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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Danilo Nunes – Carrossel de Baco

danilo nunes
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O cantor, compositor e ator santista Danilo Nunes e seu Carrossel de Baco é a novidade vinda da bacia de Santos – SP além do petróleo leve. O seu som jorra dos teatros e bares da região numa fusão explosiva de gás humano, dança, orixás, teatro, poesia e cultura caiçara, deuses do Olímpio e canção popular.

Trata-se de uma tonitruante e irresistível esbórnia em formato de banda e espetáculo vindo do movimento caiçara contemporâneo, que aponta para o sucesso em várias frentes. Seus integrantes misturam com muito talento linguagens e signos, batuques e eletricidade, a tropicália e o manifesto antropofágico, sempre com referência e reverência às festas populares e as coisas das gentes de todas as partes do país.

A banda é liderada por Danilo Nunes, integrante também do Teatro do Pé, grupo teatral que ganhou notoriedade com a peça “As Argumas de Patativa”, sobre o poeta e cantador cearense Patativa do Assaré. De certa maneira o Carrossel de Baco é uma decorrência do Teatro do Pé e vice-versa.

A matéria-prima das duas concepções é a mesma, ou seja, a festa popular, suas danças, crendices, maracatus, sambas, xotes, batuques e a poesia visionária e mística dos cordéis e cantadores.

Danilo, com a sua formação teatral, canto seguro e expressão corporal comanda uma banda firme e cheia de ritmo, repleta de sons elétricos e misturas sonoras. Quase numa contraposição à poesia de Patativa, o Carrossel gira em torno da contemporaneidade. Seu som conecta os cordéis às pistas.

O repertório, formado basicamente por canções originais, a maioria delas assinada por ele com parceiros, eletrifica sem distorcer sambas de roda e cirandas. Há no projeto um jeito de obra aberta, coletiva, festa e roda, onde todos contribuem ou são tragados para dentro, com influências claras como a Tropicália e o Manguebeat.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Danilo Nunes para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 01.04.2011:

01) RitmoMelodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Danilo Nunes: Nasci em Santos – SP no dia 07.02,1979.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Danilo Nunes: Desde muito cedo ouvia música e percebia certa paixão. Uma certa porta para o mundo dos sonhos, das notas musicais, da arte, de algo que não conseguia explicações. Alguma coisa muito mais forte do que um querer meu.

Eu era menino e cantava pelas ruas, pela casa, por todos os cantos. Isso ficou registrado em minha memória. Depois disso, quando entrei na adolescência comecei a tocar percussão. E no teatro, que iniciei na mesma época, eu tive a necessidade de aprender canto para cantar num espetáculo e assim foi até eu montar o Carrossel de Baco em 2005.

03) RM: Qual a sua formação musical e acadêmica fora música?

Danilo Nunes: Bem, como disse sou ator. Cursei teatro na Escola de Artes Cênicas de Santos. Fiz vários cursos por esse país. Sobre a música, posso dizer que, fiz aulas de técnicas vocais, teoria musical e violão. Mas aprendi fazendo música, tocando, cantando e compondo.

Curso a faculdade de artes na Universidade Metropolitana de Santos. Cheguei a cursar faculdade de Direito e Medicina Veterinária, mas não as terminei. Confuso não? Mas quem disse que artista é certinho? (risos).

04) RM: Como e quando você começou a sua carreira de ator? O que a experiência de ator ajuda na sua carreira de músico? 

Danilo Nunes: Minha formação como ator foi na Escola de Teatro de Santos, mas já vinha fazendo espetáculos antes, na escola. Desde 1991, quando encenei Romeu e Julieta na escola, me encantei pelo teatro. Eu tinha um verdadeiro amor, o que tenho até hoje. O teatro é uma paixão. Ele foi fundamental em minha formação artística. Encenei peças, fiz cursos, muitos cursos.

No cinema fiz o filme Querô, e na TV fiz a minissérie Um só coração da rede Globo. Em 2004, montei juntos com três atores o grupo Teatro do Pé. Com esse grupo, que temos até hoje, começamos o teatro profissional. Viajamos diversos festivais internacionais, fizemos nome, e continuamos fazendo. Mas, por conta de outra paixão chamada Carrossel de Baco, nós demos uma aliviada nas apresentações por enquanto. Ainda fazemos, mas em menor proporção.

