More Giovani Goulart »"/>More Giovani Goulart »" /> Giovani Goulart - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Giovani Goulart

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Nascido no Sul do Brasil, filho de Hilma Goulart e de seu pai José Goulart, que foi exímio instrumentista gaúcho, profissional que tocava acordeon, bandoneon e órgão eletrônico, Giovani Goulart na infância já demonstra enorme talento para música e para o aprendizado das linguagens de vários instrumentos musicais.

Após tocar em várias bandas de baile, Giovani Goulart recebe convite para trabalhar na Europa por três meses, mas, seu talento falou mais alto e este, acabou por ficar 30 anos fora do Brasil. Produtor musical de alto nível, gravou centenas de álbuns por vários países. Hoje, radicado em Salvador, produz vários artistas e bandas.

Um dos projetos criativos e desafiadores une as composições autorais com releituras de grandes obras do cancioneiro brasileiro em um diálogo entre o piano e a alma musical de Giovani Goulart é seu concerto solo “Mercado das Almas”. A intimidade com as emoções e as paixões fazem deste concerto um momento memorável.

Muito requisitado para arranjos, direção e produção musical, Giovani Goulart abriu sua agenda para 2023. O booking conta com datas disponíveis a partir de abril de 2023.

“É preciso entender o mercado e a capacidade de cada artista para compor um arranjo musical que lhe toque a alma”, diz Giovani Goulart.

Antes de compor os seus arranjos musicais, Giovani Goulart faz questão de conhecer o artista, intérprete ou solista que irá levá-lo ao palco. Seus hábitos, sua playlist, seus gostos musicais e analisar o que mais lhe faz vibrar a alma. Essa percepção ultrapassa as palavras; vem mesmo da observância e traça o perfil

que indicará quais as sonoridades e ritmos serão usados em seus arranjos ou projetos musicais. Daí também vem a seleção dos instrumentistas que têm o estilo alinhado com o intérprete e as pulsações que irão adornar a parte conceitual dos arranjos. ”É muito importante fazer brilhar vestindo arranjos e despindo alma para que essa, exponha em pleno a sua musicalidade”, diz Giovani Goulart.

Uma enorme variedade de caminhos, propostas, intenções e estilos adornam o mercado musical e selecionam os artistas que, de acordo com o seu gosto e o seu propósito, lançam no mercado produtos que acreditam ser a imagem que lhes representa.

Show instrumental com banda: um formato já normalizado a nível mundial: Piano, baixo, bateria, percussão e guitarra são os instrumentos que integram o Line set do show instrumental de Giovani Goulart que, depois de todos estes anos vivendo entre Europa e América do Norte, retorna ao Brasil com saudade dos palcos sul americanos.

Cinema e orquestras: Giovani Goulart já fez vários trabalhos para cinema, publicidades e TV. A criatividade, a expertise, o bom gosto e o rigor são os elementos presentes em todos os trabalhos deste profissional. Trabalhar para cinema exige conhecer essa linguagem e, para além da música, Giovani Goulart conhece também a linguagem do Folley.

Preparando cantores ou solistas: Um produto interessante que Giovani Goulart traz da Europa é a criação de arranjos a partir do perfil de cada artista. Tudo tem origem em uma partilha de informações, referências de sonoridades, estilos e ambientes que cada interprete se identifica. Em posse dessas informações, Giovani Goulart cria arranjos alinhados com o perfil de cada artista.

Segue abaixo entrevista com Giovani Goulart para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 05.04.2023:

02) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Giovani Goulart: Eu sou virginiano, nasci no dia 04 de setembro de 1964 em Pelotas, Rio Grande do Sul.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Giovani Goulart: Meu pai (José Goulart) era músico, então na barriga de minha mãe (Hilma Goulart) eu já convivia com música. Meu pai, que era acordeonista e organista tocou com Nelson Gonçalves, Elis Regina, Ângela Maria, Cauby Peixoto e outros tantos nomes. Assim sendo, o meu habitat natural já me presenteava com essa arte.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Giovani Goulart: Embora eu tenha cursado Musicologia, na Universidade do Minho em Portugal, me falta uma disciplina para concluí-lo, eu não tive outra profissão, nunca exerci nenhum ofício fora da música.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Giovani Goulart: Existem muitas “passagens” interessantes na minha trajetória musical e, consequente amadurecimento. Eu adoro músicas com conteúdo; seja literário ou harmônico. A aplicabilidade do conhecimento se manifesta em todas as áreas da arte, mas é a emoção que me cativa. Não busco quem me impressione, mas quem me emocione. Por vários países presenciei a valorização de concertos musicais que, de música, tinha muito pouco. Existe o uso do instrumento musical para se relacionar diretamente com uma determinada técnica e, por outro lado, existe a relação do artista com a arte. Muitos instrumentistas ainda não entenderam isso.

A intenção de competir, de ser mais veloz, de fazer coisas extremamente difíceis, embora tenha o seu valor, se distancia em muito da proposta que a música traz enquanto “arte”.  Exibir somente técnica e virtuosismo, não é fazer música. Eu me influenciava, na infância, por grandes intérpretes como Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Ataulfo Alves, Dolores Duran, Elis Regina, mas, repare que, para a minha idade, esse fato já denotava um diferencial, pois, uma criança normalmente gosta de música para criança, mas eu não, eu gostava de visualizar em modo filme, cada palavra que era cantada.

Hoje, ainda gostos de todos estes, mas, morando fora do Brasil por 30 anos, adquiri outras referências e, obviamente, com a maturidade, com o estudo e com o convívio com outras linguagens, as opções também vão se moldando. Hoje, somado às mesmas referências do passado, adoro Keith Jarret, Concha Buika, Yellow Jackts, Djavan, João Bosco, Chico Buarque, Milton Nascimento, Ivan Lins e, a minha deusa Elis Regina.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Giovani Goulart: Comecei em 1973 batucando nas tampas de panelas de minha mãe (Hilma Goulart) logo aos dois anos de idade. Foi em Pelotas – RS, no bairro Simões Lopes ao lado do Clube Bancário de Futebol. De lá pra cá, foi um eterno reforçar o gosto pela música, estudar, aprender, ensinar e buscar crescimento. Quando comecei na carreira musical era menor de idade e com a necessidade de solicitar ao instituto de menores uma autorização de emancipação para poder trabalhar à noite.

06) RM: Quantos CDs lançados? Cite os CDs que já participou como Tecladista/Pianista ou tocando outro instrumento?

Giovani Goulart: Gravar álbuns de artistas foi meu ofício durante todos estes anos e eu conto com mais de quatrocentos álbuns gravados. Em muitos fui pianista, em outros fui baterista, mas na grande maioria fui o arranjador, o diretor musical e o tecladista.

07) RM: Fale de sua atuação como produtor musical.

Giovani Goulart: Penso que ser produtor musical requer um enorme conhecimento das funções que são atribuídas a este título. Antes de eu sair do país eu já atuava como produtor musical e arranjador e, um dos meus últimos trabalhos antes de migrar para Frankfurt foi a gravação com a OSPA – Orquestra Sinfônica de Porto Alegre no Rio Grande do Sul. Eu, enquanto produtor musical sou muito criterioso e, antes de iniciar o trabalho, faço um estudo aprofundado dos propósitos, das expectativas e da capacidade de resposta artística da pessoa que irá trabalhar comigo. Se eu perceber que o resultado não trará nada de relevante, eu não faço o trabalho. Já foi a fase onde eu precisava pegar vários e divergentes artistas para somar no meu orçamento. Hoje primo exclusivamente pelo respeito a mim mesmo, a todos os anos que investi em estudar, aprender, ser reconhecido e, só faço trabalhos que me tragam resultados dos quais eu possa me orgulhar. Adoro fazer arranjos!

08) RM: Como é o seu processo de compor?

Giovani Goulart: Meu processo inicia com um estudo que direciona o momento inicial da composição e depois a criatividade aliada ao conhecimento e à expertise, dão asas, cores e a emoção adequada a cada composição.

09) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Giovani Goulart: Normalmente componho sozinho. Mas meu grande parceiro de composição instrumental foi sempre Tuniko Goulart, meu irmão que é guitarrista que já tocou com nomes mundiais como Madonna, Cesária Évora, Carlos do Carmo, Rui Veloso, Carminho e outros tantos. Porém tem um compositor que admiro muito e que encomendo composições: Silvio Castro.

10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Giovani Goulart: Os prós são exercer a liberdade de levar a nossa obra para onde a nossa intuição indica e, os contras é a desvalorização e a total falta de apoios.

11) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Giovani Goulart: Quando fora do palco, estou sempre em estúdio e quando chego a ir para um palco, vou com enorme alegria pois sei que tudo está minuciosamente ensaiado e muito bem executado pelos profissionais que integram meus projetos.

12) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Giovani Goulart: Hoje tenho profissionais em posições estratégicas para tratarem de editais, projetos e venda dos concertos, mas normalmente até sou eu a fazer essas funções também. Eu crio e divulgo os meus projetos para setores que estejam alinhados com estes propósitos.

13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?

Giovani Goulart: A internet dá alcance internacional, mas abre portas para críticas de pessoas sem formação, sem conhecimento e sem obra feita permitindo assim, que a pessoa em questão emita pareceres completamente disparatados. É o preço da modernidade: Pouco conhecimento, mas muita opinião.

14) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Giovani Goulart: O home Studio é uma realidade incontornável e, temos nomes mundiais a utilizarem esta ferramenta com sucesso. A desvantagem do home studio é o desconhecimento de quem opera o equipamento. Não basta comprar computador e microfone bom, tem que saber captação, acústica, posicionamento de microfone, fase, quando usar um par calibrado, ganho unitário, mixagem e masterização e, infelizmente, 90% das pessoas que se dizem home studio, não sabem.

15) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Giovani Goulart: Basta fazer um trabalho de muita qualidade e não se importar com modismos. A qualidade é a melhor publicidade que existe. Eu não concordo com o mercado que toca muito lixo, pouca cultura e promove à pessoa pública alguém que nem sequer mereceria estar em um palco. O dinheiro corrompeu a grande mídia e construiu aberrações que ocupam um lugar no mercado musical sem merecimento. Assim sendo, não vale a pena se importar com o mercado, mas sim com a obra.

16) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Giovani Goulart: Infelizmente o mercado brasileiro parece uma lata de lixo. Letras óbvias e banais, cantores desafinados, sem voz e sem dicção, arranjos notoriamente básicos, muita apelação à sexualidade, corpos substituindo poesia e desconhecimento aplaudindo seus iguais. Obviamente que em todos os gêneros há sempre quem merece o nosso reconhecimento: Lulu Santos, Djavan, Skank, Lenine, Chitãozinho e Xororó, Zeca Pagodinho, Péricles, Ney Matogrosso e outros mais novos que fazem um excelente trabalho e entregam um produto louvável.

17) RM: Como você analisa o cenário da música instrumental brasileira. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Giovani Goulart: Eu não considero uma regressão, mas sim, um novo posicionamento na gerência da carreira musical de alguns artistas que, parece que somem do mercado, mas, mantêm a mesma qualidade de sempre. A culpa é da grande mídia que quer o que é “polêmico”, chamativo, desavergonhado e que, de uma hora pra outra, torna-se figura pública sem bagagem musical alguma. Na música instrumental, um dos artistas que cresceu nos últimos anos foi Hamilton de Holanda no Bandolim, Michael Pipoquinha no Baixo e Mestrinho no Acordeon.

18) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Giovani Goulart: Graças a Deus temos muitos motivos de orgulho em nossa música brasileira. Um artista que destaco pelas letras, pela execução musical e pela interpretação é João Bosco e banda, mas obviamente que são dezenas de trabalhos lindos que os artistas brasileiros desenvolvem. Ivan Lins tem uma obra maravilhosa, Milton Nascimento (mais uma vez) é incontornável, Mauro Senise, Maria Rita, nosso saudoso Rolando Boldrin e outros tantos.

19) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?

Giovani Goulart: Todas estas situações citadas na pergunta já me aconteceram (risos), mas ainda tem a questão acidente rodoviário e impossibilidade de embarcar em um voo por falta de acordo diplomático entre alguns países.

20) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Giovani Goulart: A própria música se materializando de forma linda em palco é a grande e impagável alegria. O triste é ver que o maior percentual de artistas não consegue viver de sua própria arte.

21) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical no exterior?

Giovani Goulart: Vim morar na Europa em 1992. Não vejo nenhum contra morar no exterior, pois eu morei mais anos fora do Brasil e não tive nada que desabonasse. Ao contrário, aprende-se muito com outros conceitos, estudos, formas, masterclass e acesso a grandes artistas. As escolas de Jazz têm professores norte americanos que são especialistas na matéria e te mostram a raiz de muitos estilos e, como se não bastassem, os professores também vão para o palco e fazem um concerto belíssimo! Voltei em 2020 para o Brasil e moro em Salvador – BA.

22) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e o cuidado com a voz?

Giovani Goulart: A técnica vocal é uma ferramenta que permite ao cantor executar com propriedade e perfeição as melodias a que se propõe a apresentar. Existe, porém, um cuidado a ser tomado quando o professor, mesmo sem intenção, começa a proibir algumas expressões, entoações e práticas do cantor que seriam os traços da sua personalidade artística. Já presenciei um exagero de certo e errado que colocava o executante em uma caixinha de possibilidades, tirando do mesmo, um universo vocal e artístico.

23) RM: Você acredita que sem o pagamento do Jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Giovani Goulart: Acredito que minha música toque sem precisar pagar o jabá. Entendam que o tal jabá acontece com muito mais força no Brasil. Mas o mundo não é só Brasil!

24) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Giovani Goulart: Digo que a carreira musical é exigente, requer persistência, mas vale a pena!

25) RM: Quais os Pianistas e Tecladistas que você admira?

Giovani Goulart: Adoro Russel Ferrante, Keith Jarret, César Camargo Mariano com o grover do Samba e o mais recente nome dos teclados Cory Henri.

26) RM: Quais os compositores eruditos que você admira?

Giovani Goulart: Na universidade estudamos vários, mas, Mendelson, Vivaldi, Mozart são os meus preferidos. Obviamente que, existem os casos de grandes mestres do erudito que enveredaram para o Jazz como o nosso contemporâneo Didier Lockwood.

27) RM: Quais os compositores populares que você admira?

Giovani Goulart: Meu número um é João Bosco, pois ele traz o Samba, as tradições brasileiras, as crenças e o cotidiano com a mesma intensidade que canta o amor.

28) RM: Quais os compositores da Bossa Nova que você admira?

Giovani Goulart: A rainha Leni de Andrade, o mestre Antonio Carlos Jobim, Edu Lobo, João Gilberto e, mais pra frente, Emílio Santiago interpretando Bossa Nova.

29) RM: Quais os compositores do Jazz que você admira?

Giovani Goulart: São muitos que ouço, mas, Oscar Peterson, Thelonious Monk, Keith Jarret, Dave Brubeck e a clássica Diana Krall.

30) RM: Nos apresente seus métodos para Teclado/Piano?

Giovani Goulart: Já estudei usando muitos métodos, estudei por indicação de professores e de colegas músicos, mas, hoje não uso. Eu indicaria, a meu ver o melhor método, Mark Levine, pois ele traz fraseados, de vários pianos dentro da mesma tonalidade e clichês que enriquecem a nossa narrativa musical.

31) RM: Quais as principais diferenças entre as técnicas de Piano e Teclado?

Giovani Goulart: O Piano é o “pai do teclado”. Para Piano é que estão voltados todos os estudos. Deste o tempo do “Cravo bem temperado” que a dedilhação desafia aos pianistas a cumprirem os movimentos certos, mas, o Teclado carrega-se debaixo do braço. Não creio que algum dia, o Teclado terá a mesma bibliografia e história que tem o Piano, mas, é importante salientar que uma coisa não compete com a outra.

