More Sam Duarte »"/>More Sam Duarte »" /> Sam Duarte - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Sam Duarte

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Médico decide se tornar cantor sertanejo depois de reavaliar escolhas de vida durante pandemia. A vida do oftalmologista Samuel Duarte, de 36 anos, começou a ter um novo significado durante a pandemia do coronavírus, quando ele em 2020:  “Chegou uma doença desconhecida que rapidamente dizimou muitas pessoas e eu pensei: poxa, é hora de tentar o projeto que eu tenho. A vida é um estalar de dedos e eu quero fazer outras coisas que eu gosto também”.

A música, contudo, já se fazia presente no dia a dia dele como um hobby. De família cristã, ele via os pais cantarem na igreja e tinha as referências típicas de uma criança que cresceu em Goiânia, cidade conhecida como o berço do sertanejo, onde rodas de viola são comuns em qualquer encontro de amigos e família.  Com um talento nato em uma voz belíssima, ele também cantava para se divertir nesses ambientes de amigos e familiares.

Mas a vida foi passando, e as escolhas levaram Samuel por outros caminhos, que levou ele a ser um jovem médico especializado em oftalmologia. “Eu gosto muito do que faço, gosto de trabalhar como médico, gosto de atender meus pacientes, do cuidado, e eu sinceramente sentiria falta de abdicar por completo da medicina”, relata o profissional.

Mas ele sentiu o que podemos nomear de “chamado” e decidiu que era hora de resgatar aquele sonho antigo de cantar. “Percebi que tinha a maturidade certa. Sem aquela necessidade exagerada da juventude de viver de música, mas com a vontade e capacidade latente de realizar um sonho”, diz, o hoje Sam Duarte.

Para começar, voltou a estudar música, a praticar violão e planejou os primeiros passos. Em agosto de 2022 gravou o primeiro DVD, “De Olho no Modão”, com 11 canções sendo cinco de canções inéditas e seis regravações no estilo pot-pourri. “A família toda comprou a ideia, está todo mundo satisfeito. Eu nasci para cantar, nasci para cantar para milhões de pessoas. Acredito que minha música vai poder falar com muita gente e é isso que eu quero”, celebrar.

Quando o assunto é referência musical, o artista se inspira em grandes nomes do sertanejo, como Zezé Di Camargo e Luciano, Mato Grosso e Mathias, Chitãozinho & Xororó, Edson & Hudson, Bruno e Marrone, Chrystian e Ralf, Milionário e José Rico, entre outros.

Sam tem se cercado de grandes profissionais já consagrados no show business, a exemplo da gestora de carreira e consultora de imagem Maris Tavares e do produtor musical Bigair Dy Jaime.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Sam Duarte para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 21.11.2022:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Sam Duarte: Nasci no dia 19/03/1986 em Goiânia/GO. Registrado como Samuel Duarte.

 

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Sam Duarte: Nasci em um lar cristão evangélico e desde cedo fui envolvido em cantar na igreja. Além disso, meus pais gostam muito de música e cantam também. Era o dia todo ouvindo música quando estava em casa.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Sam Duarte: Sou médico oftalmologista especialista em retina e vítreo.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Sam Duarte: Tive grandes influências do gospel como Mattos Nascimento, Ozéias de Paula, Victorino Silva e Alvaro Tito. Lembro-me de escutar muito Elvis Presley, meu pai sempre gostou muito do Elvis Plesley. No sertanejo sempre admirei muito Zeze di Camargo e Luciano e também Matogrosso e Mathias. Acho que nenhuma dessas referências perde a importância, a gente absorve um pouco de cada um e tenta montar a própria identidade. Todos esses que citei tem importância enorme para mim.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Sam Duarte: Considero o início da minha carreira quando decidi ser cantor profissional e me arriscar de peito aberto, isso ocorreu em 03/01/2022. Sabe aqueles pensamentos de virada de ano? Aqueles do tipo… vou mudar de vida? Então, foi quase isso. Ao longo dos anos de pandemia já vinha refletindo muito sobre diversas coisas, dentre elas a música. Daí no final de 2021 veio com força a vontade de cantar, afinal a vida passa rápido e não sou mais tão jovem. No dia 03/01/2022 conversei com minha esposa que estava decidido a cantar e ela me apoiou plenamente. No dia 04 daquele mesmo mês já conversei com quem seria meu produtor musical, Bigair Dy Jaime. Daí tudo aconteceu.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Sam Duarte: Estou no meu primeiro projeto, que foi a gravação de um DVD ao Vivo em Goiânia. Liberei uma faixa até o presente momento.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Sam Duarte: Sertanejo, mais voltado para uma pegada romântica.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Sam Duarte: Passei por orientações com preparador vocal, Cilton Junior, pela primeira vez no mês anterior à gravação do meu DVD. Até então nunca havia tido aulas ou orientação particular.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Sam Duarte: Creio que isso seja fundamental pensando em uma carreira em longo prazo. A música tem o lado artístico que tende a ser natural de cada um mas pode e deve ser lapidado para melhor resultado e também proteção.

