O compositor, cantor e produtor cultural mineiro Wolf Borges é músico autodidata.
Wolf Borges forjou ao longo de 35 anos de carreia uma experiência que o coloca entre os grandes realizadores de projetos de arte e cultura na região Sulmineira. Destaca-se pela direção, produção artística e executiva na realização de mais de 50 projetos musicais, incluindo larga experiência em roteiro, direção, planejamento e gestão, como exemplo, o projeto Composição Ferroviária desde 2012, leva shows dos ícones da MPB para realização de shows públicos e gratuitos na Estação Ferroviária em Poços de Caldas – MG.
Wolf Borges tem em sua trajetória premiações diversas por seu trabalho – como sua inclusão em duas edições do projeto Rumos, da Fundação Itaú Cultural – e quatro CDs autorais independentes, imprimindo em sua produção um padrão de qualidade internacional. Foi assim desde seu primeiro trabalho, ÍMPAR (1997) produzido ao lado do parceiro de composição Elder Costa – quem assina a produção é Marco Lobo (também percussionista do trabalho). Sucesso na crítica especializada, o CD abriu as portas para outras produções ainda mais exigentes, como SINGULAR (2003), com a participação de ícones como Leila Pinheiro, Cláudio Nucci, Paulinho Pedra Azul, Juarez Moreira e Ivan Vilela que também dividiram palco com o artista em shows pelo Brasil. Em 2009 veio CIRCO DOS SONHOS, outro sucesso que abriu portas para o trabalho de Wolf em rádios no exterior e com participações especiais como Toninho Horta, Fátima Guedes e Toninho Ferragutti. Inquieto e criativo resolveu ainda misturar a sonoridade da música brasileira, sobretudo no que diz respeito às harmonias sofisticadas das Minas Gerais, com a sonoridade da música norte-americana – rifs e grooves que povoaram sua formação musical. Assim nasceu em 2012, com um casting de mais de 30 músicos que emprestaram seu talento para dar corpo à experiência quase científica de Wolf, o álbum PÃO DE QUEIJO MUSIC PROJECT. Lançou em 2018 o primeiro álbum dedicado à performance, OUTRA SAUDADE, com canções de caráter seresteiro e a canção autoral que dá nome ao disco. Em 2019 lançou um CD pautado na rítmica da música brasileira que vai da Milonga ao Carimbó – QUAL A MENOR UNIDADE DO AMOR, que leva o nome da música gravada em parceria com Tavito, além de parcerias com Simone Guimarães e a participação especial de Titane. Destaca-se sua direção artística nos álbuns da cantora Sulmineira Jucilene Buosi (1984, Um retrato e Falsete) assinando também o roteiro e composições nestes trabalhos, sua produção e roteiro no filme Falsete, documentário sobre a música do Sul de Minas e ainda ao resgate da história do grupo Imbuia, na produção do DVD Imbuia ao vivo.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Wolf Borges para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 10.02.2020:
01) RitmoMelodia: Qual a sua data de nascimento e sua cidade natal?
Wolf Borges: Nasci no dia 19.10,1964 em Ouro Fino – MG.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Wolf Borges: Em serenatas e Festivais de música no início dos anos 80. Depois com um grupo de música em Pouso Alegre – MG, na efervescência de um ambiente musical naquela região em que despontaram muitos compositores.
03) RM: Qual sua formação musical e\ou acadêmica fora da área musical?
Wolf Borges: Sou psicólogo de formação, mas atuo exclusivamente na música, não tenho nenhuma formação musical, sou autodidata.
