Wagner Rodrigues é produtor musical na Casa Sonora, em Porto Alegre (RS), além de guitarrista e vocal de apoio na banda Território Antifa. Tem formação como geógrafo e mestrado em Tecnologia da Geoinformação (UFSM) e também é graduado em Produção Fonográfica (UNISINOS), um curso voltado para a atuação na cadeia produtiva da música, que possibilita o aprofundamento em disciplinas como criação musical, direito autoral, produção de gravação e mixagem de áudio.
Iniciou suas atividades musicais na cena da cidade de Santa Maria (RS), nos anos 90, tocando guitarra em bandas de rock, onde se apresentou em diferentes espaços culturais, casas noturnas e eventos de rua, participando do histórico “Festival Nossas Expressões”, organizado pelo DCE/UFSM.
Antes de se dedicar exclusivamente à música foi professor de pós-graduação do Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha (CESUCA), trabalhou com criação de sites (webdesign) e integrou banca de concurso público. Posteriormente, atuou como guitarrista do grupo Instrumental FEEVALE e fez parte da banda de apoio da cantora e compositora Luisa Eltz, ficando em 1° e 2° lugar na categoria Rock do V e VI “Festival de Música de Gramado”, além de subir ao palco de eventos como “Fórum Social Mundial 2016” e 1ª edição do “Festival Multicultural GuapoRock”.
Em 2021 a Casa Sonora lançou o álbum de canções inéditas “Território Antifa”, reunindo 8 bandas e 1 artista solo, num esforço colaborativo que rendeu uma boa repercussão nas mídias, tais como: WikiMetal, Consultoria do Rock, Roadie Metal, Headbangers News, Rádio Cult FM, Crash TV, Cultura em Peso, entre outras.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Wagner Rodrigues para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 09.11.2022:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Wagner Rodrigues: Nasci no dia 13 de junho de 1975 em Rio Grande (RS). Registrado como Wagner Rodrigues Marques. A banda Território Antifa
é formada por: Leo Johnson (voz), Wagner Rodrigues (guitarra e vocal de apoio), Lucas Costa (bateria) e Mathias Baddo (baixo). Leo Johnson, nasceu no dia 22/06/1979. Lucas Costa, nasceu no dia 23/02/1993. Mathias Baddo, nasceu no dia 22/04/1984. Os três nasceram em Porto Alegre – RS.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Wagner Rodrigues: O meu primeiro contato com a música ocorreu na infância por influência da família. Aos 10 anos de idade ganhei um violão. Logo comecei a estudar violão popular em uma escola de música do meu bairro, na época morando em Santa Maria (RS). E assim, surgiram os meus acordes iniciais em meados dos anos 80. Depois, aos 14 anos, comecei a tocar guitarra e aos 16 anos a participar de bandas de garagem com amigos do colégio.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Wagner Rodrigues: Me formei Geógrafo (2002) e Mestre em Tecnologia da Geoinformação (2007) na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Em 2013 ingressei na Faculdade de Produção Fonográfica da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), onde me graduei em 2016. Fiz, ainda, uma série de cursos de extensão, presenciais e EAD, tais como: Trilhas Sonoras (com Arthur de Faria), Home Studio, Produção Musical, Mixagem, Masterização, Produção Executiva de Bandas, entre outros.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Wagner Rodrigues: Elas são muitas, o que torna esta tarefa difícil. Mas grande parte das minhas influências do passado, em maior ou menor grau, continuam presentes, como: The Sonics, The Stooges, Joy Division, Bad Religion, Morphine, The Cult, Black Sabbath, Pink Floyd, Mogwai. Atualmente tenho escutado Uncle Acid & the Deadbeats, Windhand, The Bridge City Sinners, Abby The Spoon Lady, The Baboon Show, e por aí vai…
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Wagner Rodrigues: Tudo começou em 1998 em Santa Maria (RS) quando formei, com alguns amigos, a maioria estudantes da UFSM – Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a banda “Antítese”. Sendo que no início dos anos 2000 houve mudanças na formação e no nome do grupo, que passou a se chamar “Maloca Blue”, e se manteve em atividade até 2005. O nosso repertório era formado principalmente por clássicos do Rock e músicas autorais.
A gente tocava muito no circuito universitário: União Universitária (espaço para alojamento de estudantes), Catacumba (porão da casa do estudante), Boate do DCE (Diretório Central dos Estudantes), além de pequenos bares como Armazém Sul, Coyote e Sanduba Café Bistrô. Participamos do Festival ‘Nossas Expressões’, dividindo o palco com Os Replicantes e Nelson Coelho de Castro e do 7° ‘Mercocycle’ – Encontro de Motociclistas do Mercosul, além de inúmeros eventos em espaços públicos (praças).
