O guitarrista e compositor baiano Igor Gnomo, apresenta em seu trabalho autoral instrumental influências do jazz e rock em simbiose com elementos da música nordestina (baião, ijexá, maracatu) e a rítmica das matrizes africanas.
Representando a força da guitarra brasileira e a música instrumental contemporânea produzida no interior da Bahia. A proposta sonora que começou em 2010 na cidade de Paulo Afonso (BA) se estendeu com o propósito de difusão da música instrumental baiana, passando por diversos palcos e festivais no Brasil e Argentina, sendo Destacado e convidado por músicos como: Armandinho Macêdo, Luiz Carlini, Toninho Horta, Luiz Caldas, Gabriel Pensador, Derico, Paulo Rafael, Luiz Brasil, Cainã Cavalcante…
Igor Gnomo fortalece a proposta sonora expandindo o conceito da música instrumental nordestina com influências da música de matrizes africanas e a improvisação jazzística, levando ao público uma apresentação repleta de dinâmicas, composições dos trabalhos lançados desde 2011 e releituras que passam por Dominguinhos, Hermeto Pascoal, Gilberto Gil e Chico Science.
O show que já passou por palcos na Bahia, Alagoas, Sergipe, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Mato Grosso e Argentina, se destaca pela ambiguidade sonora de encontro com o público.
Em maio de 2021 foi lançado nas plataformas digitais pelo selo Ruffo o terceiro álbum autoral – Formiga Preta de Igor Gnomo, com o apoio da Funceb sendo selecionado em primeiro lugar no edital de incentivo a cultura (Aldir Blanc) em primeiro lugar no estado da Bahia.
Sobre o álbum Formiga Preta… Produzido durante a pandemia de Covid-19, o álbum reúne 10 composições que surgiram entre 2018 e 2020 de autoria de Igor Gnomo ao lado do baterista Thiago Reuel, o baixista André Jumper e o percussionista Gildo Madeira. A obra também apresenta as participações do baixista Michael Pipoquinha, o saxofonista Derico (sexteto do Jô Soares) e a cantora Suzi Mariana.
A composição “Afrontar” presente no álbum representou Igor Gnomo como intérprete instrumental no prêmio nacional PPM em 2020 e segunda música instrumental mais votada no prêmio estadual Educadora FM (Bahia), também no mesmo ano.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Igor Gnomo para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 26.01.2024:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Igor Gnomo: Nasci em 02 de setembro de 1991 em Paulo Afonso (BA). Registrado como Igor Davi Oliveira Alves.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Igor Gnomo: Ainda na infância sempre tive contato com instrumentos musicais em minha casa, em especial o violão e cavaquinho e assim iniciei a busca por alcançar algum som, aos 08 anos tocava algumas canções no cavaquinho e mais à frente no violão que logo migrei para a guitarra com influência do Rock e a música brasileira: Gilberto Gil, Djavan, Gal Costa, Secos e Molhados, Novos Baianos.
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Igor Gnomo: Sou formado em Licenciatura em Música na UFS – Universidade Federal de Sergipe.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Igor Gnomo: No passado (ainda na adolescência) pude provar do rock setentista e bandas de Punk Rock, até conhecer um pouco mais da música brasileira e o jazz. Nos dias de hoje já não ouço o Punk como antes, mas permanece a influência do guitarrista Mike Stern, Chick Corea, Frank Gambale, Pat Metheny, Hélio Delmiro e o bom Deep Purple e Led Zeppelin.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Igor Gnomo: Aos 13 anos de idade já tocava em palcos e trios elétricos na minha cidade natal, que foi uma excelente escola ao tocar na noite adquirindo diversos repertórios e amadurecendo o “querer” pela busca musical.
Em 2010 iniciei os estudos acadêmicos na Universidade Federal de Sergipe e assim amadurecendo ainda mais composições e experimentos sonoros. Finalmente no final de 2011 lancei meu primeiro álbum e aí dei o “start” na minha carreira na música instrumental autoral.
06) RM: Quantos CDs lançados? Cite os álbuns que atuou como guitarrista/violonista?
Igor Gnomo: Até o presente momento tenho três álbuns autorais lançados: Em 2011 – “NorDestino” dando o pontapé inicial na minha carreira que me fez passar por vários palcos no Brasil representando a música instrumental produzida no interior da Bahia.
