Biafra é um cantor brasileiro de música romântica. É conhecido por canções de grande sucesso como “Sonho de Ícaro” e “Leão Ferido”.
Ainda na infância interessou-se pela música, particularmente por percussão. Fez curso de música e flauta, o que impulsionou sua vocação musical.
Biafra fez parte do coral do Centro Educacional de Niterói – RJ, cujo maestro era Hermano Soares de Sá. Nos anos 70, fez apresentação cantando no coral na Escócia no Festival de Aberdeen cantando peças de Heitor Villa-Lobos.
Surgiu como cantor para o público brasileiro na metade dos anos 70, quando fazia parte da banda O Circo, que fez várias apresentações na cidade do Rio de Janeiro e em Niterói.
Em 1979, lançou o álbum “Primeira Nuvem” pela gravadora CBS, cujo sucesso foi “Helena”, que fez parte da trilha sonora da novela Marrom Glacê (Rede Globo). A música feita em homenagem a sua paixão na época, a clarinetista Maria Helena Verani.
Em 1980, lançou o álbum “Biafra”, contendo, entre outras músicas, “Uma vez e nunca mais”.
Ganhou Disco de Ouro (superou a vendagem de 100 mil discos) com o álbum “Despertar” (1981), que continha a música “Leão Ferido”, grande sucesso nas paradas da época. A música “Seu Nome” fez parte da trilha sonora da novela A Gata Comeu.
Em 1982, lançou o álbum “Menino”, com destaque para a canção “Jogo Aberto”.
Ganhou mais um Disco de Ouro, em 1984, com a canção “Sonho de Ícaro”, que se tornou plataforma de sua carreira e fez parte do álbum “Existe Uma Ideia” (1984).
Depois lançou os álbuns: “O sonho deve ser” (1985), contendo “Seu nome” e “Outra forma de paixão”; “Toque” (1986), contendo “Guerra fria”; “Biafra” (1987), contendo “Estrelas no ar”, “Não mais” e “Até o fim”; e “Biafra” (1989), contendo “Na hora H” e “Bye bye”.
Na década de 1990, gravou os álbuns: “Minha vida de artista” (1991), incluindo “Machuca e faz feliz”; “Infinito amor” (1994), incluindo “Perdões” e “Menina bonita”; e Ícaro (1998), incluindo “Rua Ramalhete” (Tavito / Ney Azambuja) e “Moldura” contou com a participação da cantora Rosana e do conjunto Roupa Nova.
Em 1998, mudou seu nome trocando a letra “i” pelo “y” para evitar confusões nas páginas da internet com a guerra civil nigeriana. Mas em 2023 voltou a usar o “i”.
Em 2002, lançou o álbum “Segundas intenções”, com destaque para sua composição “Jardim” (c/ Nilo Pinta) e “Flash Back”. O álbum, que contou com as participações de Flavio Venturini (“Segundas intenções”) e Délcio Luiz (“As coisas que eu penso do amor”, parceria do cantor com Aloysio Reis e Délcio Luiz), foi produzido por Aloysio Reis e teve arranjos assinados por Lincoln Olivetti, Torcuato Mariano, Nilo Pinta, Nando Chaves.
No dia 8 de setembro de 2009, foi lançado um vídeo no YouTube, no qual Biafra é atingido involuntariamente por um parapente enquanto cantava para uma gravação de TV, a música de seu maior sucesso, Sonho de Ícaro, no Rio de Janeiro. Um episódio cômico da vida de Biafra, que encarou a situação com muito bom humor.
Ao longo de sua carreira, participou das trilhas sonoras das seguintes novelas da Rede Globo: “Marron Glacê” (com “Helena”), “Jogo da vida” (com “Vinho antigo”), “A gata comeu” (com “Seu nome”), “Voltei pra você” (com “Aguardente”), “Salomé” (com “Te amo”), “Mulheres de areia” (com “Fantasia real”), “Quem é você” (com “Antes que eu te esqueça”) e “Barriga de aluguel” (com “Machuca e faz feliz”).