Também marcamos presença em programas radiofônicos, como na Rádio Universidade e Pop Rock (Baú do Rock) e televisivos como o antigo Balacobaco da NET. Na época, criamos um coletivo chamado ‘Amigos do Rock’ para organizar os shows, junto com outras bandas, e fizemos uma mini-tour em Florianópolis (SC) tocando em várias casas noturnas e bares. Nosso trabalho teve uma expressiva repercussão na imprensa local, em jornais como Diário de Santa Maria e A Razão.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Wagner Rodrigues: Vou listar as gravações que atuei até o momento, seja como participação especial ou como integrante oficial da banda: Em 2003 – Maloca Blue – Maloca Blue – Guitarra (CD/Demo). Em 2011 – Apofenia – Distopias Destrutivas – Guitarra (CD/EP). Em 2013 – Coletânea – Ensaio de Máscaras – Participação especial: Guitarra em “Ain’t The First” de Kauana Botelho (CD/álbum). Em 2014 – Coletânea – Arroz Feijão & Groove – Guitarra em “Confronto” de Wagner
Rodrigues e Frank Jorge, banda Marionetes Bélicas (CD/álbum). Em 2015 – Coletânea – 5° Festival de Música de Gramado (ao vivo) – Guitarra em “Ah, meu bem” (1° lugar/Categoria Rock) e “Inevitável” (3° lugar/Categoria Rock) de Luisa Eltz (CD/álbum). Em 2018 – Demetrius – Chuva Lá Fora – Participação especial: Violão em “Chuva Lá Fora”, Bells em “Tão Perto, Tão Distante” e Guitarra em “Não Me Diga Adeus” (CD/EP).
Em 2021 – Coletânea – Território Antifa – Guitarra e vocal de apoio em “Entre Fardas e Farsas” e “Velhas Raposas da Ditadura” da banda Território Antifa, Guitarra e Bateria em “Manifesto” de King Jim e Wagner Rodrigues, Participação especial: Órgão Hammond em “O Cara Errado” da Pupilas Dilatadas e Synth em “Jogue Fora” da Youngs Die Young (Álbum virtual). Em 2022 – Eletroacordes – Experiences – Participação especial: Ukulele, Chocalho e Meia lua em “Mundo Cheio de Nada”, Percussão em “Dias Perdidos” e “Lorde Burguês”, Violão em “Eu Rezo e Peço”, Bateria em “Mesmas Pessoas”, Violões em “Quem Já Viu Ela Assim” (CD/Álbum). Em 2022 – A Ordem Inversa – A Ordem Inversa – Participação especial: Guitarra em “Palco de Prazer”, Órgão Hammond e Congas em “Hey Baby” (CD/EP).07) RM: Como você define seu estilo musical?
Wagner Rodrigues: Eu não gosto muito de me auto rotular. Como se diz por aí: “os rótulos são para as garrafas”. Então, é bom beber em diferentes fontes sonoras (risos). Mas sempre me identifiquei bastante com a cultura Rock. Indo do Rock’N’ Roll até o Rock Progressivo, passando pelo metal e o punk hardcore, com seus subgêneros e subculturas. Também curto blues, música folk e música popular em geral. Enfim, procuro ter a mente aberta e absorver aquilo que me chama a atenção de alguma forma, independente do gênero ou estilo, desde que soe verdadeiro e autêntico, ainda que não seja (risos).
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Wagner Rodrigues: Sim. Tenho um conhecimento básico que uso para orientar cantores (as) durante as produções e aplicar em projetos que participo. Mas cantar, como voz principal em uma banda, não é a minha praia, então assumo no máximo a voz de apoio (risos). Fui aluno na Faculdade de Música – Licenciatura Plena – da UFSM e, apesar de não ter concluído o curso, fiz algumas disciplinas importantes, dentre elas “Técnica Vocal” e “Anátomo – Fisiologia da voz”. Minha classificação vocal é Barítono.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Wagner Rodrigues: A voz é um instrumento que faz parte do nosso corpo e em algum momento este aparelho fonador pode adoecer, gerando dor, desconforto, incômodo. Enfim, a aplicação incorreta da técnica vocal ou o desleixo podem danificar a sua saúde e bem-estar. Por isso, conhecer a sua anatomia e fisiologia, estudar as técnicas apropriadas para cada caso e ter hábitos saudáveis é muito importante, tanto para a qualidade de vida como para que o cantor consiga se expressar da melhor forma possível.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Wagner Rodrigues: Screamin’ Jay Hawkins, Ian Curtis, Freddie Mercury, Nina Simone, Greg Graffin, Jim Morrison, Phil Lynott, Mina Caputo, Cecilia Boström…
11) RM: Como é seu processo de compor?
