More Caca Barretto »"/>More Caca Barretto »" /> Caca Barretto - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Caca Barretto

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O contrabaixista autodidata, produtor, diretor musical, arranjador e compositor pernambucano Caca Barretto, sempre interessado em se desenvolver musicalmente, ingressou no Conservatório Pernambucano de Música.

Durante sua passagem por aquela instituição, fez parte da Sinfônica de Alunos do Conservatório, sob a batuta do Maestro Duda. Mais tarde foi convidado a integrar a Big Band do Maestro Duda. Foi integrante da banda “Flor de Cactus” (junto com André Lôbo, Mário Lôbo, Sérgio Lôbo, Lenine, Zeh Rocha, Plínio Santos, Sérgio Campello: já falecido), nos anos 70, e membro do grupo vocal Nós & Voz, como músico e arranjador.

Teve participação em trabalhos com Zé da Flauta & Paulo Rafael, Geraldo Maia (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/geraldo-maia), Henrique Macedo, Maria Dapaz (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/maria-dapaz), Cláudia Telles, DJ Dolores, Fred Andrade, Lula Queiroga, Gonzaga Leal, Rui Ribeiro, Carol Levy, Lenine, Zeh Rocha (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/zeh-rocha), Bráulio Tavares (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/braulio-tavares). Diretor musical e arranjador do espetáculo “Profissão: Saudade”. adaptação de Carlos Reis, da peça “Brasileiro profissão: Esperança”.

Foi idealizador, produtor executivo, arranjador e músico nos projetos de renovação de hinos de estados, “Pernambuco em Novo Ritmo”, o hino de Pernambuco em sete versões e “Sons do Maranhão”, o hino do Maranhão em cinco versões.

Em 2011 dirigiu o Musical “Noel dá Samba, cem anos de Noel Rosa”, apresentado com grande sucesso no Teatro de Santa Isabel como parte do projeto Janeiro de Grandes Espetáculos. Ainda em 2011, produziu e dirigiu, em estúdio, o CD do mesmo espetáculo.

Em 2014 produziu e lançou o CD A.M.A.R.T.E, de Cláudia Beija. Em 2015 foi convidado a integrar a Banda Noise Viola. Diretor Musical do Espetáculo “Onde o Amor é Demais”, de dalva Torres, sob a direção de Gonzaga Leal. Diretor e arranjador do espetáculo “Olhando o céu, Viu uma Estrela”, de Áurea Martins e Gonzaga Leal, sobre a obra da diva Dalva de Oliveira.

Integrante da Orquestra Malassombro. Músico publicitário de 1992 a 2016, foi sócio do selo alternativo Candeeiro Records, e da produtora de áudio MuzaK. Como projetos artísticos, está promoveu o relançamento da banda Flor de Cactus e produziu o primeiro CD da banda, “Brincando com o Tempo”, lançado em 2016. Nas mídias sociais, é produtor, arranjador e editor nos projetos Rock Bossa Recife e Gravando em Casa. Pretende lançar, em breve, CD com uma compilação de todas as suas composições e parcerias.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Caca Barretto para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 13.01.2025:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Caca Barretto: Nasci no dia 29/08/1958 em Recife – PE. Filho de José Barreto da Silva Nen (Zé Barreto) e Maria José Barreto da Silva Nen (D. Zezita) e registrado como Carlos Alberto Barreto.

Uma curiosidade, meu bisavô paterno, que era de Agrestina, interior de Pernambuco. Ele chamava todo mundo de “Nenên”. Como Canhoto da Paraíba, que chamava todos de “Curiguim”. Nestor do Cavaco: chama todo mundo de “Devagar”. Maurício Chiappeta, que chamava a todos de “Pascualino”. O maestro Dimas Sedícias, chamava todos de “Farizeu”. Por consequência todo mundo chamava meu bisavô de Nen. Ele botou esse nome como sobrenome nos filhos e os filhos colocou nos seus filhos. Meu pai, achou pouco e transferiu para minha mãe. Mas, devido ao próprio “sofrimento”, retirou dos nossos nomes. Já meu tio, irmão do meu pai, manteve nos meus primos. Resultado: todos os primos sofrem horrores por causa do “NEN”. De vez em quando, ouve-se uma reclamação de algum deles. Por problemas com cartórios, bancos, receita federal, correios… pois vinha: Neto, Nem, Mendes, Mem, tudo… menos Nen (risos).

