Thiago Pach

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Thiago Pach é um ator, cantor e compositor carioca. Em seus trabalhos estabelece diálogos musicais entre a MPB, a música pop contemporânea e o jazz.

Com dois álbuns lançados, sua música autoral pode ser ouvida nas plataformas digitais. Em 2018, lançou seu primeiro álbum “Canto de Aruanda”, com a participação da grande cantora carioca Áurea Martins, que se tornou sua madrinha musical.

Já seu segundo álbum, “É Preciso Olhar o Mundo”, foi lançado 2 anos depois, em 2020 e tem a participação da cantora Lucine Dom. Ambos são seleções de músicas brasileiras autorais.

Thiago dialoga com o contemporâneo e o tradicional com a mesma facilidade. Misturando e miscigenado timbres, ideias e referências, sua música propõe um olhar para a diversidade, para a liberdade de expressão e para a pluralidade cultural brasileira.

O cantor faz pontes entre esse Brasil miscigenado, a música urbana e sonoridades contemporâneas transitando entre a mpb, o samba, o jazz, o pop.

Iniciou sua carreira no teatro participando de grandes montagens teatrais e colaborando com artistas renomados, como no musical “Rádio Nacional – As Ondas que Conquistaram o Brasil”, dirigido por Bibi Ferreira e Fabio Pilar (onde interpretou Nelson Gonçalves e Silvio Caldas).

“Cazuza Jogado a Seus Pés”, com direção de Francis Mayer, “As Mimosas da Praça Tiradentes”, dirigido por Gustavo Gasparani.

“Emilinha e Marlene – As Rainhas do Rádio”, dirigido por Antônio de Bonis, (onde interpretou Cauby Peixoto); e “Um Beijo em Franz Kafka”, dirigido por Eduardo Figueiredo.

Em 2015, escreveu e dirigiu o espetáculo musical “Todo Vagabundo Tem Seu Dia de Glória”, espetáculo indicado a vários prêmios teatrais, incluindo melhor espetáculo, melhor ator e melhor música.

Recentemente, no dia 25 de junho de 2023, Thiago apresentou seu show no Vale do Anhangabaú em São Paulo, encerrando a programação do mês da diversidade e orgulho LGBTQIAPN+.

Em 2020, Thiago Pach apresentou ao vivo pelo Sesc SP uma seleção de canções de Johnny Alf, grande ícone da Bossa Nova. Para 2024, o cantor se prepara para gravar um disco inteiro em homenagem a esse cantor, pianista e compositor que foi Johnny Alf, um dos pais da Bossa Nova.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Thiago Pach para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 20.11.2023:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e cidade natal?

Thiago Pach: Nasci no dia 30/06/1987 no Rio de Janeiro – RJ.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Thiago Pach: Meus pais sempre ouviram muita música em casa. Minha mãe é mais da MPB, samba e ritmos brasileiros. Meu pai, fã de Bossa Nossa, Jazz, soul music e blues.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Além de cantor, sou ator. Cursei Comunicação Social e Licenciatura em dança. Na música, por causa do teatro, fiz aulas de canto lírico com o professor Zé Rescala (tenor do Theatro Municipal do RJ) e canto popular com a professora Marciah Luna Cabral (cantora e atriz).

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Thiago Pach: Minhas influências musicais são cantores e compositores como Caetano Veloso, Baden Powell, Elis Regina, Gal Costa, Lenine, Aldir Blanc, João Bosco, Sarah Vaughan, Nat King Cole, Chet Baker…

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Thiago Pach: Em 2008 fiz parte do elenco do musical “Cazuza Jogado a Teus Pés” com direção de Francys Maier, que foi um sucesso no Rio de Janeiro, onde cantávamos os hits de Cazuza e do Barão Vermelho.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Thiago Pach: Tenho dois álbuns lançados: Canto de Aruanda (2018) e É Preciso Olhar o Mundo (2020), ambos disponíveis nas plataformas digitais.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Thiago Pach: Música Popular Brasileira e pop.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Thiago Pach: Canto lírico e popular. Sou tenor.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Thiago Pach: Todo. Para o cantor a voz é nosso instrumento. Quanto mais conhecimento e cuidado, melhor o desempenho vocal; seja estético, virtuoso e de saúde vocal.

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Thiago Pach: Elis Regina, Gal Costa, Sarah Vaughan, Dee Dee Brigdewater, Dianne Reeves, Fabiana Cozza, Marisa Monte…

11) RM: Como é seu processo de compor?

Thiago Pach: Geralmente componho letra e melodia. Não tenho hábito de sentar para compor com hora marcada ou exercício diário (o que adoraria). Sou mais de compor quando a inspiração vem.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Thiago Pach: Quase todas as minhas composições são letra e melodias minhas, como “Canto de Aruanda”, “Tramoias do Destino” e “Muitos Vão Dizer”.

