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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Sonja

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Sonja faz parte da nova geração do blues, conhecida justamente por seus vocais potentes, faz aquecimentos da voz e das musculaturas da face antes de cantar, e inclusive já compartilhou um pouco de sua preparação nas redes.

Sonja, dona do álbum “Rainha de Copas”, opta pelo consumo diário de chás, tanto para manter as vias aéreas desobstruídas quanto para ter a hidratação. As duas cantoras também destacam que evitam beber líquidos muito gelados, mas principalmente, que sempre contam com o auxílio profissional.

Combina o Blues com o Soul e o Rockn’ Roll, uma de suas maiores influências, com um pezinho na MPB. Tem em sua base musical, artistas que a inspiram, como Etta James, Janis Joplin, Koko Taylor, Elza Soares, Gal Costa, Ricky Vallen, Ricardo Werther, Tina Turner, Liniker, entre outros.

Já cantou ao lado de grandes artistas de Blues, como: J.J. Jackson, Little Jimmy Reed, Álamo Leal, Otavio Rocha, entre outros, além de já ter passado pelos palcos de grandes festivais de Blues e lendárias casas de shows, como Rio das Ostras Jazz e Blues Festival, Mississippi Delta Blues Festival de Caxias do Sul, Mississippi Delta Blues Festival RJ, Aldeia Rock Festival, FriJazz e Blues Festival, Circo Voador, Teatro Rival, entre outros.

Em 2015 foi uma das fundadoras da banda Caravana Cigana Do Blues, trabalho de grande expressão dedicado a interpretar clássicos do gênero.

Cantando sua alma desde os 6 anos de idade, Sonja participou de musicais, além de ter participado da edição brasileira do X-Factor. Em 2014 deu início a sua carreira no Blues, e em 2019 lançou seu primeiro álbum homônimo, autoral.

Em 2023 é o ano que Sonja lança seu segundo disco autoral, produzido por Marco Lacerda e coproduzido por Ygor Helbourn, também integrantes de sua banda, intitulado Rainha de Copas, com uma sonoridade mais madura e totalmente diferente de seu trabalho anterior.

Rainha de Copas nasce da tiragem do Tarot da cigana que a acompanha, onde Sonja canta sobre as dificuldades e belezas do processo de encontro de si mesma, até o reencontro com a espiritualidade.

No álbum, cada música é representada por uma carta do Tarot e do baralho cigano, costurando sua trajetória da luta contra relacionamentos abusivos com pessoas e substâncias, até o encontro com sua fé.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Sonja para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 21.08.2024:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Sonja: Nasci no dia 01/10/1992 no Rio de Janeiro – RJ.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Sonja: Não lembro do meu primeiro contato com a música, pois eu era muito nova e já tinha alma de artista. Mas aos seis anos de idade eu entrei na minha primeira aula de canto, incentivada pela minha mãe (Louiza) que já notava esses traços artísticos. Foi também aos seis anos de idade que subi ao palco pela primeira vez. Desde então, nunca mais parei de cantar.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Sonja: Não tenho formação musical, mas estudei Canto Popular e Erudito por 15 anos com a professora Patrícia Evans, com quem também trabalhei em alguns musicais. Esse estudo foi muito importante no meu desenvolvimento como cantora, principalmente na minha performance e interpretação como tal.

Foi com Patrícia Evans que descobri quem eu era enquanto musicista. Explorei várias áreas (como o metal melódico, o canto “lírico” e a vontade de cantar em óperas, passando pela paixão por musicais) até conhecer e me apaixonar pelo Blues, que é o gênero que hoje está à frente do meu trabalho autoral. Patrícia Evans me ensinou a encontrar minha identidade enquanto cantora e intérprete e a me formar, de certa forma.

Fora da área musical, sou formada em Psicologia, mas não exerço e nunca exerci – exceto quando trabalhei com crianças, na área de saúde mental, no CAPSi CARIM, no IPUB, fazendo oficina de música com elas, o que ajudava muito no acompanhamento terapêutico das mesmas – tema do meu TCC de conclusão de graduação.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Sonja: Eu fui muito influenciada, quando criança, pela música sertaneja que era muito presente na minha casa, por conta do meu pai (Flávio). Então escutava as músicas de Sérgio Reis, João Paulo e Daniel e etc, fizeram parte do início do meu apaixonamento pela música.

