More Ivete Souzah »"/>More Ivete Souzah »" /> Ivete Souzah - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Ivete Souzah

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“Do Pará para São Paulo, das pistas de atletismo para o palco no Mundo.”  “Vamos começar, como se costuma dizer, do começo: minha chegada à cidade de São Paulo, em 1988. Não vim para cantar… Eu era atleta e vim trabalhar como manequim.

Nasci em Belém do Pará e aos onze anos comecei a treinar handebol na escola. A professora, vendo que eu era muito veloz, me disse para eu não perder tempo com handebol e começar a correr. Foi o que fiz: corri até os 21 anos.” – SANTIAGO, 2009, p. 169.

Natural de Belém do Pará, Ivete Souzah é dona uma das mais belas vozes brasileiras dos últimos anos. Com quase 30 anos de carreira, sua trajetória é marcada por uma presença ativa e intensa no cenário musical, seja no Brasil ou no exterior.

No ano de 1989, estreia em dois musicais “Brasil de corpo e alma” e “Brasil de ponta a ponta” na casa de espetáculos Plataforma em São Paulo, onde desenvolveu sua aptidão e conhecimento da cultura brasileira, cantando, dançando e representando ritmos como: samba, jongo, frevo, maracatu, etc. fazendo uma verdadeira viagem pelos ritmos brasileiros de norte a sul. No ano seguinte Ivete passa a integrar a banda do grande compositor Zé Kety, para retomar o show “Opinião 2”.

Em 1994, faz sua primeira turnê internacional em Muscat (Sultanate of Oman) nos Emirados Árabes com “ Saudade do Brasil “, de volta ao Brasil inicia um novo espetáculo: “Chega de Saudade” apresentado no Centro Cultural São Paulo e SESCs, e em 1995 parte para sua segunda viagem internacional Shirahama – (Japão) em uma temporada de 6 meses cantando sambas, MPB, bossa nova e músicas americanas. Voltou ao Brasil em 1996.

Após seu regresso, já com a carreira em ascensão nos anos de 1997 a 2000, é convidada para participar de uma coletânea feminina intitulada “Vozes Paulistanas” com 13 cantoras emergentes do circuito paulistano, e grava Serrado de Djavan.

Recebe o diploma de “Parceiro da Cultura” concedido pela Secretaria de Cultura de São Paulo por todos os projetos culturais em que se apresentou “Arte nas ruas” e Música nas Bibliotecas.

Dá início também ao projeto e sonho de seu primeiro cd solo, lançado em 1999 ”De onde Vens “ que conta com participações especiais de Dorival Caymmi , Claudette Soares, Laércio de Freitas e arranjos dos maestros Theo de Barros, Maestro Branco, Itiberê Zwarg e Paulinho Paraná além de uma seleção de músicos de primeira linha: Léa Freire, Nailor Proveta, Giba Pinto e muitos outros.

Retorna ao Japão (Wakayama), agora para o pré lançamento de seu álbum “De Onde Vens”, em subsequência o lançamento oficial é realizado no Teatro São Pedro com a direção de cena dos atores Matheus Naschtergaele e Nilton Bicudo.

Em seguida é convidada para o projeto prata da casa no Sesc Pompeia, Sesc Vila Mariana, Sesc Ipiranga e vários outros projetos com as Secretarias de Cultura Municipal e Estadual em turnês pelo interior de São Paulo.

Entre 2001 a 2004 Ivete foi contratada pelo restaurante “O Cangaceiro” em Forli (norte da Italia) por um ano como a cantora principal do local. Sucessivamente entra no mercado italiano formando sua banda com músicos italianos e se apresenta na 2° edição do Festival Brasileiro em Bologna e várias cidades da Itália: Genova, Bologna, Firenze, Padova entra nos festivais de jazz: Appennino Music Festival, Live World Music, Villa Prati Sotto Stelle, Cantina Bentivoglio Jazz etc.

No mesmo período fez participações em dois álbuns “Sunflowers“ e “Filati Pregiati – lounge extravaganza” lançados na itália e “Bossa a l a mode” lançado no Japão.