O teatro me ajudou e muito dentro da música. Inclusive, quando montamos o primeiro espetáculo do Teatro do Pé, utilizamos música ao vivo. Fizemos aula de canto, instrumento e dança. A partir daí, resolvi montar uma banda em que pudesse misturar tudo o que eu aprendi; dar o melhor de mim; ser Eu.

Foi então que montei o Carrossel de Baco, em 2005. Hoje em dia, além dos trabalhos com a banda, estou escrevendo um livro sobre essa mistura de linguagem. Esse hibridismo estético e musical tão presente na sociedade globalizada e tão antenado com o todo.

05) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente? Quais deixaram de ter importância?

Danilo Nunes: Quando adolescente, escutava muito Heavy Metal com Iron Maiden, Metalica, entre outros. Naquela época era moda andar de preto e deixar os cabelos longos (uma coisa que ainda uso, não tão longo (risos).

Eu achava o máximo. Depois, quando entrei na fase adulta, comecei a interessar-me por cultura popular brasileira, até mesmo por conta do teatro. Desde 2003 pesquiso intensamente este tema com o grupo teatral que formei chamado Teatro do Pé.

Tenho influências claras em minha obra como: Geraldo Azevedo, Sérgio Sampaio, Jards Macalé, Antônio Nóbrega, Raul Seixas, Chico Buarque, Gilberto Gil, Elomar, Alceu Valença, A Tropicália, Música Caipira, Chico Science. E claro, muita música caiçara (fandangos, cirandas e etc) e músicas das raízes regionais brasileira.

06) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Danilo Nunes: Minha carreira profissional começou em Santos em meados de 1998, tocando percussão em um grupo de samba, em uma casa de shows chamada Cachaça Brasil, nome sugestivo não? (Risos) e atuando em peças teatrais desde 1991.

07) RM: Fale do seu primeiro CD (quais os músicos que participaram nas gravações)? Qual o perfil musical do CD? E quais as músicas que se destacaram no CD?

Danilo Nunes: A alegria e o prazer de estudar, trabalhar e realizar a produção de um disco é algo bastante trabalhoso. Mas ao mesmo tempo, muito satisfatório que nos ensina a aprender a cada momento do processo. Eu tive muita honra de ter como produtor do CD – Danilo Nunes o Carrossel de Baco, um amigo de anos e um músico extraordinário chamado Theo Cancello. Um cara com quem aprendi a poesia da música.

Um disco que posso definir como MPB contemporânea, contendo a junção da música e da poesia. Eu venho de um movimento que acontece na baixada santista (litoral paulista) e Paraty chamado Movimento Caiçara Contemporâneo. E trago na origem do som do Carrossel de Baco, a arte caiçara em suas raízes e esta mesmo, inserida numa sociedade globalizada e antenada com o mundo de hoje.

No disco, optamos em trabalhar a canção Legado, como a música de trabalho da banda por falar desse imenso carrossel que é a vida, a arte e o amor. Alma Incendeia e Por quantos Santos, são canções que, também vêm se destacando na boca e ouvidos do público. Quando eu estava compondo na praia de Santos esta última (Por quantos Santos).

Era 4 h da manhã, eu e meu parceiro na canção (Márcio Pavesi), um cara passou por mim, foi até a areia da praia e deu um tiro na cabeça. Pensei até que a própria canção o tinha levado a tal atitude, e disse ao Márcio: Será que a música é terrível? (risos).

08) RM: Como você define seu estilo musical?

Danilo Nunes: É até difícil definir. Mas, como somos todos antropófagos (como dizia Oswald de Andrade), a cultura brasileira é uma mistura, logo o CD de quem sofre influências dessa cultura torna-se adepto dessa face cultural.

Então podemos dizer que é MPB contemporânea, por se tratar de música brasileira. E tratando também de questões da atualidade, recheado com sons elétricos e eletrônicos, trazendo a tecnologia presente no homem do futuro.

09) RM: Como você se define como cantor/intérprete?

Danilo Nunes: Como cantor e intérprete, eu gosto de estudar bastante o que canto. Saber de onde vem a canção, sua época, seu autor, quando não sou eu (risos), sua harmonia, sua melodia, as entrelinhas da letra.

