O violonista 7 cordas, compositor, produtor e arranjador mineiro Sílvio Carlos, iniciou os aprendizados de violão popular com Pedro de Caux (Itabira-MG) e violão clássico com os professores Nelson Piló, Agostinho Bob, José Lucena (Belo Horizonte), se dedicando a partir de 1978 ao estudo do Violão de 7 cordas e sua aplicação no choro brasileiro, ocasião em que participou da fundação do “grupo Flor de Abacate”.
Desde então, vem realizando uma extensa pesquisa sobre a música instrumental brasileira, com destaque para o choro, acumulando ao longo de sua carreira uma eclética experiência, trabalhando e participando de apresentações musicais com artistas tão diversos quanto Paulinho da Viola, Paulinho Pedra Azul, Fernando Ângelo, Hermínio Bello de Carvalho, Luiz Nassif, Pernambuco do Pandeiro, Márcio Almeida, Ronaldo do Bandolim, Paulo Sérgio Santos, Ademilde Fonseca, Joel Nascimento, Izaías de Almeida, Zé da Velha e Silvério Pontes, Henrique Cases, Hamilton de Holanda e outros.
Responsável por arranjos, produções musicais e adaptações de várias composições para o samba e choro, de autores tais como Ary Barroso, Ernesto Nazareth, Heitor Villa Lobos, Wagner Tiso, Pixinguinha, Anacleto de Medeiros, Edu Lobo, Chico Buarque e outros. Tem participado de vários programas e eventos culturais em vários teatros em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, e no exterior (Argentina, França e Espanha) realizando shows e palestras sobre o choro. É integrante, produtor, líder e diretor musical e arranjador do “Grupo Flor de Abacate”. É integrante do grupo “Choro na Mercearia”. É integrante do “Grupo Treze Cordas”. É integrante do “Grupo Choro Nosso”. Foi diretor cultural do Clube do Choro de Belo Horizonte no período de 2006 a 2010 e de 2012 a 2014. É associado e músico do “Clube do Choro de Belo Horizonte”.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Sílvio Carlos para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 22.07.2021:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Sílvio Carlos: Nasci no dia 12.02.1957 em Itabira-MG. Registrado como Sílvio Carlos Silva Costa.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Sílvio Carlos: O meu pai, Tomaz da Costa Filho era violonista e minha mãe, Margarida Silva Costa era acordeonista. Desde criança eu tinha a música presente no cotidiano familiar, seja em audições organizadas por meus pais, seja ouvindo os seus discos de Seresta, Choro, Boleros, e outros ritmos. Os discos de música instrumental sempre me chamavam mais a atenção, principalmente os de solos de violão.
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Sílvio Carlos: Sou músico autodidata e tive aulas particulares com professores de Violão reconhecidos no cenário mineiro, como Nelson Piló, Agostinho Bob, José Lucena Vaz. Fora da área musical, sou formado em Engenharia Elétrica pela UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais (1980).
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Sílvio Carlos: Tenho como minhas grandes influências musicais no passado os violonistas Dilermando Reis, Dino 7 cordas, Baden Powell, Toquinho, Raphael Rabello. No presente, cito influências dos músicos Maurício Carrilho, Rogério Caetano, Walter Santos e outros. Todas essas influências se mantêm importantes como minhas fontes de consulta permanentes.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Sílvio Carlos: Comecei a estudar violão em 1978, em Belo Horizonte – MG, por influência do Sr. Pedro de Caux (violonista de Itabira – MG), que me recomendou alguns dos professores de Violão citados acima. Não me via ainda como profissional na música, eu era autodidata, mas já me lançava como solista de Violão com um repertório popular e erudito. O estilo musical que me chamou a atenção foi o Choro, mas sempre estive atento ao samba e à nossa música regional. Logo me veio a ideia de criar um grupo de Choro. Nasceu então o “Flor de Abacate”, e a partir daí passei a tocar o Violão de 7 cordas e cuidar da direção e dos arranjos do grupo.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Sílvio Carlos: Tenho três CDs lançados do meu grupo “Flor de Abacate”: Em 1999 “Flor de Abacate”. Em 2001 “Batuque”. Em 2004 “Belini Andrade e Grupo Flor de Abacate”.
