More Wagner Amorosino »"/>More Wagner Amorosino »" /> Wagner Amorosino - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Wagner Amorosino

Compartilhe conhecimento

Wagner Amorosino: paulistano, é formado em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Casper Líbero e em Música pela Universidade de São Paulo.

Sua atividade como compositor lhe rendeu convites para participar de alguns festivais na França, como os Festivais de Violão de Normandie, em 1993 e 1994, e o I FestiBrasil, em La Motte en Provence, 2011. É associado à SACEM (França) e à AMAR (Brasil).

Técnico de som diplomado pela Chambre de Métiers de Paris, gravou com vários artistas como Toquinho, Paulo Bellinati, Mônica Salmaso, Celso Viáfora, Adylson Godoy, Paulinho Nogueira.

Atualmente, dedica-se à produção musical de shows e gravações com artistas como Silvia Goes, Mutinho, Marco Bernardo, Nina Ximenes, Maria José Carrasqueira, Bruno De La Rosa, entre outros. Como músico, participa do Trio Xiambê, com Nina Ximenes e Marco Bernardo, e da banda B&F’s, com os amigos Amilton Deorio, Maurício Bardella, Anderson Deorio e Ricardo Rocco.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Wagner Amorosino para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 25.10.2023:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Wagner Amorosino: Nasci no dia 13/07/1961, em São Paulo.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Wagner Amorosino: Meu pai sempre gostou muito de música e, em sua juventude, estudou violino. Ele escutava muita música erudita em discos, especialmente, ópera. Comecei a estudar piano aos sete anos de idade, assim como todos os meus irmãos.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Wagner Amorosino: Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Casper Líbero e em Música pela Universidade de São Paulo.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Wagner Amorosino: Acho que minha maior paixão sempre foi a música popular, apesar de ter tido uma formação em música erudita até os 25 anos, quando concluí o curso de Licenciatura em Música.

09) RM: Você estudou técnica vocal?

Wagner Amorosino: Um pouco, quando pratiquei regência coral, entre os anos de 1983 a 1996.

10) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Wagner Amorosino: A técnica vocal é bastante importante para quem se dedica ao canto, seja popular ou erudito. Aos que têm a voz como instrumento, o cuidado é essencial.

11) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Wagner Amorosino: No âmbito da música brasileira, José Luiz Mazziotti, Jane Duboc, Filó Machado e Elis Regina; também admiro muito cantores como Nat King Cole, Tony Bennett, Bobby McFerrin e Billie Holiday.

12) RM: Como é seu processo de compor canções ou música instrumental?

Wagner Amorosino: Não tenho uma forma de compor; cada música pede uma abordagem diferente. Na maioria das vezes, recebo letras antes de pensar numa melodia, e esse acabou se tornando um processo de composição.

13) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Wagner Amorosino: Meu principal parceiro é o letrista Carlos Castelo, também conhecido como Carlos Melo em composições mais antigas. Atualmente, tenho feito algumas músicas com a cantora e compositora Nina Ximenes. Já no plano instrumental / erudito, costumo trabalhar sozinho.

14) RM: Em qual etapa da produção de uma música ocorre o processo de edição?

Wagner Amorosino: Se você estiver se referindo à edição em estúdio de uma gravação qualquer, ela deve acontecer imediatamente após o processo de captação sonora, e antes de qualquer trabalho de mixagem ou tratamento do material sonoro.

15) RM: O editor de áudio pode cuidar de criação de som, caso algum som não tenha sido gravado por esquecimento ou falha técnica?

Wagner Amorosino: Depende do problema que você tem de resolver; às vezes, pode ficar mais cômodo reproduzir algum áudio já gravado ou inventar algo novo que possa servir para cobrir uma lacuna na execução ou no próprio arranjo em vez de chamar novamente um músico para regravar o trecho.

16) RM: Hoje é importante que toda a música esteja sincronizada no tempo musical tendo como referência o metrônomo?

