O cantor, compositor, poeta, contista, ator Zeca Tocantins traz no seu nome artístico uma homenagem ao rio que seu pai pescava e ainda criança foi morar em Imperatriz no Maranhão.
É membro da Academia Imperatrizense de Letras – AIL e foi presidente da ASSOCIAÇÃO ARTÍSTICA DE IMPERATRIZ- ASSARTI. Foi presidente do Sindicato dos Músicos da Região Tocantina; Atual Presidente da Fundação Rio Tocantins-FRT.
Aos cinco anos de idade mudou-se com a família para a cidade de Imperatriz, no Maranhão, onde cursou o primário e o ginásio. Abandonou o antigo segundo grau no último ano. Autodidata, dedicou-se aos estudos das expressões culturais e literárias da região Tocantina. Militou no jornalismo, mas abraçou como profissão a de cantor e compositor. Tem se destacado como o mais autêntico e original poeta de sua região. Participa ativamente dos movimentos culturais de
Em 1977, ingressou no movimento teatral de Imperatriz, inicialmente como ator e depois como autor e diretor de peças. Montou vários espetáculos teatrais e escreveu as peças: “Imperatriz por um triz”, “Mistérios do bico”, “Amigo tem que ser amigo”.
Lançou os discos: LP – CIO DO HOMEM, em 1993; CD – TERREIRO DE TODO CANTO, em 2000; CD – MESTIÇO, em 2002; CD – DUAS FACES, em 2010.
Lançou os Livros: CALUMBI (Poesias), Prêmio Gruli de Literatura em 1992; MOINHO (poesia) em 1993; DEZ CONTOS DE PULINÁRIO (Contos) em 1994; GOTAS DE SOL (Poesia) Prêmio Gruli; CAMINHOS DE NÓS (Poesias) Prêmio AIL; BANZEIROS (Contos) em 2001; PEQUENO ENSAIO SOBRE CULTURA – Arte e Criação em 2006; DIALÉTICA DO SILÊNCIO (Poesias) em 2007; O OUTRO LADO DA PONTE (Crônica) em 2010; CURANDEIRAS (Poesias) em 2012; O ÚLTIMO TREM (Poesias) em 2015; Homenagem In Memoriam a NÉNEM BRAGANÇA.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Zeca Tocantins para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 21.11.2016:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Zeca Tocantins: Nasci no dia 14.05.1958, em Xambioá, antiga cidade de Goiás, hoje Estado do Tocantins e fui adotado pela cidade de Imperatriz – MA. O Tocantins do meu nome é uma homenagem ao rio, onde meu pai foi pescador por muitos anos.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Zeca Tocantins: Quando nasci minha mãe disse que os cantadores de Divino faziam “desobrigas” na minha rua, o canto deles invadiram o quarto onde uma parteira me recebia. Foi o meu primeiro batismo.
03) RM: Qual a sua formação musical e\ou acadêmica fora da área musical?
Zeca Tocantins: Nenhuma. Sou um eterno aprendiz. Meu desejo pelo conhecimento sempre foi maior que pelos diplomas.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Zeca Tocantins: Toda arte me estimula, me influência.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Zeca Tocantins: Meu lado profissional funciona de acordo com os meus compromissos, mas nunca deixei de ser amador. Gosto de visitar as origens culturais, o nascedouro, em que não há o domínio do dinheiro e as pessoas produzem pelo prazer de viver.
06) RM: Quantos CDs lançados, quais os anos de lançamento (quais os músicos que participaram nas gravações)? Qual o perfil musical de cada CD? E quais as músicas que entraram no gosto do seu público?
Zeca Tocantins: Gravei: LP – CIO DO HOMEM LP, em 1993; CD – TERREIRO DE TODO CANTO, em 2000; CD – MESTIÇO, em 2002; CD – DUAS FACES, em 2010. Dois deles com arranjos de Henrique Duailibe, outros dois com arranjos de Chiquinho França, estes discos envolveram vários músicos. Todos os Caminhos, Estiagem e Depois do Tiroteio foram músicas que caíram no gosto do público.