Meu pai ouvia muito Bee Gees também e para mim, aquilo soava como uma possibilidade, um tipo diferente de música que me atraía bastante, principalmente pelo modo “diferente” de cantar e pela irmandade das vozes.

Mais tarde, conheci o Rock por conta de meu irmão mais velho (Bruno), que na época era baterista de uma banda chamada “Cão Cardíaco”, que tinha algumas músicas autorais e fazia shows. Meu irmão fez pra mim o meu primeiro CD de MP3 com vários artistas. Então eu assistia MTV o dia inteiro e anotava as músicas e bandas que eu gostava de ouvir.

Era uma época em que tocava bastante Pearl Jam, Nirvana, Avril, Guns N´ Roses, Good Charlotte, Linkin Park, Limp Bizkit, Led Zeppelin – e aí eu fui explorando mais esse mundo do rock e suas vertentes.

As influências do sertanejo permanecem somente no meu coração, hoje em dia, mas não na minha música. É um gênero pelo qual tenho grande apreço, principalmente pela memória afetiva, mas não levo como influência para minha música. Já o Rock, nunca saiu do meu trabalho e da minha personalidade enquanto pessoa e artista.

Depois de conhecer os artistas que citei acima, comecei a pesquisar mais sobre o gênero e meu ponto de mudança foi quando ouvi Janis Joplin cantar. Tudo mudou a partir daí. Minha visão sobre o Rock, a possibilidade de ser uma mulher cantando Rock, me encheu os olhos. Tive minha primeira banda de rock, só de meninas, aos 12 anos de idade e a partir daí, muitas outras bandas.

Algum tempo depois, me arrisquei no teatro musical, onde vivi bons momentos trabalhando ao lado do grande diretor Paulo Afonso de Lima, e dentro do teatro musical, descobri o Blues, que é minha paixão até hoje.

Então posso dizer que, no meu trabalho, das influências do passado, apenas o Blues e o Rock N Roll permaneceram. Este, se transformou muito ao longo dos anos, afinal, é um gênero com muitas vertentes. Demorou um tempo para eu conhecer o Rock N’ Roll do Chuck Berry e The Rolling Stone, mas foi por aí onde eu fiz morada e onde ele mais influência meu trabalho, juntamente ao Blues, é claro. 

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Sonja: Eu comecei aos seis anos de idade (em 1998). Por mais que estivesse começando, sinto que foi ali, na primeira vez que subi em um palco. Passei por muitas experiências com trabalhos musicais, bandas e até mesmo participando do XFactor Brasil. Mas foi em 2012 aos 14 anos de idade que iniciei minha carreira no Blues e nunca mais saí.

A primeira vez que subi ao palco foi no Rio de Janeiro mesmo, em um dos “showcases” do Centro Musical Antonio Adolfo. Era um show que faziam no final do ano, com apresentações dos alunos da escola. Era super legal e incentivava os alunos de maneira muito bonita. Minha mãe ia em todas as minhas apresentações e foi peça fundamental na minha formação enquanto artista.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Sonja: No momento, dois autorais: o primeiro, homônimo, lançado em janeiro de 2019 e o segundo, Rainha de Copas, lançado em agosto de 2023.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Sonja: Eu canto música. Canto minhas verdades, minhas experiências e as coisas que me tocam. Meu trabalho tem como principal influência, o Blues. Ele é o carro chefe. Ao mesmo tempo, carrego no meu som, o Soul, o Rock N’ Roll e tenho também um pezinho na MPB, nesse momento a partir do Rainha de Copas.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Sonja: Sim. Desde os 6 anos até hoje. Canto Popular e Erudito por 15 anos com a professora Patrícia Evans.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Sonja: Extremamente importante para qualquer música conhecer, estudar e cuidar de seu instrumento, principalmente para um cantor. Sempre digo que nós, cantores, não podemos consertar nosso instrumento simplesmente levando em um luthier ou indo em uma loja de música trocar as cordas.