Cito algumas participações em CDs: “Flor de Abacate” (1999). “Projeto ZAS – Coletânea 2000”. “Batuque” (2001). “Tangos e Boleros” – Waldir Silva (2001). “Nos Tempos de Ernesto Nazareth e Zequinha de Abreu”– Waldir Silva (2002). “Natal Brasileiro” – Waldir Silva (2003). “Belini Andrade e Grupo Flor de Abacate” (2004). “Minha Vida meu Canto” – Rosa Márcia (2006). “Velho Companheiro – Belini Andrade” (2010). “SESC Minas ao Luar” (2014). “Grupo Choro de Minas” (2016).
Discografia que fiz principais participações como Violonista de 7 cordas: “Alô Brasil Aquele Abraço” – Aldo Fernandes ”Rosinha Alvarenga”; Rosinha Alvarenga ”Cantando no Banheiro” – Regina Lopes; “Sonhos” – Ângelo Ferreira. CD – “Boleros de Ouro” vol. 3 – Waldir Silva. CD “Tangos e Boleros” – Waldir Silva. CD “Projeto ZAZ – Coletânea 2000”. CD “Nos Tempos de Ernesto Nazareth e Zequinha de Abreu” – Waldir Silva. CD “Duas Faces” – João e Gilberto Abreu. CD “Gente e Terra Gerais” – Idelfonso Vieira. CD ” Belôricéia” – Helena Pena. CD “Encontro dos Rios” – Thelmo Lins. CD “Fernando Ângelo Imita” – Fernando Ângelo. CD “Flor de Abacate” – Grupo Flor de Abacate CD “Batuque” – Grupo Flor de Abacate CD “Formas de Chorar” – Rubim do Bandolim. CD “Natal Brasileiro” – Waldir Silva. CD “Fernando Sodré” – Violeiro. CD Vinheta “Ary Barroso 100 anos”. CD “Belini Andrade e Flor de Abacate”. CD “Chorobone” – Marcos Flávio de Aguiar. CD “Bandolinista Marcos Frederico – Sinuca Tropical”. CD “Minha Vida meu Canto” – Rosa Márcia. CD “Zé da Guelmar”. DVD “Na Levada do Choro” do Grupo Corta-Jaca – 2008. CD “Coletânea Choro Livre – volume 1”. CD “Isto é Meu Brasil” – Canta Brasil. CD “Cecília Barreto Autoral” – 2009. CD “É isso aí – Gervásio Horta”. CD “Velho Companheiro” – Belini Andrade – 2010. CD “Casa da Dinha” – Clube do Choro de Betim-2013. CD e DVD “SESC Minas ao Luar” – 2014. CD “Aurelie e Verioca – Pas a Pas” – 2014. DVD “Ramon Braga” 2014. CD “Marcos Flávio – Coletânea”.
Produção de CDs, Arranjos e Direção Musical: ”Alô Brasil Aquele Abraço” – Aldo Fernandes 1994. CD “Flor de Abacate” – Grupo Flor de Abacate – 1999. CD “Batuque” – Grupo Flor de Abacate – 2002. ”Ary Barroso 100 anos – Vinheta” – 2003. CD “Belini Andrade e Grupo Flor de Abacate” – 2004. ”CD Minha Vida Meu Canto – Rosa Márcia” – 2006. “Direção Musical das apresentações e gravações promovidas pelo Clube do Choro de Belo Horizonte” de 2006 a 2010. “CD Velho Amigo” – Belini Andrade – 2010. “CD e DVD Minas ao Luar 2014” faixas com o Grupo Flor de Abacate. “CD Pas a Pas – Aurelie e Verioca” – 2014 (Faixa Pas a Pas). “CD e DVD Choro de Minas” – 2016.
07) RM: Como você define o seu estilo musical?
Sílvio Carlos: Sou violonista com formação popular, com dedicação ao estudo do Violão de 7 cordas e sua aplicação ao Choro.
08) RM: Como é o seu processo de compor?
Sílvio Carlos: A composição começa com um tema ou quando surge alguma ideia melódica básica, que procuro desenvolver no violão (sempre) a partir da combinação com a harmonia. Na maioria das vezes sigo a forma do choro, tanto na estrutura como na quadratura. O processo de composição se inicia de forma instantânea. O desenvolvimento e conclusão podem se dar em um período de dias a semanas.
09) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Sílvio Carlos: Os meus parceiros principais são letristas, que identifico abaixo juntamente com a composição: Márcio Metzker (Saudade de Itabira), Paulinho Pedra Azul (Tantos anos sem ele), Sávio Lage (Cancela).
