O ensino do idioma musical sofre com a bagunça de pseudos professores de JAZZ. Tal bagunça não é causada pelos compositores e tampouco pelos músicos de JAZZ, mas sim pelos pseudos professores de JAZZ, aqueles que não são músicos de JAZZ e querem ensinar JAZZ.
Os pseudos-professores de JAZZ divulgam a “IMPROVISAÇÃO” – Querem ensinar, aos seus discípulos, os “pseudo-macetes da improvisação”. Alguns instrumentos facilitam e propiciam tais facetas. Tocar cada vez mais rápido é, também, um grande truque dos improvisadores, pois daí, não haverá nota errada.
Quando erram, dizem que faz parte da improvisação, que é livre (free). Dizem frequentemente: O importante é deixar rolar, ter sentimento, o que vier é válido, se não sair hoje é porque não está no dia, tem que se jogar, se arriscar.
O paradoxo está na abordagem irreal do ensino do idioma musical desde o princípio – espera-se que o indivíduo nasça com o DOM da música, quando na verdade seria real nascer com influência, para que depois a mesma fosse lapidada.
“Voltando a fita”, nota-se que o ensino do idioma musical, ao contrário de qualquer outro idioma, é baseado mais na sonoridade do que no entendimento do idioma. Isso faz com que o aprendiz passe a notar ou dar mais importância à sonoridade do idioma e não à compreensão do mesmo.
Três abordagens que fizeram com que o ensino da música se tornasse um caos: O uso da partitura para a aprendizagem, a improvisação e a letra colocada sobre a melodia – A letra deixa a música em segundo plano.
Tudo isso ocorre, desde os primórdios, devido ao caráter imediatista do ensino do idioma musical. Espera-se que o indivíduo saia executando um instrumento o mais rápido possível, sem se preocupar com a consequência dos procedimentos adotados – procedimentos sem embasamento, tentando achar o tal músico prodígio, mágico, com dom, talento.
Isso tudo, levou a consideração equivocada da partitura, fez com que ela se tornasse a ferramenta mais importante e adotada para o ensino da música, quando na verdade, a mesma era e é para registro.
Não se aprende um idioma lendo, ou seja, se aprende falando e, obviamente, com compreensão do que está sendo falado, do contrário, não haverá diálogo. A escrita e a leitura é produto final, sempre depois que já há compreensão do que se pretende ler ou escrever.
No idioma musical, é a mesma coisa, primeiro compreendem-se os intervalos, através de símbolos (cifras), para que depois haja possibilidade de escrevê-los na pauta com consciência e precisão.
No afã de aprender a tocar um instrumento musical, sob a influência do som tocado por alguém próximo ou através da audição ou visão, nasce, a vontade de aprender. Indo em busca, encontra-se apenas o empirismo, ou seja, ao abordar um músico qualquer, não lhe foi perguntado: Como você aprendeu isso tudo?
E sim, o que você usa para fazer isso? Que escalas você usa para fazer isso?
Portanto, a pergunta fez com que o músico dissesse, sem mesmo saber, que estava tocando escalas e ou procedimentos que vieram da prática exaustiva de anos e anos tocando em grupos, orquestras etc., deixando transparecer para o aspirante a músico, sem querer, que já se encontrava pronto e com experiência; ou teria dito que não pensava em nada, que aquilo tudo lhe era, desde a mais tenra idade, natural e peculiar.
Por outro lado, encontrou-se outra resposta: – agora já são duas – Dizendo ter aprendido na escola clássica, ou seja, “sou músico erudito, leio partituras”. As duas respostas, supracitadas, deixaram o mundo musical à beira de um colapso. Ou estuda-se lendo partituras ou aprende-se a “improvisar”, torcendo para que o “tal santo baixe” na hora certa e no momento exato. Isso tudo virou uma bagunça anunciada com o nome JAZZ.
O JAZZ não tem sequer culpa disso tudo, nem tampouco os compositores ou músicos do tal estilo, pois não estão, em nenhum momento, improvisando e sim conversando, pois num idioma usa-se conversação e não improvisação.
Todos os compositores e músicos de JAZZ sabem o que estão fazendo, estão pensando, exceto os pseudos-professores de JAZZ. Cito alguns dos verdadeiros professores e divulgadores do JAZZ:Wilson Curia, Daniel Daibem, Jamey Aebersold (e toda sua equipe) – embora falem sobre improvisação, termo inevitável no Jazz, dizem que todos conseguem –, Brubeck, Carter, Coltrane, Miles, Parker, Monk, Peterson etc.
No idioma musical, como em qualquer outro idioma, não é preciso nascer com dom, talento, magia etc., e sim apenas nascer. Após o nascimento, basta que alguém ensine, mas ensine com lógica, com base nos princípios da lei que rege o idioma, sem empirismo e subjetivismo.
Ser professor não é ser formado em pedagogia – a formação é apenas uma licença –, e sim saber o que é certo ou errado, para quando um discípulo lhe perguntar, poder lhe dar a resposta correta e precisa.
No idioma musical aprende-se primeiramente, de forma lógica, as doze (12) notas musicais, depois os intervalos, daí já se encontra apto a estudar os acordes e escalas. Depois deste procedimento, basta conhecer as regras Tonais, Modais e Atonais, para reconhecer a hierarquia dos movimentos das vozes, e aplicá-las dentro da forma, sendo regida pelo mundo rítmico, com suas possibilidades determinadas pelas fórmulas de compassos.
Obviamente pondo tudo isso em prática, ganha-se a percepção, ou seja, já é possível ouvir e discernir o que se escuta. Com tudo isso em mãos, nota-se, aparentemente, uma naturalidade, desenvolvida, para o tão sonhado mundo da composição. Chega-se então à fase adulta da música, onde sabe-se para onde e quando quer ir, ou seja, sabe-se ler, escrever, tocar (falar) e ouvir com discernimento absoluto. A música então, torna-se apenas uma: A música da natureza e de todos.
Jack Lima é multi-instrumentista, compositor, professor, escritor, programador e empresário. Leciona música há mais de 20 anos. Tem como conselheiro, mestre e
principal influência, o consagrado pianista e professor Wilson Curia. É autor do livro Dicionário de Ritmo e desenvolveu o SMD (Sistema de Música Definitiva) – www.smdjacklima.com.br
Quem vê?
Aquele que entende.
Quem entende?
Aquele que sabe.
Quem sabe?
Aquele que estuda.
Quem estuda?
Aquele que quer se transformar.
Transformar-se em quê?
Em uma pessoa segura.
Segura de quê?
De que é ela quem conduz.
Conduz o quê?
Suas ideias.
Ideias do quê?
Do que é certo ou errado.
O que é certo ou errado?
Só sabe aquele que vê.
Jack Lima
Comments · 2