Em 2014 lancei o “Alquimia Trilhas Poesia”. Em 2021 o “Formiga Preta” que apresento a vertente sonora do Jazz Rock Nordeste e participações especiais como o saxofonista Derico (sexteto do Jô Soares), o baixista Michael Pipoquinha e o violinista Marcelo Fonseca.
Já atuei em diversos álbuns na música independente nos últimos anos, em especial nos trabalhos de Sandy Alê (SE), Suzi Mariana (AL), Coutto Orchestra (SE), Sons de Mercúrio (BA).
07) RM: Como você define o seu estilo musical?
Igor Gnomo: Costumo falar que faço o Jazz Rock Nordeste, uma simbiose de sonoridade e influências que passeiam pela improvisação jazzística, rifes e atitudes do rock setentista e a influência rítmica e tão gigantesca do Nordeste Brasileiro (maracatu, baião, caboclinho, Samba de roda, Ijexá, além da fusão entre a força da guitarra brasileira e as matrizes africanas expressas em nosso país.
08) RM: Como é o seu processo de compor?
Igor Gnomo: Adoro compor com o violão que me permite imaginar linhas de baixo, contrapontos harmônicos e possibilidades rítmicas. Geralmente costumo tocar sem pretensão do resultado imediato, após surgir ideias aproveitáveis faço algumas análises e vou construindo uma história.
Maior parte das minhas composições transitam entre distintas influências (baião, rock progressivo, jazz), neste próximo trabalho que irá ser lançado em 2024 aposto em uma simbiose mais objetiva, onde utilizo mais de linhas melódicas marcantes e a presença forte da rítmica nordestina.
09) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Igor Gnomo: Costumo compor inicialmente sozinho, faço um esboço com a ideia principal para na sequência apresentar aos músicos que tocam comigo, incríveis instrumentistas que bebem de diferentes fontes.
O baterista Thiago Reuel conhece muito sobre jazz e música brasileira, o baixista André Jumper é um virtuose na improvisação jazz e rock progressivo, e por fim o percussionista Gildo Madeira que acrescenta sempre proporções das matrizes africanas e a rítmica brasileira.
10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Igor Gnomo: O lado bom da carreira independente é poder experimentar e desenvolver projetos com mais liberdade, assim como a importância de presenciar e estudar o empreendedorismo musical, network e laboratório sobre si mesmo.
O lado mais complexo é enfrentar um mercado muito complexo, caro, e sempre em constante aceleração que nos exige estar buscando atualização a todo tempo. É necessário uma organização e gestão de tempo, atividades com precisão dentro do planejamento a ser alcançado.
11) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Igor Gnomo: Nos palcos levo o meu mais recente show intitulado “Formiga Preta” que reúne composições dos meus últimos trabalhos lançados, além de workshops e oficinas sobre composição e improvisação. Fora dos palcos sou proprietário da escola de música Cemig Music em minha cidade natal que segue em atividade desde 2014.
12) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Igor Gnomo: Desde 2012 venho estudando e desenvolvendo o empreendedorismo musical em minha carreira, nos últimos 10 anos tenho me dedicado a educação musical com aulas presenciais, on-line (consultorias) e atividades culturais em Paulo Afonso (BA).
No início do meu trabalho autoral tive muitas dificuldades em oportunidades, então resolvi criar, levando para as praças e parques uma programação cultural com intuito de difusão (formação de plateia).
E assim em 2016 criei o primeiro festival de Jazz (Bond Jazz Festival) em minha cidade natal, um dos principais do interior baiano o qual já trouxemos grandes nomes (João Bosco, Hamilton de Holanda, Toninho Horta, Mestrinho e Pipoquinha, Flávio Venturini, Jorge Vercilo, Derico).
E segue em atividade com a minha curadoria e direção. Proporcionar vivências artísticas para crianças, jovens e adultos foi um portal divisor de águas para uma troca dentro da economia criativa e aplicação de novas ideias.
13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?
Hoje temos uma gama de assuntos, distrações e informações que acabam travando o desenvolvimento caso não tenha uma gestão de uso, costumo fazer um trabalho que é para ser entregue ao público não apenas pelo streaming ou youtube, é legal ter todo trabalho disponível nas redes para um maior alcance, mas não é apenas o suficiente. Gosto da entrega nos palcos, teatros, ir até ao público.
14) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Igor Gnomo: A grande vantagem é o laboratório e baixo custo, onde facilita mais experimentações de sonoridades e possibilidades, no entanto é preciso ter o contato e prática em conjunto, o diálogo musical presencial faz magia acontecer.
Costumo fazer a parte de criação e pré-produção em meu home estúdio, mas sempre levo o material para experimentar o “play” ao vivo com outros músicos e entender a forma da composição mais completa. Temos hoje no mercado muito trabalho ruim, feitos no imediatismo do home estúdio causando essa avalanche de informações no streaming.
15) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Igor Gnomo: A música instrumental é um celeiro muito difícil no Brasil, diga-se de passagem, que seja uma peça do underground, e trabalhar um produto com esse perfil é preciso muita paciência e criatividade para quebrar barreiras.
Uma das coisas que mais busco é quebrar o termo “Música feita pra músico” e com isso tenho conseguido alcançar pessoas que não costumam ouvir música instrumental em suas playlists, ou entrar em programações atípicas para a música instrumental. Busco sempre fazer um show objetivo, que as pessoas possam sentir a emoção e a força rítmica.
16) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Igor Gnomo: O Brasil e sua imensidão cultural, rítmica e poética, infelizmente engolido pela indústria midiática e seus produtos que são enfiados nas goelas, ou melhor, nos ouvidos da nação. Tenho acompanhado muito o trabalho da Vanessa Moreno, Mariana Aydar.
E os gigantescos Hamilton de Holanda, Salomão Soares, Michael Pipoquinha, Mestrinho, Pedro Martins… adoro também ver a consistência de Lenine, artistas do Manguebeat como a Nação Zumbi.
Em termos de regressão deixei de acompanhar alguns trabalhos como o da cantora e instrumentista Lucy Alves que tinha em sua essência muito da música nordestina ao lado de outras instrumentistas (Clã Brasil).
17) RM: Quais as principais diferenças das técnicas e estudo do Violão e a Guitarra?
Igor Gnomo: O violão traz em sua vertente técnica possibilidades rítmicas que exigem bastante da precisão em tocar “limpo” nota por nota sem efeitos, diferente da guitarra que oferece uma gama de possibilidades em experimentos de timbres e equipamentos. A técnica da guitarra é imensa, tipos de palhetadas (Sweep, alternada, econômica, finger style) que nos oferta muitos caminhos para estudos e aplicações.
18) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?
Igor Gnomo: Sempre acontece episódios inusitados, seja nas cansativas horas de estrada ou no palco mesmo.
Lembro de uma específica que em meados de 2012 nos apresentamos pelo Sesc em uma cidade do interior de Sergipe que divulgaram o evento como “Seresta em comemoração ao dia das mães” e a atração musical era justamente o meu trabalho.
Na plateia muitas senhoras e seus filhos que após a primeira música de imediato já nos perguntaram a que horas iria chegar o cantor, e porque ninguém cantava.
Foi nesse momento que entendi o que é fazer a música instrumental para além de músicos e amantes do jazz, de improviso tocamos releituras de Dominguinhos, Luiz Gonzaga e foi uma alegria contagiante, tinha tudo pra ser um fiasco, mas foi o grande aprendizado.
19) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Igor Gnomo: Me sinto muito feliz em poder tocar, gravar, compor, e deixar uma obra (que seja atemporal), me sinto triste ainda com discrepância no cenário onde falta espaço para muita gente boa que segue trabalhando com muita dedicação mas nem sempre consegue a devida atenção.
20) RM: Você acredita que sem o pagamento do Jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Igor Gnomo: Mecanismos em tempos diferentes, hoje percebo que existe ainda bons condutores e gestores de rádios que abrem espaços para a música independente e instrumental, porém é muito mais difícil alcançar bons resultados.
21) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Igor Gnomo: Sempre costumo falar sobre disciplina, acredito que não existe fórmula pronta para os melhores resultados principalmente com esse mercado tão acelerado, porém quando tem amor pela arte, e um caminho com disciplina ao surgir oportunidades será o encontro certeiro com as melhores conquistas.
Refiro-me não apenas disciplina com os estudos musicais, mas também em ter um material organizado, bons registros e saber se relacionar bem com as pessoas.
