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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Raiz Tribal

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A banda Raiz Tribal tem como herança a paixão pelo reggae vinda de uma das principais bandas de reggae do país, a maranhense Tribo de Jah. Gill Enes e Keké Enes são os filhos do guitarrista e vocalista Netto Enes e Leo Rabelo, é filho do baixista e vocalista Aquiles Rabelo, ambos músicos da Tribo de Jah. 

De pai para filho e depois para os palcos a fora, assim é a trajetória da banda, que começou em 2001 em Guarulhos – São Paulo e que fez o caminho de volta para São Luís – MA para não perder os laços com a raiz musical maranhense. Mesmo com a influência direta da Tribo de Jah, a Raiz Tribal nesses 16 anos de carreira conquistou a própria identidade, tocou ao lado de bandas nacionais e internacionais consagradas e ganhou reconhecimento e admiração de quem toca reggae no país.

O primeiro CD – Sintonia foi gravado em 2005, Guarulhos – SP. O segundo CD –Reggaeraggarootsskadub foi gravado em 2007, São Paulo – SP. E terceiro CD – NOVAS TRILHAS foi gravado em 2014, São Luís – MA, no qual o repertório foi escolhido a dedo para compor junto a participações especiais em homenagem aos mais de 400 anos de São Luís.

O CD – Novas Trilhas, conta com grandes nomes da música brasileira assim como Zeca Baleiro na música “A Ilha”; música em homenagem a São Luís, Fauzi Beydoun (Tribo de Jah) na “Quando o São João Chegar”; releitura da música de autoria do mesmo que se refere a cultura regional e ao estado do Maranhão e a participação de Nengo Vieira na música “Terra Prometida”. 

Segue abaixo entrevista exclusiva com Raiz Tribal para a www.ritmomelodia.mus.br  , entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 02.01.2017:

01) Ritmo Melodia: Qual a data de nascimento e a cidade natal dos fundadores da Raiz Tribal?

Gill Enes: Gill Enes nascido em São Luís – MA no dia 15.11.1983 e meu irmão.

Keké Enes: nascido em São Luís – MA, no dia 29.01.1986.

02) RM: Conte como foi o primeiro contato com a música dos membros da banda?

Gill Enes: Somos filhos do guitarrista Netto Enes um dos fundadores da Tribo de Jah que se dedicou sempre a música reggae, vive da música e nos criou no ambiente musical. Sempre estivemos presentes aos ensaios da Tribo de Jah, vendo o que cada um dos músicos tocava; como tocava e assim fomos entendendo o que é essa música reggae (risos).

03) RM: Qual a formação musical e acadêmica fora música dos membros da banda?

Gill Enes: Somos autodidatas, temos concluímos o segundo ano do ensino médio. E fizemos vários cursos e vamos em frente.

04) RM: Quais as influências musicais no passado e no presente dos membros da banda? Quais deixaram de ter importância?

Gill Enes: Nós somos fãs de reggae, mas ouvimos de tudo: MPB, MPM, Samba, WORLD Music, resumindo: Música boa.

05) RM: Quando, como e onde  vocês começaram a banda Raiz Tribal?

Gill Enes: A banda Raiz Tribal nasceu em 2001, em Guarulhos – SP. Ela surgiu do sonho em comum de dois irmãos que cresceram dentro da música e estavam certos de que era o caminho a se seguir, a música nos escolheu. Somos acompanhados nos shows por Leo Maranhão no Contrabaixo e Felipe Moreno na Bateria.

06) RM: Quantos discos lançados e quais os anos de lançamento (quais os músicos que participaram das gravações)? Qual o perfil musical de cada álbum? E quais as músicas que caíram no gosto do seu público?

Gill Enes: Temos três discos lançados: EP – Rato de Praia gravado em Guarulhos em 2001. CD – ReggaeRaggaRootsSkaDub, gravado em São Paulo em 2007. CD – Novas Trilhas, gravado em São Luís em 2012. No terceiro disco, nós contamos com as participações especiais de: Zeca Baleiro, Fauzi Beydoun e Nengo Vieira.