10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Sílvio Carlos: A vantagem de desenvolvermos a nossa carreira musical independente é que podemos definir nossos objetivos, público alvo, repertório, disponibilidade, cronograma, sem contratos ou vínculos com produtoras ou selos. E nos permitindo administrar resultados e obter diretamente os retornos financeiros. As principais desvantagens são as de não contarmos com a experiência das produtoras nos projetos artísticos. E a dificuldade de alcançar a grande mídia, termos que arcar diretamente com os custos da produção e recorrer a financiamentos ou outras formas de captação de recursos.
11) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Sílvio Carlos: Procuro estabelecer um plano de ação, que começa com a escolha do repertório tendo em vista a possibilidade de adaptá-lo ao público alvo, a divulgação dos eventos. E analisar os custos envolvidos, procurando o objetivo de aceitação pelo púbico, o maior sucesso e repercussão possíveis.
12) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Sílvio Carlos: Com um plano de marketing já estabelecido, procuro manter o processo de divulgação contínua do meu trabalho como violonista, compositor e arranjador, buscando parcerias musicais e me oferecendo no mercado de trabalho cultural. Preocupo-me sempre em monitorar as ações e estratégias, buscando adaptações e aperfeiçoamentos.
13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?
Sílvio Carlos: A internet é atualmente o melhor veículo de divulgação do trabalho do músico, incluindo sua obra e seu currículo. As informações estão disponíveis para acesso permanente, e as redes sociais e suas ferramentas tornaram-se imprescindíveis para a estreitar a relação do músico com o seu público.
14) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Sílvio Carlos: Com a disponibilização de vários aplicativos para gravação e edição de áudio e vídeo, para computadores e celulares, a gravação “home estúdio” se tornou uma ferramenta atual e essencial para o músico mostrar o seu trabalho. Os músicos que dominarem essa tecnologia conseguirão obter um bom resultado em suas gravações. Como desvantagem, eu aponto a dificuldade de se utilizar recursos e equipamentos profissionais como aqueles só disponíveis nos estúdios de gravação tradicionais.
15) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Sílvio Carlos: De fato, a gravação de um disco ficou muito acessível aos músicos. Independentemente da concorrência de mercado, me preocupo sempre em desenvolver trabalhos musicais desafiadores, gratificantes e de qualidade, e com repertório muito bem selecionado, pensando sempre na aceitação pela grande mídia e buscando os melhores resultados possíveis.
16) RM: Como você analisa o cenário do Choro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas e quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Sílvio Carlos: O Choro vive um momento de grande efervescência. Faz parte do currículo disciplinar de várias escolas de música no Brasil, e é tocado em toda parte. Clubes de Choro foram fundados em Estados, cidades, e até no exterior, contribuindo para sua difusão. As revelações musicais e figuras importantes do Choro, na minha opinião, citando aqui os intérpretes, temos desde os mais antigos até os atuais: Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Paulo Moura, Altamiro Carrilho, Dino 7 Cordas, Abel Ferreira, Baden Powell, Raphael Rabello, Hamilton de Holanda, Yamandu Costa, Rogério Caetano. As suas obras permanecem consistentes e maduras dentro da sua época e essas figuras importantes do choro tem servido de incentivo para os jovens instrumentistas.
17) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Sílvio Carlos: Hamilton de Holanda, Rogério Caetano, Eduardo Neves, Dudu Maia, Cristovão Bastos, Maurício Carrilho.
18) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?
Sílvio Carlos: Ocorreram várias situações hilárias, mas uma aconteceu em uma cidade do interior de Minas, onde a atração do show era o meu grupo “Flor de Abacate”, diante de uma plateia lotada em uma praça. A nossa apresentação transcorria normalmente, até que o prefeito da cidade, que tinha tomado uns drinks a mais, e muito empolgado, subiu ao palco e interrompeu o show para anunciar as benfeitorias e melhorias que tinha feito na sua gestão. Nesse momento começou uma “chuva de vaias” vinda do público. A esposa do prefeito resolveu intervir, e mostrar o seu apoio ao marido, discordando das vaias e criticando a plateia. A plateia ficou mais furiosa e começou a atirar objetos no palco. Infelizmente estávamos na zona de confronto. O show foi interrompido e tivemos que nos retirar sob vaias.
19) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Sílvio Carlos: A grande felicidade é ter o reconhecimento público e a obra valorizada. A grande tristeza é ter que depender financeiramente e exclusivamente da música instrumental, que é pouco valorizada.
20) RM: Você acredita que sem o pagamento do Jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Sílvio Carlos: Dificilmente. Há exceções como a Radio Inconfidência (daqui de Minas Gerais) que toca somente música brasileira e divulga o trabalho dos músicos mineiros.
21) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Sílvio Carlos: Que tenha em mente as dificuldades e incertezas dessa carreira, que procure se formar como músico para garantir um melhor espaço e reconhecimento no mercado.
22) RM: Quais os violonistas que você admira?
Sílvio Carlos: Baden Powell, Toquinho, Dino 7 Cordas, Raphael Rabello, Yamandu Costa.
23) RM: Quais os compositores eruditos que você admira?
Sílvio Carlos: Villa-Lobos, Bach, Beethoven, Haydn, Mozart.
24) RM: Quais os compositores populares que você admira?
Sílvio Carlos: Pixinguinha, Cartola, Tom Jobim, Chico Buarque, Dorival Caymmi.
25) RM: Quais os compositores do Choro?
Sílvio Carlos: Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Ernesto Nazareth, Maurício Carrilho, Waldir Azevedo.
26) RM: Apresente seu projeto com o Choro em Belo Horizonte – MG.
Sílvio Carlos: Eu faço parte de uma geração de músicos de Belo Horizonte que se lançou na década de 1980, em uma época com pouco material disponível sobre o Choro. O que tínhamos eram as gravações em discos dos grupos de Choro tradicionais e raras partituras que nos chegavam em mãos através de amigos. Aos poucos começamos a realizar trabalhos de pesquisa e divulgação, desenvolver métodos, promover rodas de choro e incentivar a criação de grupos locais. O choro se desenvolveu tanto em Belo Horizonte, que em 2006 resolvemos fundar o “Clube do Choro de Belo Horizonte”, do qual fui o Diretor Cultural. Atualmente faço parte dos seguintes grupos de Choro com grande destaque e atuação no cenário musical de Belo Horizonte:
Silvio Carlos (https://www.instagram.com/silvio7cordas/)(https://www.facebook.com/silvio.carlos.167); Grupo Flor de Abacate (https://www.facebook.com/Grupo-Flor-de-Abacate-1589462451368317/); Grupo 13 Cordas (https://www.facebook.com/13cordas/); Grupo Choro Nosso (https://www.facebook.com/ChoroNosso); Grupo Choro da Mercearia (https://www.instagram.com/chorodamercearia/?hl=pt-br); Grupo Choro de Minas.
27) RM: Quais as diferenças técnicas entre o Violão Erudito e de 7 cordas?
Sílvio Carlos: Temos aí duas escolas bem distintas e definidas. As diferenças são muitas, desde a forma de execução até a interpretação e estilo. O Violão erudito requer um desenvolvimento considerável em leitura musical, se fixa em padrões estéticos e estilo definidos na Escola do Violão Clássico tradicional, e a execução pelo intérprete segue obrigatoriamente uma partitura ou arranjo pré-definido. A linguagem do Violão de 7 cordas é mais livre, e aberta a improvisação. Ambos estilos exigem habilidade e técnica apurada. Cito abaixo algumas particularidades do Violão de 7 cordas tradicional: Utilização de cordas de aço combinadas com nylon; Utilização de dedeira; É mais utilizado como um violão de acompanhamento; A condução se dá mais na região média grave e nas linhas dos baixos; Tem caráter intuitivo e pessoal.
28) RM: Quais as principais técnicas que o aluno deve dominar para se tornar um bom Violonista de 7 cordas?
Sílvio Carlos: É ideal que o aluno iniciante de 7 cordas já tenha contato com o Violão de 6 cordas, tenha conhecimentos básicos de harmonia e solo, e que principalmente seja criativo e com habilidade para compor. Cito ainda alguns pré-requisitos: Ter bom conhecimento e habilidade no uso escalas, tríades, e acordes de sétimas, sextas, e suas inversões. Ter um bom ouvido, bom ritmo e bom gosto musical.
29) RM: Quais os principais vícios e erros que devem ser evitados pelo aluno de Violão de 7 Cordas?