Wagner Rodrigues: Não existe uma regra ou um único caminho, vai depender da situação, mas geralmente eu costumo criar um Riff na guitarra ou violão e a partir desta célula inicial vou desenvolvendo as outras partes da música e letra buscando conexões sonoras.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Wagner Rodrigues: Ultimamente estou mais voltado para a produção musical de bandas no meu home studio (Casa Sonora) e muitas vezes acabo fazendo participações especiais nas gravações ao criar algum arranjo instrumental, no entanto, as parcerias mais recentes em composições foram Leo Johnson em “Velhas Raposas da Ditadura” e Mathias Baddo em “Entre Fardas e Farsas”, ambas gravadas pela banda Território Antifa.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Wagner Rodrigues: O mercado da música atualmente é muito mais segmentado. Ser bem-sucedido (a) na música significa tornar-se relevante para o seu público ou segmento, mesmo que você não transite pelos grandes veículos de comunicação. Acredito que o (a) artista independente possui muito mais autonomia sobre a sua carreira. Por outro lado, é comum que ele (a) fique sobrecarregado (a) por ter que gerir uma demanda que vai além da música, sem falar das dificuldades financeiras e falta de apoio.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Wagner Rodrigues: Não faço uso de nenhuma estratégia ou ferramenta mirabolante. Quando vou lançar algum trabalho da minha banda utilizo assessoria de imprensa. Além disso, divulgação por e-mail, redes sociais, blog. Também, procuro, na medida do possível, estar presente em shows, festivais e eventos; principalmente de bandas locais e autorais. É importante fazer parcerias e ter uma rede de contatos (networking).
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Wagner Rodrigues: O estudo constante através de cursos, livros e pesquisas em conteúdos relevantes na internet que estejam associados à minha área de atuação. A própria criação do home studio Casa Sonora, em atividade desde 2017, onde investi em equipamentos de áudio, softwares de alta qualidade e tratamento acústico. Tenho registro de Microempreendedor Individual (MEI) e atuo como músico independente e produtor musical em Porto Alegre (RS), sendo que já produzi diversas bandas da região.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Wagner Rodrigues: Eu entendo que, de modo geral, a internet tem ajudado na divulgação dos meus trabalhos. Nisso podemos incluir redes sociais, site, correio eletrônico, aplicativos de troca de mensagens, plataformas digitais, ferramentas diversas para a criação de grupos, eventos e rede de contatos. Por outro lado, conseguir ter projeção na internet de forma orgânica ainda é um grande desafio. Pois os sistemas digitais privilegiam quem tem maior poder econômico e não necessariamente quem produz um conteúdo relevante.
Ou seja, é muito mais difícil para os pequenos selos, produtores (as) e bandas atingirem novos públicos. Você investe na produção de um trabalho e quando vai divulgar o conteúdo atinge menos pessoas do que o esperado, porque o algoritmo da rede social esconde sua postagem para te forçar a pagar pelo impulsionamento.
Outra questão importante é o modelo de negócio das plataformas digitais que pagam valores irrisórios por streaming para os artistas e faturam bilhões com assinaturas e publicidade. Este fenômeno gerou o termo “spotifização”, uma forma de exploração e precarização dos trabalhadores da música.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Wagner Rodrigues: Já faz um tempo que o home studio se consolidou como uma alternativa para uma parcela cada vez maior de pessoas e acho bem legal essa maior democratização que culminou com o surgimento de novos (as) produtores (as) musicais e tem uma forte relação com a música independente. Eu mesmo sou fruto deste processo.
O uso dessas ferramentas em casa facilita o trabalho e reduz custos. Eu não consigo ver nenhuma desvantagem no acesso à tecnologia de gravação. Talvez o único problema seja querer usar a tecnologia sem conhecimento ou experiência e lançar o material com qualidade duvidosa. Pois, produzir profissionalmente envolve estudo e prática e isso não acontece do dia para a noite. Então, recomendo sempre contratar um produtor musical. É o que faz a maioria das bandas bem-sucedidas.