33) RM: Quais as principais técnicas que o aluno deve dominar para se tornar um bom Pianista/Tecladista?

Giovani Goulart: De acordo com a linha de pensamento do Erudito, estudo de partitura, conhecimento e entendimento das obras clássicas, compreensão e dedilhação. Mas quando vamos “para o terreno” da música ao vivo, no Brasil a maioria dos locais de concertos não têm um Piano disponível. Em outros casos, quando tem está desafinado, pois o Piano é um instrumento que precisa de manutenção constante. Assim sendo, as propostas de ensinamentos disponíveis são adaptadas à realidade nacional. Grandes professores eruditos sabem que seus alunos irão tocar em um Teclado e nem sempre em um Piano acústico, daí nasce a segunda via que é ter na sala de aula também um Teclado para compararem o peso das teclas e a resposta de cada instrumento, evitando assim que o instrumentista sofra algum embaraço quando for se apresentar.

34) RM: Qual a importância dos conhecimentos tecnológicos para o Tecladista?

Giovani Goulart: Hoje em dia, a tecnologia é uma forma de comunicação. Poder criar, gravar, editar e partilhar arquivos MIDI é um abreviar caminho pois, esse processo poderá ser partilhado também. De acordo com a proposta de cada músico, conhecer a tecnologia poderá até lhe facilitar a vida musical. Mas se a intenção é dedicar os estudos exclusivamente ao meio erudito, daí a tecnologia apoiará mais fortemente a notação musical; escrita e impressão de partituras.

35) RM: Você é adepto ao uso de VST e VSTI? Quais você indica para o Tecladista?

Giovani Goulart: Uso muitos VSTs e tenho milhares de timbres. Eu recomendo vivamente o KeyScape, pois é o mais evoluído VST de Pianos acústicos e elétricos que o mercado oferece. Mas, quando nos posicionamos assim, esbarramos no gosto e preferência de outro colega que aponta para outro VST, portanto afirmo ser a minha opinião e a minha preferência, não invalidando, assim outras escolhas.

36) RM: Quais os principais vícios e erros que devem ser evitados pelo aluno de Piano/Teclado?

Giovani Goulart: Estes vícios e erros encontramos também em nós, digo, falta de atenção às durações, aos andamentos, oscilações de tempo, aos ataques em um tempo pré-estabelecido, e o mais grave, a infeliz execução sem sentimento, sem alma, portanto, sem valor.

37) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?

Giovani Goulart: Infelizmente muitos professores de música não têm experiência musical, mas, têm o curso e estão em sala de aula. Respeito, entendo, mas não aceito. Quem não vive música nem sequer poderá se intitular professor e, o maior crime da educação é ensinar o que não sabe.

38) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Giovani Goulart: Essa é uma discussão que divide opiniões. Na Itália, na província de Rovigo participei de um colóquio sobre o que é arte e um dos tópicos era avaliar a existência ou não de um dom. Eu em uma análise mais pragmática agarro-me ao que a ciência diz: Os neurocientistas afirmam que a arte provoca alterações nos padrões das ondas e do ritmo cerebral, bem como estimula o nosso sistema límbico, provocando emoções.

Por meio da arte o indivíduo pode experenciar o mundo de uma maneira diferente. Adicionalmente, é possível evidenciar por meio de estudos científicos que a arte aumenta os níveis de serotonina, hormônio responsável pela sensação de bem estar. Para além disso, estimula áreas cerebrais envolvidas com a criatividade e habilidades motoras. Eu creio na existência de uma habilidade diferenciada, de um comportamento artístico diferenciado de pessoa para pessoa ao qual chamamos de dom.

39) RM: Qual a definição de Improvisação para você?