Sílvio Carlos: Os grandes erros ou vícios do executante são não entender a função do 7 cordas no estabelecimento dos contrapontos e não obedecer a cifragem (harmonia) estabelecida na música.
30) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?
Sílvio Carlos: Não vejo erros na metodologia, mas entendo que devam ser aplicadas adaptações e práticas para atender necessidades específicas de alunos em função das suas dificuldades de aprendizado.
31) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Sílvio Carlos: Sim. O dom musical é a capacidade natural e inerente ao indivíduo de absorver e transmitir a música, com uma particularidade tal que o distingue dos demais músicos, tornando-se uma referência no meio musical.
32) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Sílvio Carlos: É a arte de compor ou criar uma melodia, ritmo ou conjunto harmônico, normalmente em tempo real, obedecendo a estrutura musical de um tema ou melodia pré-existente.
33) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Sílvio Carlos: A improvisação musical bem sucedida depende muito mais da capacidade criativa do músico e da expertise no instrumento, do que a observância aos métodos sobre improvisação. Há muitos músicos famosos que nunca recorreram à métodos de improvisação e nem estudaram teoria musical, e apesar disso nos surpreendem com a sua capacidade de improviso. O conhecimento das escalas básicas é um elemento importante para se fazer um improviso, desde que associado ao bom gosto em desenhar frases musicais com as notas.
34) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Sílvio Carlos: A improvisação pode ser de forma instantânea (e espontânea), ou previamente estudada para ser aplicada em determinada melodia. Numa roda de choro, que tem sempre um caráter informal, é muito comum o músico adotar a improvisação instantânea.
35) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Sílvio Carlos: A estrutura de formação de acordes e os conceitos harmônicos em geral são fundamentos imprescindíveis para qualquer aluno de música. Não há contras.
36) RM: Quais os métodos que você indica para o estudo de leitura à primeira vista?
Métodos de violão como os de McArthur Lehmann, Emílio Pujol, Nelson Faria, e basicamente os baseados na Escola do Francisco Tarrega.
37) RM: Como chegar ao nível de leitura à primeira vista?
Sílvio Carlos: A leitura à primeira vista ao violão exige muita prática, estudo permanente e grande habilidade motora. Os violonistas em geral recorrem à partitura para preparar antecipadamente a execução. A leitura em tempo real é difícil por conta das diversas possibilidades de digitação e caminhos melódicos/harmônicos do violão.
38) RM: Qual a sua relação pessoal e profissional com Carlos Walter?
Sílvio Carlos: Conheci o Carlos Walter em 2006. A partir de 2007 criamos o Duo 13 Cordas para divulgar nosso trabalho violonístico (violão de 6 cordas + violão de 7 cordas). Desde então, participamos de vários circuitos culturais, oficinas e gravações no Brasil e no exterior.
39) RM: Qual a origem e função do Violão de 7 Cordas?
Sílvio Carlos: Apesar de ser considerado hoje o mais brasileiro dos violões, o instrumento de sete cordas ainda tem origem incerta. Sua história no país é registrada a partir do século 20. China (Octávio Littleton da Rocha Vianna), irmão mais velho de Pixinguinha e integrante dos “Oito Batutas”, e Tute (Arthur de Souza Nascimento), foram os primeiros a terem contato com o instrumento, acabando por ambientá-lo no choro e no samba. Esse violão, no entanto, demorou a ser absorvido pelos conjuntos. Isso só aconteceu a partir dos anos 50, com a ajuda de Dino 7 Cordas, que se tornou o mais conhecido representante do instrumento, e que criou um estilo próprio, seguido por todos os 7 cordas de todas as gerações seguintes. O Violão de 7 cordas é um elemento dinamizador dos movimentos entre as partes da música, utiliza constantemente inversões, e estabelece uma relação íntima com a melodia principal em contrapontos.
40) RM: Quais os seus projetos futuros?
Sílvio Carlos: Gravação de CD instrumental 7 cordas. Gravação do quato CD do grupo “Grupo Flor de Abacate”. Gravação do primeiro CD do “Grupo 13 Cordas”. Desenvolver uma plataforma para ensino do Violão de 7 cordas.
41) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Sílvio Carlos: [email protected] |[email protected]
|[email protected]|www.flordeabacate.com.br
| https://www.facebook.com/silvio.carlos.167
|https://www.instagram.com/silvio7cordas
Canal: http://www.youtube.com/c/SILVIOCARLOS7CORDAS