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Caca Barretto: Desde muito pequeno (três e a quatro anos de idade), em Caruaru – PE, onde passei minha primeira infância, eu já prestava atenção nos dobrados marciais que tocavam bastante no rádio, e mostrava muito interesse nas harmonias dos discos de orquestras que meu pai (Zé Barreto) sempre punha para tocar em casa.

Aos oito ano ou nove anos de idade, acompanhava, no cantinho da sala, aos encontros musicais que ele organizava em nossa casa no Rosarinho. Ali, nomes como Canhoto da Paraíba (Francisco Soares de Araújo), Rossini Ferreira, Jarbas Maciel, Henrique Annes, eram presença constante.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Caca Barretto: Eu não tenho formação acadêmica. Cursei Administração de Empresas e Comunicação Visual, pela UFPE, mas não cheguei a me formar. Participei de várias bandas, mas quando percebi a dificuldade de se viver de música naquela época (Anos 70), prestei concurso para o Banco Brasil e meio que larguei e música.

Durante a passagem pelo Banco Brasil, fundei uma produtora de áudio para publicidade, a MuzaK – Produções em Áudio, que me possibilitou retornar às atividades musicais. Quando a empresa começou a dar seus próprios frutos, eu saí de Banco Brasil e me dediquei às atividades publicitárias da empresa.

Com as pressões desse tipo de trabalho, eu tive um infarto em 2013. Isso me fez repensar toda a vida. Em 2015 deixei a sociedade, e hoje me dedico totalmente à música. Escolhendo a dedo os trabalhos em que quero tomar parte.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Caca Barretto: Devido a essa minha “atenção” exagerada por todos os estilos de música, eu poderia dizer que guardei dentro de mim um universo imenso de influências musicais.

Eu tive a oportunidade de “pegar”, o primeiro LP de Caetano Veloso, de Gilberto Gil, de Chico Buarque, de Edu Lobo, MPB4, os rudimentos da Bossa Nova, Jovem Guarda, Beatles, Roling Stones, Hair, Woodstock, Jimi Hendrix, mas, de repente, chega meu saudoso irmão mais velho, que já foi morar nas estrelas, com dois LP’s que mudaram os rumos da minha vida musical.

“Acabou Chorare”, dos Novosbainos e o “Fragile”, do Yes. Eu estava começando a querer tocar contrabaixo. Quando ouvi os Novos Baianos misturando “roquenrrôu” com samba e baião, e quando ouvi o estilo do baixista de Chris Squire, do Yes, eu não só quis tocar contrabaixo, mas eu queria ser aqueles caras.

Junte-se a isso as reuniões do meu pai, os discos de orquestra que tocava sempre, Bolero de Ravel, Less Paul. Minha cabeça vivia cheia de música. Influência para dar e vender. Porém, Chris Squire e Luizão Maia, foram, sem sombra de dúvidas, os baixistas que mais influenciaram minha performance.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Caca Barretto: Teve um momento, que eu posso dizer que foi uma epifania. Aquele momento que muda a vida para sempre. Quando eu tinha 9 anos de idade, meu pai (Zé Barreto) me lavou para assistir 2001, Uma Odisseia no Espaço. Fiquei fascinado com tudo. Desde antão comecei a prestar atenção na música do cinema. E desde aquele dia eu nunca mais pensei em outra coisa que não fosse música.

Nos anos 70, comecei integrando a Banda Flor de Cactus, da qual faziam parte André Lôbo (Voz e Violão), Mário Lôbo (Teclado), Sérgio Lôbo (primeiro Baixista), Lenine (Voz e Violão), Zeh Rocha (Voz e Violão), Plínio Santos (Flauta), Sérgio Campello (Baterista, já falecido). E devido à natureza muito peculiar das composições da banda, que misturava, Jazz, Música Nordestina, Maracatu e Frevo, eu pude experimentar a inserção do estilo Rock Progressivo adquirido do Yes.

