Sérgio Ramos é o nome artístico do paulistano Antônio Sérgio da Conceição Paquete que reside em Uberaba, MG, onde desenvolveu a maior parte de sua trajetória musical. Perdeu seu pai Manuel da Conceição Paquete aos três anos de idade e sua mãe Maria do Carmo Conceição se casou com Domingos Ramos, a quem considera também como pai e grande incentivador musical.
Domingos Ramos era um exímio acordeonista e compositor. A música era algo tão latente na família Ramos e sete de seus filhos seguiram a mesma trilha tornando-se grandes músicos. Pelo seu talento artístico e pelo ofício de afinar Acordeon e Piano, quando residia no Rio de Janeiro e em São Paulo, Domingos Ramos mantinha contato com grandes nomes da música brasileira como Sivuca, Caçulinha, Luiz Gonzaga, com quem tem algumas parcerias musicais. Seu último conjunto foi “Os Seresteiros”, em Uberaba – MG nas décadas de 1970/1980.
Desde muito pequeno Sérgio Ramos demonstrava grande inclinação para a música, e foi no seio dessa nova família que ele começou a desenvolver suas habilidades musicais, convivendo com o pai, Domingos Ramos e os irmãos (Adolfo Ramos, Toninho Ramos, Paulo Ramos, Luiz Ramos, Cidinho Ramos, Augusto Ramos) que desde muito jovens já se dedicavam à música. Iniciou seus estudos de violão por volta dos 11 anos de idade, com o irmão Paulo Ramos. Já aos 12 anos fez sua primeira apresentação pública, em Uberaba, MG, onde a família passou a residir na década de 1960.
Aos 14 anos de idade integrava o conjunto “Os seresteiros”, em companhia do pai. A partir de então, continuou seus estudos por conta própria, baseando-se inicialmente nos métodos de Tárrega e Júlio Sagreras. Aos 16 anos de idade muda-se novamente para São Paulo onde passa a tocar em diversas casas noturnas, em companhia dos irmãos Luiz, Toninho e Paulo Ramos. Dedica-se então ao estudo do violão com tamanha paixão, que frequentemente vara madrugadas exercitando, uma vez que durante o dia trabalhava em outra área para complementar sua renda.
Na década de 1970 os irmãos Toninho e Paulo Ramos decidem mudar-se para o exterior. Toninho Ramos, violonista e compositor, radica-se na França, e Paulo, violonista, percussionista, compositor e cantor vai para o Canadá onde cria seu próprio grupo. Ambos fazem brilhantes carreiras divulgando a música brasileira em diversos países e gravam vários CDs autorais.
Aos 18 anos, Sérgio retorna a Uberaba onde integra sucessivamente vários conjuntos musicais, ora como guitarrista, ora como contrabaixista, viajando por todo o Brasil, experiência que muito contribuiu para despertar-lhe um grande interesse sobre o estudo da diversidade e riqueza da música brasileira. Participa de diversos festivais de música em Uberaba – MG e região.
No período de 1974 a 1990 passa a residir em Lagoa da Prata, MG, onde atua como guitarrista em conjuntos locais e regente da banda de música “Lira de São Carlos”, composta por um grupo de adolescentes, e patrocinada pela da prefeitura local. Em 1990 retorna a Uberaba, onde reside desde então, participando de diferentes grupos musicais, como violonista. Ingressa na Escola de Música Sound Center, como professor, onde leciona violão, guitarra, viola e contrabaixo por 18 anos.
A partir de 1995, decide dedicar-se mais intensamente ao trabalho autoral e em 1997 lança seu primeiro CD, “Criação”, contendo 12 canções de sua autoria, com produção independente, e reunindo um grupo seleto de instrumentistas e cantores de Uberaba e região. A partir da divulgação deste trabalho, Sérgio dá maior visibilidade ao seu talento, não só como violonista, mas também como compositor, arranjador, e produtor musical. Somam-se a este primeiro CD outros seis, produzidos no período entre 1998 e 2004, todos independentes, sendo cinco instrumentais.
Além de sua obra autoral, Sérgio Ramos também participa de diversos CDs, ao lado de artistas de grande expressão no Brasil, como Dércio Marques, Ulisses Rocha, Paulinho Pedra Azul, Marcelo Taynara, Emílio Victor, ora como instrumentista, ora como autor de algumas canções. Desenvolve, nesse período, intensa atividade de produção artística, montando e dirigindo shows, participando de programas de rádio e TV em Uberaba e região, divulgando não apenas o trabalho autoral, mas a música popular brasileira, e reconhecendo o talento de inúmeros artistas de Uberaba e região, busca dar visibilidade a eles agregando-os em suas produções.