Cada disco teve seu tempo de amadurecimento, como uma criança se tornando um adulto (risos), nós costumamos dizer que, o que gravamos em todos os três discos é a nossa essência, desde criança até agora. Esses discos são muito particulares e peculiares (risos).

No primeiro disco nós conseguimos “emplacar” três músicas: “Rato de Praia”; “Oh! Lua”; “Duas Faces”. No segundo disco “emplacamos” quatro músicas: “Jah Sigo”; “Arte Final”; “Um eu Oculto” e “Jah” (Canção pra Conversar) e no terceiro disco “emplacamos” cinco: “A Ilha”; “A Paz”; “Quadro da Vida”; “Novas Trilhas” e “Princesa Rara”.

07) RM: Como vocês definem o estilo da banda Raiz Tribal dentro da cena reggae?

Gill Enes: Somos originais, temos sacadas diferentes da galera do nosso tempo. Nós usamos a música como instrumento de aproximação das pessoas, nós fazemos interligações entre elas às vezes sem que elas percebam, isso na maioria das vezes (risos). E, temos uma identidade que talvez não seja única, mas é diferente. Buscamos a nossa sonoridade pensando primeiramente a que público nós queremos direcionar e aí acontece.

08) RM: Gill, como você se define como cantor/intérprete?

Gill Enes: Se definir é se limitar, se enquadrar a alguma coisa ou rótulo. Eu amo ama a música. Vivo e respiro reggae desde sempre, através do lugar de onde vim, nasci, cresci e a minha família que sempre viveu do reggae. E deixo a música me mostrar quem sou. E, se fosse para me rotular, eu diria que sou a música e a música sou eu, tipo um oxigênio pros amantes da música (risos).

09) RM: Gill, quais os cantores e cantoras que você admira?

Gill Enes: Sou fã de inúmeros, creio que não caberia a lista aqui, mas gosto muito de Bob Marley, Lucky Dube, John Holt, Jacob Miller, Tracy Champman, Tarrus Riley, Jah Melody, Keké Enes. E Maria Bethânia, Elis Regina, Marcia Griffths, Judy Mowatt, Dona Marie, Etana.

10) RM: Quem são os autores das canções da banda Raiz Tribal?
Gill Enes: Geralmente sou eu e meu irmão Keké Enes, componho a maioria, mas ele às vezes aparece com uma “pedrada” no estilo “lovers” que é de se tirar o chapéu.
11) RM: Quais as ações empreendedoras que vocês praticam para desenvolvimento da carreira?

Gill Enes: Nós gostamos de disponibilizar nossos discos na internet sem “frescura, saca?”. Gravamos e já está pronto, então já colocamos na rua para que a galera se sinta mais próxima da banda. Eu e meu irmão Keké Enes sempre perguntamos o que nosso público espera da gente e a gente vai lá e faz, a opinião do principal interessado é o que vale.

12) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da carreira musical?

Gill Enes: A internet ajuda em tudo!Lançamento de discos, singles, clipes, enquetes, vendas de show, vendas de produtos. Ela ajuda até a te derrubar se falar ou fizer alguma besteira (risos). Você só será prejudicado pela internet se você procurar esse caminho. Use-a com inteligência e propriedade e vai gozar de tudo de melhor que ela tem dar.

13) RM: Como você analisa o cenário reggae brasileiro? Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Gill Enes: O cenário do reggae, assim como em todos os outros gêneros musicais, tem os seus altos e baixos. Uns se dão bem e outros não, uns fazem um trabalho massa e não são reconhecidos; outros não se dedicam tanto a isso, fazem qualquer coisa, compõem qualquer bobagem e acontecem como grandes astros.