Por isso, precisamos cuidar da melhor maneira que conseguimos, do nosso instrumento de trabalho, que é o nosso próprio corpo. E para cuidarmos da melhor forma que podemos, devemos conhecê-lo e nunca parar de exercitá-lo.

Lembrando, claro, que somos seres humanos e que às vezes vamos fazer uma coisa ou outra que acaba não sendo legais para nosso instrumento. Mas devemos estar cientes de seu funcionamento e do que devemos ou não fazer para tratá-lo da melhor maneira possível. Conhecer seu instrumento de trabalho, assim como conhecer a si, é fundamental.

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Sonja: São tantos! Elis Regina, Ricardo Werther, Ricky Vallen, Etta James, Janis Joplin, Bessie Smith, Ma Rainey, Gal Costa, Maria Bethânia, Milton Nascimento, Rita Lee, Charles Bradley, Liniker, Angela Ro Ro, Maria Callas, Jessye Norman, Freddie Mercury, Lady Gaga, Beyoncé, entre muitos e muitos e muitos outros. Eu gosto de cantores e intérpretes de voz, personalidade e presença fortes. Isso é o que todos estes tem em comum e por isso me influenciam tanto.

11) RM: Como é seu processo de compor?

Sonja: Eu não tenho uma regra para o meu processo de composição. Geralmente as composições vem com o fluxo da vida. São coisas que eu (e todos) vivo e compor é uma das maneiras de assimilar, entender e me curar quando preciso, de coisas que vivencio. Já recebi composições prontas em sonhos, já fiquei anos sem compor… não tem regra.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Sonja: Marco Lacerda, guitarrista, diretor e produtor musical do meu trabalho e Enio Vieira, meu amigo-irmão, ex-guitarrista da minha primeira banda de Blues.

Também já compus com outros, como Jeyce Valente, uma amiga multitalentos que escreve super bem, Thamirys Lima, minha companheira, Bruno Zé, ex percussionista da banda Caravana Cigana do Blues (da qual não faço mais parte), Monique Kessous, minha prima, cantora de MPB, entre outros!

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Sonja: Pró é o fato de poder criar, gravar, cantar da maneira que quero, no tempo que eu quiser. Em contrapartida, eu diria as incertezas da caminhada (não tem uma “base”, sabe?). Acho que quase todo músico tem esse medo do quão incerta a carreira da música é. Mas não gosto muito de falar dos contras. Tudo é atração.

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Sonja: Tenho uma equipe que trabalha comigo para que possamos fazer o melhor possível com o que temos, incluindo a banda incrível que tenho o prazer de ter comigo. Planejamos as coisas de acordo com o vento, com o que temos na mão no momento, como podemos. É difícil falar de estratégias porque elas constantemente mudam, mas posso dizer que o maior objetivo é levar a música aos ouvidos e corações das pessoas, sem fronteiras.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Sonja: Além de ser minha própria e maior investidora, conto com o trabalho de assessoria de imprensa, em momentos específicos, além de uma produtora maravilhosa que trabalha junto a mim e outra maravilhosa que cuida das redes sociais para que possamos alcançar mais e mais pessoas através dessa “nova” ferramenta de divulgação que temos.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Sonja: A internet, sinto, fez as coisas ficarem muito desinteressantes, no sentido de “se não agrada em 3 segundos, eu passo a diante”. Isso é um desafio quando se trata de música, que é algo que se tem que degustar e, cá entre nós, degustar em 3 segundos é algo bem difícil, né? Ao mesmo tempo, é muito legal como o alcance pode atravessar oceanos em 3 segundos.

É um desafio entender este equilíbrio e o funcionamento, mas acredito que tentamos fazer o melhor com isto que temos. O fato, também, do número de seguidores às vezes contar mais do que o seu trabalho, pode ser assustador e desanimador. Mas as coisas são como são e precisamos fazer o melhor que podemos com isso.

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Sonja: Eu acho bem vantajoso, tanto para criação de conteúdo musical, quanto para maiores possibilidades de botar um trabalho no mundo. Toda possibilidade menos limitante é válida para que um artista possa criar. 

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Sonja: Eu nunca gostei de “soar como”, embora não consigamos fugir muito disso, já que criamos através de nossas influências. Eu nunca BUSQUEI me diferenciar, mas sempre busquei fazer aquilo que me faz sentir como se estivesse fazendo algo que me agrada. É por aí que me guio.

