Shalin Way, nascida em Salvador – BA em 1977, é filha de Jacks Wu, cantor e compositor, parceiro musical dos Velhos Camaradas de Tim Maia, os cantores e compositores: Hyldon, Cassiano, Fábio Stella, entre outros, que a influenciou a seguir a linha soul music. É de Wu a música “Deus, a Natureza e a Música”, que dá nome ao segundo disco de Hyldon, de 1976.
Shalin estudou canto erudito na Universidade Federal da Bahia e, em 1998, estreou como solista do coral do ACBEU, sob a regência do maestro Cícero Alves Filho.
Integrou como cantora, de 1995 a 1999, a banda Naum, que atuava no circuito alternativo de Salvador. Em 2005, cantou “Talismã”, de Alexandro Videro, no projeto Balaio Atemporal, pela gravadora carioca Guitarra Brasileira, dirigido por Renato Piau. O CD tem participações, além de seu pai (Jacks Wu), de Tim Maia, Luiz Melodia, Armandinho, Fábio Stella, Léo Gatti, Fernanda Morais e um time de músicos e arranjadores da pesada.
Em 2005, com o instrumentista e diretor musical Tavis “Black” Magalhães, concebe a banda Attemporais (nome inspirado no CD do Balaio). Já se apresentou em diversos espaços pela Bahia e outros estados. Segundo diz, o som da Attemporais tem “uma concepção bem brasileira, mas com uma linguagem universal com identidade e personalidade construída ao longo do tempo”.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Shalin Way para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 08.04.2023:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Shalin Way: Nasci no dia 08/04/1977 em Salvador, Bahia. Registrada como Shalim Wei Lopes Wu.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Shalin Way: Sou filha do cantor e compositor Jacks Wu (chinês nascido em Shangai) e de mãe baiana (Núbia). Tive meu primeiro contato com a música por influência do meu pai adepto a Soul music da Montown e a Soul brasileira, ele era parceiro musical dos velhos camaradas Tim Maia, os cantores e compositores Hyldon, Cassiano, Fábio Stella. Através de minha mãe (Núbia), conheci os ritmos brasileiros: Gonzaguinha, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Os Novos Baianos.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Shalin Way: Fiz aula de Canto Popular na Universidade Federal da Bahia além de ter formação em Serviço Social.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Shalin Way: Tive meu primeiro contato com a música com influência do meu pai, Jacks Wu, adepto a Soul música Montown ouvindo grandes hits do Marvin Gaye, Stevie Wonder, Sly & the Family Stone, dentre outros e a Soul music brasileira: Tim Maia, Hyldon, Cassiano, Fábio Stella e os brasileiros: Gonzaguinha, Gil Caetano Gal, Os Novos Baianos, Rita Lee, Elis Regina. Todos são artistas e obras Atemporais.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Shalin Way: iniciei a carreira musical fazendo aula de canto popular na Universidade Federal da Bahia (UFBA) aos 16 anos de idade e fiz a minha estreia cantando e sendo solista do coral do ACBEU (Programa de Inglês, Cultural e Escola Bilíngue), com sede em Salvador – BA com Daniel Boaventura e Lês Misérables.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Shalin Way: Em 2005 fui convidada pelo empresário e produtor Mario Gatti para participar do CD – Balaio Atemporal que foi lançado pelo Guitarra Brasileira do guitarrista Renato Piau e com direção musical do Luiz Melodia e lançado pelo selo Tratore. E com a banda Attemporais em parceria com o produtor musical Tavis Black Magalhães lançamos alguns singles com clipes. Tavis começou a estudar violão clássico aos 13 anos de idade na Universidade Federal da Bahia, onde aprimorou o conhecimento musical e instrumental em diversos cursos e workshops. Concluiu o curso técnico de música em 1998, mas, apesar da formação erudita, pendeu para a música popular, produzindo outros artistas no seu estúdio Tríade, que passaram nomes como Léo Gandelman, Luiz Melodia, Nico Assumpção, Márcio Montarroyos, Arthur Maia, Peninha, Beto Guedes, entre outros, que forneceram a bagagem diversificada que hoje imprime nas músicas e produções do Attemporais.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Shalin Way: Não tenho estilo preferido gosto de música boa e com letra que tenha bom conteúdo.
08) RM: Você estudou técnica vocal? Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Shalin Way: Meu cuidado com a voz é dormir o suficiente para descansar a voz e gosto de fazer exercícios físicos, faço terapia com fonoaudióloga para auxiliar na estética vocal.
09) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Shalin Way: Elis Regina, Gal Costa, Marisa Monte, Etta James, Carole King, Janes Joplin…
10) RM: Como é seu processo de compor? Quais são seus principais parceiros de composição?
