More Tenho mais disciplina, persistência do que dom musical »"/>More Tenho mais disciplina, persistência do que dom musical »" /> Tenho mais disciplina, persistência do que dom musical - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Tenho mais disciplina, persistência do que dom musical

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Em 1992 entrei no curso de Violão no Centro Cultural de Campina Grande – PB com uma turma com mais de 20 pessoas de diversas idades sob a orientação do professor Jacinto que usava uma metodologia de “seleção musical natural” na qual a percepção auditiva e visual dos alunos eram determinantes para progredir no curso.

Tentei aprender: Pra não dizer que não falei das flores, com seus três acordes básicos (Em | D | B7 | Em) no compasso ternário. Não aprendi tocar a música e Jacinto me aconselhou não insistir em aprender tocar Violão.

No final da aula Jacinto sempre me dava carona e falávamos sobre política, ideologia, religião e nada sobre música. Ele se divertia em conversar com um idealista, ateu com 20 anos de idade que lia livros sobre história, marxismo, socialismo e revolução.

Jacinto, um afrodescendente de origem humilde, evangélico com mais de 40 anos de idade que era descrente da união da classe trabalhadora e também criticava os políticos, mas votava em candidatos de Direita apoiados pelo seu Pastor. Ele desistiu de me converter a sua religião e de me convencer em votar nos seus candidatos políticos.

Eu fui aprender Teoria Musical e tocar Teclado na escola Musidom com o multi-instrumentista Jorge Ribbas (http://www.ritmomelodia.mus.br/entrevistas/jorge-ribbas) e com ele também aprendi a tocar Contrabaixo e Violão. A falta de didática do professor Jacinto não venceu minha persistência e me tornei um multi-instrumentista.

Estou convencido que tenho mais disciplina e teimosia que dom musical. Em novembro de 2000, após me formar em Comunicação Social / Jornalismo me mudei para São Paulo e no Sesc Vila Mariana aprendi a tocar Bateria, Cajon, Bongô, Conga, Tímpano, Xilofone, Djembe e Pandeiro. Em 1989 eu desfilei tocando tamborim na Escola de Samba Vai-Vai e em 2010 na Escola de Samba Leandro de Itaquera.

Em 2009, eu estava passando as férias em Campina Grande e encontrei Jacinto no Calçadão que fica no coração da cidade (era o escritório informal dos músicos campinenses e trezeanos). Eu dei o primeiro CD da Reggaebelde (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/reggaebelde) para Jacinto e falei que as letras eram de minha autoria e que criei e toquei as linhas do contrabaixo.

Ele recebeu o CD examinando de forma incrédula, mas quando viu a minha foto na contracapa do CD, comentou pensativo: “Hoje qualquer um grava um CD”. Imagine quando souber que a Reggaebelde (https://www.reggaebelde.com.br) lançou duas trilogias na qual sou autor das letras (risos).

Quando comecei a ministrar aula de música (Teoria Musical, Teclado, Violão, Contrabaixo, Bateria e Percussão) os professores Jacinto e Jorge Ribbas foram meus parâmetros do que fazer e não fazer, e segui alguns caminhos metodológicos e didáticos diferentes deles.

Ao estudar com o mestre Jack Lima (https://ritmomelodia.mus.br/entrevistas/jack-lima)que criou o SMD – Sistema Musical Definito que também é autor dos livros: Dicionário de Ritmos e Dicionário de Melodias a minha mente lógica se harmonizou com o estudo musical. O meu conhecimento empírico que o DNA da música são o Ritmo e a Melodia e que os acordes são subordinados a melodia passou a fazer sentido de forma lógica.


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Comments · 7

  1. A leitura deste texto me trouxe inúmeras reflexões sobre a minha própria vida. Acredito que todos aqueles que almejam algo maior do que aparentemente está ao seu alcance passam pelo mesmo sentimento de que, talvez, de alguma forma, estão seguindo por um caminho que “não seria natural”. Mas depois de muito refletir sobre tal circunstância, usando como parâmetro minha própria vida, eu vejo que já na primeira infância as pessoas são submetidas a estímulos diferentes; alguns mais do que outros. Encontrar uma espécie de “Jacinto” já no começo da caminhada em direção a um sonho pode ser, para muitos, um banho de água fria. Imaginemos que a ordem dos metres tivesse sido inversa, talvez a percepção de uma batalha constante contra a própria natureza seria outra. De qualquer forma, eu vejo mais valor em pessoas como o jornalista e escritor Antônio Carlos, que não se entregam e pelo esforço compensam qualquer “Jacinto” que resolva atravancar a concretização de um sonho.

  2. Parabéns!
    Pela perseverança!
    Os varios Jacintos que aparecem cotidianamente na vida das pessoas.
    Muitas delas desistem de seus sonhos.
    Mas pessoas como vc (nós), a cada negativa como: vc não pode, vc não conseguirá, desista…
    Só é nosso combustível e nos motiva a quebrar este paradigma e suar sangue se preciso para atingir a meta.
    Mas no seu caso amigo.
    Permita-me discordar um pouco.
    Com o Jacinto…vc sempre teve o dom, era apenas uma pedra Bruta…e Jorge Ribas foi lapidando e vc foi por ímpeto! Disciplina se forjando…num músico completo.

  3. Parabéns pela narrativa inspiradora, que demonstra como a perseverança e a disciplina podem superar obstáculos e preconceitos, transformando desafios em conquistas musicais. A história também ilustra a importância da busca incessante pelo conhecimento e da capacidade de adaptação às diferentes metodologias de ensino. Sua jornada realmente é enriquecedora para o mundo da música!

  4. O que percebo de tudo que li, além de disciplina e persistência (que são requisitos fundamentais em busca de um objetivo), é a questão de ter personalidade sem agir de acordo com o que disseram ou determinaram. Somente nós podemos impor limites a nós mesmos. E sua trajetória, que eu parabenizo muito, é um grande convite a refletir sobre quem você quer ser/o que almeja e qual será sua atitude em busca disso.

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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.