06) RM: Quantos álbuns lançados?

Caca Barretto: Como não sou cantor ou músico performático, não tenho álbum meu. Mas como compositor, produtor, arranjador, diretor musical e músico, tenho no currículo os álbuns: Flor de Cactus (Compacto de 1979); Pernambuco em Novo Ritmo – O Hino de Pernambuco em 7 versões (2002); Sons do Maranhão – O Hino do Maranhão em 5 versões (2005); Noel dá Samba – 100 Anos de Noel Rosa – Cláudia Beija (2007); A.M.A.R.T.E – Cláudia Beija (2014); Banda Flor de CactusBrincando com o Tempo (2019); Olhando o Céu, Viu uma Estrela – Áurea Martins e Gonzaga Leal (2020); A Leveza Nua das Horas – Dalva Torres (2024). Estou preparando o meu álbum, “Acontecenças”, com participação e vários cantores e parceiros (2025).

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Caca Barretto: Eu diria que não tenho um estilo definido. Quando produzo ou faço um arranjo para determinado artista, eu costumo “estudar” o estilo do artista. Claro, mantendo as rédeas da produção para não perder o controle do projeto, porém sem perder de vista a personalidade musical do artista.

08) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Caca Barretto: Como músico e produtor: Elis Regina, Nana Caymmi, Rosa Passos, Mônica Salmaso, Gal Costa, Simone, Maria Bethânia, Ivan Lins, Caetano Veloso, João Nogueira, Gilberto Gil, Chico Buarque, Edu Lobo, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Tonny Beneth, Elton John, Fred Mercury, Jon Anderson.

09) RM: Como é seu processo de compor?

Caca Barretto: Geralmente, vem um tema na minha cabeça. Qualquer coisa. Daí eu vou elaborando algum formato poético (versos e estrofes), usando palavras chaves que levam àquilo que eu quero comunicar. Não costumo anotar nada. Fica tudo na cabeça. Quando a coisa está mais ou menos estruturada, eu vou ao violão pra criar uma harmonia musical. Daí vem a parte de escrever letra e melodia.

Na maioria das vezes, quando componho letra e música, algum tema me vem à cabeça. Nada forçado. Nunca parei pra compor. Tudo vai surgindo aos poucos… Daí, eu penso na mensagem que eu quero passar com aquela matéria. Então, seleciono algumas palavras-chave que poderão ser usadas na composição.

Depois, é organizar essas palavras de forma a ter uma métrica de poesia, com ou sem rima. Nesse processo eu já vou pensando na melodia e na harmonia que poderão acompanhar as palavras. E vou adequando uma coisa a outra. Quando escrevo uma letra para uma melodia ou harmonia, o título da música já me sugere o caminho a ser tomado para a composição da letra. É isso.

No caso de compor a melodia para uma poesia ou um texto, antes de tudo observar a mensagem da letra ou do texto para direcionar o estilo. Depois adaptar a letra a uma métrica poética. Nesse processo, pode-se suprimir ou até mesmo adicionar palavras para compor um refrão marcante para a canção.

10) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Caca Barretto: Nunca tive parceiros fixos de composição. Como falei no item anterior, para a gravação do meu primeiro álbum solo “Acontecenças”, contei com a parceria eventual de Juliano Holanda, Fred Andrade, Renato Bandeira, Sonnia Aguiar, Kelly Rosa, Sérgio Campello, Maria Dapaz, Mário Lima, George Aragão, Célio Fonseca, Paulo Marcondes, Cláudia Beija… Nunca nos reunimos para compor uma música. As ideias vinham de poesias que li, ou de temas musicais que ouvi.

De uns, eu simplesmente capturei o que eles escreveram no Instagram ou Face Book e compus uma melodia para aquilo. De outros, eu ouvi uma melodia e me ofereci para desenvolvi uma letra. E assim vai.

11) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Caca Barretto: Tudo se resume ao aspecto financeiro. Eu tentei ser músico “de verdade” dos 17 aos 22 anos. Quando vi o caminho que teria que trilhar, eu me desviei, mas sempre mantive um pé na música, sem, no entanto, viver dela. Agora que deixei a produtora de áudio publicitário e me aposentei, tenho o privilégio de fazer música em tempo integral, sem viver dela.

12) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco? 

Caca Barretto: Não tive uma carreira musical consolidada. Não saberia responder.

13) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Caca Barretto: Não tenho uma carreira consolidada. Faço música profissionalmente, porém, sem pretensões de obter carreira. Mas sempre mantive a minha verdade. Nada de forçação de barra para se adequar a certas tendências ou estilos. 

14) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Caca Barretto: A internet facilita no sentido de que tornou o mundo muito menor. O que se faz aqui, vai para o mundo em segundos. Isso pode alavancar ou destruir um trabalho num piscar de olhos.

15) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Caca Barretto: Vantagens imensas o home estúdio. Tornou o acesso à gravação bem mais democrático. Antes o acesso era um sonho caro e complicado. Equipamentos colossais e caros. Hoje… um computador, uma placa de som, um microfone, um pouquinho de bom senso… e temos um estúdio. Desvantagens… só para a concorrência.

16) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Caca Barretto: Eu ponho verdade no que faço. Não tento imitar ninguém, não tento seguir tendências e faço o meu trabalho da melhor maneira possível. Sou extremamente perfeccionista e tenho um profundo senso de autocrítica. Tenho muitos colegas de grande competência, profissionais da música de grande talento. É com isso que eu conto para realizar meu trabalho.

17) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileira. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Caca Barretto: Eu não posso falar abertamente o que eu acho da atual situação da música brasileira. Roberto Menescal disse, com muita propriedade: “O Brasil tem a melhor e a pior música do mundo”. Desculpe, eu me limito a concordar com ele.

18) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?

Caca Barretto: Todas as situações citadas na pergunta já passei.

19) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Caca Barretto: O que me deixa mais feliz é ver um trabalho pronto depois de todo o processo de criações e produção. O que me deixa triste é que a música é fumaça e é muito pouco valorizada. Pagam-se absurdos pelo jantar no restaurante chique, mas recusam-se a pagar o couvert dos músicos. Ou quando o couvert artístico é pago, o estabelecimento não repassa aos músicos.

20) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Caca Barretto: Eu creio que sim. É como ter o “dom” de jogar futebol ou de preparar boa culinária. Claro, tudo pode ser desenvolvido com treino e dedicação. Mas… a pessoa que não tem o “dom”, com treino e dedicações pode se tornar um grande profissional, dominando todas as técnicas para executar aquele trabalho. Porém, vai lhe faltar a capacidade de colocar “alma” naquele trabalho. Não sei se me faço entender.

21) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Caca Barretto: Eu acho a improvisação, simplesmente incrível. É uma coisa que eu não consigo fazer. Aprecio quem o faz.

22) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Caca Barretto: Há bastante estudo por trás da improvisação. Há muito conhecimento de técnicas do instrumento, escalas musicais, frases musicais, que o músico vai buscar na sua memória para usar em sua performance. Quanto mais se estuda, mais se tem o domínio. Outras pessoas nascem com o “dom”, e já dominam a arte sem necessitar de grandes estudos.

23) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Caca Barretto: Desculpe. Não tenho condições de responder. Nunca estudei métodos de improvisação.

24) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Caca Barretto: Embora não tenha estudado nenhum método de Harmonia Funcional, creio que eles abrem portas que você nem imaginaria que existem. Seria como dar nomes aos bois. No meu caso é bem assim. Uma vez que utilizo todos os recursos de harmonia, sem, no entanto, saber como se chama aquele recurso.

25) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Caca Barretto: Olhe… eu nunca fui vítima dessa prática de pagar o jabá, mas já ouvi de artistas que foram barrados por não pagar para ter sua música na programação da rádio.

26) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Caca Barretto: Eu digo: – “Vá em frente. Tente. Se não der, insista. Se não der, faça outra coisa, mas não abandone a música. Ela é libertadora. Se você não consegue viver dela, ao menos “viva com ela!”. É isso.

27) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Caca Barretto: Há um tempo havia espaço para todos os estilos. Agora está tudo direcionado para um tipo muito ruim de música. Ninguém tem vez. Os antigos estão fora. Os novos (que não são dessa corrente podre) têm muito pouco espaço. E assim vai.

28) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Caca Barretto: Grandes oportunidades surgem desses apoiadores. Porém, o acesso a esses espaços é muito restrito. Coloquei muitos projetos nesses meios. Nunca consegui aprovar nada.

29) RM: Como você define seu estilo como contrabaixista?

Caca Barretto: Eu diria que não tenho estilo definido. Mas, posso dizer que não sou músico performático ou um showman. Sempre ouvi de tudo e sempre tive muita facilidade de assimilar informações musicais. E, como músico da noite, sempre toquei de tudo. Bossa Nova, samba, rock, balada, pop, brega (dos antigos), forró (Luiz Gonzaga e Dominguinhos). Nunca toque porcaria.

Porém, como produtor de música para publicidade, tive que ouvir e compor de tudo, abandonando totalmente meu gosto pessoal. Isso me deu uma noção muito vasta pra saber de que as músicas são feitas. Quais os elementos básicos que fazem aquele estilo ser o que é, sem soar falso ou artificial.

Comecei a tocar contrabaixo ouvindo o Yes. O estilo do baixista Chris Squire me impressionou e influenciou bastante. Porém, como sempre gostei das baixas frequências e prestava muita atenção nos baixos das músicas, posso dizer que “peguei o jeito” de muitos baixistas. Mas meus dois “pais e mestres” são Chris Squire e Luizão Maia. 

30) RM: Quais as principais técnicas que o baixista deve se dedicar?

Caca Barretto: Eu não saberia dizer as melhores técnicas para se tocar um instrumento. Nunca parei para estudar horas a fio. Sempre toquei de ouvido e desenvolvi um estilo de tocar que me é confortável e me agrada aos ouvidos. Eu toco para a música. Faço o que ela me pede. Não forço frases exageradas, nunca estudei e não toco com Slaps (Detesto, por sinal). Gosto de “Bunitêza e Pouca Nota”. Essa é minha filosofia.

31) RM: Qual a importância de o baixista equilibrar a função de condução e de solista?

Caca Barretto: Minha opinião é de que o contrabaixo não deve solar. Deve acompanhar e fazer parte importante da harmonia da música. O baixo pode mudar radicalmente a “cor” de um arranjo. Um solo do baixo já está de bom tamanho. Dois solos de baixo já é demais. Mais do que isso já me cansa. Não sou solista. Não sou improvisador. Direciono essa minha “falha” para outros talentos.

32) RM: Quais os principais vícios técnicos ou falta de técnica tem os baixistas alunos e alguns profissionais?

Caca Barretto: Eu acho que a mais grave falha dos atuais alunos de contrabaixo, é achar que é um instrumento de solo. Todos só querem estudar para solar e arrasar. Ok, faz parte. Mas não é por aí. De que adianta fazer embaixadinhas se não sabe jogar futebol?

33) RM: Quais as principais características de um bom baixista?

Caca Barretto: Tocar para a música. Pouca nota: só aquelas que vão “dizer” algumas coisas e acrescentar algo mais à canção.

34) RM: Quais são os contrabaixistas que você admira?

Caca Barretto: Chris Squire (Yes), Luizão Maia (Maria Creusa), Tony Levin (Peter Gabriel), Dadi (Novos Baianos, A Cor do Som, Barão Vermelho), Victor Huten (Bella Flek), Antony Jack (Dave Wekl), Paula Paulelli (Rosa Passos), o grande Jorge Helder (Chico Buarque e Edu Lobo). É por aí. Tem outros, mas já está de bom tamanho.

35) RM: Existe uma indicação correta para escolher um contrabaixo de mais de 4 cordas? Quais os gêneros musicais correspondentes a quantidade de cordas do instrumento?

Caca Barretto: É uma questão pessoal. E acho que também depende do estilo de música que se vai apresentar. Eu tenho um acústico de 4 cordas, um TRB de 6, um Murilo de 6, um Di Oliveira Fretless de 6, um Gianinni 1977 modificado de 4, um Fender de 4, um Baixolão Hyundai de 4 e um U-Bass Tagima de 4. Cada um deles tem uma ocasião específica para ser utilizado. São as minhas crianças. O som de  cada um vai se casar melhor com o estilo daquilo que se vai tocar.