Shalin Way: Geralmente meu processo de composição é feito através de sonho. É incrível, a música vem pronta com acordes, melodia e letra. Tenho alguns parceiros musicais: Tavis Black Magalhães, Gal Sales, dentre outros.
11) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Shalin Way: Ser artista independente num país de inversão de valores é muito complicada, pois é preciso ter muito amor, sacrifício e persistência para continuar na carreira musical.
12) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco? Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical? O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Shalin Way: Acho interessante o artista ser proativo em sua área, saber de planejamento e logística. E participar de editais, ter engajamento nas redes sociais, enfim poder divulgar sua arte de uma forma profissional.
13) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Shalin Way: Incrível o home estúdio e vejo como um processo vantajoso como a globalização. E facilitou muito a produção de música que possibilita a divulgação da obra dos artistas independentes. As músicas produzidas pela banda Attemporais foram feitas no home estúdio.
14) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Shalin Way: As desvantagens em se competir com artistas contratados de gravadoras é gritante, mas acho que a criatividade e o talento têm um grande diferencial e a formação da sua rede de contatos.
15) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Shalin Way: Surgiu muita gente bacana nas últimas décadas como: Chico Science e trabalhos que continuam sendo consistentes como Os Paralamas do Sucesso, Os Racionais MC’s, entre outros. Mas a maioria dos famosos regrediram nas últimas décadas.
16) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?
Shalin Way: Ser artista no Brasil é garantia de passamos por situações boas e inúmeras complicadas. O cachê em Bares é terrível e haja paciência e dependendo do local não indicaria nem para o pior inimigo. Agora o artista que não tem esse background fica difícil aprender (risos). É muito dialético a situação. Eu vim da Bahia e recentemente estou morando em São Paulo. No trio elétrico, por exemplo, tivemos que ter o nosso próprio técnico de som. E levar cantada é bem natural, encaro como muita leveza e respeito.
17) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Shalin Way: O que me deixa chateada é com a desigual distribuição de recursos públicos, principalmente em editais, como um artista já consagrado recebe milhões e ainda tira de quem precisa e muito de investimento. É muita covardia, a Lei Rouanet que diga…
18) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Shalin Way: Acho que tem o dom, mas o trabalho e a dedicação são 99% e inspiração é 1%.
19) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical? Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Shalin Way: Aprendi e acho que aprendemos a improvisar, mas a minha base foi ouvindo e admirando meu pai, Jacks Wu, bem como na rua mesmo cantando no projeto Jazz na Avenida que me deu o contato e a maturidade necessária para improvisar.
20) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Shalin Way: Meu método foi muito mais intuitivo do que teórico, mas claro que a teoria dá o embasamento necessário para a improvisação musical.
21) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Shalin Way: A harmonia é que desperta nossas emoções e também as sensações, o que é pra mim o brilho da música, o teor, o significado.
22) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Shalin Way: infelizmente, o jabá continuará enquanto houver vampiros e o mercado tão injusto.
23) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Shalin Way: Viva o dia a dia da carreira musical e você vai saber…
24) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Shalin Way: Não acredito muito em festival no formato The Voice. O importante é como Milton Nascimento disse na sua canção: “…O artista tem que ir onde o povo está” …
25) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Shalin Way: A cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira é sob a regra de pagar o jabá, na maioria das vezes.
26) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Shalin Way: Acho grandes iniciativas desses espaços para uma parcela de artistas divulgarem seus trabalhos. Contemplando uma multiplicidade de gêneros diversos mostrando da nossa rica miscigenação racial e musical.
27) RM: Quais os seus projetos futuros?
Shalin Way: Meu projeto futuro é lançar um disco diferente, talvez na carreira solo ou em banda quem sabe.
28) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Shalin Way: (11) 91576 – 1979 | https://www.instagram.com/shalinsinger
Banda Attemporais: https://obarquinhocultural.com/2015/03/25/caixa-de-som-quem-disse-que-bahia-e-so-axe-shalin-e-os-attemporais/
Canal Shalin Way: https://www.youtube.com/@SHALINWAY
“Talismã” (Alexandro Videro) – Shalin Way: https://www.youtube.com/watch?v=nMNDuFWQw2g
Canal ATTEMPORAIS: https://www.youtube.com/@atemporais934
ATTEMPORAIS – BAHIA COM H – CLIP: https://www.youtube.com/watch?v=V6TEJP5VQuk
ATEMPORAIS (MARACATU ATÔMICO): https://www.youtube.com/watch?v=orHm76mc0AM
TRIBUTO A BOB MARLEY: https://www.youtube.com/watch?v=RugGvrFd51A
ATTEMPORAIS – REFAZENDA – GILBERTO GIL: https://www.youtube.com/watch?v=jWDJAMdQiBQ
Deus, A Natureza E A Música (Jacks Wu) – Hyldon: https://www.youtube.com/watch?v=tuN4Ud5ANjc