Sempre me agradou compor minhas próprias canções, participar da criação e nascimento de minhas músicas, ouvir diferentes artistas que podem ter algo a contribuir pro som que eu imagino dentro da minha cabeça para que ele possa nascer o mais próximo possível daquilo que imaginei.

Além disso, não consigo encenar. Todo amor que tenho ao cantar, é genuíno. Acho que essa coisa de botar tudo que tenho pra fora através da minha voz (o único momento da minha vida em que não tenho QUALQUER medo), pode ser um diferencial meu. Minha voz, presença e potência. Sei que tenho, porque sinto que estou preenchida quando canto, que canto com toda minha alma e que falo sobre coisas que sei – porque vivo e vivi. Isso pode ser um diferencial, imagino.

19) RM: Como você analisa o cenário do Rock e Blues no Brasil. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Sonja: Gosto muito da década de 70, com o surgimento do Celso Blues Boy no cenário Blues/Rock no Brasil e, ainda mais, os anos 80 pra cima, quando mais bandas de Blues começaram a surgir no cenário brasileiro, como Blues Etílicos, andando junto à cena de Rock em seu auge, como a banda Barão Vermelho (entre outras). Era o início de tudo pra nós e nós nem sabíamos (risos).

Penso que o Rock nunca morreu, ao contrário do que muitos dizem. Mas como em todas as épocas, se modificou. É um estilo de vertentes intermináveis, influência principal de muitos músicos e, por essas e outras, ele continua vivo e se renovando. O Blues, por sua vez, também vem se renovando.

Ao contrário do que muitos pensam, também, há sempre uma nova geração surgindo e mantendo o Blues vivo. Essa nova geração do Blues que veio quando comecei no Blues, está fazendo música até hoje, mantendo o Blues vivo.

Muitas bandas e músicos surgindo no cenário do Blues, assim como muitos festivais novos de Blues nascendo e, embora alguns destes não deem de fato muito espaço para os novos artistas de Blues, já é um grande passo o nome “Blues” estar se espalhando.

Antes era apenas o Rock e, hoje, vejo mais festivais onde o Blues se inclui. Seja Rock e Blues, seja Jazz e Blues ou mesmo apenas o Blues. Os espaços estão se expandindo, acredito. Devagar, ainda, mas estão.

Entre os artistas novos da cena, destaco a Francinne que é uma guitarrista de Blues do interior de São Paulo – e é maravilhoso ter mulheres no front do Blues! As mulheres do Abluesadas, a primeira banda de Blues só de mulheres do Brasil.

Além delas, Nanda Moura, BRUGGER, Caravana Cigana do Blues (banda cuja qual fui fundadora), Caru de Souza, até mesmo a Mokambo que tem o Blues como uma de suas influências no som.

Gosto de olhar para o Blues Etílicos, por exemplo, que continua fazendo show até hoje, que é uma das maiores influências para qualquer músico brasileiro de Blues e não só agradecer muito por essas pessoas que abriram esse caminho para nós que viemos depois, mas a esperança de que podemos nos agarrar no Blues e podemos sim continuar fazendo Blues daqui a 35 anos. Sabe? Eles estão aqui e nós pretendemos também estar.

20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?

Sonja: Ah, tem sempre aquelas situações onde querem seu show, mas não querem te pagar, né? E daí vem as mais diversas desculpas, como a mais famosa de “divulgar nosso trabalho”.

Falta de estrutura e condição técnica, infelizmente são coisas que passamos até hoje em alguns lugares. Falta de uma estrutura básica para um show, sem aviso prévio e essas coisas bizarras que todo músico já passou.

Tentamos ao máximo driblar isso, mas às vezes se torna impossível, infelizmente, porque não dependemos apenas de nós mesmos para um evento acontecer, né, então tem coisas que acabam fugindo do nosso controle.

Brigas? Vishhhhhhhh, já houve muuuuuuuuuuitas durante a carreira (risos), mas isso eu deixo para daqui há alguns anos, quando finalmente decidir fazer uma autobiografia (risos).

