Falando sobre ouvido absoluto, todos que estudam de verdade e com afinco têm a capacidade de ouvir e discernir qualquer som ouvido, desde que haja contexto e conexão – a música é o idioma matriz.
Nenhum estudo desconexado, desses que existem, e muito, por aí nos cursos de percepção são válidos – incluindo cursos de idiomas –, pois a nossa mente só entende aquilo que já está muito bem formatado e dentro de um princípio lógico e racional – os leigos adoram falar ao contrário.
Quem já não ouviu falar de alguém que toca de ouvido?
Pois é, ouço falar disso desde a minha mais tenra idade (já estou com quase 36). Obviamente, igualmente aos demais tópicos do: Estudo da Linguagem Musical, não poderia ser diferente, mergulhei fundo no estudo dessa frase “tocar de ouvido, tenho ouvido absoluto”.
Não precisamos ir tão longe para entendermos, em definitivo, o significado da frase “tocar de ouvido, ter ouvido absoluto”, pois, se a música é uma linguagem, é óbvio que usamos o ouvido para receber a informação de fora (outra fonte, pessoa, som, etc) e encaminhá-la para dentro de nosso intelecto. Ninguém nasce falando um idioma qualquer.
Ao nascer, somos influenciados pelo idioma nativo
Com o passar do tempo, recebemos conhecimento da tal influência. Isso que dizer que antes de nascermos, ouvimos tudo ao nosso redor (exceto quem nasce surdo), pois a audição é o primeiro sentido apurado.
Dentro das minhas investigações, ao longo dos anos, observei que essa frase sempre partia de leigos – pessoas que construíram suas ideias com base no empirismo e subjetivismo (inadmissíveis em sala de aula), ou seja, de pessoas que sabiam muito pouco da linguagem musical, verdadeiros analfabetos musicais. Nunca ouvi alguém, com grande conhecimento da linguagem musical, dizer: – Eu tenho ouvido absoluto para tocar! Claro que temos excessão, como Robson Miguel.
Essa observação me foi muito valiosa e definitiva, pois, cheguei à conclusão de que somos bombardeados, todos os dias, com falsas informações, que nos levam ao engano o tempo todo – graças à internet podemos checar, quando não dispomos de algum especialista no assunto, várias fontes, e termos a resposta ideal para nossas dúvidas.
O problema de todo leigo
O problema é que todo leigo, em qualquer área, fala o que quer, tem resposta para tudo, não mede o que está falando, causando assim uma inevitável confusão mental na cabeça de quem o cerca. Quando não sabemos de algo, é natural perguntarmos, e é aí que mora o perigo, pois, em vez de perguntarmos a um especialista, perguntamos a qualquer um que está ao nosso redor.
Já ouvi dizer, nessa guerra, de longos anos, entre a OMB (Ordem dos Músicos do Brasil) e os músicos, que um músico não sofreria e nem tampouco maltrataria alguém, se ele comandasse seus atos, no palco ou em qualquer circunstância, de forma irracional, sendo assim não seria preciso ter a tal carteirinha da ordem – quero deixar bem claro que não estou defendendo nenhum dos lados, e sim esclarecendo o assunto.
Isso é pura inverdade, e outra vez, partindo de leigos, pois se agimos irracionalmente em qualquer procedimento, por mais minúsculo que seja, estamos sim afetando nossa mente, pois a nossa mente não funciona de forma irracional, muito pelo contrário, é preciso agir, em todos os aspectos de nossa vida, sempre de forma racional, pois sendo de outra forma, estaremos feito máquinas, que dependem de um ser racional para sua existência.
Pensando nisso, nessa grandiosa e bela balela, desenvolvi um software (SMD – Sistema Musical Definitivo – www.smdjacklima.com.br ) que contém todos os sons possíveis (264) e existentes na natureza, de forma melódica ascendente, descendente e harmônica, totalizando 792 sons, que um aspirante a músico tem que, em um determinando momento da minha metodologia SMD, apreendê-los.
Com esse procedimento, e muitos outros que são inerentes ao software SMD (notas, acordes, escalas, ritmo, fórmulas, claves, etc), pude constatar que: Ninguém nasce apto a nada, todos, sem exceção, precisam desenvolver, e muito, a influência recebida dos pais, dos idiomas, etc.
Após o treinamento e tempo necessário para dominar os 792 sons, daí sim, ouve-se e entende-se tudo, em tempo real, como em qualquer outro idioma, pois depois desse procedimento, que pode levar anos – uma criança leva anos pra entender o que de fato fala e ouve –, passa a existir um banco de dados, pronto para ser usado e acessado a qualquer momento.
Cabe a nós, ficarmos sempre ligados às informações que nos cercam, seja advinda de livro, pessoa, jornal, revista, televisão (em que mais aparecem os paradoxos), verificando sempre se elas vêm de leigos ou de especialistas.
Ao se deparar com alguém que se julga ter ouvido absoluto
para tocar, sugira-lhe que procure um especialista na linguagem musical e estude, – pois isso é um problema e não um mérito –, para que possa assim, entender de fato que temos “ouvidos” para ouvirmos tudo ao nosso redor e não para “adivinharmos” o que estamos ouvindo, aliás, alguém seria capaz de ouvir um japonês, ou qualquer outro idioma que não seja o seu, e entender alguma coisa?
Tudo que, para nós, parece mágica, nos é estimulante, prazeroso, mas em se tratando de idioma, intelecto, lógica, não cabe nem tampouco mencioná-la, e sim ignorá-la ao extremo. Acredite sempre no que é possível conseguir com esforço e estudo, pois só o conhecimento faz acontecer.
Tudo é possível, desde que tenhamos tempo e força para enfrentarmos os desafios que o início de todo e qualquer estudo nos apresenta. Tudo é impossível quando se quer de graça, na hora e sem esforço – o que mais se vê e procura, infelizmente, nos dias de hoje. Quem tem ouvido absoluto? Quem treina a identificação dos sons, ou seja, quem estuda.
Jack Lima é multi-instrumentista, compositor, professor, escritor, programador e empresário. Leciona música há mais de 20 anos. Tem como conselheiro, mestre e
principal influência, o consagrado pianista e professor Wilson Curia. É autor do livro Dicionário de Ritmo e desenvolveu o SMD (Sistema de Música Definitiva) – www.smdjacklima.com.br
Quem vê?
Aquele que entende.
Quem entende?
Aquele que sabe.Quem sabe?
Aquele que estuda.
Quem estuda?
Aquele que quer se transformar.Transformar-se em quê?
Em uma pessoa segura.
Segura de quê?
De que é ela quem conduz.Conduz o quê?
Suas ideias.
Ideias do quê?
Do que é certo ou errado.O que é certo ou errado?
Só sabe aquele que vê.
Jack Lima