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Sam Duarte: Zezé Di Camargo sempre foi minha maior referência no Sertanejo. Victorino Silva, no gospel, está com mais de 80 anos e canta com uma potência absurda e detalhe, tem um pulmão apenas. Matogrosso e Mathias pela importância que no sertanejo eles tem, foram os pioneiros do sertanejo romântico e abriram as portas para toda nova geração. Além disso, sou fã do Bruno e Marrone, Edson e Hudson, Milionário e José Rico e outros tantos. Tem muita gente boa e que fez história no mercado.

11) RM: Como é seu processo de compor?

Sam Duarte: Sei que a composição é um mercado bem movimentado e os profissionais que vivem da composição tem técnica e conseguem compor quase todos os dias. Ainda não criei uma técnica, tenho mais momentos de inspiração. As vezes vem primeiro a melodia (enquanto brinco com o violão), noutras vezes vem a letra e a ideia da melodia daí depois corro para colocar no violão. Não é raro vir a letra durante meu sono. Hoje deixo meu celular sempre perto para gravar durante a madrugada e não acontecer de esquecer a letra no dia seguinte.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Sam Duarte: Ainda não tenho parceiros de composição.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Sam Duarte: Esse mercado depende muito de ter contatos, influências e orientação para saber o que fazer. É muito mais complexo gravar um projeto profissional na música do que imaginava e além de oneroso. Para me ajudar nisso, me cerquei de pessoas influentes no mercado como o produtor Bigair dy Jaime e Maris Tavares.

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Sam Duarte: Fora do palco desejo apresentar como projeto a realização de um sonho. Diferente de outros colegas na música eu optei primeiro por me dedicar em outra carreira, atrasar um pouco o sonho da música, para depois ter melhor condição para realizar esse grande desejo. Estudei muito e me preparei para hoje poder correr atrás da música. Dentro do palco desejo entregar algo novo, envolver a plateia, ter uma entrega realmente ao público.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Sam Duarte: Hoje tenho equipe de marketing engajada em todo o processo que me orientam todos os dias e chegam cheios de novas ideias. Assim estamos movimentando as redes sociais e plataformas de streaming. Até então minha atuação na rede social era zero.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Sam Duarte: Hoje a internet facilitou com oportunidades para todos, mas ao mesmo tempo a concorrência ficou enorme. Tem muita gente boa no mercado e de ótima qualidade.  No final das contas eu acredito que a internet ajuda mais do que prejudica. O que confesso achar difícil é produzir conteúdo digital todos os dias, se não fosse minha equipe de marketing para ajudar eu estaria parado.

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Sam Duarte: O desenvolvimento tecnológico é bom e válido em todas as áreas. A música é arte e por isso deve ser livre. Os home studios facilitaram o acesso a todos, hoje qualquer um pode produzir seu material com menor custo. Talvez a qualidade do produto final seja inferior àquela produzida em um grande estúdio, mas o que vai determinar sucesso no final é agradar o público, isso acontece seja com quem fez uma grande produção e também com quem gastou menos. A música tem algo especial e às vezes um material ruim estoura de forma inesperada. Difícil dizer que há desvantagem em existir os home studios. Provavelmente um produtor naturalmente reclame porque gera alguma concorrência.

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Sam Duarte: Acredito ter uma identidade vocal diferente do mercado atual em se tratando de cantores em carreira solo, talvez fruto da herança gospel. Além disso, tenho mostrado toda a preparação que tive ao longo de muitos anos para agora entrar, contudo na carreira de cantor, apresentando a guinada que dei na minha vida aos 36 anos de idade.  E para apresentar tudo isso estou investindo no marketing, o que é fundamental no modelo atual de carreira.