Como compositor, registrou sua obra na voz de vários artistas, como Roberto Carlos, Ney Matogrosso, Simone, Chitãozinho e Chororó, Christian e Ralph, Rosana, Xuxa, Angélica, Danilo Caymmi, entre outros.
Em 2018, ao completar 60 anos de idade, e 40 anos de carreira, decidiu fazer um mestrado na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Sua tese abordou as novas estratégias de interpretação da música de câmara.
Em 2021, após perder a mãe para a Covid-19, grava um samba de protesto chamado “Brasil” e “Ione”, que leva o nome de sua mãe Delva Ione.
Em maio de 2022 estreou, no Teatro Rival Refit, o show “4.0”, comemorando os 40 anos de carreira. O show havia sofrido diversos adiamentos desde 2020 por conta da pandemia do coronavírus. No decorrer do ano continuou apresentando o show pelo Brasil e não parou mais.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Biafra para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 12.01.2024:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Biafra: Nasci no dia 16/10/1957 no Rio de Janeiro e fui criado em Niterói, RJ. Registrado como Maurício Pinheiro Reis.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Biafra: Meu primeiro contato com a música foi de forma acidental através de minha avó (Dona Aura) no sobrado da Rua Raul Pompéia, 37, em Niterói (RJ). Após o almoço eu ficava batendo em latas na garagem e um dia ela chegou em casa com uma flauta doce e me matriculou para ter aula e falou para eu parar de bater essas latas que eu quero dormir após a hora do almoço. Depois eu passei a cantar no coral da escola e tocar flauta doce em grupo de música barroca.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Biafra: Formei-me em Bacharelado em Canto pela UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro e Educação Artística – Licenciatura em Música pela UniRio.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Biafra: Tenho muitas influências musicais: Rock Progressivo, MPB, Música Erudita, Heitor Villa-Lobos, Chico Buarque, Caetano Veloso, Fagner. Eu fiz apresentações nos anos 70 nas Escolas cantando as músicas proibidas pela Ditadura Milita, mas como os militares estavam mais de olho nas Universidades, nossos shows passaram em branco.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Biafra: Nos anos 70 me apresentando dentro e fora do Brasil com o Coral do Centro Educacional de Niterói comandado pelo maestro Hermano Soares de Sá ganhamos alguns prêmios e nos apresentamos em 1975 ou 1976 no Festival de Aberdeen, na Escócia. E na volta ao Brasil passamos por Londres – Inglaterra e compramos instrumentos musicais e equipamentos de som.
Em 1976 junto com Francisco Frias (Guitarra e Violão), Luiz Eduardo Farah (Teclado), Humberto de Rezende (Baixo e Viola de 12 cordas), Osvaldo (Viola de 12 cordas), Fernando Bitencourt (Baixo e Violão), Márcio Bahia (Bateria), Paulão (Percussão), Simiana e Mariz Rezende (Vocais) formamos a banda O Circo. Em 1979 lancei meu primeiro álbum Primeira Nuvem acompanhando pela banda O Circo.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Biafra: Primeira Nuvem (1979 pela CBS/ Sony Music) com a banda O Circo formada por Francisco Frias (Guitarra e Violão), Humberto de Rezende (Baixo e Viola de 12 cordas), Osvaldo (Viola de 12 cordas), Fernando Bitencourt (Baixo e Violão), Márcio Bahia (Bateria), Paulão (Percussão), Luiz Eduardo Farah (Teclado), Simiana e Mariz Rezende (Vocais).
A música Helena foi trilha sonora da novela Marrom Glacé. O álbum foi considerado por um site americano como um dos 100 álbuns mais importantes da década de 70.