21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Sonja: Mais feliz é poder cantar. E cantar para várias pessoas, em vários lugares. Mais triste é até onde a desvalorização do nosso trabalho pelos outros e pela estrutura pode chegar.

22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Sonja: Eu acredito em dom, sim. Não só musical, mas o dom por exemplo para ser médico, pra ser arquiteto, para ser psicólogo, etc. Mas de nada adianta o dom sem o estudo e o esforço.

Eu acho que aquela faísca já nasce dentro de nós e quando a vida nos leva ao encontro do combustível para essa faísca e o fogo se acende, entendemos então que aquilo sempre esteve dentro de nós, nos chamando.

E aí é que começa o longo caminho de estudo, crescimento, desenvolvimento e o que mais for preciso para alimentar esse fogo que, de fato, nunca se apaga dentro de nós. Isso é dom, na minha crença. O dom nasce junto com nossa alma e espírito, mas cabe a nós aceitá-lo, cuidá-lo e desenvolvê-lo.

23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Sonja: Improvisação musical é das coisas mais difíceis e mais maravilhosas que já encontrei na minha caminhada de estudo. E é parte principal do meu canto e interpretação e penso que é algo que todo músico deveria investir tempo e energia (risos). É ter a liberdade de passear dentro de uma canção, de um canto, de uma música. É isso, ter liberdade.

Pessoalmente, a improvisação me permite explorar tudo e me permite ter liberdade no meu canto. Liberdade essa, que o Blues me proporciona também. Blues e improvisação, pra mim, andam juntos. No meu trabalho, principalmente.

24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Sonja: Claro que existe. É algo que pode ser estudado, mas a improvisação existe antes do estudo, sim.

25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Sonja: Pró – acredito que nenhum estudo é demais. Contra – tomar cuidado para que a improvisação continue sendo improvisação e não se torne algo muito calculado, o que pode vir a tirar a liberdade desta.

26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Sonja: O pró, como disse acima, é que acho que todo estudo é válido. Mas a música também é muito intuitiva, sabe? Temos que ter cuidado para que a música não seja aprisionada, mas sempre fluida.

27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Sonja: Em algumas poucas (pouquíssimas) rádios, sim. A rádio Roquette Pinto, por exemplo, dá muito espaço para artistas novos e independentes. Tocam nossas músicas na programação, além de darem espaço para entrevistas.

28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Sonja: Algo que ouvi de um moço na rua da Argentina, em Jujuy, que me parou, olhou nos meus olhos e disse: Um músico de verdade, deve continuar fazendo música.

29) RM: Festival de Música revela novos talentos?

Sonja: Quando dão espaço para esses novos talentos, sim. Mas é muito difícil. As lineups geralmente contemplam sempre os mesmos artistas. Alguns festivais abrem esse espaço.

30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Sonja: É sempre uma bolha que tentamos muito furar. Sempre. Sempre foi assim.

31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Sonja: Eu acho maravilhoso, embora alguns cachês recebidos não sejam muito bons, no sentido de valorizar todo nosso trabalho (e por trabalho digo não só o palco, mas tudo que vem antes e por trás do palco). Mas acho ótimo, porque nos dão espaço e tornam as coisas um pouco mais democráticas.

Mas ainda há muito para melhorar. Temos medo, às vezes, de botar o valor que realmente merecemos na planilha, porque sabemos que não seremos contemplados por não temos “nome” suficiente, aos olhos dos contempladores, para “pedir” tal cache. Mas ainda assim, como disse, é um espaço necessário e importante. E que contempla MUITOS artistas. Tiro o chapéu para iniciativas assim.

32) RM: Quais os seus projetos futuros?

Sonja: Os projetos futuros estão no futuro. Posso falar do presente, que é tudo que tenho. Quero aproveitar ao máximo e fazer quantos shows puder, em quantos lugares puder, com meu novo álbum Rainha de Copas (que está disponível em todas as plataformas digitais).

33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Sonja: https://www.sonja.com.br

| [email protected] .

| https://www.instagram.com/sonjamusica 

Canal: https://www.youtube.com/@SonjaMusica 

Calma – Sonja (Clipe Oficial): https://www.youtube.com/watch?v=3JYrYQZPyic


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.