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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Paulo Da Ghama

Paulo da Ghama
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Paulo Da Ghama fez história na música como compositor, cantor, guitarrista e fundador da banda de reggae mais famoso do Brasil: “Cidade Negra”.

Sua longa carreira despontou, ainda na Baixada Fluminense, com a banda Lumiar (com Ras Bernardo, Bino Farias, Lazão). O menino que sonhava alto e acreditava em seus sonhos idealizou a banda e, com garra e espírito empreendedor, construiu junto ao grupo uma trajetória sólida. Foram 20 anos de sucesso!

O tempo passou, Da Ghama se tornou um homem e ainda cultiva sonhos. Em sua nova fase, o cantor se dedica aos trabalhos solo com a mesma garra de duas décadas atrás. A essência de suas composições, algumas inéditas, outras tiradas da gaveta, continua forte e pulsante.

O atual single “Não Pare”, que faz parte do álbum “Baixafrikabrasil” com lançamento previsto para janeiro do próximo ano e o primeiro a ganhar um videoclipe, é retrato disso. O hit exalta os sentimentos e a luta diária de todos por uma vida melhor.

Apreciador da diversidade, em “Violas e Canções”, seu primeiro álbum solo, Da Ghama investiu em novas sonoridades, como o samba-bossa e o pop, sem abandonar o reggae. Teve como parceiros os compositores Marcos Valle e George Israel (Kid Abelha) e participação vocal de Arlindo Cruz.

Agora, no segundo disco, “Baixafrikabrasil”, vai fundo nas questões sociais chamando atenção especialmente para áreas carentes e esquecidas, bem como para questões ecológicas e para o amor.

O álbum é um trabalho peculiar de resgate de suas raízes, destacando o reggae em toda sua grandeza e intensidade. O misto de participações de grandes ícones do ritmo evidencia a essência de troca e coletividade do estilo.

“Baixafrikabrasil” tem o privilégio e a singularidade de conter em suas faixas os talentos de Alexandre Carlo do Natiruts, Marcos Lobato do O Rappa, Ricardo Barreto da Blitz, Fauzi Beydoun da Tribo de Jah, Serjão Loroza, Edson Gomes e da banda Planta & Raiz.

O álbum é antes de tudo uma sincera homenagem às matrizes africanas e a todos os cantores, compositores e bandas brasileiras que vem fazendo a história do reggae no Brasil ao longo dos últimos 30 anos, através da energia cantada dessas feras.

Da Ghama recebeu o prêmio como compositor nos “Melhores do Reggae 2012” no Expresso Brasil, em São Paulo, além de homenagens nas Prefeituras do Rio de Janeiro e Belford Roxo, sua cidade natal.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Da Ghama para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 20/06/2016:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e sua cidade natal?

Da Ghama: Nasci no dia 10/08/1962 no bairro de Lins Vasconcelos na Zona Norte do Rio de Janeiro – RJ. Registrado como Paulo Roberto da Rocha Gama.

02) RM: Conte como foi o seu primeiro contato com a música?

Da Ghama: O meu primeiro contato com a música foi através do meu pai que tocava Violão e Cavaquinho; brinquei muito com seus instrumentos em casa.

03) RM: Qual a sua formação musical e acadêmica fora música?

Da Ghama: A minha formação vem de casa em que recebi muitos incentivos dos irmãos mais velhos com a MPB e o Soul Music e mais tarde com o Reggae. E Estudei Música na Igreja na Baixada Fluminense e seis meses na Escola Villa-Lobos.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente? Quais deixaram de ter importância?

Da Ghama: As influências musicais são: Djavan, Jorge Ben Jor, Gilberto Gil, Tim Maia, James Brown, Marvin Gay, Jackson Five, Jimmy Cliff, Bob Marley e Peter Tosh.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Da Ghama: Em 1990 quando assinei contrato com a gravadora CBS, mas o início da minha história musical foi em 1985 quando eu reunir três meninas e mais Bino e Lazão que são da Cidade Negra e formamos o grupo Novo Tempo e que mais tarde mudamos para Banda Lumiar.