19) RM: Como você analisa o cenário da Música Sertaneja. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Sam Duarte:  Bruno e Marrone são excelentes, com uma carreira sólida. Cristiano Araújo era uma grande promessa, que infelizmente veio a falecer, mas o seu legado fala por si só até hoje. Marília Mendonça, que além de grande cantora era excelente compositora e mesmo após sua morte todo dia a gente a escuta nas rádios. Tenho grande admiração pelo Fred Liel, que agora faz dupla com Fabrício e estão decolando. O embaixador, Gusttavo Lima, famoso “show man”. Hugo e Guilherme que vieram com um repertório de qualidade inegável, acho que o melhor repertório atual. Como já disse, sou fã do Zezé Di Camargo, tinha uma tessitura vocal bela nos agudos, infelizmente teve problemas vocais e mudaram sua característica vocal, mas é minha maior referência.

20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?

Sam Duarte: Eu gosto da ideia do público próximo e interação. Lidar com bêbado às vezes é mais difícil. Em um evento que participei o pessoal tomava meu microfone toda hora, jogavam para cima, me abraçavam e derrubavam cerveja em mim e no violão, o sanfoneiro quase não conseguia mexer de tantos abraços, foi um rolo só, mas divertido.

21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Sam Duarte: Feliz em poder cantar, uma das melhores sensações que já tive! Ainda não experimentei tristeza pois não dependo exclusivamente da música para me manter, sei que os colegas que dependem apenas da música sofrem com a baixa remuneração em caso de insucesso na carreira.

22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Sam Duarte: Acredito que exista um talento nato que ajude bastante, mas o cantor também pode ser construído. Talento esse que provavelmente seja desenvolvido ainda na tenra idade quando a criança vivencia a música no seu cotidiano. Agora, com aulas, preparação e dedicação é possível qualquer um cantar.

23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Sam Duarte: A improvisação musical o pessoal também chama de inteligência musical, é a capacidade do músico se resolver dentro das escalas com harmonia. Se organizar dentro das variações.

24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois? 

Sam Duarte: Isso é uma eterna discussão. Acredito que tenham pessoas com habilidade natural e criatividade para executar a improvisação musical mesmo sem muitos recursos (conhecimento técnico). Agora, se você observar um estudioso da música, bem provavelmente este terá também uma capacidade de improviso com o uso das ferramentas que já conhece. Isso é curioso e você consegue observar em alguns grandes guitarristas durantes os solos, todos são improvisadores, mas alguns parecem mais robóticos outros fluem “diferente” sobre as escalas. De todo modo, seja lá pela facilidade ou conhecimento, nos dois casos resolvem o problema, lembrando que a música é uma matemática. Se o indivíduo caminhar por várias equações ou não, mas chegar no mesmo resultado, está tudo certo. 

25) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Sam Duarte:  Minha música está em uma única rádio até então, sem pagamento do famoso “jabá”. Consegui via amizade do meu cunhado com a equipe de radialistas. Sei que não é moleza conseguir esse feito, mas tenho esperança que conseguirei em outras.

25) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Sam Duarte: Minha experiência ainda é no curto prazo, mas no pouco que vivi já percebi que de fato não é fácil. Espero que o caminho que resolvi trilhar sirva de exemplo para outras pessoas… estudar, formar, trabalhar e então correr atrás da música também. Entendo que tem pessoas que só tem um objetivo e fazem tudo por aquilo sem cogitar outra opção. É bonito e pode dar certo, mas o mercado musical é difícil, concorrido e caro. Acho importante se preparar.

26) RM: Festival de Música revela novos talentos?

Sam Duarte: O festival de música sempre traz surpresas e, sim, pode revelar grandes talentos que às vezes nunca teriam exposto.

27) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Sam Duarte: Entendo que os conteúdos têm que ser atualizados constantemente para manter o entretenimento. A grande mídia poderia tratar o tema da música de forma mais abrangente do que faz, com histórias de vida dos pequenos músicos, a luta do dia a dia.

28) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Sam Duarte: Conheci esses espaços a pouco tempo através de amigos que elogiaram bastante o projeto. Não posso me aprofundar pois não participei até então, mas todo e qualquer incentivo a arte é válido. A música é capaz de mudar histórias, sentimentos e vida de muitas pessoas.

29) RM: Quais os seus projetos futuros?

Sam Duarte: Estou vivendo um dia de cada vez! Tentando manter as unhas inteiras, sem ansiedade. Continuo trabalhando como médico oftalmologista e cantando. Vamos liberar as demais faixas do DVD ao longo dos próximos meses e ver para que lado rema a maré. Daí, se Deus permitir, no próximo ano gravar um outro DVD em um formato orgânico, com regravações renomadas além de músicas inéditas.

30) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Instagram: https://www.instagram.com/samduartecantor

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Sofrer Fiado – Sam Duarte: https://www.youtube.com/watch?v=oCvHW9lQbLE


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.