Tenho apenas três composições com parceiros que são “Podem Avisar” (minha e de Wladimir Pinheiro), “Baião de Deux” (minha e de Nelsinho Freitas) e a inédita, “Eu Pago pra Ver”, que compus com Roberto Bahal e lançaremos em breve.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Thiago Pach: Ter autonomia de seguir o rumo que acredita e num tempo mais orgânico é, com certeza, um dos prós. Mas no Brasil, infelizmente, quase tudo é contra quando se fala de uma carreira independente sem patrocínio, financiamento, divulgação para chegar no grande público, etc.

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Thiago Pach: Lançar um single, álbum ou EP a cada dois anos se tornou uma meta para manter o repertório atualizado e relevante. Até hoje apenas gravei canções autorais e pretendo a partir de agora fazer regravações e releituras de grandes composições do cancioneiro Popular.

O desafio é fazer a minha música ficar cada vez mais conhecida para que nos shows o público possa cantar e se divertir junto conosco.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Thiago Pach: Tenho projetos de regravar e apresentar grandes compositores brasileiros LGBTQIAPN+ que, apesar da relevância na música popular brasileira, tiveram seus trabalhos e carreiras apagados pelo preconceito.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Thiago Pach: A internet trouxe algo muito positivo que é dar autonomia ao artista de desenvolver, divulgar e achar seu nicho, seu público, falar diretamente com quem consome sua música.

Talvez o lado negativo seja a quantidade e a falta de filtro que muitas vezes causa um ruído muito grande na absorção do material e rapidez de tudo que faz com que, muitas vezes, o ouvinte não consiga ouvir de forma mais elaborada cada trabalho, justamente pela rapidez e quantidade de lançamentos.

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Thiago Pach: A vantagem é que se tornou mais barato para o artista criar sua obra. E trouxe mais autonomia também. Tendo qualidade na gravação, na tecnologia e material utilizados para a captação do som, mixagem, etc; não vejo desvantagens.

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Thiago Pach: Tento seguir meu instituto, ser eu mesmo, cantar o que me toca o coração e nunca seguir modismos só porque a maioria está fazendo. Fazer mais do mesmo definitivamente não é minha praia.

19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Thiago Pach: Chico Buarque, Caetano, Gil, Marisa Monte, Carlinhos Brown, Zélia Duncan, Lenine, Edu Lobo, Zeca Baleiro, Ney Matogrosso, João Bosco essa galera nunca será irrelevante. Tem uma obra atemporal e continua fazendo trabalho lindo e relevante.

Da nova geração, tem o Criolo, Baco Exu do Blues, Luedji Luna, Liniker, Emicida, Iza, Gilsons… Tem muita gente incrível!

20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?

Thiago Pach: Graças a Deus, não passei por nenhum perrengue como esses citados acima.

21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Thiago Pach: O que me deixa feliz é ver artistas já renomados antenados, ouvindo gente jovem e abertos a colaborar com a nova geração. Eu tive a grande honra de ter a lendária Áurea Martins cantando comigo no meu primeiro álbum. Ela cantou “Podem Avisar”, um samba meu e de Wladimir Pinheiro.

O que me deixa triste é ver que profissionais que se dão o título de “curadores de música” não usam sua influência para colocar artistas novos e independentes em line ups de festivais, trilhas de filmes e novelas.

Ao invés disso, estão sempre fazem mais do mesmo, ou seja, escolhendo músicas e artistas que já são conhecidos ou que estão na moda naquele momento. Na minha opinião, curadores de música deveriam contribuir para dar espaço para novos artistas e, assim, criar mais espaço para a diversidade cultural e musical do país.

22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Thiago Pach: Acho que existe dom para tudo. Algumas pessoas te dom natural para cantar, tocar um instrumento, desenhar, dançar, etc. Mas também acredito no desenvolvimento da técnica, no estudo e na força de vontade.

Todos nós temos possibilidades infinitas para desenvolvermos qualquer habilidade. E é claro que o incentivo ajuda muito seja ele social, econômico ou político.

23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Thiago Pach: O Jazz utiliza muito a Improvisação. Pra mim cada show é um show. Nada nunca é igual. Gosto de ensaiar, ter uma base e estar seguro do que vamos apresentar no palco. Mas, a partir do momento que subimos no Tablado e o show começa tudo pode acontecer.

Por isso, ouvidos atentos e energia fluindo contam muito a favor, inclusive para que uma Improvisação acontece e termine por deixar a apresentação ainda mais única e especial.

24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Thiago Pach: As duas coisas. Acho que estudar é necessário, ter conhecimento do seu instrumento, da música, da melodia, da forma é fundamental; até mesmo para improvisar em cima desse tema.

