Rubinho Jacob, 57 anos, dos quais 35 inteiramente dedicados à música. Começou a tocar profissionalmente aos 17 anos (1981), em palcos da noite de São Paulo, Belo Horizonte e Maceió para dez anos depois, levar sua música aos palcos europeus.
Em 1991, chega ao Veneto, região norte da Itália, onde faz shows e participa de Festivais de Música Brasileira. Acompanhado do seu inseparável violão, Rubinho Jacob, como ficou conhecido na Europa, tocou e cantou a MPB em diversos países, e dividindo o mesmo palco com músicos como João Bosco, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Marisa Monte, Seu Jorge, Djavan.
Em 1993, gravou com o cantor de renome italiano Francesco Baccini e passou a fazer parte do grupo que o acompanhava em sua turnê. Em 1994, fez uma temporada de dois anos pelo norte da Europa. A partir de 1996, passa a tocar com a cantora Rosa Emília, levando o melhor da bossa-nova de norte a sul da Europa. Essa parceria dura oito anos.
Rubinho consolida sua carreira na Itália ao se mudar para Milão, em 1998. É nessa cidade, na casa de jazz ‘La Salumeria della Musica’ que, em setembro de 2009, faz o lançamento europeu do seu primeiro CD, Tirando de Letra, produção independente, produção essa em parceria com Roberto Taufic, que resulta em uma delicada homenagem à música brasileira.
Masterizado no Brasil, no mais puro estilo brasileiro, o artista privilegiou nas treze faixas do CD o que há de melhor em poesia, samba, arranjos, musicalidade, balanço e sensibilidade. O resultado é agradavelmente surpreendente, pelo requinte natural e marcante em cada uma das faixas. “Pra mim, a vida me basta só em poder fazer minha música de forma sincera e com amor a ela, este é o sonho que vivo realizando”, declara. E o faz muito bem acompanhado.
No CD reuniu parceiros como Renato Consorte, Chico Pinheiro, Chico de Assis Balbino e Gilson Dias, e músicos de alto gabarito como Mauro Martins, Celso de Almeida, Eduardo Taufic e sob a batuta de Roberto Taufic, produtor e arranjador do CD.
Atualmente, de volta ao Brasil há 12 anos (2011), Rubinho encara um novo desafio: Ver seu trabalho divulgado em seu país de origem. Esse é o projeto mais importante da sua carreira, afirma o artista, posto que, representa a coroação de toda uma vida dedicada à música brasileira.
Em 2017, foi chamado para acompanhar a grande cantora Fatima Guedes no show “Casa de Sonho”, numa turnê de 12 apresentações entre Rio de Janeiro e São Paulo, como somente os dois no palco.
No Beco das Garrafas, renomada casa da histórica Bossa Nova e shows dos anos 60, fez parte do Projeto de Téo Lima “DjavanSambas” por três meses seguidos, tocando ao lado dos mais importantes músicos e cantores do Rio de Janeiro como, Claudia Teles, Claudio Lins, Fatima Guedes, entre outras magníficos.
Fez arranjos para o novo trabalho discográfico de Paulo Cesar Feital (Saigon, Flamboyant) e Lucas Bueno, e participa do grupo que faz as apresentações do disco, tendo se apresentado no Rival, Casa do Choro, Centro da música carioca Athur da Tavola, entre outros.
Faz parte do Coletivo “Meu caro amigo Chico Buarque”, onde se apresentam grandes músicos e cantores da cena carioca, tendo realizado o show no Teatro Rival com só músicas do compositor carioca.
Produziu, arranjou o trabalho fonográfico de Debora Motta no projeto EP “O mundo no teu perfil”.