Normal até para o que vem acontecendo com a música no geral aqui no Brasil. Não fico em cima do muro, mas, vejo uma galera fazendo um som massa, que tocam e cantam bem, tem boas composições, que cuidam do trampo com muita perícia e estão aos poucos aparecendo. E outros estão conseguindo se segurar com muita luta e outros que não vejo tanto merecimento para estarem com tanta visibilidade.

14) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso a tecnologia  de gravação (Home Studio)?

Gill Enes: Uns trabalham bem e usam muito bem essas ferramentas para gravar um disco ou um single. Outros gravam qualquer coisa, com péssima qualidade, sem conteúdo e acaba sujando tudo o que muitos vêm construindo há décadas. Vejo como uma falta de respeito, tanto para com os músicos do passado, quanto para a molecada que sabe fazer e faz bem feito.

15) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que vocês têm como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Gill Enes: São “Os Velhinhos da Jamaica”(é como chamamos os membros da Tribo de Jah), cada um deles são músicos dedicados, pais, educadores, influenciadores de uma geração, espelho para muita gente. Gosto muito também da pessoa e profissional Tony Garrido, um cara enorme de bom músico e coração gigante de simplicidade.

16) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na carreira musical?

Gill Enes: De tudo já rolou e rola vez ou outra por aí (risos). Estamos na estrada, na luta, né não?(risos). Já tocamos sem condição técnica alguma para tocar, mas já estávamos ali, longe de casa, a cidade toda esperando para ver se a banda iria mesmo estar ali.

Uma vez tocamos em um lugar que não tinha palco! Aí tocamos praticamente no chão entre a entrada do lugar e o som. A galera passava por cima dos cabos, desviando dos instrumentos musicais. Nem vou comentar do equipamento de som, né (risos)? Não tinha segurança para dar um suporte para gente.

Comecei a cantar e um cara pegou na minha mão, sacudia muito forte, atrapalhando totalmente a cantoria (risos), logo depois chegou outro e me cumprimentava com tapas fortes nas costas (risos) para completar chegou o terceiro, ele estava com uma catinga tão forte, que em um abraço o meu ombro ficou anulado.

Eu cantei o resto do show com esses três personagens o tempo inteiro indo lá me cumprimentar e eu cantando com o rosto virado só para um lado (rindo muito). Essas entre tantas e outras já aconteceram.

17) RM: O que deixam vocês mais felizes e mais tristes na carreira musical?

Gill Enes: Somos felizes pela escolha da música. A música nos escolheu e nós somos eternamente gratos por isso. A grandiosidade, a responsabilidade que temos de fazer música é às vezes difícil, mas damos graças a Deus sempre!

O que nos deixa triste é a saudade de casa, dos pais, filhos, a família inteira junta no domingo, a cama, o quarto em casa, os papos com os amigos da rua, as festas de aniversários de entes queridos que nós perdemos. A primeira palavra do filho (a), os primeiros passos. O dia dos pais na escola que na maioria não estamos presentes.

A falta de comprometimento de produtores, músicos, empresários com a música, a maldade das pessoas, a futilidade de alguns que por ter mais grana que o outro e por isso se achar melhor. A falta de amor ao próximo e do simples, saca?

18) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Gill Enes: Temos amigos em algumas rádios, nada comparado as grandes rádios FMs, mas temos sim, que tocam nossas músicas porque gostam e acham que mais gente devia escutar. Nas grandes cidades os empresários vendem um produto que eles vão ganhar dinheiro, indiferente se for bom ou ruim, aí provavelmente só com o tal do jabá.

Não digo que não quero que minha música toque nas rádios FMs, quem não quer né? Mas nunca precisei da grande mídia para que a minha música chegasse a lugares que jamais imaginei. E olha que já fomos longe e tenho certeza que ainda iremos mais longe, se for para tocar, vai tocar!