07) RM: Como você define o seu estilo musical?
Zeca Tocantins: Talvez o meu jeito de cantar, como compositor prefiro não criar barreiras com relação a estilos.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Zeca Tocantins: Experimento algumas, mas não domino nenhuma.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Zeca Tocantins: Fundamental para um bom resultado.
10) RM: Quais as cantoras(es) que você admira?
Zeca Tocantins: São tantos… Caetano Veloso, Zizi Possi… Muita gente boa.
11) RM: Como é seu processo de compor?
Zeca Tocantins: Adoro compor, mas não tenho uma regra.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição? Quem já gravou as suas músicas?
Zeca Tocantins: Tenho poucos parceiros musicais: Nilson Chaves, Ludi Sousa, Gonzaga Blantez, mas tenho muitos intérpretes, todos de expressão regional: Kelly Rosa, Solange Leal, Dorivã, Marly Pontes, Rosa Reis, Jade, Karlleibe Allanda, Ed Franklin, Nando Cruz, Wilson Zara, Neném Bragança…
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Zeca Tocantins: Acho que ninguém é independente por que quer, é necessário e delicioso ter a nosso dispor uma equipe de competente. Mas, o não ter não nos impede de seguir caminho, exigindo muito mais de nós, claro. Principalmente que sejamos administradores, o que exige diálogo com os mais diferentes campos profissionais.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira musical dentro e fora do palco?
Zeca Tocantins: Fundamentais são os ensaios, dá segurança e compromete os músicos com a sua arte, muito diferente de alguém que aparece só pra tocar.
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?
Zeca Tocantins: As redes sociais tem se mostrado o mais nobre espaço democrático, uma excelente ferramenta de publicidade de nosso produto.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
Zeca Tocantins: Me agarro ao lado positivo da internet, embora saiba que exista o outro lado.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso a tecnologia de gravação (home estúdio)?
Zeca Tocantins: A verdade é que muita coisa mudou e muito rapidamente, gravar discos não representa nenhuma vantagem, ninguém mais quer comprar, precisamos seguir outros caminhos.
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Zeca Tocantins: Esse Brasil de dimensão continental ainda tem muito a ser explorado, é bobagem dizer que a música brasileira é Tom Jobim, é Chico Buarque, é Vinicius de Moraes. Nossa música é uma colcha de retalho muito bem tecida por várias vozes e estilos, o artista que aprende a se administrar é capaz de viver muito bem sem precisar ser Nacional.
19) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Zeca Tocantins: Neste cenário quem dá as cartas é a indústria com seu modismo descartável. Os meios de comunicação mesmo sendo uma concessão pública fecharam a porta para o produto alternativo, e passou a integrar a rede nacional do modismo, inclusive produzindo shows desses descartáveis.
20) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Zeca Tocantins: Zeca Baleiro, Nilson Chaves, Solange Leal no Piauí, Dorivã no Tocantins, Chiquinho França no Maranhão, por aí vai.
21) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?
Zeca Tocantins: Já me conformei com os inusitados, mudo de músicos em quase todas as apresentações, isso é terrível. É importante que o artista construa vinculo com os músicos, isso engrandece a música produzida. Mas quem tem pouca apresentação como eu não posso garantir um grupo, infelizmente.
22) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Zeca Tocantins: Cantar para quem quer ouvir é Divino. Minha tristeza vem dos artistas profissionais, trabalho com produção e faço questão de não me aproximar de nenhum, são horríveis. Claro que há exceção, mas essa é a regra, usam muita droga e são exigentes demais.
23) RM: Nos apresente a cena musical da cidade que você mora?
Zeca Tocantins: Imperatriz – MA é uma cidade muito eclética: samba, baião, sertanejo…
24) RM: Quais os músicos, bandas da cidade que você mora, quem você indica como uma boa opção?
