More Silvilí »"/>More Silvilí »" /> Silvilí - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Silvilí

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A cantora paulistana Silvilí iniciou a carreira em 2004, freqüentando as rodas de choro e samba em São Paulo. Incentivada pelo violonista carioca Voltaire (violonista 7 cordas conceituado e que participou de regionais importantes como o de Altamiro Carrilho). Ela não demorou a ser reconhecida e receber apoio de outros músicos e compositores do Choro de renome nacional.

Silvilí nasceu em berço musical, mas só começou a carreira já madura. Traz a influência direta da avó Ely Graziano, da dupla Ely e Gracy, cantora pioneira do rádio paulistano na década de 30, contratada pelas Rádios Tupi e Nacional. Sua voz e interpretação nos fazem voltar a um tempo em que a qualidade da música popular brasileira interpretada pelos cantores e cantoras de Rádio era uma referencia mundial. Para cantar ao vivo nos auditórios das rádios tinha que ser a VOZ e ter domínio pleno das técnicas vocais. Quando os compositores começaram a gravar suas próprias canções na década 60 e 70 e com a troca das apresentações ao vivo pela execução dos discos aos poucos a exigência de ter uma bela voz para cantar foi ficando em segundo plano, infelizmente. Por isso é gratificante ouvir uma cantora de afinação impecável sem acrobacias vocais e com uma suavidade na voz de colocar crianças e adultos para sonhar acordados. O repertório do disco Conseqüências impressiona por trazer canções inéditas, de compositores pouco conhecidos, e nos parecer clássicos da música brasileira. E os músicos que participaram das gravações já fazem parte da história do Choro brasileiro e os arranjos são primorosos. Silvilí com seu primeiro disco quebrou alguns paradigmas, o primeiro por ser mulher em um ambiente musical tipicamente masculino. O segundo vestir de canções um gênero originalmente instrumental. E terceiro por ser nova em tempo de carreira, mas que ganhou o respeito dos ícones do Chorinho brasileiro.

No palco ela mostra como desarmou essa trupe das antigas. Com uma naturalidade de quem canta na intimidade do seu lar, sem afetações nem estrelismo e respeitando o mandamento mais importante do Choro: dominar com maestria o seu instrumento. A alma de um regional é o duelo salutar entre músicos virtuoses, ela entrou soberana com a voz e interpretação. Ganha o Choro que não é só um gênero musical, mas uma opção de vida.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Silvilí para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada para Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 03.03.2008: 

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Silvilí: Nasci no dia 12 de maio no bairro do Cambucí, São Paulo. Fui registrada como Silvia Andréa Sakovic.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Silvilí: Minha família sempre gostou muito de música, sempre tinha um rádio ligado. E minha avó materna (Ely Graziano), foi cantora de rádio na década de 30, mas largou a carreira pra casar, coisa muito comum na época. Ela estava sempre cantando em casa à capela, pois não tínhamos contato com outros músicos. A música sempre esteve presente na minha vida.

03) RM: Qual a sua formação musical e\ou acadêmica (Teórica)?

Silvilí: Na infância, adolescência e até em parte da minha vida adulta nunca pensei em estudar música. Nunca me imaginei como profissional. Percebi uma vocação ou talento quando fiz 30 anos de idade. Fiz um curso de canto e técnicas vocais. Mas acredito que a minha musicalidade é super intuitiva, emocional. E fiz curso técnico de Designer em decoração de interiores na Escola Pan-americana de Artes – SP.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Silvilí: Nada deixa de ter importância, principalmente se nos influenciou de alguma forma, seja positiva ou negativa. Com oito anos de idade fomos morar na Itália e minha avó presenteou minha mãe com muitas fitas K7 com músicas brasileiras e com um repertório eclético. Ainda me lembro de estar num país estranho e ficar ouvindo a minha língua através das músicas. Isso teve e tem influência no meu trabalho, por isso meu trabalho é voltado exclusivamente para a música brasileira. Com relação ao meu gosto pessoal, gosto mais das músicas que falam das emoções.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Silvilí: Quando eu achei que realmente queria cantar. Conheci um tecladista, meu vizinho, cantei algumas vezes com ele, mas não deu muito certo, talvez pelo tipo de repertório, a coisa não fluiu. Depois fiz um curso de canto com um professor, que é um músico excelente, gravamos três músicas, mas apesar dos elogios, eu não sabia direito o que fazer com aquilo, onde levar? Pra quem mostrar? Eu não conhecia ninguém. Até que em 2004 conheci o músico Voltaire na cidade Conservatória – RJ. Fiquei extremamente encantada com a forma que ele tocava magistralmente o Violão de 7 cordas, eu nunca tinha visto um! Eu parecia uma criança (Feliz). Dois meses depois ele se hospedou na minha casa em São Paulo e eu passei a leva-lo nas rodas de choro pra tocar. Foi assim que conheci os músicos que hoje são grandes amigos e parceiros. Recebi incentivo e apoio de todos e quando tive a oportunidade de entrar na roda e cantar, foi que compreendi que ali estava a minha família musical, a minha tribo, entende?