19) RM: O que vocês dizem para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Gill Enes : Se tiver talento, vontade, certeza e muito amor pela música, indiferente da linguagem, que corra atrás e se jogue de cabeça. Precisamos de mais combatentes com essa verdade para limpar essa sujeira toda que estão fazendo com a música no Brasil.

20) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com o uso da maconha?

Gill Enes: Os maiores astros, as grandes estrelas da música reggae apareceram em vídeos, fotos fumando maconha. Sem entender o porquê, sem saber o significado daquilo muitos começam a fumar maconha para se acharem regueiros, ouvintes de reggae. E todos nós sabemos que não precisamos disso para ser regueiro, ou ouvir reggae, certo?

A desinformação é a principal arma contra o povo. Eu não fumo maconha, não tenho e nunca tive nada contra quem fuma, não sou contra e nem a favor do uso dela. E cada qual faz o que quer da sua vida desde que não prejudique o próximo! Faça o que bem entender!

O reggae é algo tão especial, tão mágico: o som, o jeito de tocar, o canto, as vozes, o baixo e a batera, as guitarras, sopros e percussões. A principal nota dentro do reggae que é o silêncio (pausa).

E tem tanta coisa que eu não consigo comparar nem relacionar nada com a música reggae.Deveria ser para muitos assim, como é para mim: Reggae é música, paz, alma, coração, espírito e maconha é maconha. Simples assim!

21) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a religião Rastafari?

Gill Enes: Não sou um exímio conhecedor da religião Rastafari, acho interessante e curiosa como muitas aqui no Brasil, tem suas peculiaridades, rituais. O reggae foi e é um dos instrumentos usados para difundir a religião, aí sim, vejo um motivo, bom de ser relacionado.

Uma parte da Jamaica vive isso e muitos cantores vivem e pregam a religiosidade em suas músicas. Eu sou cristão e tenho que me aprofundar cada dia mais, buscar sempre mais, beber mais dessa água, mas também acho interessante estudar a religião Rastafari, informação nunca é demais!

22) RM: Algum de vocês são adeptos a religião Rastafari?

Gill Enes: Não.

23) RM: Os adeptos a religião Rastafari afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como vocês analisam essa afirmação?

Gill Enes: ELES SÃO JAMAICANOS, CERTO? Sendo assim, eu não tenho como não concordar, afinal, NA JAMAICA nasceu o reggae. SOMOS BRASILEIROS, amamos, nos apaixonamos por essa música, jamais iremos fazer reggae como eles.

Temos muitos sotaques, o Brasil é rico em ritmos, damos nossa cara a tudo. Repito, SOMOS BRASILEIROS, eles não conseguiriam fazer samba ou forró como nós, conseguiriam?(risos) Entendeu né?(risos).

24) RM: Na sua opinião porque o reggae no Brasil não tem o mesmo prestigio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?

Gill Enes: Aqui os interesses são outros, não se trata só do produto, da música, vai muito, além disso. O que eles não querem, não aparece!

Uma música como o reggae que fala de política sem meios termos; relata as condições sociais do povo, das feridas, de dores, de amores, de sonhos, de amor da forma mais simples; eles não querem mostrar, isso vai contra o que eles estão construindo.

Somos poucos, podem nos olhar como pequenos, mas para Deus somos grandes, somos únicos e muito valiosos, temos que continuar lutando!

25) RM: Quais as atitudes individuais que permitem manter uma banda por longos anos?

Gill Enes: Ser verdadeiro e querer sempre o melhor para o grupo. Amar, respeitar, somar, calar, ouvir, aprender, aprender, aprender, aprender e aprender. Um pouquinho de paciência também ajuda muito (risos).

26) RM: Nos apresente a cena musical do reggae em São Luís?

Gill Enes: Aqui tem um monte de DJs, Radiolas: paredões de caixas de som empilhadas sendo comandados por um Selectah e às vezes cantores locais e jamaicanos. E programas de reggae nas rádios todo dia, em quase todas as rádios FM e AM. Várias bandas e cantores solos que estão trabalhando o ano inteiro, dia após dia em prol da música reggae.