Em 2005 decide voltar ao Brasil mas é convida da a retornar à Europa para representar o Brasil no 20º festival “ Music a Manosque “ (França) obtendo enorme sucesso. Aproveita para fazer uma turnê no sul da Itália: Salento, Taranto, retorna novamente a Bologna , Padova, Ravenna.

Em 2007 surge a parceria com o ator e cantor Claudio Curi dentro do bar Brahma e criam o show “Bossa a dois” onde se apresentam em diversos eventos importantes como na casa de shows“ Tom Jazz” dentro do projeto “ Agenda Bossa Nova” ao lado de Leny Andrade , Pery Ribeiro entre outros.

Em 2008 é convidada para participar do livro intitulado “Solistas Dissonantes” histórias orais de 13 cantoras negras importantes no cenário musical brasileiro ao lado de Zezé Motta, Alaíde Costa, Rosa Marya Colin, entre outras.

No mesmo ano produz o show “Dijohnnyando Alf” ao lado das cantoras Daisy Cordeiro e Jane Lago onde prestam uma homenagem ao grande compositor da Bossa Nova Johnny Alf , sob a direção geral do Diretor da Tv Cultura Fernando Faro e direção musical de Paulinho Paraná.

Em 2009 começa sua aventura na Demais Tv canal Web, criando e apresentando o programa de variedades “Tudo de Bom “ com direção geral de Milton Neves e participação de Gilberto Gibalin e Juliana Paulini onde fala de música, gastronomia, saúde e cultura em geral. Participa do curta metragem premiado Jardim do Beleléu do diretor Ary Candido com Flávio Bauraqui, Josè Wilker e Thalma de Freitas.

Em Julho transfere residência definitiva para a Itália e refaz sua banda com músicos: Maurizio Degasperi (piano), Federico Codicè (guitarra), Marco Zanotti (bateria) e Amauri Donavanti (contrabaixo).

Em 2013 recebe o convite do senhor Massimo Bucci presidente da Confindustria da Emilia Romagna para cantar num importante evento dentro do museu Internacional de Cerâmica de Faenza para o presidente da Ferrari, o senhor Luca Cordero de Montezemolo.

Em novembro do mesmo ano é convidada para cantar no mais importante evento de voz da Itália chamado “Convênio Internacional di voce Artistica” no teatro Alighieri di Ravenna, dirigido pelo mais importante especialista em voz da Itália, Doutor Franco Fussi. Desde então, organiza o Villaggio Brasileiro dentro do Festival Internacional de Cultura e Gastronomia Popoli Pop di Bagnara di Romagna.

Em 2014 Ivete foi convidada para cantar em uma homenagem aos 20 anos de morte do ídolo brasileiro da fórmula 1 Ayrton Senna no autódromo internacional de Ímola – Itália com a participação de vários campeões de todos os tempos como Fernando Alonso, entre muitos outros.

Em 2015 convidada pela pianista Christianne Neves para uma apresentação no Ronnie Scotts, do projeto Sounds Of Brazil em uma importante casa de jazz em Londres onde apresenta o show Bianco Nero.

Em março parte para a Suíça a convite instituição CEBRAC em Zurich na Suíça para cantar dentro do projeto Mistura Fina com o show “Influencia do Jazz” com o renomado pianista Floriano Inácio Junior.

Em férias no Brasil, por iniciativa de amigos e de seus fãs saudosos faz uma pequena turnê passando pela Central das Artes em SP, Beco das Garrafas – RJ acompanhada por Robertinho de Paula guitarrista de fama internacional.

Volta a SP onde se apresenta na casa “ Tom Jazz” em companhia de Cláudio Curi com o show “Bossa a dois” e depois canta no Bar Brahma, Bar Piratininga e pra encerrar fecha com o show “Saudades do Brasil” no conceituado Clube jazz de São Paulo JazzB.

Em 2017 Ivete se apresenta em Madri no projeto Voces dela Amazônia e inicia o Programa Tudo de Bom e se transforma em um sucesso na Rádio web Sonora na Itália. Faz uma pequena turnê no Brasil e canta na sua terra natal, Belém do Pará e SP com o Show ” Conexão Itália Brasil”.