22) RM: Quais os guitarristas que você admira?
Igor Gnomo: Essa sim é uma lista imensa (risos), aqui no Brasil admiro muito a obra do Fred Andrade, Pedro Martins, Cainã Cavalcante, Jubileu Filho, Heraldo do Monte, Toninho Horta, Luciano Magno, André Nieri, Conrado Góis, Daniel Santiago, Nelson Faria e o inoxidável Lula Galvão que me arrancou muitas lágrimas na primeira vez que assisti ao vivo.
23) RM: Quais os compositores eruditos que você admira?
Igor Gnomo: Sem dúvidas Chiquinha Gonzaga e Heitor Villa – Lobos que me fez abrir os olhos para o lado erudito até chegar em Johann Sebastian Bach que me faz chegar em incríveis atmosferas sentimentais.
24) RM: Quais os compositores populares que você admira?
Igor Gnomo: Gilberto Gil e sua imensidão poética, Djavan e seu “um” invejável no samba, aí quando chega Milton Nascimento, Toninho Horta e a turma do modalismo no Clube da esquina me conquista sem igual.
25) RM: Quais os compositores da Bossa Nova você admira?
Igor Gnomo: Ultimamente venho estudando mais sobre a obra de Roberto Menescal e me conquista cada vez mais, assim como os fundamentais João Gilberto e Tom Jobim.
26) RM: Como você analisa o cenário da música instrumental no Brasil. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Igor Gnomo: Temos trabalhos surpreendentes surgindo e conquistando cada vez mais outros continentes, aqui dentro do Brasil é realmente extremamente complicado manter uma rotina de shows em festivais e bons acontecimentos.
Tem muita gente talentosa com excelentes trabalhos numa disputa louca nas curadorias, então é necessário reinventar e fazer acontecer as oportunidades ao decorrer do ano sem esperar apenas pelos grandes festivais.
Para mim um dos grandes expoentes que tanto nos ensina a cada ano com trabalhos espetaculares é o Hamilton de Holanda, conquistando não apenas prêmios, mas sim um público atípico ao redor do mundo (uma escola).
Acredito que trabalhos voltados apenas para a guitarra rock no Brasil teve uma baita regressão, é preciso sempre ter misturas e quebrar mais barreiras.
27) RM: Quais dos seus métodos que estão à venda?
Igor Gnomo: No momento, além das aulas presenciais em minha escola de música, ofereço aulas / mentorias on-line com acesso a plataforma virtual exclusiva com vídeos.
28) RM: Quais as principais técnicas que o aluno deve dominar para se tornar um bom Guitarrista/Violonista?
Igor Gnomo: Sobretudo ter um bom domínio da estruturação musical (intervalos, formação de acordes, centros tonais) e compreender o papel do instrumento no universo musical, são inúmeras possibilidades de interpretações, composições, sabendo o que quer alcançar já é um excelente caminho.
O estudo da improvisação é uma longa escada que a cada degrau compreende-se sobre as combinações harmônicas e melódicas em situações inusitadas que o instinto emotivo e criativo vai falar mais alto antes de qualquer número ou regra.
29) RM: Quais os principais vícios e erros que devem ser evitados pelo aluno de Guitarra/Violonista?
Igor Gnomo: O preconceito quando tem espaço na jornada do músico é letal, não pode dar espaço para o terrível erro de não experimentar possibilidades, gêneros musicais e técnicas.
Ouvir ou tocar apenas uma única coisa por toda vida é de uma burrice tremenda, sempre recomendo aos meus amigos e alunos novas sonoridades que expressam possibilidades de inovação na tocabilidade.
30) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?
Igor Gnomo: Algumas regras detonam a evolução do aluno, como por exemplo negligenciar o impulso da criatividade. Adoro criar pequenos trechos de progressões harmônicas, solos ou riffs com meus alunos quando estão em um estágio inicial, isso impulsiona para a entrada no universo das composições ou improvisação independente do conhecimento teórico.
31) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Igor Gnomo: Acredito que algumas pessoas já nascem com uma melhor aptidão com a percepção (melódica, rítmica ou harmônica), assim como outras pessoas tem mais facilidade na hora da memorização ou técnica seja em pequenos ou grandes níveis, no entanto vale ressaltar que na música o “milagre da repetição” é o caminho da “salvação”.