Gosto de sentir a canção em minha alma e criar um canal de comunicação com quem irá me assistir e ouvir. Acima de tudo a arte é comunicação e forma de expressão. Seja ela, teatro, poesia, dança, música ou qualquer outra que coloque o artista em destaque para dizer algo. Temos que ter o que falar, saber o porquê nós queremos falar e o que queremos com tudo isso.

10) RM: Você estudou técnica vocal?

Danilo Nunes: Sim, estudei sim. Foi com uma grande cantora e professora chamada Marcela Martinez. Devo muito a ela por me fazer acreditar e me ensinar tudo o que sei sobre a arte de cantar.

11) RM: Quais os cantores e cantoras que você admira?

Danilo Nunes: Admiro muitos cantores e cantoras. Até por que, a música brasileira é composta por artistas geniais. Mas posso destacar em especial e por afinidade Maria Bethânia Jair Rodrigues pela sensibilidade e maestria com que interpretam as canções, transformando-as em objeto divino.

12) RM: Como é o seu processo de compor? Quem são seus parceiros musicais?

Danilo Nunes: Nada de tão anormal (risos). Às vezes surge um poema ou uma letra, e vou desenvolvendo a música de acordo com o que as palavras vão sugerindo. Às vezes uma melodia aparece e depois coloco letra. E por aí vai. Não tem uma fórmula, acontece e quando vejo, já está lá.

Também tenho que falar que fazer parcerias ajuda muito mesmo. Não posso deixar aqui de citar alguns como: Zéllus Machado (o principal, além de ser amigo e conselheiro), Márcio Pavesi,Julinho Bittencourt, entre outros.

De Jair de Freitas, já falecido, eu gravei no disco a poesia Moeda Nacional com um arranjo e leitura musical que posso dizer refletir a essência desse disco. Meu contato com a obra de Jair veio através de Mariza de Freitas e Fernando Borgomoni. Eles me mostraram através de discos que produziram de Jair e outros compositores de Santos. Digo que a empatia com a obra de Jair, veio no primeiro momento.

Por isso decidi gravar esse grande poeta, compositor, escritor e músico. Mas parceiros mesmos, posso dizer que além desses citados, todos aqueles que fazem parte da minha trajetória, com quem aprendi e venho aprendendo, todos que acreditam no meu trabalho são parceiros direta ou indiretamente.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Danilo Nunes: Ser independente nos dá a independência de criarmos o que queremos da nossa forma. Com a nossa cara, de experimentar e executar do modo que achamos melhor. Mas também, nos traz o dobro da responsabilidade, pois temos que nos virar.

Produzir, divulgar, estar próximo do público. Fazermos as relações públicas, ter contatos e acima de tudo, Amigos. Tudo isso para que possamos entrar num mercado que é exageradamente concorrido, e sem muitos apoios do Estado e das grandes empresas.

14) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Danilo Nunes: O cenário musical brasileiro é formado por misturas e influências, ou seja, podemos sentir a diversidade de forma intensa. Vejo que, com o passar dos anos, muitos se revelaram e foram revelados. Alguns por suas obras consistentes e fundamentadas, outros apenas para suprir as necessidades do mercado da época e da indústria fonográfica.

Posso então citar grandes movimentos e artistas decorrentes deles. Por exemplo, na Semana de Arte de 1922Oswald de Andrade e os modernistas impulsionando um movimento com olhos no futuro, no moderno, na diversidade cultural presentes desde sempre nesse país. O modernista Heitor Villa Lobos, na parte musical, contribuiu com riquezas para o que temos hoje em nossa música. A Bossa Nova e o Chorinho são marcos em que podemos identificar a influência estrangeira, num país colonizado, com muita clareza.

Daí surge: Pixinguinha, João Gilberto, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Chico Buarque, entre outros. O Tropicalismo estimulado por Hélio Oiticica e outros artistas e obras que vinham acontecendo, propôs uma visão nova partindo das origens de nosso povo, foi um dos marcos divisores de água em nossa música. E posso citar os músicos Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Torquato Neto, Os Mutantes, entre outros. No Movimento Armorial de Recife, organizado por Ariano Suassuna, vale ressaltar a mistura do erudito com o popular.

A música sertaneja tem raízes e fortes influências da música medieval. Desse movimento cito o que considero um dos maiores artistas da história deste país: Antônio Nóbrega. Mais atual e mais próximo de nossos sentidos, o Manguebeat. Movimento que podemos perceber, de forma nítida, o grande hibridismo estético e musical presentes em terras brasileiras.