E artesãos, grupos de dança, casas noturnas de grande e pequeno porte abrem e fecham todos os dias com espaço integral ao reggae. E festas particulares, casamentos, velórios tudo aqui na ilha respira reggae. Duvida? Vem conhecer a nossa Ilha e te garanto que vai demorar a voltar para o lugar de onde veio (risos).

27) RM: Quais as diferenças das Radiolas de São Luís?

Gill Enes: Em São Luís a cultura das Radiolas vem de muito tempo, são grandes estruturas montadas ao ar livre ou dentro de clubes gigantes, caixas sobre caixas, graves, subgraves, médios, tudo que tem direito.

Nas antigas, rolavam muito roots tudo da década de 70, 80, 90. Hoje em dia as Radiolas tocam um som produzido aqui mesmo, com cantores e alguns jamaicanos que residem na Ilha. Chamam de “reggae robozinho”.

28) RM: Nos espaços ou clubes que tocam as Radiolas tem espaço para banda tocar?

Gill Enes: Muito difícil entrar banda para tocar com Radiola no reduto deles, lá eles não dão chances por que não curtem o som de banda ao vivo.

29) RM: Existe rivalidade profissional entre os donos de Radiolas e as bandas e cantores (as) de reggae em São Luís?

Gill Enes: Rivalidade não. Existem grupos, cada qual pro seu lado (seu reduto) e ninguém mexe com ninguém.

30) RM: Na letra Magnatas e Regueiros da Tribo de Jah. É relatado que “os Magnatas, que são os donos de Radiolas, só pensam em Dinheiros, ou seja, no lucro do baile e não estão se importando com o regueiros nem com o reggae”. O que você me diz dessa realidade local?

Gill Enes: Como falei anteriormente, cada um faz o seu e ninguém mexe com ninguém, saca? A pessoa que gosta de reggae, indiferente de estilo, roots ou robozinho, banda ou não, hoje tem opções. Vão aos bailes, bares, casas de shows com estrutura ou sem nenhuma estrutura.

O público escolhe aonde quer ir. Os tais “magnatas” estarão lá esperando de qualquer forma.

31) RM: O que justifica São Luís ser conhecida como a Jamaica Brasileira?

Gill Enes : Entre tantos motivos desde a chegada dos ritmos jamaicanos captados por ondas sonoras de rádio, a Jamaica é uma Ilha assim como São Luís, a maioria da população é negra assim como aqui também. O amor e respeito por nossas raízes; respeito aos mais velhos, aos nossos pais. Posso te dizer que a Jamaica Brasileira respira reggae, consome reggae, vive reggae, o reggae faz parte da nossa cultura.

32) RM: O reggae em São Luís é dançado agarradinho. Quais os motivos que levaram a essa característica local? Seria a semelhança do ritmo reggae com o Xote?

Gill Enes: Eu vejo que a música te dá sentidos, ela aguça os outros e o reggae mais do que qualquer outro som nos faz isso. Por mais que o xote seja um ritmo brasileiro, não consigo comparar a nossa dança originária aqui na Ilha com qualquer outro tipo de dança. É além do que você possa imaginar (risos). Precisam vir aqui pra ver, conhecer e quem sabe sentir (risos).

33) RM: O shows de reggae no sudeste a presença maior é de jovens e em São Luís tem pessoas de várias idades. Quais os motivos levaram a essa característica local?

Gill Enes: Como disse anteriormente, o reggae faz parte da nossa cultura. Aqui ele é passado de pai pra filho e assim por diante. O reggae aqui não é uma opção, você um dia ou outro vai ouvir e vai se encantar por ele. Vai ser resgatado, trazido, abduzido (risos) por essa simplicidade, originalidade, felicidade que é sentir essa música.