36) RM: Qual a marca de encordoamento da sua preferência? Existe marca ideal para cada gênero musical ou é preferência pessoal?

Caca Barretto: Eu sempre uso D’Addario. Não são tão caras e tem boa durabilidade. E porque o TRB tem uma escala super longa e a D’Addario tem esse modelo específico para baixos Super Long Scale.

36) RM: Quais os prós e contras de ser professor?

Caca Barretto: Não tenho condições de responder. Eu decidi que não sei ensinar. Tentei. Mas era muito ruim (risos).

37) RM: Quais os prós e contras de ser músico freelancer acompanhando outros artistas?

Caca Barretto: O pró é você ter a sorte de ser escalado por um artista que você admira. O perigo é ter que tocar o que você não suporta. Por isso eu larguei a carreira musical. Nunca quis ser músico de bandas de baile.

38) RM: Quais os prós e contras de tocar em uma única banda?

Caca Barretto: Eu sempre gostei de tocar na banda Flor de Cactus. Mas nada nos impedia de fazermos trabalhos paralelos. Tocar numa só banda limita o músico.

39) RM: Quais principais dificuldades de relacionamento que enfrentou em bandas?

Caca Barretto: Vaidade. Egos inflados. Teimosia e intransigência.

40) RM: Quais os artistas já conhecidos você já acompanhou como músico freelancer?

Caca Barretto: Cláudia Telles, Cauby Peixoto, Eliana Pitman, João Donato, Karina Spinelli, Nena Queiroga, Lula Queiroga, Lenine, Zeh Rocha, Zé da Flauta, Paulo Rafael, Vinícius de Morais, Amaro Freitas, Noise Viola, Rui Ribeiro. Entre outros.

41) RM: Quais principais dificuldades de relacionamento que enfrentou acompanhando artistas já conhecidos?

Caca Barretto: Com artistas nacionalmente conhecidos, nunca tive problemas. Já com os de Recife – PE… muita vaidade, egos inflados, teimosia, intransigência e grosseria.

42) RM: Você toca outros instrumentos?

Caca Barretto: Sim. Violão, guitarra. Arranho no cavaquinho, bandolim, ukulele…

43) RM: Quais os prós e contras de ser multi-instrumentista?

Caca Barretto: Só há prós. Não vejo desvantagens em tocar outros instrumentos. É uma dependência a menos.

44) RM: No passado existia a “dependência” do Baixo tocar “colado” com a célula do ritmo do bumbo da bateria. Quando o Baixo se tornou independente desse conceito?

Caca Barretto: Não acho que haja um total descolamento das duas coisas. Mas na minha experiência na banda Flor de Cactus, no qual misturávamos tudo com tudo, tínhamos a liberdade de “descolar” esses elementos. Eu tinha muita influência do Rock Progressivo, e as composições da Flor de Cactus permitiam que eu ousasse experimentar certas soluções que não caberiam em outros estilos. Mas não se deve descolar os elementos indiscriminadamente, sem antes analisar se aquela determinada peça pode acolher essa solução.

45) RM: Quais os seus projetos futuros?

Caca Barretto: Estou lançando no começo deste ano (2025) meu primeiro projeto solo. O álbum “Acontecenças”. Compilação de todas as minhas composições e parcerias ao longo dos meus 55 anos de música.

46) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Caca Barretto: (81) 9.9964 – 0997 | [email protected] | [email protected] | https://www.instagram.com/caca.barretto 

Canal: https://www.youtube.com/@rockbossarecife2418 

Flor de Cactus [Compacto 1979] – Giração: https://www.youtube.com/watch?v=lR80HakU1bk 

Flor de Cactus – Festejos: https://www.youtube.com/watch?v=1tPPYeWyOBM 

NA FREQUÊNCIA – 3ª TEMPORADA – EP 06 – CACA BARRETO: https://www.youtube.com/watch?v=33PHL4CjdoE 

Flor de Cactus. Link do Spotfy: https://open.spotify.com/intl-pt/artist/0tp51cUYQDa9yOH6BAyfEH


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.