Zeca Tocantins: Madame Lulu, Philantropia, Lena Garcia… Mandam bem.
25) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Zeca Tocantins: Fui um dos artistas que briguei pelos Rádios Comunitários, pura ilusão, os partidos políticos invadiram as comunicações, só eles tem concessões. Gosto de saber que meu trabalho ganhou mais adeptos sem precisar de rádios.
26) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Zeca Tocantins: Que a perfeição é uma meta, a qualidade há de se impor mais dia menos dia.
27) RM: Quais os prós e contras do Festival de Música?
Zeca Tocantins: Os Festivais de Música me possibilitaram viajar pelo Brasil, conheci muitos artistas. Esse ano eu coordenei o Imperatriz Festival – Palco das canções do Brasil com algumas alterações experimentais. Concorrentes enviaram discos alternativos; foi 63 álbuns, do Acre a Porto Alegre, o que mostra o desejo desses artistas mostrarem seu trabalho. Quatorze artistas passou na triagem para cantar duas músicas do disco e disputar um prêmio de 5.000, todos receberam uma ajuda de custo de 1.000 reais. Parece que o nosso País está conseguindo esconder a sua melhor música.
28) RM: Hoje os Festivais de Música ainda tem a importância de revelar talentos?
Zeca Tocantins: Continua sendo o espaço mais importante para o trabalho autoral.
29) RM: Como você analisa a cobertura feita pela mídia da cena musical brasileira?
Zeca Tocantins: Nada acontece fora dos limites da indústria cultural, por isso não creio nessa cobertura alternativa, órgãos como ECAD não dá nenhuma resposta aos compositores emergentes, só as estrelas (artistas famosos) são beneficiadas. A mídia precisa acreditar que existe um público ávido de boas músicas e investir neles.
30) RM: Quantos livros você lançou e quais as temáticas dos livros?
Zeca Tocantins: São 12 livros com variados temas e gêneros; crônicas, contos, poesias. CALUMBI (Poesias), Prêmio Gruli de Literatura em 1992; MOINHO (poesia) em 1993; DEZ CONTOS DE PULINÁRIO (Contos) em 1994; GOTAS DE SOL (Poesia) Prêmio Gruli; CAMINHOS DE NÓS (Poesias) Prêmio AIL; BANZEIROS (Contos) em 2001; PEQUENO ENSAIO SOBRE CULTURA – Arte e Criação em 2006; DIALÉTICA DO SILÊNCIO (Poesias) em 2007; O OUTRO LADO DA PONTE (Crônica) em 2010; CURANDEIRAS (Poesias) em 2012; O ÚLTIMO TREM (Poesias) em 2015; Homenagem In Memoriam a NÉNEM BRAGANÇA.
31) RM: Fale de sua atuação como ator.
Zeca Tocantins: Meu melhor aprendizado vem do teatro, lá aprendi conviver com diferentes áreas artísticas; escritor, diretor, bailarino, figurinista, iluminador, ator, músicos, artes plásticas, fotografia. Isso foi muito importante pro meu crescimento.
32) RM: Fale da sua atuação como ativista cultural.
Zeca Tocantins: Arte é o eu, cultura é o nós. É compromisso da sociedade não só do artista, tento envolver nas minhas produções vários seguimentos. Coordeno o projeto Arte & Cidadania nas Escolas, tem sete anos e já esteve em mais de cem escolas da região, integram jornalistas, pedagogos, juízes, comissários, escritores, fotógrafos, poetas, músicos. O projeto adquiriu e distribuiu mais de 5.000 mil livros de nossos escritores e 5.000 discos de artistas de nossa terra a rede estudantil.
33) RM: Quais os seus projetos futuros?
Zeca Tocantins: Estou sempre produzindo, gosto muito. Esse é o meu futuro.
34) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Zeca Tocantins: (99) 9.9133 – 7346 | Núbia Nascimento – [email protected] | www.facebook.com/zeca.tocantins