Atualmente Ivete reside a Ravenna-Itália, é presidente da Associação Terra Brasilis, apresenta o programa Brasil Pai D’égua na rádio web Stella Brasil, e no canal pessoal Brasil Pai D’égua,  ministra cursos de Canto Harmônico em toda a europa, participou do álbum dos cantores italiano Mario Biondi – (Brasil) e Lallo Cibelli e do projeto “Divas in Bossa nossa” com direção do cantor, compositor e pianista Jim Porto.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Ivete Souzah para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 22.01.2024:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Ivete Souzah: Nasci no dia 26/01/1966 em Santarém – PA dentro de um pimental no dia mas fui criada em Belém do Pará onde vivi toda a minha adolescência.

Jogava Handball, quando a professora me disse que eu era muito individualista e não era feita para jogar em grupo, foi quando ela me mandou para escola de educação física, para fazer um teste, eu tinha 13 anos, quando comecei a treinar, fui campeã paraense de Salto em distância e 100 metros.

02)RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Ivete Souzah: Meu primeiro contato com a musica foi atraves do meu pai seu José de Souza (piauense) que era fa incondicional de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro e da minha mãe D. Luzia Nascimento de Souza que amava Waldik Soriano e Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves uma linha mais de boêmia. De onde veio um pouco da minha inconsciente influência musical. Que agora eu percebo no meu modo de cantar Baião e nas musicas românticas.

 

Depois disso tive os meus motivadores musicais o primeiro Larcenio Barbosa um amigo de infância do meu bairro que foi o primeiro a perceber minha voz, meu timbre, depois Marcelo de Cesar que me apresentou o palco, me levou para assistir um show de Gal Costa. 

Eu sai de lá encantada, com as luzes e com um sonho de um dia subir em um palco também, e para completar Herlander Andrade que me jogou literalmente no palco (risos) dizendo aos músicos: deixa minha amiga cantora cantar. Eu não sabia de tonalidade de música, não sabia o que era parte AAB, voltar depois do solo, mas tinha um senso rítmico muito forte e era afinada.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Ivete Souzah: Eu terminei o segundo grau e fiz o vestibular duas vezes para Educação Física passei na parte prática, mas nao passei na parte escrita e ai desisti.

Em junho de 1988 me mudei para São Paulo a convite do meu amigo Herlander, para trabalhar como manequim de loja na Bayard, peguei um frio danado, mas logo comecei a dar canjas nos bares do bairro Santa Cecília. 

E quando comecei a subir no palco, logo comecei a estudar dança, depois estudei violão com Paulinho Paraná, piano com Mozar Terra, fiz o exame para entrar na Universidade Livre de Música (Três Rios) passei e cursei por 8 meses Canto Popular, parei para ir ao Japão. Quando voltei do Japão não continuei o curso.

Fiz vários cursos de aperfeiçoamento de Teatro com Miriam Muniz, TV e Cinema com Milton Neves, estudei Canto Popular por 8 anos com Chilena Magdalena de Paula e Canto Lírico com a chilena Madalena Bernardes, vários cursos livres de música.

Na Itália fiz vários cursos de aperfeiçoamento de canto “Você Artística“ com o prof. e otorrinolaringologista conceituado Franco Fussi.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Ivete Souzah: Minhas maiores influências de cantoras são: Gal Costa, Elis Regina, Leny Andrade, Nana Caimmy, Elza Soares, Maysa, Claudette Soares, Eliseth Cardoso, Angela Maria, Rita Lee, Marina Lima, Sarah Vaughn, Ella Fitzgerald, Billie Holliday, Carmen Mac Rae, Peggy Lee, Aretha Franklin, Roberta Fack ,Tina Turner, All Jerreau, Tonny Bennet, Tom Jobim, Djavan, Joao Bosco, Ivan Lins, Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Tim Maia, Luiz Melodia.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Ivete Souzah: Minha carreira como cantora iniciou em 1988 em um bar no bairro Santa Cecília em São Paulo, em uma noite de sorte, quando  substitui uma cantora.