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Wagner Rodrigues: Em primeiro lugar, para ser diferente, seja você mesmo (a). Busque a sua verdade. Aquilo que está na sua essência, dentro de ti e na realidade que o cerca. Afinal, você é único (a). Também considero interessante ir além da música. Tudo pode exercer algum grau de influência nos seus processos criativos, então se você pratica outras atividades como leitura, filmes, teatro, viagem, relações interpessoais e se envolve em atividades diferentes, isso pode te tirar de um ciclo mental vicioso e estimular as suas sinapses neurais. Eu diria que é importante não fechar a mente e se achar o dono da verdade. Tipo aquele tiozão roqueiro da antiga que parou no tempo e reproduz o falso e anacrônico discurso de que só as bandas da época dele eram boas e o resto é lixo. A nossa época é o período em que estamos vivos e ativos. Então, o que faço é procurar me envolver em atividades extramusicais, na medida do possível, e buscar conhecer novas (e velhas) bandas e artistas.
19) RM: Como você analisa o cenário do Rock Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Wagner Rodrigues: O Rock brasileiro perdeu muito espaço nas grandes mídias com relação a cena dos anos 80. O que gerou uma sensação de vazio para algumas pessoas que passaram a acreditar que o Rock morreu. No entanto, ele está mais vivo do que nunca no underground. Algumas bandas brasileiras em atividade que tenho curtido são: Carrossel Diabólico, Hard Blues Trio, Clandestinas, Desalmado, Cigarras, El Efecto, Herculoid’s, Os Decréptos, Escöria, Delinquentes, Eletroacordes, A Ordem Inversa, entre outras.
Talvez os Titãs e os Ratos de Porão tenham sido as bandas que mais conseguiram se manter de forma consistente se reinventando ao longo de suas trajetórias. Se for pensar no âmbito do metal extremo, creio que o Sepultura e o Krisiun, inclusive com grande reconhecimento internacional. Todas na ativa, com carreiras prolíficas e uma sucessão expressiva de álbuns lançados.
Eu não saberia dizer quais que regrediram, mas possivelmente as que abraçaram o negacionismo e o neofascismo. Eu mesmo quebrei CDs de algumas bandas por causa disso e muita gente está fazendo o mesmo. Certamente também não irão mais aos shows.
20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?
Wagner Rodrigues: Certa vez, nos primórdios das minhas atividades musicais, estava rolando uma festa de estudantes em um enorme ginásio da cidade. Então, um dos organizadores entrou em contato e perguntou se a gente podia fazer um som neste evento. Como a banda estava começando, pensamos que seria uma boa oportunidade para divulgar nosso trabalho, mesmo com um cachê simbólico. Chegando lá, confirmamos que o ambiente estava realmente lotado, só que quando subimos no palco percebemos que não tinha absolutamente nenhum equipamento (mesa de som, retornos, P.A.s…) e muito menos um técnico.
Como já estávamos no local com os instrumentos e amplificadores, resolvemos dar volume máximo em tudo e tocar mesmo assim. O resultado foi que apenas o público próximo da banda conseguiu ouvir alguma coisa. Os outros 80% não ouviram nada e muitos ficavam gesticulando para aumentar o som. Foi uma situação constrangedora e ao mesmo tempo engraçada. Sem equipamento adequado nunca mais! (risos).
21) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Wagner Rodrigues: Sim, é possível, felizmente nem todo mundo é picareta. Mas dependendo do estilo musical e do perfil da rádio, acredito que só pagando. O que é uma prática abominável. Uma rádio ou web rádio séria deve fazer curadoria. Essa lógica também se reproduz nas plataformas digitais quando a banda aluga espaço em uma playlist famosa para se tornar mais conhecida.
22) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Wagner Rodrigues: Siga em frente. Como já dizia o Rauzito: “Faça o que tu queres”. Seja perseverante e autêntico.
23) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Wagner Rodrigues: Acredito que estamos vivendo uma fase ainda difícil para os festivais de música, pois passamos de um período de estagnação total, por conta da pandemia de Covid-19, para o início de uma reorganização e retomada das atividades culturais, num momento onde muitas pessoas estão sem condições financeiras. Inclusive, muitos espaços destinados a festivais de pequeno e médio porte fecharam suas portas.
A meu ver, um dos principais papéis de um festival independente deveria ser justamente apresentar bandas que não são muito conhecidas, através de uma curadoria bem organizada, e dependendo do perfil e das condições do evento, produzir um line-up híbrido com bandas mais consagradas (headliners), criando uma dinâmica de formação de plateia para as bandas menores. Eu já tive a experiência de descobrir bandas ao vivo em festivais. É claro que isso não é necessariamente uma realidade para a maior parte dos eventos no mainstream.