Já vi muitas pessoas que começaram muito bem nos estudos musicais com uma ótima percepção, mas infelizmente não conseguiu manter a disciplina e ao se confiar no “dom” esgotaram a evolução.
32) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Igor Gnomo: Costumo ouvir bastante improvisadores durante o dia a dia, tento identificar linhas de raciocínio para cada um deles e na hora da improvisação fecho os olhos e deixo a voz interna guiar os caminhos, e é inevitável não ter um pouco de cada coisa que escuto.
Já passei algumas semanas sem tocar, apenas ouvindo e digerindo trabalhos que gosto e foi muito importante para curar alguns vícios. Mas ressalto, que o estudo de motivos, escalas, harmonias faz toda a diferença.
33) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Igor Gnomo: No Brasil temos excelentes métodos, ainda na minha adolescência tive o contato com diversos livros do Nelson Faria e Mozart Mello que me abriu a cabeça sobre esse assunto. Além de escalas, arpejos e acordes, existe caminhos que facilitam o encontro com a identidade na improvisação e aqui em nosso país temos excelentes professores.
34) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Igor Gnomo: A verdadeira improvisação nasce na espontaneidade, porém tem as “cartas na manga”, caminhos que aplicados nos levam a resultados e referências. É muito notável encontrar influências do John Coltrane ou Jacob do Bandolim em diversos improvisos, algo que fica armazenado na identidade sonora de cada um.
35) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Igor Gnomo: Os melhores métodos de harmonia trazem ótimos exemplos com base na música brasileira ou jazz tradicional, nos apresentando as possibilidades das análises e funções harmônicas. Acredito que o contra quem faz é o estudante que decide seguir um único caminho sem dar possibilidades de outras experimentações em métodos.
36) RM: É mais importante tocar muitas notas por compassos ou tocar só o que a música pede?
Igor Gnomo: Sem dúvidas o que a música pede, e esse discernimento de entender o que exatamente a música está pedindo é o que diferencia em todos os casos. Tem momentos de poucas notas, mais precisas, assim como tem o momento da fritação quando é permitido.
37) RM: Quais os prós e contras de ser multi-instrumentista?
Igor Gnomo: Conhecer sobre o universo de cada instrumento é algo muito complexo, admiro demais músicos como o Sandro Haick que consegue muito bem expressar musicalidade em diversos instrumentos, no entanto é bom ficar esperto que são poucos casos de êxito em todas as vertentes, o Haick é uma exceção e grande referência.
38) RM: Quais os seus projetos futuros?
Igor Gnomo: Em 2024 tenho o quarto álbum a ser lançado assim como uma turnê mais extensa que deve passar por mais cidades no Brasil e alguns países, quero muito expandir a nossa missão com a música instrumental brasileira, o jazz Rock Nordeste feito no interior da Bahia.
39) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Igor Gnomo: [email protected]
| https://www.instagram.com/igor.gnomo/
Canal: https://www.youtube.com/c/IgorGnomo
Playlist álbum Formiga Preta: https://www.youtube.com/watch?v=yS0kCOQ3g4I&list=PL5-flwOjYA9YShywF0IWgICl0UTHK7vCh
Guitar solo Afrontar | Igor Gnomo Group (Live) Jam no Parque 2022: https://www.youtube.com/watch?v=S5OGnpfNY-o
IGOR GNOMO na TOCA DO BANDIDO | ALQUIMIA (Live Session): https://www.youtube.com/watch?v=uQL3X_n6cmA
Playlist dicas para guitarristas: https://www.youtube.com/watch?v=DWvu7E1EKsk&list=PL5-flwOjYA9aiGdv1L6OarSkUKz65aZ_M
Playlist VLOG: https://www.youtube.com/watch?v=b7AJO5UzhGs&list=PL5-flwOjYA9Y-WvysWBrZCk5-pDx0fOgX
Documentário “LA GIRA ARGENTINA” | Igor Gnomo (tour 2018): https://www.youtube.com/watch?v=DXyvhqnMpH0&list=PL5-flwOjYA9bfV8wkQaXwI2S7am8zUdRg
Que artista focado e inspirador.
Muitíssimo obrigado por esta oportunidade de deixar um pouco da nossa obra neste veículo de comunicação musical tão importante para nosso país! Vida longa!!