Eu morava bem perto do bar Bastidores no bairro Santa Cecília e sempre passava ali todas as noites quando saia do trabalho na Rua José Paulino, eu dava uma canja com o guitarrista Profeta e um dia a Leninha ficou doente e ele me chamou para cantar uma entrada de 40 minutos.

Preparei um repertório com 10 músicas e desde que comecei cantar no Bar nunca mais parei, dali fui cantar em pizzarias, em forros, em bares, em churrascarias, até que comecei a fazer figurações na TV, e uma das maquiadoras me indicou o Plataforma 1. Fui até lá fiz um teste com D. Sonia e ali fiquei por dois anos, quando tive um problema de voz, fui despedida e foi assim que formei meu primeiro trio, voz, guitarra e sax, e fizemos o show Influência do Jazz.

E assim começou minha carreira individual, dali escrevi meu curricullum gravei uma fita K7 e comecei a vender meu show. Ligava para os locais e me apresentava como secretaria da cantora Ivete Souzah, era muito engraçado, porque depois eu acabava indo assinar os contratos com a prefeitura, bibliotecas etc.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Ivete Souzah: Lancei um álbum solo “De onde vens“ e lancei alguns singles na Itália, no Japão e no Brasil.

Em 1996 gravei minha primeira canção “Visões” (Carlos Gomes), do álbum do “I Festival de Música Inédita Brasileira do Banco Banespa” onde foi premiada como melhor voz. Em 1997 gravei a segunda canção “Serrado” (Djavan) que integra o álbum “VOZES PAULISTANAS”.

Em 1999 produzi com Paulinho Paraná, meu primeiro álbum solo “DE ONDE VENS”; um trabalho muito sofisticado no qual mostro minha personalidade e paixão pelo jazz. Esta gravação é enriquecida pela participação especial de grandes nomes da cena musical brasileira como Dori Caymmi, Claudette Soares, Laércio de Freitas e tem “MATA” uma música inédita de Djavan. A primeira apresentação deste álbumaconteceu no Japão e posteriormente no Brasil, em São Paulo, onde na ocasião os atores Matheus Naschetergaele e Nilton Bicudo cuidaram da direção do show no “Teatro São Pedro”.

Em 2001 iniciei uma parceria com o ator e cantor Claudio Curi, no espetáculo intitulado “BOSSA A DOIS”, que foi levado aos principais teatros de São Paulo e obteve grande sucesso de público.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Ivete Souzah: Jazz Brasileiro, me considero uma cantora dissonante, canto vários ritmos musicais. Sou uma cantora de música popular brasileira.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Ivete Souzah: Estudei Canto Popular por 8 meses na Universidade Livre de Música. Técnica vocal por oito anos com a professora chilena Magdalena de Paula, depois da qual se tornou sua assistente por três anos.

Trabalhei com a fonoaudióloga e foniatra Silvana Britto na Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo por um período de oito meses; também trabalhei por sete anos no “Centro Musical Santa Cecília de São Paulo” como professora de técnica vocal e diretora artística.

Frequentei vários cursos de aperfeiçoamento do canto:

– Voz em Movimento com a cantora lírica Madalena Bernardes
– Teatro, cinema , tv e apresentadora com o diretor Milton Neves,
– Técnica de teatro e palco com a atriz e diretora Miriam Muniz,
– Corpo e Movimento com a atriz Daniela Duarte,
– Dança contemporânea “o corpo como centro de investigação” com Sandro Borelli,
– Curso de atualização “O curso da voz” e “A voz artística” com o Prof. Paolo Zedda e o Dr. Franco Fussi (Itália) – 2011 / 2013 / 2015.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Ivete Souzah: Eu vejo como primordial para uma cantora ou cantor ter vida longa musical , estudar canto conhecer bem seu instrumento, a técnica deve ser usada para ti ajudar a cantar melhor, estar segura no palco, ter o domínio da voz sem exibicionismo, usar a técnica a favor do seu bem estar.