Foi nesse movimento que a música independente começou a ganhar força. E seus integrantes, foram buscando ferramentas de divulgação e distribuição das obras e da criação coletiva e individual que nele brotavam. Podemos ver suas conseqüências nos dias de hoje, como as WebTVs, Web Rádios, Myspace, entre outras ferramentas utilizadas por grupos artísticos independentes.

Desse movimento cito: Chico Science e Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, Cidadão Instigado, entre outros. Claro, podemos observar na atualidade muitos artistas, músicos que se firmam através da consistência de suas obras. Se observarmos bem, são herdeiros dos grandes movimentos já vividos nesse país. Podemos enquadrá-los em alguns deles ou às vezes, em todos.

E para completar, quero dizer que desde 2009, na região da baixada santista, litoral paulista indo do sul do Rio de Janeiro ao norte do Paraná, um movimento se desenvolve e começa a ganhar força no cenário musical. O Movimento Caiçara Contemporâneo. Movimento que não apenas faço parte com meu Carrossel de Baco, mas auxilio em sua construção desde o início.

Movimento que traz a música e cultura caiçara em sua raiz, misturadas a recursos modernos, atuais e tecnológicos. Criando assim, seus próprios meios de fazer arte.

15) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Danilo Nunes: Antônio Nóbrega, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Lenine, Chico Buarque, Mônica Salmaso, Badi Assad, entre outros.

16) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

Danilo Nunes: É algo muito presente na vida artística de um músico as situações inusitadas. Comigo não é diferente. Alguns fatos nós lembramos com mais força não é?(risos). A falta de condição técnica.

É algo constante na vida do músico. Nem me lembro às vezes que isso me ocorreu (risos). Foram tantas. Brigas são naturais. Até por que somos seres humanos e convivemos, isso nos traz desentendimentos e discussões. Gafes estão sempre presentes, pois justamente por que somos humanos, estamos sujeitos a erros e gafes. E essas se tornam maiores diante dos olhos de todos por que estamos em evidência a todo instante.

Principalmente quando subimos ao palco. Ser cantado (risos). Tem gente que entra na vida artística exatamente pra isso. E esquece completamente sua função, seu objetivo, a real função da arte.

Claro que já fui cantado, mas também, já cantei (risos). Agora, posso dizer que a situação mais inusitada, foi uma que já citei nessa entrevista. Estava eu e Marcio Pavesi, meu parceiro na canção “Por quantos Santos”. Canção que homenageia Santos, minha terra natal. Estávamos na praia, num quiosque criando.

Quando um rapaz, devia ter nossa idade, passou por mim, olhou foi até a areia da praia e tirou sua própria vida com um tiro na cabeça. Uma tragédia. Fiquei paralisado, mas terminamos a canção e ela está em meu disco.

17) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Danilo Nunes: É necessário estar feliz com nossa profissão para que possamos cumpri-la com sucesso e dignidade. Eu sou feliz demais com a arte. Com a música por me proporcionar momentos de grandes alegrias.

Por entender que posso contribuir para a transformação social e humana. Por entender os códigos divinos da arte e conseguir interpretá-los e comunicá-los com o todo. Mas vejo que no Brasil, embora o quadro já esteja mudando, não se dá o valor merecido a esta profissão tão difícil, trabalhosa e necessária para a sociedade.

Uma vez, um amigo que estudou comigo no primário e não o via já fazia tempo, me perguntou: O que você faz? Eu respondi: Sou músico e ator. Então ele me disse: Não, estou perguntando o que você faz de verdade?(risos). Poxa, pensei comigo, eu faço arte de verdade, pelo menos pra mim é de verdade. Mas o interesse dele era saber o que eu fazia dentro do padrão de sociedade instituído na cabeça dele.

Ou seja, dentro do sistema e condições em que ele vivia. Médico? Engenheiro? Advogado? Ou fracassado?(risos). Então aquilo me alimentou e fez com que eu acreditasse mais e mais em minha profissão. Tomei real conhecimento da necessidade do artista no mundo. E até hoje estou aqui e aqui permanecerei.

Sendo artista e buscando a informação e o conhecimento a cada instante de minha vida. Sob a responsabilidade de compartilhar com o próximo através de minha forma de comunicação expressiva mais autêntica. O meu fazer artístico.

