A cantora e compositora baiana Nanashara Vaz desde criança mostrou aptidão pra música, iniciou sua carreira musical aos 15 anos de idade.
Sua desenvoltura como cantora e compositora traz consigo uma voz de presença forte e timbre poderoso, onde permite que a artista repasse ao público perfeita harmonia.
Seu estilo de voz, sua versatilidade deixa a vontade para transitar entre diferentes tipos de músicas, e se apresentar para diferentes tipos de públicos nos mais variados locais.
Na sua jornada já fez parte de alguns projetos e com alguns artistas como Saulo, Genorimo, Kattê, entre outros. Há alguns anos já fez parte de diversas bandas e ritmos musicais como, MBP, rock, rap e reggae e atualmente é vocalista da banda CATIVEIRO.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Nanashara Vaz para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 18.11.2024:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Nanashara Vaz: Nasci no dia 21 de maio de 1989 em Salvador – Bahia. Registrada como Nanashara Vaz de Souza.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Nanashara Vaz: Na minha família tem a minha tia Ednalva que também é cantora e minha mãe Joemia Vaz que artista plástica! Então foi desde sempre, mas acredito que a minhas primeiras apresentações foram nas gincanas da escola… quando tinha 10 anos de idade.
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Nanashara Vaz: Sobre a música tudo que fui aprendendo foi ao longo do caminho, fiz aulas de canto, conheci ótimos músicos e produtores durante o caminho… Fora a música cursei Psicologia até o 8° semestre, porém não conclui.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Nanashara Vaz: Eu cresci ouvindo Elis regina, Chico Buarque, Gal Costa, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Caetano Velozo, e muitos outros, mas atualmente Etanna, Masego, Clinton Fearon, Maxi Priest, Steel Pulse, Jah Cure, Bob Marley, Alpha Blondy que sou apaixonada… Mas nada deixou de ter importância tudo fez parte pra construção do que sou hoje e sempre continuo ouvindo outras coisas e aprendendo sempre…
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Nanashara Vaz: Eu comecei a cantar profissionalmente desde muito cedo, em Salvador – BA, acredito que a minha primeira foi aos 15 anos de idade (em 1996), mas tudo começou nas apresentações de escola e desde então não parei…
06) RM: Quantos álbuns lançados?
Nanashara Vaz: Já lancei alguns singles, algumas fiz algumas participações em músicas de outros artistas, mas o álbum Pega Visão da banda Cativeiro é o meu primeiro álbum. Que aprendi muito e fiquei muito feliz de ter feito parte desse álbum.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Nanashara Vaz: Eu canto MPB, SOUL e REGGAE, eu sou uma cantora que passeio por esses ritmos.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Nanashara Vaz: Sim, estudo e continuo estudando técnica vocal, música é algo contínuo… Sempre tem algo a aprender.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Nanashara Vaz: Além de executar melhor as canções, é necessário ter cuidado com a voz, pra que a sua voz seja um instrumento duradouro.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Nanashara Vaz: São inúmeros, eu amo a música independente de gênero! Mas eu sou muito fã da Beyoncé, Elis Regina, Gilberto Gil e no reggae eu fã demais da banda Alpha Blondy, eu cresci ouvindo…
11) RM: Como é o seu processo de compor?
Nanashara Vaz: Normalmente eu escuto algum instrumental e penso em um refrão e depois vou desenvolvendo, ou pode acontecer de escrever alguma história que eu ouvi, mas faço a letra com a minha ótica.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Nanashara Vaz: A maior parte das minhas composições eu faço sozinha, mas de vez em quando faço colaborações com alguns amigos músicos.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Nanashara Vaz: Artista impendente precisa de organização e fazer muitas coisas além da música, quando se trata da parte burocrática, mas ser artista independente traz liberdade em todos os sentidos.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Nanashara Vaz: Existem etapas, mas o primeiro decidir o repertório, a partir disso requer estudo, figurino e execução da música, quais são os músicos que vão estar comigo, mas a estratégia baseia-se em estudo e dedicação.
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?
Nanashara Vaz: Ser artista é vender um produto, e esse produto é a sua música, logo acredito que o empreendimento é a minha música, mas ainda pretendo estender para quem sabe uma marca de roupas… ainda estou estudando isso!
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
Nanashara Vaz: A internet ajuda muito no sentido de divulgar a músicas, hoje fica mais fácil de encontrar qualquer artista. O prejudicial é o quanto as pessoas podem ser cruéis uma com as outras, vejo inúmeros artistas sofrendo com “hater”, isso numa grande escala afeta qualquer o lado emocional e o trabalho.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Nanashara Vaz: A facilidade de um home estúdio é produz um EP, por exemplo! Acho de grande valia, só fico um pouco preocupada com o uso da inteligência artificial na produção.
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Nanashara Vaz: Acredito que o diferencial hoje é ser real, sabe? Eu tenho visto muitos artistas não estão sendo eles mesmos para vender e atingir o maior público, mas é mais do mesmo.
19) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Nanashara Vaz: Hoje uma artista que eu admiro a forma de trabalho e como é feito é a Beyoncé, é uma grande referência e a forma que Gilberto Gil trabalha, além de ser um artista versátil, ele conversa com diversos ritmos e é maravilhoso em tudo que faz.
20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?
Nanashara Vaz: Nesse universo da carreira musical pode imaginar que já aconteceu tudo que foi citado na pergunta (risos)!
21) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Nanashara Vaz: O que me deixa mais feliz é cantar, ver a minha música e minha voz levar as pessoas para outro lugar, digo na forma mais sublime. E o mais triste é que hoje, quanto mais o artista é conhecido, mais a sua vida pessoal é exposta e de uma forma ruim na maioria das vezes.
22) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Nanashara Vaz: Acho que quando o povo pede a sua música, não tem jeito ela vai tocar nas rádios! (risos).
23) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Nanashara Vaz: Necessário persistência, acreditar em si mesmo e mesmo que tenha dificuldade no caminho, que sempre consiga se reerguer e ter bons produtores do seu lado.
24) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Nanashara Vaz: Infelizmente em muitos lugares é necessário investimento (dinheiro) para que você consiga chegar em determinado lugar, mas em contrapartida existem diversos meios de comunicação que você chega por mérito, pois as pessoas gostam das suas músicas.
25) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Nanashara Vaz: Todo e qualquer espaço aberto a arte é importante para o artista, inclusive esses espaços para a cena independente. Além disso, eles ajudam a movimentar a criatividade e a inovação na música, trazendo novos sons e estilos ao público.
26) RM: Como você analisa o cenário do reggae no Brasil. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas e quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Nanashara Vaz: Em Salvador – BA existem várias bandas fazendo um ótimo trabalho, com bons músicos explorando suas raízes e expandindo os limites do gênero. Mas não temos muitos contratantes no setor privado, que não dão oportunidade para o reggae que é mundialmente conhecido, sabe?
A maioria dos shows são por editais ou projetos! Por conta disso os artistas e ótimas bandas não tem visibilidade e assim no segmento reggae não tem um novo artista que tenha essa notoriedade em nível nacional além das bandas já conhecidas.
27) RM: Você é Rastafári?
Nanashara Vaz: Não, não tenho religião, tenho respeito e fé!
28) RM: Alguns adeptos da religião Rastafári afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa tal afirmação?
Nanashara Vaz: O reggae é um ritmo universal, logo acredito que não dá para restringir um ritmo a uma religião, então acredito que todo mundo pode atuar no reggae.
29) RM: Na sua opinião quais os motivos da cena reggae no Brasil não ter o mesmo prestígio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?
Nanashara Vaz: Infelizmente, o reggae sofre muito preconceito, apesar de ser um ritmo tão conhecido, no Brasil já foi criminalizado, sofre racismo, pois a maioria dos artistas que atuam no reggae são negros e infelizmente a sociedade não gosta disso. É puro preconceito! O reggae é um ritmo que muita gente escuta e ama!
30) RM: Quais os pros e contras de se apresentar com o formato Sound System?
Nanashara Vaz: Os prós, é que o artista tem mais autonomia, o sound system ajuda e facilita na apresentação do artista sem banda. Agora se não tiver uma boa infraestrutura, já era! Porém eu gosto muito do orgânico, nada substitui bons músicos no palco, a energia é outra!
31) RM: Quais as diferenças de se apresentar com banda em relação ao formato com Sound System?
Nanashara Vaz: Ah, a energia é outra! Sound System é bom, mas nada substitui os meus músicos, a troca de energia, instrumentos ali presente!
32) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae e o uso da maconha?
Nanashara Vaz: O reggae fala sobre amor, união, crítica social, e diversas outras coisas… Hoje é muito individual, se você gosta e faz uso da maconha está tudo certo, se não também está tudo certo!
33) RM: Como você analisa a relação que se faz do reggae com a cultura Rastafári?
Nanashara Vaz: A cultura rastafári e reggae são entrelaçadas, letras de muitas músicas de reggae abordam temas como justiça social, amor, espiritualidade e resistência. Esses temas estão dentro dos valores centrais do rastafarianismo.
34) RM: Quais os seus projetos futuros?
Nanashara Vaz: Continuar fazendo música, escrever mais músicas e continuar fazendo shows… E divulgar bastante o álbum PEGA VISÃO da banda Cativeiro, na qual sou uma das vocalistas.
35) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Nanashara Vaz: [email protected]
| https://www.instagram.com/nanasharavaz
| https://www.instagram.com/bandacativeirooficial
Álbum Pega Visão – Banda Cativeiro: https://www.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_ljrJ5zQKvIK1N2NsIce4wfkujXNHTgcAs
Álbum Pega Visão – Banda Cativeiro: https://open.spotify.com/intl-pt/album/5Xk078b6Lcn87AbOtdMrn2?fbclid=PAZXh0bgNhZW0CMTEAAaboHkTRIOm16IIX6Cx10bUhS9pbDjmfUgVXksSOAw88wOaMIkLww53Twik_aem_xoE-zwYOp8Ws1HMkestAnQ
Canal: https://www.youtube.com/@nanasharavaz2000
Entre Você e Eu – Nanashara Vaz: https://www.youtube.com/watch?v=e_2CLd70NSM
Longe dos olhos (prod. Kaaddu & Alvaro Réu) Nanashara Vaz: https://www.youtube.com/watch?v=VeKFSlyq_wE
MAVI – Seu Lar part. Nanashara Vaz: https://www.youtube.com/watch?v=diBKtGssQiM
Live do Bem – Nanashara Vaz, Nannda e Danilo Blues: https://www.youtube.com/watch?v=7q52WbhOORA
O diferencial é ser real! Muito bom!!!!!!
Crescer ouvindo Elis regina, Chico Buarque, Gal Costa, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Caetano Velozo já é sensacional, somado ao talento natural da artista melhor ainda. Ótima entrevista!