06) RM: Fale do seu primeiro CD (os músicos que participaram nas gravações). Qual o ano de lançamento e as musicas que se destacaram?

Silvilí: Passei a participar das rodas de Choro e com mais freqüência a tradicional da loja Contemporânea, onde pude conviver mais de perto com o Arnaldinho do Cavaco (acompanhante oficial de Jamelão). Encontrei uma afinidade profunda com esse músico que na minha opinião é genial. Quanto mais eu o ouvia tocar mais encantada ficava. Depois disso não tive dúvidas que ele faria a direção musical do meu disco que até então era só um desejo. Fui aos poucos conhecendo os compositores nas rodas e também no Clube Caiubi de Compositores. Foi assim que nasceu o disco, eu tinha facilidade de tratar diretamente com os autores das músicas. Essa vontade de montar um repertório inédito e mostrar que o Brasil ainda é berço de grandes artistas, foi o que me motivou. O Arnaldo é um grande e multi-instrumentista, além de ótimo arranjador, então entreguei 10 musicas pra ele e falei da minha vontade de chamar outros 2 arranjadores, pra dar um tempero diferente. Convidei o Marco Bertaglia e o Leonardo Costa. As gravações aconteceram de abril a dezembro de 2006 e no total tivemos a participação de 25 músicos. Foi quase uma festa (risos).Tivemos instrumentistas ilustres do choro e do samba, como: O Izaías (bandolim), João MacacãoYvison Pessoa (Casca) e outros nem tão conhecidos, mas igualmente importantes. Eu acompanhei tudo de perto e a cada gravação eu ia me derretendo de emoção. Fiz questão de ter no encarte a ficha técnica de cada música. Ganhei da amiga Andréa Barbosa uma comunidade no ORKUT e pra quem tiver curiosidade tem um tópico onde conto a história de cada composição.

07) RM: Como você define o seu estilo?

Silvilí: Como uma intérprete de música brasileira.

08) RM: Quais são seus principais parceiros musicais?

Silvilí: Minha mãe é fundamental, me dá apoio em tudo. Com certeza o Arnaldinho, em nossas apresentações (Voz e Violões ou um show com a banda completa), é ele que cuida da direção, escreve os arranjos. O Marco Bertaglia (7 cordas) e o Tico (percussão) estão sempre conosco, desde o principio. Também o Marcus Marmello que está sempre resolvendo um pouco de cada coisa. A Contemporânea Instrumentos Musicais e a PartWork Associados que nos deram apoio cultural para o lançamento do CD . E todos aqueles que apoiam, nem que seja, só com palavras de incentivo, pessoas que dão alguma oportunidade, como você, são todos parceiros.

09) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Silvilí: A grande vantagem é a liberdade de ação, de escolhas, de atitudes. A princípio, isso me pareceu assustador ser responsável por tudo. A desvantagem, no meu caso, é que dificilmente um artista tem o perfil de empresário. Transformar a sua Arte em dinheiro (produto). Tratar, negociar e vender show e divulgar, tudo ao mesmo tempo é muito complicado (risos). É uma luta interna e diária pra se superar (risos). Principalmente quando não se é ¨do ramo¨, a gente vai dando cabeçada aqui e ali, mas também vai aprendendo. Na maioria dos casos não há dinheiro suficiente pra contratar um profissional ou investir nas idéias e projetos. E quando você não é muito conhecido. Ninguém te dá bola! O trabalho é árduo, mas não impossível.

10) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Silvilí: Que pergunta complexa (risos). Não gosto muito de falar do trabalho alheio. Percebo que há um medo. Um receio de investir no novo. Vejo artistas novos regravando antigos sucessos, grupos com os mesmos formatos. É uma fase de transição, internet e globalização. Todo mundo meio perdido, sem saber ao certo o que vai acontecer a curto e longo prazo. Mas o que vejo no cenário musical é o surgimento de grandes obras, justamente dos independentes, por conta da liberdade de criação que se tem. Vejo muitos artistas hoje trazendo a arte pura na sua essência. A Arte pela Arte, sem muita manipulação.

11) RM: Fale da sua escolha pela música após exercer outras atividades?

Silvilí: Vou tentar explicar. Foi me dominando, quanto mais próxima da música eu ficava, mais queria estar. É um sentimento de estar completa, de estar feliz, de seguir o coração. O que eu sei e vejo é que hoje os meus olhos brilham, pra mim isso é o suficiente, é isso que indica o caminho certo.