34) RM: Qual a receptividade dos regueiros de São Luís para com os músicos jamaicanos?

Gill Enes: Aqui nós idolatramos a todos, principalmente os da velha guarda porque foram os que nos trouxeram para esse universo e quem prova dessa água da velha guarda jamais terá sede.

35) RM: A receptividade dos regueiros de São Luís é a mesma para com os músicos e bandas de reggae brasileira?

Gill Enes: Não. Dificilmente você vai ver o público que segue a geração de ouro do reggae Jamaicano assistir bandas nacionais. Alguns vão bem poucos, mas com certeza não é a mesma quantidade.

36) RM: A impressão para quem não mora em São Luís é que a cena reggae local é diferente das outras cenas reggae do Brasil. Essa impressão procede?

Gill Enes: Aqui o reggae é a lei!Os adeptos da música são bitolados mesmo e não abrem mão disso. Amamos a música reggae, digo com firmeza que aqui o reggae jamais morrerá!

37) RM: Qual a relação pessoal e profissional de vocês com os membros da banda Tribo de Jah?

Gill Enes: Nossos pais são fundadores da Tribo de Jah. Eu (Gill Enes) e meu irmão, Keké Enes somos filhos do guitarrista Netto Enes. O nosso baixista, Leo Maranhão é filho do baixista Aquiles Rabelo. E consideramos na verdade a todos os outros membros da Tribo de Jah como pais, pois,os respeitamos pelas pessoas que são.

Admiramo-los pela musicalidade, pelo aprendizado tanto no pessoal como profissional, isso nos faz mais que filhos de um ou de outro, somos uma família gigante em que nos respeitamos, nós aprendemos, ensinamos uns aos outros. Meu irmão Keké tocou Teclado na Tribo de Jah durante um tempo, gravou discos, DVD. E fez turnês com os “Velhinhos da Jamaica”; como os chamamos com carinho.

38) RM: Quais as diferenças entre a cena reggae em São Paulo e a de São Luís?

Gill Enes: Primeiro a quantidade de bandas, segundo que Sampa (São Paulo) tem a cultura de consumir os sons autorais das bandas, aqui não é tão fácil emplacar música autoral nem é cultural, mas no geral, se a música for reggae é o que importa.

39) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Gill Enes: Todos os prós se resumem para mim no seguinte: Se você se vê realizado, faz isso porque ama, se dedica todos os dias, da o seu melhor para isso acontecer, isso já basta. Colhemos o que plantamos.

Os contras são: Não ter apoio de outros profissionais, das pessoas que antes estavam no mesmo momento que nós e hoje estão bem, mas não se lembram de como tudo começou. Lutar sozinho por isso até te faz grande, mas te caleja muito e muitos desistem no meio do caminho. É chato, mas é a verdade. Quer entrar nesse barco?

Não vai ser fácil, você vai chorar, berrar, gritar, não vai ter chance algumas vezes, mas quando seu dia chegar você com certeza irá dar valor a cada segundo. Nosso dia vai chegar, espero ter todos juntos da gente pra curtir tudo o tempo todo, todo o tempo.

40) RM: Quais os projetos futuros da banda?

Gill Enes: Queremos gravar nosso quarto disco. Gravar alguns clipes com roteiro; temos clipes, mas não nesse formato. Gravar um DVD em comemoração aos nossos “15 e poucos anos de formação” (risos).

E sair em turnê novamente pelo Brasil e quem sabe dessa vez alçar voos maiores e ir pra fora do país. Tudo isso está no roteiro que fizemos para início de 2017. Temos um projeto muito ousado vindo por aí, mas esse, vocês irão ver pronto (Risos).

41) RM: Quais os seus contatos para show e para os fãs?

Gill Enes: (98) 98168 – 0800 | (11) 9773 – 75935 | [email protected] | www.facebook.com/gill.enes | Instagram e Twitter: @raiztribal @lojaraiztribal


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.