25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Thiago Pach: É preciso sempre respeitar a obra, o compositor. Sabendo disso, improvisar em cima do tema não tem problema algum. Geralmente, como acontece no Jazz, os artistas apresentam a obra como foi escrita pelo autor e, depois, improvisam. Mas acho que cada caso é um caso e arte é exatamente o lugar onde preconceitos não cabem.

26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Thiago Pach: A técnica é necessária para o conhecimento e a fluidez do seu trabalho. Pense na técnica como um esqueleto, uma coluna vertebral. Sem ela seu corpo não fica em pé, não se move.

Mas quando olho para o meu corpo, não vejo meus ossos. Eles estão lá. Mas não estão aparentes. A técnica deve funcionar da mesma forma. A plateia não vai a um show para ver técnica.

A técnica fica na sala de aula. O público não entende de técnica. No palco, sabemos que ela existe, mas queremos ver a fluidez, a interpretação, a emoção com que cada artista executa aquela obra.

A técnica ajuda a acessar esse lugar onde o artista fica livre pra atingir certa nota ou tocar uma melodia difícil com rapidez sem tanto esforço, pois isso já foi estudado no ensaio, de forma que para o público parece ser fácil e natural.

27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Thiago Pach: Não. Mas, novamente, a Internet veio para ajudar também nesse quesito. Hoje não precisamos tanto mais desses lugares que só com jabá teríamos chance de ser tocados.

28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Thiago Pach: Como disse Fernanda Montenegro sobre ser artista: desista. Tente outra profissão. Se for impossível e todas as células do seu corpo implorarem por isso, aí sim tente. Mas é uma carreira muito difícil. Com mais baixos do que altos; a não ser que você tenha muito dinheiro e bons contatos. Infelizmente.

29) RM: Festival de Música revela novos talentos?

Thiago Pach: Deveria. Mas, novamente, os curadores de música estão mais preocupados em contratar quem está na moda do que realmente diversificar o cenário musical.

30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Thiago Pach: Com a Internet, o cenário musical se dividiu em vários nichos. Tem artistas que fazem absoluto sucesso com o público do seu nicho, mas que são completamente desconhecidos para o grande público.

Isso torno o trabalho da grande mídia mais difícil. Não que eu ache que a grande mídia esteja muito comprometida em descobrir novos talentos. Nunca esteve. Sabemos que desde o início dos tempos, o que move o mundo é o dinheiro.

A grande mídia vai mostrar que está na moda, quem já está bombado, traz o dinheiro, enchendo estádios, etc. Por isso seria importante que os ditos curadores de música realmente fizessem jus ao título dessa profissão e agissem como verdadeiros garimpeiros, descobrindo novos talentos pelo Brasil a fora.

31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Thiago Pach: O Sesc, Sesi, o Itaú Cultural e a Natura Musical vêm fazendo um trabalho incrível mantendo a vida cultural, dando oportunidades para artistas variados em muitos estados do país. Se não fossem eles, estaríamos quase sem nenhuma oportunidade. Eles fazem um trabalho lindo e necessário no cenário artístico nacional.

32) RM: Quais os seus projetos futuros?

Thiago Pach: Em breve, vou lançar um álbum com releituras da obra do cantor, pianista e compositor Johnny Alf, que foi um dos pais da Bossa Nova, mas que sofre um apagamento histórico justamente por ser um homem preto e LGBTQIAPN+. Esse é um projeto que tenho muito carinho e que precisou ser adiado por causa da pandemia e por falta de patrocínio.

Mas tenho fé que em 2024 eu consiga colocá-lo em prática. Enquanto isso, é possível me ouvir cantar algumas de suas canções neste link abaixo, uma live que fizemos para o Sesc SP em 2020.

33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Thiago Pach: (21) 98337 – 2092 | [email protected]

| www.instagram.com/thiagopach_

| https://linklist.bio/thiagopach

| www.tinyurl.com/ThiagoPachNoSpotify

| https://tinyurl.com/eprecisoolharomundo

Canal: https://www.youtube.com/@ThiagoPach

Thiago Pach canta Johnny Alf: https://www.youtube.com/watch?v=zMhislISsNU

LINK: https://youtube.com/playlist?list=PLGUFnbY8vGxZ1MPYS47AZFJAvNFQ61QVL&si=w3jMj3U43HDizDch

Playlist Thiago Pach canta Johnny Alf: https://www.youtube.com/watch?v=HGfElH0fRh4&list=PLGUFnbY8vGxZ1MPYS47AZFJAvNFQ61QVL

Playlist Thiago Pach: https://www.youtube.com/watch?v=OjkpQtU0s2s&list=PLGUFnbY8vGxbC4ArAsxdh-Y80cThyYRBB

Playlist Thiago Pach Ô de Casas: https://www.youtube.com/watch?v=U-NOtWHu6gk&list=PLGUFnbY8vGxYN0I4td08KaQ4BxSPrS80d