Biafra (1980 pela Sony Music); Despertar (1981 pela Sony Music); Menino (1982 pela Sony Music); Existe uma ideia (1984 pela Polygram/Universal); O Sonho deve ser (1985 pela Polygram/Universal); Toque (1986 pela Polygram/Universal); Biafra (1987 pela BMG); Bye Bye / Sonho de Ícaro [1988 – Disco Mix pela PolyGram); Biafra (1989 pela Esfinge).
Minha Vida de artista (1991 pela Sony Music); Mi Vida de Artista – em espanhol (1992 – Epic / Sony Music); Anjo da Guarda (1992 pela RGE); Infinito Amor (1994 pela Continental); Biafra (1994 compilação pela Universal); Ícaro (1998 Indie Records); Biafra (1998 série brilhante pela Sony Music).
Segundas Intenções (2002 pela Green Songs); Byafra ao Vivo (2013); DK Zone (2019 single pela Biafra Records), Amaboza (2019 single); Ione (2021 single Rsw Entretenimento); Pérola Azulada (2022 single).
Músicas que se destacaram: Sonho de Ícaro (Carlos Piazzolli / Claudio Rabello); As coisas que eu penso do amor (Biafra / Aloysio Reis e Délcio Luiz); Helena (Biafra / Luiz Eduardo Farah); Jardim (Biafra / Nilo Pinta); Leão ferido (Biafra / Dalto); Seu Nome (Biafra / Dalto).
Álbuns de compilações:
Em 1984 – Aplauso – O Melhor de Biafra (Opus Columbia / Sony Music)
Em 1994 – A Popularidade de Biafra (PolyGram)
Em 1996 – Série Brilhantes (Columbia / Sony Music)
Trilhas sonoras de telenovelas:
Em 1979 – “Helena” – (Biafra / Luiz Eduardo Farah) – Novela Marron Glacê
Em 1981 – “Vinho Antigo” (Dalto / Cláudio Rabello) – Novela Jogo da Vida
Em 1983 – “Aguardente” (Biafra / Paulo Ciranda) – Novela Voltei Pra Você
Em 1985 – “Seu Nome” (Biafra / Piska) – Novela A Gata Comeu
Em 1990 – “Machuca e Faz Feliz” (Biafra versão de “Song for You Far Away” de James Taylor) – Novela Barriga de Aluguel
Em 1991 – “Te Amo” (Biafra) – Novela Salomé
Em 1993 – “Fantasia Real” (Biafra) – Novela Mulheres de Areia
Em 1996 – “Antes Que Eu Te Esqueça” (Biafra) – Novela Quem é Você
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Biafra: Eu nunca defini meu estilo musical, sempre gostei da música pop e da MPB. E tive a sorte de gravar meus álbuns com os melhores arranjadores, eu que escolhias as músicas, nessa época as gravadoras não interferiam no repertório do álbum, exceto quando tinham uma música muito complicada ou mal resolvida era descartada. Minhas músicas as letras tratavam de vários temas, mas sempre se destacaram as letras românticas. As rádios e as novelas procuravam minhas músicas românticas que se tornaram meus maiores sucessos.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Biafra: Eu sempre estudei técnica vocal, e continuo estudando na Faculdade e participando de grupos e oficinas de prática vocal. Estou em uma oficina que trabalha a voz falada e cantada em cima de poemas de poetas marcantes na literatura brasileira, exemplo, poemas de Gonçalves Dias, Cecília Meireles. Não abandonei a Faculdade e quanto mais conhecimento é melhor para a vida e parar abrir novos horizontes.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Biafra: Os cuidados com a voz é tomar cuidado com a bebida alcoólica e com o cigarro. Procurar cantar as músicas dentro de uma tonalidade que não seja em região muito grave nem aguda para não prejudicar a voz. É importante o autoconhecimento vocal, com o tempo o timbre da voz fica mais grave, é importante baixar a tonalidade das músicas.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Biafra: Milton Nascimento, Pablo Milanés, Jon Anderson (Yes), Andreas Scholl e da atitude no palco do Mick Jagger (The Rolling Stones). Estou escutando muita música Erudita, Música Vocal. Estou procurando diversificar minha escuta e tem muita gente boa que eu admiro.