Produz atualmente seu segundo trabalho fonográfico de músicas em parcerias com grandes letristas, tais como Paulo Cesar Feital, Luiz Alfredo Millecco, André Salomão, Lucas Bueno e outros.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Rubinho Jacob para www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 10.12.2023:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Rubinho Jacob: Nasci no dia 23 de outubro de 1964 em Marília – SP. Registrado como Rubens José Fernandes Jacob.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Rubinho Jacob: Então, eu sou filho de músico, meu pai já faleceu, ele tocava bateria (era o seu instrumento principal), além de tocar sax tenor. Meus pais (José Jacob – Santucci e Almerinda) eram separados e eu não fui criado com eles, então não fui influenciado por ele, e sim por um primo mais velho que, na universidade começou a tocar violão e quando vinha nos finais de semana pra casa, eu aproveitava para aprender os primeiros acordes, e assim foi…
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Rubinho Jacob: Minha formação musical é autodidata, desde sempre estudei sozinho, no começo a gente só tinha como opção as revistinhas com as cifras que se chamavam “violão e guitarra” e nós apelidávamos de “vigu”.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Rubinho Jacob: Minhas influências musicais principais foram desde sempre a Bossa-Nova e a MPB, sempre estudei Tom Jobim, João Gilberto, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Baden Powell e tantos ícones da Bossa e da MPB. Eu estudava muito a música nordestina também: Luiz Gonzaga, Geraldo Azevedo, Dominguinhos, Alceu Valença, entre tantos.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Rubinho Jacob: Posso dizer que comecei minha carreira musical em 1978 em Marília – SP. Foi lá que toquei no primeiro Bar, participei do meu primeiro festival de música e logo participei de outros pelo interior paulista. Logo fui para São Paulo e trabalhei na noite, depois em Belo Horizonte – MG (1984), toquei no litoral norte de São Paulo, morei por três anos em Maceió – AL e logo me transferi para a Europa, onde vivi na Itália por 20 anos (1991 até 2001), viajando e tocando por vários países.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Rubinho Jacob: Gravei um álbum na Itália em 2009 e no momento estou gravando o meu segundo trabalho discográfico.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Rubinho Jacob: A melhor definição que dou ao meu trabalho, seja interpretando músicas de outros autores que o meu próprio trabalho autoral é MPB mesmo.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Rubinho Jacob: Nunca estudei técnica vocal, mas sempre estudei de forma autodidata a música e o canto.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Rubinho Jacob: É muito importante porque quando se canta com a técnica, o cantor não corre o risco de ficar rouco facilmente e também de não arruinar as cordas vocais.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Rubinho Jacob: Pra mim, o maior cantor é Milton Nascimento, além de Orlando Silva, o cantor das multidões. E cantora, Elis Regina foi a que mais me tocou e ainda me toca muito quando ouço. Além de tantas outras, mesmo do âmbito do jazz e etc.
11) RM: Como é seu processo de compor?
Rubinho Jacob: Eu sou um melodista, crio música para as letras e poesias dos parceiros. A maioria das minhas músicas foram feitas em cima de letras já prontas.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Rubinho Jacob: Atualmente tenho composto com o grande Paulo César Feital e Luiz Alfredo Millecco, além de tantos outros parceiros cariocas ou não, como Lucas Bueno, André Moreno, Chico de Assis Balbino (de Marília – SP), Glad Azevedo, entre outros.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Rubinho Jacob: Fazer música de forma independente tem a vantagem que você pode escolher o que quiser pra gravar, sem influência ou palpite de ninguém, sem imposição de ninguém, isso dá muito mais trabalho e muitos custos.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Rubinho Jacob: Tenho estudado muito para crescer nesse sentido, o músico geralmente pensa maus na música e nas composições do que no lado planejamento, hoje em dia, com a internet precisamos mudar essa mentalidade, planejamento da carreira é trabalhar muito nas produções audiovisuais e divulgação na mídia e redes virtuais.
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Rubinho Jacob: Meu trabalho está sendo lançado pela Tratore, mas estou mudando para a QUAE de Belo Horizonte – MG, pois existe na QUAE um tratamento direto com o artista, relação de diálogo direto, o que é muito importante para o desenvolvimento do trabalho.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Rubinho Jacob: A internet só ajuda, o problema para mim é que para desenvolver esse trabalho se precisa de muito tempo disponível, é esse tempo não é sempre que a gente tem.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Rubinho Jacob: Grandes vantagens. Hoje o músico pode gravar em casa e mandar o material por internet, não vejo desvantagens no acesso à tecnologia.
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Rubinho Jacob: Eu continuo gravando meus trabalhos em estúdios de gravação, porque a qualidade de um estúdio profissional não se compara jamais a um home estúdio, apesar de fazer muitas coisas no meu local de trabalho caseiro.
19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Rubinho Jacob: Eu acho que a música evoluiu muito, mas a comercialização dela e o poder do dinheiro a arruinou também. Os grandes autores e cantores permanecem, mas temos muitas revelações maravilhosas que infelizmente nem sempre aparecem, pois, a grande mídia tem mais espaço para a música “enlatada”, e o jabá ainda impera fortemente. Temos muitos autores, músicos e cantores novos que não aparecem, pois a mídia tem tido mais espaço para a música “passageira” …
20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?