E como professora, em colaboração com a Luyvison Shows & Eventos, trabalhei nas atividades contínuas de preparação vocal e posicionamento da voz  falada, com atores, e cantores, essa ajuda às vezes é necessária, também é solicitada por profissionais como advogados, professores e telefonistas etc.

Na escola de música “Master Music” em Faenza (2010) ensinei  técnica vocal para canto moderno por um período de oito anos, um trabalho com adolescentes e pessoas da terceira idade. Deste 30 anos de ensino, eu acabei de escrever um livro sobre o estudo das vogais como cura do corpo físico “A voz Harmônica”.

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Ivete Souzah: Gal Costa, Elis Regina, Leny Andrade ,Claudia, Claudette Soares, Nana Caimmy, Jane Duboc, Elza Soares.

11) RM: Como é seu processo de compor?

Ivete Souzah: Eu tenho momentos de inspiração, escrevo bastante e tenho muitos textos  e vem tudo de uma vez, ou as vezes escrevo um pedaço e termino depois.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Ivete Souzah: Paulinho Paraná e Luca Pagani.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Ivete Souzah: Prós que você consegue dar uma impronta totalmente sua e o resultado é sempre positivo, mesmo que não tenha talento. E o contra é que, ou você faz o lado artista ou produtor (risos). As duas funcões são muito difíceis, mas não impossivel. Primeiro escolher um ritmo musical, depois definir o que você quer para sua carreira. Divulgar o seu talento e o seu trabalho. Sucesso ou fama são duas coisas distintas.

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Ivete Souzah: Eu comecei a ser minha produtora desde o início da minha carreira e foi uma trajetória muito árdua, tive que enfrentar os preconceitos por ser negra, isso foi a parte mais dura da carreira, porque contra o preconceito as estratégias são: ou você tem talento, ou você é diferente, ou você conhece pessoas, ou tem que ter sorte.

A estratégia que me ajudou a me tornar a cantora que sou, foi primeiro escolher um bom repertório, depois trabalhar sempre com bons músicos e estudar canto, dança, tv e teatro, tudo me deram uma grande bagagem.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Ivete Souzah: Como falei anteriormente sempre fui minha produtora e empresaria, no começo trabalhava em uma casa de shows, e assim que sai do Plataforma 1, criei um trio que se chamava Flama, com guitarra, voz e saxofone e depois começamos muito timidamente um show que se chamava Influencia do Jazz.

Fizemos vários bares no bairro Bixiga (Bela Vista em São Paulo) e quando eu criei dois repertórios um para sobreviver na noite com clássicos da noite e outro para os shows. , no final dos anos 80 e início dos anos 90 em São Paulo não tínhamos redes sociais nem um computador.

Tinha que fazer tudo na Lanhouse, não tinha nem telefone, era interessante que quando fazíamos o orçamento colocávamos um valor para as chamadas telefônicas, eram feitas com moedas em telefones públicos, não existiam whatsapp, telegram nem era popular facebook, Instagram,  etc, para o artista dessa época tinha Orkut e My space.

Para fazer um Curriculum era muito complicado, depois apareceram os releases, uma forma resumida de contar tudo o que você fez na vida artística, depois as tvs eram muito fechadas , as rádios então nem se fala ,precisava pagar os jabás para tocarem o seu disco.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Ivete Souzah: A internet ajuda na divulgação da carreira musical, como se apresentar para um grande público, mas é um trabalho que custa muito tempo e dinheiro para investir. E produzir todos os dias conteúdo para sua página, só assim as pessoas te veem. Investir nas plataformas independentes.

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Ivete Souzah: Hoje não saberei dizer qual a vantagem do home estúdio, pois se não fizer cursos e não se atualizar, não conseguirá produzir nada. A única vantagem é que é acessível para todos os músicos, tem um alcance mundial a baixo custo.

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Ivete Souzah: Utilizo as mídias sociais como posso, dedico algumas horas do dia para cuidar minhas páginas, perfis, etc. Criei e apresento dois programas de rádio: Tudo de Bom e Brasil Pai D’égua na Web, encontrei este modo de estar sempre na mídia, sempre em contato com a música, com músicos e divulgo tambem o meu trabalho.