11) RM: Como é seu processo de compor?
Biafra: Hoje estou criando música mais por hobby, pois quando eu lanço um álbum as pessoas estão procurando mais minhas músicas antigas. Hoje estou mais me dedicando a escrever livros de reflexões. Hoje pela falta de lei nas plataformas digitais e com a pirataria na internet em geral, os compositores estão sendo prejudicados, não recebem seus direitos autorais como era na época da indústria fonográfica (do disco).
Hoje as músicas que fazem sucessos na internet são muito complicadas, a música se tornou um commodities, tem muitos produtores de fundo de quintal que estão usando a internet para produzirem música em série, a cada três semanas tem músicas novas e vai inundando a internet com muitas músicas.
Hoje ficou muito complicado para um artista que quer fazer arte musical, fazer um trabalho consciencioso. Deveria existir um incentivo do Ministério da Cultura para quem quer fazer arte de qualidade.
O novo compositor que quer fazer um trabalho de qualidade trabalha a margem da grande mídia e redes sociais. A internet parecia que iria democratizar, mas ela pulverizou pela imensa quantidade de músicas boas e também porcarias lançadas em um curto espaço de tempo que fica difícil as músicas boas se destacarem.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Biafra: Dalto, Paulo Ciranda, Castro Conduva, Paulo Dourado, Carlão Fernandes, Aloysio Reis, Délcio Luiz, Luiz Eduardo Farah, Nilo Pinta. Eu não procuro compositores famosos para fazer parcerias, nunca tive muita paciência com artistas vaidosos, muitos começam a se acharem monstros sagrados. Eu gosto de conviver com pessoas comuns.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Biafra: Hoje a maioria dos artistas são independentes, uma gravadora não fazer muito pela carreira do artista. A mais de 20 anos estou me dedicando a fazer shows do que gravar novas músicas. Hoje as minhas composições são mais pelo exercício da criação.
Venho aumentado a quantidade de shows, e coloco pouca música inédita no repertorio do meu show, pois o público não quer escutar músicas inéditas, querem escutar as músicas que já conhecem. Eu comecei a procurar músicas conhecidas de outros artistas que se encaixam a minha voz e que dão um equilíbrio ao meu show. Hoje com as milhares de músicas novas na internet está muito difícil apresentar novas músicas.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco? Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Biafra: Meu planejamento é sempre melhorar o meu show dentro do meu nicho que está concentrado no público de 40 anos a mais, pois esse público começou a se sentir órfão. O que tem de música nova que se popularizam pela internet não desperta o interesse desse público. Quando eu percebi esse nicho e comecei a trabalhar meu show focado nessa faixa etária começou aumentar a quantidade de shows.
Tem jovens indo para meus shows, mas o público maduro é maioria nos meus shows, seja, pela memória afetiva ou por eles acharam que músicas boas eram da época deles. Eu discordo desse ponto de vista, pois música boa tem em qualquer época. Mas sei que é difícil para um jovem fazer música de qualidade na atualidade e ganhar popularidade se não tiver um alto investimento em divulgação.
15) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Biafra: A internet ajuda, mas atrapalha muito. Ela ajuda pela facilidade de você se comunicar com as pessoas e fazer parcerias musicais com artistas dentro e fora do Brasil. Facilitou na divulgação do show.
Mas no quesito criatividade eu não sei se melhorou com o acesso à internet. Se compararmos as músicas produzidas atualmente com as produções dos anos 60,70, principalmente os arranjos, não vejo avanço. Hoje as músicas são feitas as presas, no modus operandi de “embrulha e lança”. O acesso a internet é um bem e um mal.
16) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Biafra: Acho legal o acesso ao home estúdio, pois as pessoas podem fazer suas produções dentro de casa. Mas eu gostava de gravar no estúdio profissional das gravadoras com ótimos instrumentistas, orquestras e arranjadores, como Lincoln Olivetti. Mas na atualidade o custo ficara muito alto de horas em estúdio e cachê dos músicos para o artista independente pagar. Não temos mais o investimento das gravadoras, hoje elas têm uma estrutura mínima para produção e divulgação. Hoje é muito complicado gravar música com a infraestrutura que tínhamos antigamente.
17) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Biafra: Eu já sou diferenciado, eu já sou conhecido, quem gosta das minhas músicas é alinhado com a minha proposta musical. Fica muito fácil no show perceber o que o público gostou ou não das músicas do meu repertório. O meu empresário (Robson) fica mais atento a reação das pessoas durante o meu show para saber quais músicas foram aprovadas pelo público, do que propriamente ao meu show. A minha vantagem é que com a popularização da internet eu já era conhecido nacionalmente, hoje fica difícil para um novo artista se tornar conhecido.
18) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileira. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas e quem permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Biafra: Estou pouco atento as revelações, mas o que eu chego a escutar não tenho gostado muito, mesmo sendo cantores afinados, cantando bem e bons arranjos, mas parece uma cópia mal feita dos ícones da MPB do passado. Hoje ninguém me surpreende nem me emociona como acontecia no passado quando eu escutava um novo disco. Quando escuto algo que mais ou menos me chama atenção eu já fico entusiasmado.
Eu como ouvinte voltei a escutar muita música erudita, são produções bem feitas, cantores que cantam bem e com técnica. Eu não sou um cantor de rock, por isso, estou escutando muita ópera barroca.
19) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?
Biafra: No passado existia um caminho na carreira musical: ser contratado por uma gravadora, depois gravar e lançar um disco, as músicas do álbum tinham que tocar nas rádios, depois nos apresentar nos programas de televisão (exemplo, o Programa do Chacrinha).
A partir da popularização das músicas e da imagem do artista começava a fazer shows. Eu fiz muitos shows na periferia do Rio de Janeiro, alguns com condições precárias de sonorização e infraestrutura de produção. Mas o show também era uma forma de divulgação e popularização do artista. Quando tinha shows as rádios divulgavam e tocavam mais vezes as músicas na programação. Hoje na carreira musical é trabalhada dentro do seu nicho e divulgado pelas redes sociais.
Nessa época cometi garfes, tive problemas técnicos, mas nunca briguei com ninguém, sempre fui pacífico, mas toquei para alguns públicos bem barra pesada na periferia do Rio de Janeiro.
Enfrentei preconceito quando nos anos 80 o rock começou a se popularizar, pois André Haidar Midani em uma jogada de marketing começou a chamar de Brega os artistas que não era do rock da gravadora que dirigia. Cantores pop como eu, Guilherme Arantes, José Augusto, Odair José entre outros, que não tínhamos a pretensão de revolucionar os costumes (não era revolução política ou social) como alguns artistas e bandas de rock dos anos 80, já que eles também faziam músicas comerciais que os jovens queriam escutar.
20) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Biafra: O que me deixa muito feliz na atualidade é o reencontro nos shows com um público maduro que reagem de forma emocional, as pessoas choram ao se emocionarem com minhas músicas. As pessoas ficam mais emotivas com o passar da idade. É uma recompensa muito grande para o artista emocionar seu público.
21) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Biafra: Existe pessoa que tem mais habilidade para fazer algo, mas não significa que tem mais talento, outra pessoa que tem mais dificuldades se esforça e se supera, e quem tem muita facilidade em aprender algo estaciona no seu desenvolvimento. Eu conheço letristas fantásticos que são desafinados quando vão cantar. Como diz Sandra de Sá: “Não existe talento, existe tá rápido” (risos).
22) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical? Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Biafra: O Jazz é sinônimo de improvisação. Quando eu escutava os discos de rock progressivo nos anos 70 no qual guitarrista, baixista, baterista ficavam improvisando por minutos para mostrarem as técnicas que dominavam e eu ficava torcendo que entrasse uma melodia bonita. The Beatles comprovaram que o difícil é fazer o simples bonito.