04) RM: Quais as suas influencias musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Wolf Borges: Nada deixa de ter importância, pois tudo é um processo na evolução de um artista. A música popular brasileira como um todo são minhas referências, o grupo “Clube da Esquina” é um pilar importante.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Wolf Borges: Em 1981 já participava de grupos de Serenatas, foi quando participei de um Festival de Música com minha banda “Vaiados na Vendinha” na em Santa Rita do Sapucaí – MG.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Wolf Borges: Tenho em minha trajetória premiações diversas, a exemplo a inclusão em duas edições do projeto Rumos, da Fundação Itaú Cultural e cinco CDs autorais independentes, imprimindo em sua produção um padrão de qualidade internacional. Foi assim desde o primeiro trabalho, o CD – “ÍMPAR” (1997) produzido ao lado do parceiro de composição Elder Costa – quem assina a produção é Marco Lobo (também percussionista do trabalho). Sucesso na crítica especializada, o CD abriu as portas para outras produções ainda mais exigentes, como o CD – “SINGULAR” (2003), com a participação de ícones como Leila Pinheiro, Cláudio Nucci, Paulinho Pedra Azul, Juarez Moreira e Ivan Vilela que também dividiram palco com o artista em shows pelo Brasil. Em 2009 veio o CD – “CIRCO DOS SONHOS”, outro sucesso que abriu portas para o trabalho em rádios no exterior e com participações especiais como Toninho Horta, Fátima Guedes e Toninho Ferragutti. Inquieto, resolvi misturar a sonoridade da música brasileira, sobretudo no que diz respeito às harmonias sofisticadas das Minas Gerais, com a sonoridade da música norte-americana – rifs e grooves que povoaram sua formação musical. Assim nasceu em 2012, com um casting de mais de 30 músicos que emprestaram seu talento para dar corpo à experiência quase científica de Wolf, o álbum “PÃO DE QUEIJO MUSIC PROJECT”. Lancei em 2018 o primeiro álbum dedicado à performance, o CD – “OUTRA SAUDADE”, com canções de caráter seresteiro e a canção autoral que dá nome ao disco. Em 2019 lancei um CD pautado na rítmica da música brasileira que vai da Milonga ao Carimbó, do Maracatú ao Xote e muitos outros ritmos brasileiros – “QUAL A MENOR UNIDADE DO AMOR”, que leva o nome da música gravada em parceria com Tavito, além de parcerias com Simone Guimarães e a participação especial de Titane. Destaca-se sua direção artística nos álbuns da cantora Sulmineira Jucilene Buosi (1984, Um retrato e Falsete) assinando também o roteiro e composições nestes trabalhos, sua produção e roteiro no filme Falsete, documentário sobre a música do Sul de Minas e ainda ao resgate da história do grupo Imbuia, na produção do DVD Imbuia ao vivo.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Wolf Borges: MPB.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Wolf Borges: Não, a técnica foi desenvolvida na longa estrada musical.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Wolf Borges: Importância total. A Voz é o instrumento do cantor que precisa ser cuidado, conhecido e trabalhado todo dia.
10) RM: Quais as cantoras(es) que você admira?
Wolf Borges: Muitos. Em Minas Gerais adoro o Sérgio Santos, Tutuca, Jucilene Buosi, Casquideo e muitos outros.
11) RM: Como é seu processo de compor?
Wolf Borges: Componho desde sempre, músicas encomendas, temáticas e as encomendas do coração, devo ter bem mais de 100 músicas, mas nunca contabilizei.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Wolf Borges: No álbum “QUAL A MENOR UNIDADE DO AMOR” de 2019 tive a felicidade de compor com Tavito, Simone Guimarães e Elder Costa, um dos meus parceiros mais antigos.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Wolf Borges: Apesar de toda a dificuldade de se viver de arte no Brasil, profissão de músico é cada vez mais desvalorizada na sociedade e nas políticas públicas, mas é o que nos move e por isso, vamos encontrando um jeito de fazer nossa história com alegria, determinação, trabalho e fé.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Wolf Borges: Este planejamento é dinâmico e depende de cada projeto que começamos. Cada momento da vida artística demanda um planejamento e uma execução. Uma das minhas características é sempre chegar ao fim de todos os meus projetos, graças a uma visão real, organizada e metódica do negócio da arte.
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?
Wolf Borges: Acredito que trabalho todos os dias da semana há anos, essa é a minha maior prática.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
Wolf Borges: Internet é um campo de possibilidades e, acredito que não exista uma receita pronta de como utilizar essa ferramenta para potencializar a vida artística de uma artista independente, é preciso experimentar e achar o caminho.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Wolf Borges: Facilitou muita coisa boa e muita coisa ruim aparecer.