Pois, investir mais no mesmo pode significar maior atratividade de público e uma bilheteria mais gorda. Mas, sim, em menor escala, é possível. Agora, achar que uma banda, que está quase no anonimato, vai ser convidada para tocar num mega festival e de uma hora para outra se tornará uma grande revelação, me parece surreal.
24) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Wagner Rodrigues: Analiso como algo problemático, para não dizer catastrófico. Se alguém acessa apenas conteúdos veiculados pelas grandes mídias, ficará numa situação extremamente limitada. O Brasil é um país multicultural, riquíssimo em diferentes sonoridades e com muita criatividade. Mas a mídia hegemônica reproduz um padrão massificado e repetitivo. Não estou querendo dizer que nunca tem nada interessante, mas não podemos fingir que a exceção é a regra. No domingo, a programação dos grandes canais abertos de TV descamba para uma bizarrice ainda pior. Claro, é o dia em que o trabalhador geralmente está em casa com a família e a música precisa ser usada como uma ferramenta de alienação, movida pelo dinheiro. É o velho “pão e circo” ou a “sociedade do espetáculo” como diria Guy Debord.
25) RM: Quais foram os seus projetos recentes?
Wagner Rodrigues: No final de 2021 lancei o álbum “Território Antifa”, uma coletânea inédita com canções antifascistas. A banda com o mesmo nome do projeto surgiu durante o processo de produção e teve duas músicas incluídas no trabalho. Neste álbum eu tive a honra de compor e gravar o “Manifesto” com o King Jim, grande lenda do rock gaúcho.
Também fiz participação especial no órgão em “O Cara Errado” da banda Pupilas Dilatadas, uma das mais antigas bandas de punk rock em atividade no Rio Grande do Sul, e efeitos de sintetizador em “Jogue Fora” dos amigos da Youngs Die Young.
Em 2022, os principais trabalhos que produzi foram os EPs da “Eletroacordes” (Experiences), onde fiz participação em 6 das 7 faixas, em especial a canção “Quem Já Viu Ela Assim” com criação de arranjos e gravação dos violões; e “A Ordem Inversa”, nova banda do Felipe Messa (Pupilas Dilatadas), que está saindo do forno com ótimas canções que transitam pelo hard rock, folk e blues.
Participei na guitarra de “Palco de Prazer” (riff do refrão) e órgão Hammond e congas em “Hey Baby”. Além da produção musical da trilha sonora do documentário “Schízo”: https://youtu.be/0qSKyGxE3uU .
A banda Território Antifa também teve dois videoclipes lançados recentemente no canal do Youtube da Casa Sonora para as canções “Velhas Raposas da Ditadura”: https://youtu.be/lqZKARp-e6o e “Entre Fardas e Farsas”: https://youtu.be/sYFZQoRdlkc com direção, filmagem e edição de Lucas Noronha.
26) RM: Quais os seus projetos futuros?
Wagner Rodrigues: Continuar produzindo música, compondo e incomodando as pessoas (risos).
27) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Wagner Rodrigues: Quem quiser saber mais sobre o meu trabalho pode acessar o site www.casasonora.art.br ou WhatsApp: (51) 98171 – 8273
Instagram: Perfil Pessoal: https://www.instagram.com/rod.wag
Casa Sonora: https://www.instagram.com/casasonoraprodutora
Território Antifa: https://www.instagram.com/bandaterritorioantifa
O álbum “Território Antifa” pode ser baixado em: www.casasonora.art.br/territorioantifa
Canal Casa Sonora: https://www.youtube.com/c/CasaSonora
Trilha sonora do documentário “Schízo”: https://youtu.be/0qSKyGxE3uU
“Velhas Raposas da Ditadura”: https://youtu.be/lqZKARp-e6o
“Entre Fardas e Farsas”: https://youtu.be/sYFZQoRdlkc
King Jim e Wagner Rodrigues falam sobre a coletânea Território Antifa no Resenha Pop: https://www.youtube.com/watch?v=DFOEOOb4Dng
Parabéns , Wagner pela tua trajetória musical que tem feito muito sucesso. Continue nesse caminho que te faz feliz e realizado, apesar de toda a situação econômica que o nosso país está atravessando, não podemos deixar de acreditar no amanhã e principalmente com a música encantando e dizendo as verdades através das letras e melodias.
Entrevista muito boa, focada em tua trajetória pelos caminhos da Música! Parabéns, pelo trabalho que realizas, e que sempre alcances teus objetivos com muito sucesso!