Tem guitarrista fazendo vários solos fantásticos por minutos, baterista mostrando o que sabe fazer e baixista mostrando domínio técnico. Mas o que fica é a melodia bonita e a letra que toca as pessoas. A minha experiência musical me traz essa reflexão.
23) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Biafra: É muito importante o estudo da Harmonia Musical, mas a técnica existe para o músico colocar para fora o que tem de melhor e não para se aprisionar pela técnica, dando um valor maior a forma do que o conteúdo.
Temos que privilegiar a emoção, a mensagem do que queremos passar, de que forma emocionar o público. A técnica é importante desde que ela seja usada com a finalidade de emocionar o público.
24) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Biafra: As gravadoras no passado pagavam o jabá indiscriminadamente para todos os artistas tocarem nas rádios para as músicas estourarem, mas teve muitas músicas que as gravadoras mesmo pagando o jabá, elas não caíram no gosto das pessoas.
As gravadoras pagavam jabá de forma direta e indireta, como levar um radialista ou diretor de rádio para ir assistir show de um artista famoso. Na época se pagava jabá até para tocar músicas do Michael Jackson como uma forma de alavancar outros artistas da gravadora. Mas só ficava na memória o que o público achava importante.
25) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Biafra: Eu saberia dizer nada para uma pessoa que quer trilhar uma carreira musical para ficar rica ou famosa. Mas se a pessoa quer entrar na carreira por saber que a música é muito importante para sua vida. Eu digo: seja você mesmo e faça o que te agrade, pois será o seu diferencial. Não existe fórmula para o sucesso. Acredite no que você produz e no que você gosta e siga em frente.
26) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Biafra: Os Festivais de música revelou novos talentos nos anos 60, 70 e alguns se tornaram ícones da música brasileira. Hoje acredito mais no formato de Sarau para formar plateia em todas as cidades, no qual as pessoas tivesses oportunidades de mostrarem suas poesias e músicas.
27) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Biafra: Eu não estou acompanhando a cobertura da grande mídia depois da popularização das redes sociais. Eu estou sendo convidado para me apresentar em alguns programas da TV Globo, TV Record para eu apresentar para um público que curtiram as minhas músicas na época que fizeram sucesso. Essas pessoas estão sentido saudades das minhas músicas.
É importante a música tocar nas rádios, mas elas dividem a relevância com as redes sociais e plataformas musicais. E não sei qual o futuro da internet que está cheia de músicas boas e também cheia de Fake News. A internet que influência na política e tudo está muito misturado. Eu preciso estudar mais para saber os rumos da internet.
28) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Biafra: Super importante que SESC, SESI e Itaú Cultural e outras empresas apoiem a música. Eu tenho feito shows pelo Sesc em várias cidades e os programadores de música fazem pesquisas para saberem o que o público quer assistir. O meu show focado em pessoas com 40 anos ou mais querem escutar as músicas que os emocionaram no passado.
Hoje o show é bem diferente do tempo em que essas pessoas eram mais jovens e eu também era mais jovem. Na época o meu show era mais visceral e as meninas gostavam, e os meninos ficavam com raiva e me xingavam. Hoje o público é maduro e respeita mais e está sendo uma experiência muito legal.
29) RM: Quais os seus projetos futuros?
Biafra: Meus projetos futuros é aliar meu show, minha fama nacional com ações sociais, educacionais. O artista conhecido também é uma mídia para propagar ações positivas. O artista tem que usar a voz, a fama, a notoriedade para passar coisas importantes para a sociedade não só através das músicas, mas também nas ações e nos projetos que está envolvido. O artista se tornou uma mídia.
30) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Biafra: (21) 99737 – 8199 | [email protected] (Robson Williams)
| https://www.instagram.com/biafra_oficial
Canal Biafra: https://www.youtube.com/@BiafraOficial
LIVE SHOW BIAFRA (Byafra) – 11 DE JULHO 2021: https://www.youtube.com/watch?v=lb2FH-mRM7c
Live do Biafra (Biafra) – 13 de dezembro de 2020: https://www.youtube.com/watch?v=MRtL7w-5qVk
Canal: https://www.youtube.com/channel/UCydf17YJgy2yJVlhNhKCkaA
Sonho de Ícaro (Carlos Piazzolli / Cláudio Rabello) – Byafra: https://www.youtube.com/watch?v=bkWabHy1mKc
As Coisas Que Eu Penso do Amor (Biafra / Aloysio Reis e Délcio Luiz): https://www.youtube.com/watch?v=N7ms7YftZTU
Helena (Biafra / Luiz Eduardo Farah): https://www.youtube.com/watch?v=ea4L08075L8
“Vinho Antigo” (Dalto / Cláudio Rabello): https://www.youtube.com/watch?v=Uvh38SzJR1o
“Aguardente” (Biafra / Paulo Ciranda): https://www.youtube.com/watch?v=n3JUnzjHJII
“Seu Nome” (Biafra / Piska): https://www.youtube.com/watch?v=UOhzOOx-fXY
“Machuca e Faz Feliz”(Biafra versão de “Song for You Far Away” de James Taylor): https://www.youtube.com/watch?v=4cVXl570Lm4
“Te Amo” (Biafra): https://www.youtube.com/watch?v=QhgNPUBSeC0
“Fantasia Real” (Biafra): https://www.youtube.com/watch?v=nhgsTIBMe0s
“Antes Que Eu Te Esqueça” (Biafra): https://www.youtube.com/watch?v=jHGGmJrVmdQ
Jardim (Biafra / Nilo Pinta): https://www.youtube.com/watch?v=XZpv6eJ2CMI
Leão ferido (Biafra / Dalto): https://www.youtube.com/watch?v=rHAKmY_BVw8
Seu Nome (Biafra / Dalto): https://www.youtube.com/watch?v=UOhzOOx-fXY
Playlist do álbum Primeira Nuvem: https://www.youtube.com/watch?v=xAmcYbd2n80&list=OLAK5uy_lbIf8g8-LtxF10izYjIkAqULR7t74CTO8
Playlist do álbum Ícaro: https://www.youtube.com/watch?v=zsaRJDNWyKQ&list=OLAK5uy_l94reMP7USjQBJfl9Gez4f2OpvSt-zIyA
Playlist do álbum Byafra: https://www.youtube.com/watch?v=UFE5vxdr0Bg&list=OLAK5uy_m4mz2_pcBzBQWsUKFYuQDa_h0OZ0vWujc
Playlist do álbum Toque: https://www.youtube.com/watch?v=qHcOIcoO2iQ&list=OLAK5uy_n3MflvIBTYqUpOkkjL70K4A7VBUl2CzsE
Playlist do álbum O Sonho deve ser: https://www.youtube.com/watch?v=UOhzOOx-fXY&list=OLAK5uy_lMFoRwOvSjFFqZ_YO8aL_W6GsAVZvYkIY
Playlist do álbum Existe uma ideia: https://www.youtube.com/watch?v=fVc-jQyL6aU&list=OLAK5uy_n-nwfNDo76S7w19Mlr3MOLJdVqKZIBCn8
Biafra | Papo com Clê: https://www.youtube.com/watch?v=dCBXIhDLzj4
Cantor Biafra volta ao local do primeiro show após 40 anos de carreira: https://www.youtube.com/watch?v=Kaeez-HTaDI
Cena Musical com Byafra comemorando 35 anos de sucesso | Programa Completo: https://www.youtube.com/watch?v=8H3sywozChA
Impossível ser da geração BIAFRA e não amar esse artista! Amo! Parabéns à revista, parabéns BIAFRA pela sinceridade, pela trajetória de vida. Vc é HISTÓRIA em vida!!!