18) RM: Nos apresente a cena musical na cidade que você mora?

Danilo Nunes: A colonização do Brasil começou através da entrada de estrangeiros em terras brasileira pelos litorais. Vinha do mar. Santos, muito tempo depois, recebeu imigrantes vindos de diversos lugares do mundo.

E que depois vieram a se estabelecer, além de Santos, em outras cidades e estados pelo país afora. Santos é uma cidade portuária onde através do porto, podemos mirar o mundo. Portanto, nossa origem caiçara e antropofágica está presente em nossa cultura, hábitos e costumes. Mesmo carregada de influências externas, mesmo de forma inconsciente.

A cidade é, e sempre foi, um celeiro de artistas que despontaram para a arte nacional e caíram nas graças do público. Hoje a cidade possui uma cena musical bem interessante. Enquanto grande parte de músicos preocupam-se e viciam-se em tocar em bares, ganhar dinheiro, e massagear o ego, outros fazem movimentos e buscam conhecimentos e descobertas.

Surge em 2009 na cena musical caiçara contemporânea, impulsionada por diversos artistas, dos quais faço parte. Partindo de nossa origem caiçara, buscamos o novo, novas formas de comunicação através da música para que possamos suprir as necessidades de uma sociedade globalizada em que a informação chega, de forma racional e computadorizada. Este movimento vem organizando mostras, festivais e encontros que estão repercutindo em vários cantos desse país.

E é isso o que queremos romper a fronteira Santos/Mundo e levar ao conhecimento de todos estes movimentos, esta cara.

19) RM: Quais os músicos ou/e bandas que você recomenda ouvir?

Danilo Nunes: Em minha cidade recomendo os trabalhos de: Percutindo Mundos, Márcio Pavesi, Zéllus Machado, Tenison. E também, o grupo Ciranda Elétrica de Paraty. Entre outros artistas que se preocupam em buscar o conhecimento e propor novas formas, novos jeitos, novas misturas buscando atender uma necessidade atual.

20) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Danilo Nunes: Minha música já toca em rádios da Web. E algumas rádios regionais de Santos e interior de São Paulo, sem jabá (risos). Mas claro, existem os lugares que cobram o jabá, mas estes já não são mais exclusivos.

Até por que, nos dias de hoje, temos e criamos outras ferramentas capazes de causar o mesmo efeito. Portanto esta exclusividade na divulgação já não mais existe. E podemos ter acesso a outros trabalhos realizados e com qualidade sem passar pelas TVs e Rádios tradicionais. Podemos observar diversas bandas novas que vêm se lançando no mercado com estas ferramentas.

E até mesmo muitos artistas mais antigos cedendo a essas novas ferramentas. Hoje em dia, até mesmo gravar um CD a gente consegue, sem gravadora, sem estúdio. Podemos montar nosso próprio micro estúdio em casa e gravar, talvez com a mesma qualidade. Mas precisamos estudar e buscar a informação. Precisamos fazer tudo, ser o artista, criar, ser o produtor, vender, elaborar projetos, etc.

21) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Danilo Nunes: Boa sorte (risos). Eu digo, além de boa sorte e bom trabalho. Que a pessoa deve e precisa criar condições, beber de informações, tomar conhecimento de sua origem, buscar linguagens e identidade, estudar muito e trabalhar o dobro.

Ser o seu próprio relações públicas. Tenha e faça contatos. É difícil, mas acredite, tenha o que falar. Saiba o porquê falar e mostrar. Busque o real objetivo de sua arte. O resto é conseqüência de todo o processo.

22) RM: Quais os seus projetos futuros?

Danilo Nunes: Acabo de lançar meu primeiro CD. Portanto, o meu projeto futuro é divulgá-lo, levá-lo ao conhecimento do público. Circular bastante com o show do Carrossel de Baco. Buscar produtores, parcerias, canais de divulgação, shows, enfim.

Estou muito dedicado e voltado para o Carrossel de Baco e acredito ser algo que venha contribuir para o cenário musical e artístico brasileiro. Levar o movimento caiçara contemporâneo para o mundo.

23) RM: Quais os seus  Contatos ?

Danilo Nunes:  www.carrosseldebaco.com.br | www.myspace.com/carrosseldebaco | [email protected] | (13) 3029 1355 | (13) 99790 – 9686


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.