Rubinho Jacob: Tenho 52 anos de carreira musical, nossa! Aconteceram tantas que não teria tanto espaço nessa entrevista para contar (risos). Mas, vou contar uma do início da minha carreira: Quando cheguei em São Paulo (1981), eu já tocava na noite como cantor e violonista, mas o primeiro trabalho que me apareceu foi como percussionista, e eu aceitei, e fui levando, acompanhando o cantor que tocava violão.
Mas, eu nau tinha violão e no restaurante que tocava tinha um violão parado, eu o pedi emprestado ao dono do restaurante para estudar em casa. Um dia, quando fui trabalhar, peguei um ônibus muito cheio e a motorista fechou a porta do ônibus, a porta fechou bem no meio do violão… Resultado: tive que trabalhar e pagar o violão do restaurante. Hoje, quando lembro acho até engraçado, mas na época foi duro de aguentar (risos).
21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Rubinho Jacob: O que me deixa feliz é poder estar fazendo música sem nunca ter tido que abandoná-la, isso não é pouco, pois tive muitos motivos e oportunidades para deixá-la, mas felizmente nunca aconteceu. É o que me deixa mais triste é essa falta de oportunidades que existe dentro da política cultural. O poder na dá uma chance para quem quer fazer música de qualidade, bem elaborada.
22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Rubinho Jacob: Existe, infelizmente é uma verdade, digo “infelizmente” porque eu queria que todos tivessem esse dom, mas a verdade é que não é assim. Tem quem não tem o dom… E tem os que nascem com ele.
23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Rubinho Jacob: Eu amo improvisação, não sou um improvisador, eu convivo com o jazz, com improvisação d adoro o conceito, gostaria de ser um grande solista e improvisador.
24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Rubinho Jacob: Existe sim, conheço grandes improvisadores, inclusive muitos que nem estudaram muito.
25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Rubinho Jacob: Só conheço os prós, acho que métodos e estudos do fazem crescer e deixar o músico mais rico de criatividade.
26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Rubinho Jacob: Só há prós, quanto mais se estuda harmonia, mais a gente deixa rica a música, viva a harmonia!
27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Rubinho Jacob: Infelizmente não, não acredito que vá deixar de existir esse absurdo de “jabá”, é o dia que deixar de existir, as coisas vão ser muito melhor, mas não acredito num fim dele…
28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Rubinho Jacob: Digo: vá em frente, mas não pense que vai te dar sustento, música não dá sustento pra músico, a não ser que você seja um músico de orquestra, funcionário público de orquestra ou coisa assim…
29) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Rubinho Jacob: No meu tempo revelava, hoje em dia eu não sei mais, não vejo ou não tenho visto muitos revelados por festivais há alguns bons anos…
30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Rubinho Jacob: Pro meu gosto ainda é muito pobre, só se ouve música internacional nas rádios do Brasil. Ainda bem que hoje temos quebradiços para diferenciar um pouco dessas “jabazeiras”.
31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Rubinho Jacob: Ótimo, acho um grande avanço, apesar de sempre achar que se tem muito espaço pra quem já é famoso e muitas das vezes nem necessita tanto quanto talentos novos ou músicos que estão começando e precisam de espaço.
32) RM: Quais os seus projetos futuros?
Rubinho Jacob: Meu projeto é sempre cantar e continuar com minhas composições, gravações e meus shows, minha carreira musical.
33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Rubinho Jacob: (21) 99984 – 7793 | https://www.instagram.com/rubinhojacob_
Canal: https://www.youtube.com/@rubinhojacob
Canto (Rubinho Jacob e Chico de Assis): https://www.youtube.com/watch?v=iFmHTQum1Og
Música de Dois – Aposta, Velhos Sinais e O Amigo Perdido: https://www.youtube.com/watch?v=hfyuZGoKR74
Vatapá – Apresentação no CCBB “Música na Varanda” 2017: https://www.youtube.com/watch?v=01PKs2tl3e4
Quem te viu, Quem te vê – Rubinho Jacob no show com Chico Faria e Joyce Moreno no Centro de Referência da Tijuca, espaço Arthur da Távola: https://www.youtube.com/watch?v=SeDdpkzkujY
Canto – Chico de Assis Balbino/Rubinho Jacob – “Lançamento do álbum Tirando” de Letra em Milão (2009)”: https://www.youtube.com/watch?v=B9WG6f1AG5g
Você, você (Guinga / Chico Buarque) – Com Guinga e Roberto Taufic em Milão em 2010: https://www.youtube.com/watch?v=cVVBuDnFQEU