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Wolf Borges: Tenho um padrão de qualidade musical em que procuro a excelência em todo o processo de produção e não abro mão disso, acredito que isso seja reconhecido pelo público e pelos meus pares.
19) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Wolf Borges: Depois dos anos 80, o mainstream (gravadoras) não investiu mais em criatividade musical. Cada vez mais os artistas inovadores do Brasil se sentem mais isolados e fazendo ações com seus próprios recursos e dedicação. E eles são muitos e infelizmente muito desconhecidos, até mesmo do próprio meio musical. Alguns que possuem muito talento e sorte conseguiram romper esse funil de raríssimas oportunidades.
20) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Wolf Borges: Admiro, por exemplo, o Carlinhos Brown e tinha uma admiração imensa pelo meu parceiro Tavito que deixou uma obra consistente e maravilhosa para o Brasil.
21) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?
Wolf Borges: São muitas histórias em 37 anos de estrada, não conseguiria elencar o que não foi inusitado.
22) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Wolf Borges: Tudo na carreira musical me deixa feliz, mas o que me entristece é ter que lidar com a ignorância especialmente de quem tem um poder transformador para defender e contribuir para a arte brasileira e não o faz.
23) RM: Nos apresente a cena musical da cidade que você mora?
Wolf Borges: Poços de Caldas – MG é uma cidade turística intensa, como exemplo, produzo o projeto Composição Ferroviária que há 7 anos, levando shows dos ícones da MPB para realização de shows públicos e gratuitos na Estação Ferroviária com abertura de artistas regionais, já levamos o projeto para São Lourenço e Itaúna, sendo um dos únicos projetos do interior de Minas Gerais que leva ao público músicos como Leila Pinheiro, Leny Andrade, Kleiton e Kledir, Os Cariocas, Ceumar, Ná Ozetti e Luiz Tatit e muitos, muitos outros.
24) RM: Quais os músicos, bandas da cidade que você mora, que você indica como uma boa opção?
Wolf Borges: Vários, em especial trabalho com o produtor e multi-instrumentista Deivid Santos, além de Alexandre Almeida, Rodrigo Mendonça e Raphael du Valle.
25) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Wolf Borges: Não, a não ser nas poucas rádios brasileiras que ainda tocam música.
26) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Wolf Borges: Pense duas, três vezes, se o chamado for mais forte, vá em frente.
27) RM: Quais os prós e contras do Festival de Música?
Wolf Borges: Até os anos 80 os Festivais de Música eram um reduto de revelações de novos talentos. Hoje é um subemprego para um nicho, em que muitas vezes tem baixa frequência de público, sendo assim é algo de menor importância, pois não oferece relevância para os artistas e nem serve para formar público.
28) RM: Festivais de Música ainda tem o papel de revelar novos talentos?
Wolf Borges: Não, já faz tempo.
29) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Wolf Borges: Ridícula. A grande mídia impulsiona um nicho comercial exclusivo, não valoriza a diversidade de nossa cultura e traz a mentirosa informação para o público de que existem menos de 50 artistas no Brasil.
30) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Wolf Borges: Imprescindível e o exemplo do SESC de São Paulo deveria ser seguido pelas outras unidades do Brasil, o que, infelizmente não acontece.
31) RM: O circuito de Bar de Poços de Caldas é uma boa opção de trabalho para os músicos locais?
Wolf Borges: Sim, de sustentabilidade ao menos.
32) RM: Quais os seus projetos futuros?
Wolf Borges: Escrevi um roteiro para um novo musical para lançar em 2020 e trabalho para dar vida a este sonho, além disso, estou trabalhando a divulgação e o lançamento do meu CD – “Qual a menor Unidade do Amor”.
33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Wolf Borges: [email protected] e pelas redes sociais só procurar pelo meu nome.
Link: https://open.spotify.com/album/503Bo1FyWvJmqZPav5IfNg?si=HZtfRvJTSJ-gqQrXGcPv7g