19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Ivete Souzah: Vejo com uma certa tristeza, atualmente não vejo tantos talentos novos com um trabalho concistente, vejo muitas canções feitas nas coxas sem um senso lógico, sem poesia, sem um pôrque. Mas gosto do Lenine, Chico César, Jorge Vercillio, e outros que não me vem o nome agora.

20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?

Ivete Souzah: São 35 anos de carreira musical, aconteceram várias situações engraçadas, a primeira foi bem no início da minha carreira, a primeira foi soltar um forte arroto no meio da musica, trabalhava em uma pizzaria.

Cantei por 8 anos no caffe São Paulo no bairro Santa Cecília e recebi uma carta de um alemão que me disse que voltou a crer em Deus depois de ouvir cantar “Se eu quiser falar com Deus” (Gilberto Gil), e voltou para a sua esposa e filhos.

Outra pessoa estava passando me ouviu cantar ficou até o final e depois veio me falar que naquele dia estava disposto a tirar sua vida, mas que minha voz o salvou! Sempre que cantava na noite todas as vezes acontecia da pessoa dizer nossa como você adivinhou que eu queria ouvir esta música. Como uma transmissão de pensamentos.

Outra vez apareceu uma louca que viu uma mensagem minha no telefone do marido dela, ai ela veio para me conhecer e bater em mim, quando me ouviu cantando. E depois soube que  eu era casada com o guitarrista, ela veio falar comigo e me pediu desculpas no momento, eu não entendi, depois ela me explicou o sentimento dela.

Tive uma discursão uma vez com uma pessoa que queria que eu cantasse a todo custo uma canção que eu não sabia, esta pessoa causou um incomodo no Bar. Uma vez estava cantando e um fã bebado se deitou no palco e começou a roncar enquanto eu cantava, o bar inteiro comecou a rir. Durante o tempo que trabalhei na noite consegui juntar mais de 10.000 bilhetes com pedidos de músicas de diversos compositores, tenho guardado até hoje.

21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Ivete Souzah: Triste a falta de respeito com quem faz e vive de música, não ser considerada como uma profissão. Até na europa às vezes encontro pessoas que me perguntam, qual é minha profissão, quando digo cantora, eles repetem a pergunta, não, quero saber com o que você trabalha?

A parte feliz é que a música salva vidas, cura as pessoas, trazer felicidade para vida das pessoas, é um Dom divino. O maior Dom deste mundo.

22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Ivete Souzah: Acredito que a música é um dom que nasce com você, principalmente o dom de cantar, mas vi pessoas sem talento musical, mas como ama a música consegue aprender a cantar e a tocar um instrumento. E até ali para tocar um instrumento é necessário ter dom e muita dedicação.

23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Ivete Souzah: Depende, improvisação musical é uma qualificação musical, uma independência e segurança que vem com estudo de música. Uma pessoa pode ser criativa, mas não sabe improvisar. Ou vice-versa, ser um bom improvisador passa pela experiência musical, estudo profundo de música.

24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Ivete Souzah: Improvisação deve ser estudado, você até pode improvisar, mas sem estudo sem conhecimento de escalas, intervalos, harmonia, pode se tornar uma improvisação simples, sem grande virtuosismo.

Para a voz é bem mais complicado, ou você tem um bom ouvido e vai seguindo a harmonia ou melhor estudar bem antes, tocar um instrumento é primordial para não perder o tempo e entrar na parte errada da música.

25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Ivete Souzah: Eu penso que não existe um contra em métodos que ensinam a improvisar, existe o seu grau de conhecimento e estudo para poder entender o método proposto. Pode não ser do seu agrado a forma como foi escrito o método, mas para primeiro deve e precisa ter conhecimento musical de um instrumento.

26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Ivete Souzah: Depende do quanto você conhece de teoria musical, sabe ler partituras, e se dedica a prender música, é o que ira abrir sua mente, e irá entender os vários métodos que existem no mercado. Como os métodos de canto que é minha área.