12) RM: Nos apresente a cena musical paulistana?

Silvilí: Acho que o meu CD – “Conseqüência” é um bom espelho (risos). Praticamente todos os artistas participantes são paulistas/paulistanos. Tem 2 compositores cariocas, mas em parceria com paulistas (risos). Não foi uma escolha, apenas aconteceu.Tem muita coisa que eu não conheço, mas vou dar algumas dicas: RODAS DE CHORO Contemporânea Instrumentos Musicais – Rua Gal Osório, 46 – Luz – 32218477 – aos sábados das 10:00 às 14:00. E para quem quiser esticar, no bar da frente tem O Centro do Samba – Roda comandada pelo amigo e compositor Beto Velasco, que este ano lança seu CD autoral. Roda do Sr Izaías – Estúdio de Ensaio Musical do Silvinho – Rua Capital Federal, 186 – Sumaré – 38715919 – Sextas a partir das 20:30. Manoel Andrade Luthier – Rua Alfredo Pujol, 1158 – Santana – 62834986 – Sábados a partir das 19:00. Clube Caiubi de Compositores – Vila Teodoro botequim musical – Teodoro Sampaio 1229 – Pinheiros – 30836465 (As segundas o pessoal se reúne pra mostrar os trabalhos autorais – 21:00).

13) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?

Silvilí: Um dia eu estava na Roda de Choro e resolvi cantar um samba, eu procuro sempre saber nome do compositor, mas deste eu realmente não sabia. E quando eu acabei de cantar um sujeito levantou e começou a agradecer. Fiquei meio sem graça, mas acho que ninguém percebeu. Ele achou que escolhi o samba pela presença ilustre do compositor. Outra vez subi no palco e me deu um branco. A música começou e esqueci a letra, nunca mais subo no palco sem a pasta do repertório (risos). As cantadas acontecem. Algumas são elegantes e inteligentes, lisonjeiras. Mas na maioria das vezes não. Tem muita cantada grosseira, às vezes de pessoas influentes. É muito chato quando isso acontece. São situações de saia justa. Muitas vezes finjo que não entendi, desvio o assunto, tento levar na brincadeira. Quando a coisa é muito direta, eu costumo exclamar: Até tu, Brutus! Mostrando indignação. Tipo eu não esperava isso de você! É uma forma de dar uma outra oportunidade pra pessoa entender que não é por aí. Se mesmo assim insistir, não resta alternativa a não ser cortar. Mas eu fico triste. Eu lamento muito quando isso acontece, mas acredito no caminho da ética, sempre.

14) RM: Como é o seu processo de compor?

Silvilí: Você não imagina como eu gostaria de responder esta pergunta (risos). Mas a verdade é que eu não componho, ainda.

15) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Silvilí: Fico feliz cantando, com oportunidades, quando tenho o trabalho reconhecido. Nem sei direito o que me deixa triste. Quando uma coisa não dá certa. Eu sigo. Vou seguindo, não paro muito pra pensar nisso.

16) RM: O que você diria para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Silvilí: Vá em frente. Não se esqueça de ouvir seu coração.

17) RM: Quem são os músicos conhecidos que você se espelha como um padrão de criatividade e profissionalismo?

Silvilí: Os que dão certo. Mas o meu espelho mesmo, são os meus próprios valores.

18) RM: Fale de sua escolha pelo gênero Samba e Choro.

Silvilí: Na verdade a minha escolha é pela música brasileira como um todo. E o samba está no meio dela. Acho que o CD mostra bem isso, é uma miscelânea que reúne o tradicional com o contemporâneo, tanto nas composições, como nos arranjos e com a escolha dos instrumentistas. Toninho Spessoto (Jornalista já falecido) definiu como um mosaico. João Tomás do Amaral (Jornalista/Pesquisador) define como o Samba/Choro de São Paulo. Bossa/Choro/Samba pra mim são todos irmãos. Acho que o meu trabalho é reflexo de como é um brasileiro.(eu sou brasileira). Uma mistura de raças, de culturas, de cores, de ritmos e melodias.

19) RM: Quais os projetos futuros?

Silvilí: Quero fazer muita coisa, muitos shows, viajar. Mas pra começar eu gostaria de poder mostrar o meu trabalho nos espaços culturais da minha própria cidade. Não parar mais. Seguir em frente. Agradeço muito a você, Antonio Carlos. Desejo muita luz pra todos.

20) RM: Quais os seus contatos?

Silvilí: (11) 99413 – 9185 | 99456 – 5558 | https://www.facebook.com/Silvilí-153528474776682


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.