Giovani Goulart: É muito complexo definir improvisação pois, isso nasce instantaneamente e, de acordo com o conhecimento harmônico, ritmo e com a sensibilidade e emoção de cada instrumentista, o improviso assumirá diferentes cores, nuances e expressões. Importante salientar que, embora o mesmo músico conheça os mesmos caminhos, nem ele mesmo quando tocando novamente o mesmo tema, em um outro concerto, escolhe o caminho já percorrido pois, as possibilidades são mais do que muitas.

Improvisar é dialogar com a obra colocando o nosso parecer e a nossa narrativa musical em forma de argumento melódico. Notem que, se tratando de um baterista ou de um percussionista o processo é o mesmo e não há distinção entre o improviso de um pianista ou de um congueiro… são linguagens que, com sonoridades distintas, conversam e convergem para o mesmo fim… fazer arte e massagear a alma do músico e do público.

40) RM: Existe improvisação de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Giovani Goulart: Existe ambos os casos. Um músico experiente também tem as suas preferências e os seus trunfos que, em dias de menor inspiração irão garantir um resultado musical digno. Mas, eu penso que, por vezes esses “trunfos” servem de start para aguçar a musicalidade e inspirar criações momentâneas lindas e emocionantes. O cérebro de um instrumentista, quando tocando seu instrumento musical, acende todas as suas luzes e isso me faz crer que, é o momento onde o músico supera a si mesmo dando ao público frequências e emoções que acariciam a alma.

41) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Giovani Goulart: Estudar nunca é ruim, mas ter a mente aberta para a existência de outros olhares, outros caminhos e outra forma de executar é o escudo que nos defende da deformação e desmotivação. Estudo sim, limites não.

42) RM: Quais os prós e contras de ser multi-instrumentista?

Giovani Goulart: Um multi-instrumentista tem que ser alguém que já nasça com essa propensão, pois tocar bem um único instrumento já é difícil, mas, entender os códigos associados aos vários instrumentos é tarefa árdua e exige dedicação. Não acredito que haja qualquer coisa em negativo nesse âmbito e até aplaudo o instrumentista que tem essa capacidade.

43) RM: Quais os seus projetos futuros?

Giovani Goulart: Meus projetos ativos são: Vânia Abreu, Géssica Lima, Leticia Marques e meus concertos com banda e a solo. São projetos que me dão muito prazer e que pretendo mantê-los disponíveis pois, em todos há emoção, rigor, cuidado, estudo e um cuidado com o que vamos entregar ao público.

44) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Giovani Goulart: (71) 99386 – 7333 | [email protected] | https://www.instagram.com/giovanigoulartprodutor 

Canal: https://www.youtube.com/channel/UCyXSa1qkMY4_xMpQ95XC-3A 

Carne Crua (Single) Vania Abreu & Giovani Goulart: https://www.youtube.com/watch?v=hEx4EmDjdgk

AudioCard Bahia Projeto Atlântida – Bárbara Franco e Giovani Goulart: https://www.youtube.com/watch?v=7Ct9f1E_NkQ 

AGRADECER E ABRAÇAR (Gerônimo e Vevé Calazans) – Bárbara Franco e Giovani Goulart: https://www.youtube.com/watch?v=wsIfLo_tmmk 

Nova Roupagem para Canto das 3 Raças – Ana Queiroz e Giovani Goulart: https://www.youtube.com/watch?v=S53h1FO6nWo&list=PLu7Cdws1TM0zssXCEuXsrDrR5_AsOMFGC 

ETÉREO – Leticia Marques: https://www.youtube.com/watch?v=Ecm-j2oE7NE

 Vânia Abreu – “Carne Crua”, produção Giovani Goulart: https://open.spotify.com/track/75BHAQOhazWeknYGLbJTsi?si=cfd1ffb62aa44739

 


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  1. Parabéns pela entrevista, muito rica em informações. Giovani é um cara diferenciado. Com a sua simplicidade e amor pela música no apresenta o valor da arte e a importância do estudo para apresentar um trabalho cada vez mais digno.

  2. Parabéns, sempre muito conhecimento e ensinamentos nas entrevistas do Antônio, é sempre artistas de Alto nível…

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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.