E nesse período saem as cantoras e recrutei Bernardo, que hoje se tornou Ras Bernardo que foi o primeiro cantor da banda Lumiar que em 1989 trocamos o nome para Cidade Negra.

06) RM: Quantos álbuns lançados?

Da Ghama: Os álbuns com banda Cidade Negra: Lute para Viver (1990), Negro no Poder (1992), Sobre Todas as Forças (1994), O Erê (1996), Quanto Mais Curtido Melhor (1998), Enquanto o Mundo Gira (2000), Perto de Deus (2004), Que Assim Seja (2010), Hei, Afro! (2012). Alguns álbuns tiveram as participações de Jimmy Cliff, Ricardo Barreto (Blitz), Shaba Ranks, Inner Circle, Patra, Gilberto Gil, Marcos Suzano, Davi Moraes. As músicas que caíram no gosto do público: A sombra da Maldade, Estrada, Onde Você Mora, Pensamento, Firmamento, Querem meu Sangue, O Erê.

07) RM: Como você define seu estilo musical dentro da cena reggae?

Da Ghama: Defino meu estilo com Reggae Roots que é a proposta do Baixafrikabrasil no sentido de resgatar esse público, mas sem abrir mão de músicas que possam tocar nas rádios que são mais pop, mas no geral o repertório está voltado para o Reggae Roots.

08) RM: Como você se define como cantor/intérprete?

Da Ghama: Como cantor me defino como mais um filho da MPB que se encontrou no ritmo Reggae e como um militante Social.

09) RM: Quais os cantores e cantoras que você admira?

Da Ghama: Tenho uma enorme admiração por Emílio Santiago, Djavan, Roberto Carlos, Tim Maia, Maria Bethânia, Alcione, Zezé Motta, Marisa Monte.

10) RM: Como é seu processo de compor? Quem são seus parceiros musicais?

Da Ghama: Sou compositor de todos os Hits da banda Cidade Negra. E meus parceiros são: Serginho Meriti, Marcos Valle, Ras Bernardo, Vilhena, George Israel, Evandro Mesquita, Papa Rick, Liah Soares, Gil Soul, Dida Nascimento.

11) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Da Ghama: Os prós é poder ter uma vida própria sem guerras de egos, disputas, encarar de frente as responsabilidades em que precisa pôr em prática algo que até então achava que não é capaz. E de se produzir musicalmente, gerenciar uma carreira, ter a independência com seus horários; principalmente quando tem família, nesse caso é uma maravilha a carreira solo.

O contra é se ver no risco o tempo todo por assumir as responsabilidades, se não tiver firme sabendo o que quer, acaba se perdendo no meio do caminho. E é quem decide, para o positivo ou negativo, mas confesso que mesmo assim vale apena.

12) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver sua carreira musical?

Da Ghama: Nada mais do que estudar o que faço, ficar no geral pensando nas estratégias, formando equipe, até acertar, mas é fundamental empreender em uma boa equipe e poder delegar, investir com tranquilidade e equilíbrio.

13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?

Da Ghama:  A Internet não acho que prejudica meu trabalho; só soma.

14) RM: Como você analisa o cenário reggae brasileiro? Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Da Ghama: Vejo o cenário do Reggae Brasil bastante positivo diante da crise em todos os setores, faço parte de vários grupos da produção do Reggae no Brasil no WhatsApp. E vejo que os artistas estão bastante unidos formando o mercado próprio consistente, independente de aparecer nos canais abertos de TV e nas grandes rádios comerciais.

15) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira musical dentro e fora do palco?

Da Ghama: A estratégia de carreira é o planejamento que vem sendo feito, administrando a ansiedade, coisa que ficou no passado no início da carreira, hoje preciso ir com mais calma, cuidado e muita atenção na qualidade por que faço parte de uma história de sucesso com muita qualidade.

16) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso a tecnologia de gravação (home estúdio)?

Da Ghama:  A grande vantagem é que muitos músicos hoje podem materializar as ideias com mais facilidade e possibilidades, não consigo ver desvantagens.

17) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Da Ghama: Realmente no passado era uma grande dificuldade gravar e lançar um disco. Hoje o que vai prevalecer é a ótima produção, a sonoridade muito bem cuidada e a ideia do projeto. E não é só juntar uma dúzia de músicas e ir pro computador, usar o pro tools e produzir e sair lançando. O que vai fazer o diferencial além da qualidade é a ideia do projeto.

18) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Da Ghama: O músico que tenho como exemplo é o Djavan devido a sua qualidade como cantor, compositor, produtor, músico, empreendedor, pai de família, e pelo seu charme. É o único, o grande Djavan!

19) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

Da Ghama: Situação bem tosca, engraçada foi quando fizemos uma participação no Festival de Reggae na Jamaica. E um Jamaicano se aproxima do Lazão (baterista na época) e vende folha de bananeira, dizendo que era Kaya (maconha). E foi muito divertido, Lazão, morou no morro antes do sucesso com a banda Cidade Negra, lugar de pessoas ligadas no assunto, foi muito engraçado!

20) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Da Ghama: O que me deixa mais feliz é ver a minha filha Nandyala Gama, São José na Califórnia (EUA) cursando Publicidade e meu filho Ebano Gama na PUC Rio de Janeiro. É o que me deixa muito feliz, pois sei que é fruto do meu trabalho com a música.

E o que me deixa triste é ver amigos talentosos que começaram na carreira comigo e que até hoje não entraram no mercado e que continuam ralando como se fosse um jovem iniciante, isso me deixa muito triste.

21) RM: Como foi tocar na banda Cidade Negra? Qual a sua relação pessoal e profissional após sair da banda?

Da Ghama: Tocar na banda Cidade Negra e reunir três rapazes (Ras Bernardo, Bino Farias e Lazão) na minha casa em Belford Roxo – RJ, onde eu abria a porta para ensaiar e foi uma grande benção, uma dadiva de Deus.

22) RM: Quais os motivos o levou a deixar uma carreira consolida na Cidade Negra e iniciar uma carreira solo?

Da Ghama: Deixar a banda Cidade Negra, mais ou menos! O que aconteceu foi que na época a banda estava muito em baixa e eu sempre via como algo muito natural Toni Garrido fazendo seus shows paralelos a banda! E para min sempre foi muito tranquilo, principalmente para quem estava juntos a vinte anos. E quando comecei a desenvolver o meu projeto paralelo os rapazes discordaram, reprovando a ideia, sendo que uma LEI deve valer para todos.

O mais importante era a minha dedicação com os compromissos com a banda. Isso eles sabem que sempre existiu, inclusive, os ex empresários e as gravadoras na época Sony music e EMI ODEON, tem a certeza do que falo.

Os rapazes (Bino Farias, Lazão) me colocaram em situação para escolher, realmente me sentir muito desrespeitado diante da nossa história que começamos juntos em Belford Roxo na nossa juventude. Eu renunciar aos meus projetos paralelos em função dessa coação e com injustiça poderia me fazer muito mal eternamente, por uma questão de autoestima fizeram eu fazer “a escolha”.

23) RM: Quais os cantores e cantoras que gravaram as suas canções?

Da Ghama: Blitz, Terra Samba, Lana Rodrigues, Soul mais Samba, Mono Bloco, Banda Manimal, Negril, Lumusine Negra. Eu precisaria lembrar de outros.

24) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Da Ghama: Acredito que foi pago o jabá para as minhas músicas na banda Cidade Negra tocarem nas Rádios, embora não acompanhei para ter essa certeza, pois era uma área do Marketing da gravadora, mas não tem jeito, o Jabá faz parte do mercado é uma realidade até hoje.

25) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Da Ghama: Para quem quer trilhar uma carreira musical tem que se perseverante e ter o bom senso da sua qualidade e a certeza na área profissional.

26) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com o uso da maconha?

Da Ghama: Vejo como uma grande confusão, pelo fato de alguns Rastafáris usarem a erva (maconha), mas não são todos os Rastafáris que fazem o uso da erva, com isso acabaram relacionando o Reggae com a Maconha, mas é bem melhor do que relacionar com a Cocaína, LSD, Heroína, Crack e etc.

27) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a religião Rastafári?

Da Ghama: Vejo uma história que se fundi a partir do momento em que o grande propagador do reggae Bob Marley. Ele assumiu o reggae como a música de Jah Rastafari representando o movimento Rastafári. Eu, vejo como algo naturalmente interligado.

28) RM: Você usa os cabelos dreadlock. Você é adepto a religião Rastafari?

Da Ghama: Uso cabelo Dreadlock, mas não sou seguidor da religião Rastafári, mas acredito que sou bem influenciado pelo Rastafári pelo fato de produzir a música de Paz, dos temas Sociais e ser adepto da alimentação de qualidade e de acreditar no Deus Vivo, Pai Celestial, valorizar a Família, e o todo poderoso, e na Justiça divina e dos Homens do bem.

29) RM: Os adeptos a religião Rastafari afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa essa afirmação?

Da Ghama:  Precisamos respeitar os ortodoxos com o seu ponto de vista mais conservadores, mas também sabemos que a música é universal mesmo com as suas particularidades. É saber transitar nessa área reconhecendo os mais conservadores e reconhecendo que a música independente do gênero é para todos independente da religião e raça. Essa é a missão do Reggae segundo Bob Marley!

30) RM: Na sua opinião porque o reggae no Brasil não tem o mesmo prestígio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?

Da Ghama: Como sabemos o Brasil foi o último país a libertar os escravos, me pareça que é uma tradição de atraso, precisa ser o último em tudo ou quase tudo! É uma pena um país em que temos inúmeras bandas nas periferias de várias capitais.

Bandas que estão dando a sua contribuição social para as comunidades e não tem o reconhecimento da grande mídia local. É uma pena para todos nós brasileiros que torcem pela música de qualidade que possa trazer evolução Espiritual e social para o Povo.

31) RM: Quais os seus projetos futuros?

Da Ghama: Meus projetos futuros além do lançamento do Baixafrikabrasil no Brasil e trabalhar a versão desse projeto em inglês para fortalecer esse intercâmbio do Reggae Brasil com a África, Europa, EUA e a Ásia.

Já que somos artistas brasileiros e temos esse respaldo, sinto a necessidade histórica de realizar esse projeto pelo mundo levando a poesia que nasceu em Belford Roxo Baixada Fluminense. A nossa Cidade DORMITORIO dos nossos Trabalhadores.

32) RM: Quais os seus contatos para show e para os fãs?

Da Ghama: (21) 99671 – 86501 | www.daghama.com.br |  producao@daghama.com.br | dagamamusico@gmail.com | https://www.instagram.com/daghamaoficial

Canal: https://www.youtube.com/@daghamacn

Não Basta Ser Rasta (Fauzi Beydoun) Não Basta Ser Rasta: https://www.youtube.com/watch?v=a8cSVdlaa9A

Playlist de clipes: https://www.youtube.com/watch?v=Fo7-MrkhitQ&list=PLu8i7F-jBBod2ZULMicfAN3WycIqlEsPe

MPP – MÚSICA, POESIA E PALESTRA COM DA GHAMA NA EM MARTIN LUTHER KING RIO DE JANEIRO: https://www.youtube.com/watch?v=0JwLbJAY-bw

 


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