferentes. É sempre um grande aprendizado. Procuro estudar a personagem muito a fundo, o que ela faria, o que escolheria, a cor que gosta, a comida, por onde andaria, tudo. Quanto mais profundamente ela for estudada, mais o público vai acreditar nela.
35) RM: Fale sua atuação como dramaturga.
Biah Carfig: Comecei a escrever poesias, depois fui para a escrita de textos para teatro. Gosto muito disso tudo. É também um outro tipo de realização. Escrever uma história e ver ela ser contada por outros.
36) RM: Fale sua atuação como produtora.
Biah Carfig: Comecei a pensar em produzir, ainda sem dinheiro, mas com muita vontade fazer acontecer uma história que eu tinha escrito. É sempre difícil você convencer alguém de uma história sua, que aquilo vai ser interessante fazer, então, eu mesma fui atrás de fazer. Minha primeira produção foi um texto meu e eu não tinha nenhum dinheiro. Fiz e deu certo. Digo que comecei a produzir numa necessidade e daí tornou-se um hábito. Hoje eu vivo mais das minhas próprias produções do que da dependência de outros me contratarem.
37) RM: Quais os seus projetos futuros?
Biah Carfig: Estou com diversos projetos. Textos novos para serem realizados, novas parcerias, gravação de singles.
38) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Biah Carfig: [email protected]| [email protected]
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Teaser Biah Carfig: https://www.youtube.com/watch?v=9TfDOecBOPY
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Biah Carfig- Mocinho Bonito- O Primo Basílio/ O Musical: https://www.youtube.com/watch?v=LDwFqoX_4Zc
Biah Carfig e Marcos Tumura – Aniversário Aline Valier: https://www.youtube.com/watch?v=jqdzmltA_50
Biah Carfig Cantando o Hino Nacional: https://www.youtube.com/watch?v=r6XDHdf45mg
DIA DAS MÃES #diadasmães #cartãoonline #mãe: https://www.youtube.com/watch?v=A3UJWubRqZQ
Loucura ou lucidez?: https://www.youtube.com/watch?v=1JsDqaGzOVg
SALVE JORGE: https://www.youtube.com/watch?v=_GgVNVdA8cs
ZIRABÉR – a faxineira: https://www.youtube.com/watch?v=Sg-6H9hKefw
ZIRABÉR COM ALEXA: https://www.youtube.com/watch?v=c1uIB8GtU2o
ZIRABÉR e sua amiga: https://www.youtube.com/watch?v=qRAdaXA5-AE
ZIRABÉR – personagem – Episódio 2: https://www.youtube.com/watch?v=Mud1dt3ohQU
COMO COMECEI A PRODUZIR MEUS PROJETOS: https://www.youtube.com/watch?v=GGkPUTqme1g