Wagner Amorosino: Para que as coisas se sincronizem quando há muita gente gravando em momentos diferentes, é muito mais cômodo que haja uma referência metronômica. Entretanto, pode-se perder muito da dinâmica e da própria emoção com uma gravação comandada por um pulso imutável. Também depende muito do que se grava, qual o gênero, se há variação de andamento etc.

17) RM: Hoje ainda se grava música com o tempo/pulso dos compassos mais livre e solto?

Wagner Amorosino: Se a gravação for feita com o maior número de pessoas ao mesmo tempo, prefiro muito mais que não haja metrônomo.

18) RM: Qual é a maior dificuldade de se afinar a voz e instrumento musical artificialmente usando softwares de correção de afinação?

Wagner Amorosino: O ideal é não utilizar demais os softwares de afinação, mas sempre iremos depender da excelência do cantor ou do instrumentista para tanto.

19) RM: É permitido ao editor de áudio, através de seu conhecimento musical, criar caminhos diferentes de afinações de vozes ou instrumentos a partir de uma nota que foi gravada. Um cantor emitiu a nota Do, mas o editor percebeu que harmonicamente um Ré soaria melhor. O editor de áudio tem liberdade para fazer essa mudança ou tem que consultar outros músicos ou maestros envolvidos na produção?

Wagner Amorosino: Depende da liberdade que lhe for concedida no processo. Eu penso que sempre é bom ter mais de uma opinião nesse momento, especialmente se a dúvida merecer um estudo mais apurado.

20) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Wagner Amorosino: A maior vantagem foi a democratização do processo de gravação; agora, qualquer pessoa que tenha um celular e mexa um pouco com edição de áudio já consegue gravar suas próprias músicas. Entretanto, por conta disso, há um número enorme de produções e a qualidade geral baixou um pouco.

21) RM: Quais as principais diferenças e semelhanças da gravação de música no passado e no presente?

Wagner Amorosino: Antigamente, os intérpretes e os músicos tinham de estar infinitamente mais bem preparados para gravar seus trabalhos, pois praticamente não havia condição de se corrigir possíveis defeitos ou problemas de execução. Hoje em dia, com as infinitas possibilidades de ajustes nas gravações, pessoas bem menos competentes no ofício da música podem realizar produtos de qualidade.

22) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram no processo de gravação de música?

Wagner Amorosino: Quando eu tinha estúdio de gravação, entre 1995 e 2002, o que mais nos fazia medo era perder alguma sessão por falha tecnológica, e isso nos aconteceu algumas vezes. Felizmente, em todas elas, não houve a perda do material gravado, mas sim da posição desse material na linha do tempo da música. Assim, muitas vezes tivemos de remontar um arranjo, instrumento por instrumento, nos tempos certos, por causa desses acidentes.

23) RM: Qual a postura ideal do músico e cantor (a) na hora da gravação?

Wagner Amorosino: O ideal é que ele saiba muito bem o que vai fazer e tenha tranquilidade para enfrentar o processo.

24) RM: Existe uma sala específica para captação de voz?

Wagner Amorosino: Não que eu saiba.

25) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira de produtor musical?

Wagner Amorosino: O que sempre digo pra mim: “Quem mandou não estudar pra ser um bom músico?”. Agora, falando sério, a frase é “tenha muita paciência”.

26) RM: A melhor mixagem dependente diretamente da boa captação da gravação?

Wagner Amorosino: Sim, não existe mágica. Se o material captado não for bom, fica muito difícil consertar na mixagem.

27) RM: Existe a masterização da música para uso nas plataformas digitais e para gravação de um CD físico?

Wagner Amorosino: Dizem alguns amigos meus mais afeitos às plataformas que sim. A começar pela própria finalização do áudio, já que o CD físico suporta apenas o formato 44/16.

28) RM: O que é mais importante é o tamanho do estúdio ou o conhecimento do editor de áudio?

Wagner Amorosino: Certamente o conhecimento do profissional está muito acima de qualquer tecnologia.

29) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileira e Música Instrumental Brasileira. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Wagner Amorosino: Difícil responder a estas perguntas. Não tenho a pretensão de julgar ninguém por sua carreira; a única coisa em que penso é que os artistas são, antes de tudo, pessoas, seres humanos, que têm momentos bons e ruins, o que pode se refletir em sua produção.

Em relação à MPB, gosto muito de um artista de Santos – SP chamado Bruno De La Rosa, canta e compõe muito bem. Trabalhei com ele na produção dos dois álbuns de Mutinho, parceiro de Toquinho e Vinicius de Moraes.

Já no instrumental, aprecio enormemente o trabalho de Felipe Senna. Além deles, tem um menino que vai virar um músico enorme, o Felipe Machado, neto do Filó Machado. Como convidado a participar do coletivo Uma Terra Só, tenho conhecido trabalhos interessantes de muita gente, nos mais diversos gêneros, e isso só nos enriquece.

30) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Wagner Amorosino: É como as bruxas: no creo en brujas, pero que las hay, las hay. O dom é o dom, indefinível.

31) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Wagner Amorosino: É tudo, menos improvisação. É uma transformação da melodia original baseada em conhecimento técnico e em sensibilidade. Claro que aí aparece a diferença entre aquele improviso que você adora ouvir e aquele que você conta os compassos para acabar.

32) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Wagner Amorosino: Tem pessoas que conheço que estudam a fundo seus “improvisos” para que não haja nenhuma falha de execução ou de concepção. Tem outras que talvez não estudem, mas guardam no subconsciente todos os movimentos melódicos e escalares que podem executar.

33) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical? Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Wagner Amorosino: Desde que a pessoa aprenda, não vejo nada contra. Os métodos e os professores ajudam muito, mas a motivação e a persistência do aluno são as chaves do aprendizado.

34) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Wagner Amorosino: Já tocaram, nas décadas de 1970 a 1990. As rádios estatais, comunitárias e universitárias, que devem representar, todas juntas, 10% da audiência, continuam tocando. As outras têm tabela de preços e horários. Não há mais jabá, está “regulamentado”. É como a figura do agiota, que não existe mais; as financeiras trataram de “regulamentar a agiotagem”.

35) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Wagner Amorosino: Estude muito, prepare-se para receber nove “nãos” e um “sim”, insista sempre e, especialmente, tenha paixão pelo que faz. E saiba trabalhar as palavras “talento” e “vocação” como elas devem ser encaradas – sem vocação para encarar essa carreira de frente, não há talento que resista.

36) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Wagner Amorosino: A grande mídia cobre a grande cena musical brasileira – panis et circensis. Para mim e vários outros artistas que não as frequentam, nenhuma delas existe ou faz diferença. A gente continua com o famoso “trabalho de formiguinha”. O que vier como recompensa, é bem-vindo.

37) RM: Qual os prós e contras de ser multi-instrumentista?

Wagner Amorosino: Apenas prós.

38) RM: Quais os seus projetos futuros?

Wagner Amorosino: Trabalhar. Se me for permitido continuar a trabalhar com música, melhor ainda.

39) RM: Quais os seus contatos?

Wagner Amorosino: [email protected]

| https://www.instagram.com/br.cultural/

| https://www.facebook.com/culturalbr

| https://www.facebook.com/wagner.amorosino

Canal BR Cultural: https://www.youtube.com/@BRCultural

Casa de Mutinho – show de lançamento do álbum – Edital ProAC 15/2022: https://www.youtube.com/watch?v=Ed2F8xYdGq0

Trio Xiambê – O nosso Tom (playlist): https://www.youtube.com/playlist?list=PL0D8whgvDa-h3MKsn5PxYEdocPQ6XIOEI

Nina Ximenes – Natural – 11/07/2020: https://youtu.be/JfV8ubUekoA

ChatGPT (curta-metragem): https://www.youtube.com/watch?v=TEt_X_9dM4w


Compartilhe conhecimento

Deixe um comentário

*

Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.