27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Ivete Souzah: Acredito que hoje, a história do jabá, não funciona tanto como 20 anos atrás. Hoje com as plataformas digitais, ficou mais fácil divulgar o seu produto. Claro grandes gravadoras ainda alimentam as rádios com os Jabás, mas isso acontece muito com produto de fácil consumo.

28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Ivete Souzah: Tenha uma boa página no you tube, instagran, facebook e outras plataformas digitais e grana para pagar alguém para cuidar das redes sociais. Não adianta dizer estude, construa uma carreira com dedicação e persistência, pois hoje quem estuda não tem valor diante de um artista construído nas redes sociais (risos).

29) RM: Festival de Música revela novos talentos?

Ivete Souzah: Em alguns estados penso que os Festivais de Música revelam talentos e traz à tona novos artistas, compositores, cantores, mas artistas que vivem de festivais acabam sendo massacrados pelas redes sociais.

30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Ivete Souzah: A cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira é como sempre foi e será, uma porcaria, para a grande mídia o que interessa é quem vende muito, quem vende porcaria. A grande mídia constrói e destrói um artista sem piedade.

31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Ivete Souzah: Digamos que eu sou uma cria dos Sescs de São Paulo, dos anos 80 quando a proposta do diretor Danio Santos de Miranda (falecido aos 80 anos no dia 29 de outubro de 2023) era dar espaço para os novos talentos e a música independente, eu ainda peguei uma par muito incrivel dos projetos do Sesc.

Mas com o tempo com as trocas de funcionários e a entrada de muitas pessoas sem conhecimento musical e a Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) atua contra os músicos e ainda para complicar o ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) começa a atrapalhar com suas exigências de obrigatoriedade do pagamento.

Tudo foi mudando até que virou um espaço para artistas famosos, com seus agentes e empresas que monopolizaram os Sescs de São Paulo. Artistas que não conseguem encher um Tom Brasil, por exemplo, mas que conseguem fazer fila em uma apresentação no Sesc.

Hoje, eu não sei o que dizer dos Sescs de São Paulo por estar tanto tempo fora do Brasil. Minha apresentaçao no Sesc foi quando fiz 30 anos de carreira, fiz o Baile da Ivete na choperia do Sesc Pompeia. Estava lotado, mas foi uma experiência muito complicada por conta da burocracia que se tornou ser contratda pelo Sesc.

32) RM: Quais os seus projetos futuros?

Ivete Souzah: Gravei um trabalho em homenagem a João Bosco, mas não encontro uma gravadora para lançar este trabalho. Quero ir ao Brasil, quero cantar no Blue Note do Brasil e fazer shows na minha cidade natal: Belém do Pará.

33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Ivete Souzah: [email protected] | https://www.instagram.com/ivete.souzah

Youtube: https://www.youtube.com/@ivetesouzah4246 

Ivete Souzah Fadas (Luiz Melodia): https://www.youtube.com/watch?v=aqpF2CXRGJc 

Playlist do show do álbum De Onde Vens no Ivete Souzah no Teatro São Pedro: https://www.youtube.com/watch?v=XXYKDXMMhsI&list=PLKQ4Tmt9mxeatSPAggtT9M3oonIQ91XA5 

Playlist Ivete Souzah per Elza: https://www.youtube.com/watch?v=gzCCCnD3DQ4&list=PLKQ4Tmt9mxebYGnsu6IS0_9gJt5oGAuFm 

Programa Tudo de Bom convida MANUEL ANDRADE (Luthier): https://www.youtube.com/watch?v=TvcibRgOv5s 

Canal Ivetesouzah TudodeBom: https://www.youtube.com/@ivetesouzahtudodebom4650 

Playlist de Live: https://www.youtube.com/watch?v=0L6KR7Y8HwQ&list=PLKQ4Tmt9mxeYxMr4RZ7rjzeWWQMF4FsUR 

Playlist Live: https://www.youtube.com/watch?v=t2tcHCRJvOw&list=PLKQ4Tmt9mxea4e2Ms4nPPdmMbMerhVvdc


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.