Embora atue mais em Uberaba e em Minas Gerais, o trabalho de Sérgio Ramos tem tido repercussão nacional e até internacional, graças à sua versatilidade e modernidade, sendo reconhecido por mestres como o renomado Ian Guest (húngaro radicado no Brasil com relevantes publicações sobre Arranjo e Harmonia pelas Editoras Lumiar e Irmãos Vitale) e Toninho Ramos (violonista radicado na França, há quase cinco décadas com publicações pela Editora Henry Lemoine), bem como por diversos expoentes da música popular brasileira e latino-americana, como Corcciolli, DuoFel, Hugo Fattoruso, entre outros.
Observador nato empreendeu várias pesquisas musicais buscando conhecer melhor a arte musical brasileira e aperfeiçoar sua técnica e expressividade. Sérgio Ramos possui uma preocupação especial com a harmonia. Dedicando boa parte de seu tempo à pesquisa e ao estudo da música em todas as suas manifestações, Sérgio Ramos não se preocupa em seguir uma tendência pré-estabelecida, transitando com propriedade de um estilo a outro. Acredita que a música não tem fronteiras e se sente livre para expressar suas concepções e sentimentos, numa linguagem musical que ora convida à alegria, ao movimento, à dança e ora à interiorização e ao recolhimento. Cada peça de sua obra tem um encanto singular, uma peculiaridade, reunindo, em torno de seu violão, instrumentos acústicos e eletrônicos diversos, sons da natureza e efeitos especiais. Dominando vários estilos musicais como: Bossa Nova, Blues, Samba, Jazz, World Music, New Age, com muita propriedade, esse talentoso artista brasileiro imprime em sua arte a marca personalíssima de seu estilo, inconfundível.
Em 2013 seu processo composicional serviu como tema para tese de conclusão de curso de seu ex-aluno André Fernandes, Bacharelando em Música, pela Universidade Federal de Uberlândia, MG.
Os grupos musicais que participou: “Os Seresteiros” em 1969. “Rossetti” em 1971. “Dimenson” em 1972. “Mugstones” em 1973. “Alquimia” em 1990. “Musical Harmonia” em 1994. “Expressão Musical” em 1996. “Duo Mel” em desde 2002. “A Força do Samba” a partir de 2006.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Sérgio Ramos para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 12.02.2021:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Sérgio Ramos: Nasci no dia 12.02.1954 em São Paulo. Registrado como Antônio Sérgio da Conceição Paquete e filho de Manuel da Conceição Paquete e Maria do Carmo Conceição.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Sérgio Ramos: Lembro-me de, aos 3 ou 4 anos de idade, ficar horas sentado apreciando a filha da patroa de minha mãe estudar Piano. Meu interesse era tão surpreendente, que minha mãe Maria do Carmo Conceição me presenteou com um Violão aos 5 anos. O instrumento era maior que eu e eu o arrastava pela casa o dia inteiro. Aos 11 anos comecei a estudar violão.
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Sérgio Ramos: Embora eu tenha grande interesse por todas as áreas do conhecimento, nunca fui atraído para outra formação que não fosse a música. Leio muito, gosto de artes em geral, mas a paixão pela música sempre foi o centro das minhas pesquisas e descobertas.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Sérgio Ramos: Meu pai/padrasto Domingos Ramos foi um grande acordeonista e compositor. Tenho 6 irmãos músicos (Adolfo Ramos, Toninho Ramos, Paulo Ramos, Luiz Ramos, Cidinho Ramos, Augusto Ramos). Sofri muita influência de dois deles: Paulo Ramos, meu primeiro professor de violão e Toninho Ramos, que me descortinou importantes horizontes musicais. Além das influências familiares, posso citar: Dilermando Reis, Paulinho Nogueira, Baden Powell, Laurindo Almeida, Geraldo Ribeiro, Wes Montegomery, Joe Pass, Jorge Benson, Andrés Segóvia, entre outros. Todos continuam uma forte referência para mim.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Sérgio Ramos: Meu pai, Domingos Ramos integrava um conjunto de seresta em Uberaba – MG. Aos 14 anos de idade ingressei nele como violonista.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Sérgio Ramos: São sete CDs autorais, todos independentes: “Criação” (1997). CD com 12 canções no gênero MPB (Música Popular Brasileira).
“Fiat Lux” (1998). CD com 08 canções instrumentais no gênero World Music. “Semear” (1999). CD com 12 canções com temas holísticos. “Urupê” (2000) em parceria com Regina Oliveira. CD instrumental acústico eletrônico com sete faixas, gênero jazzístico-brasileiro, com temas e improvisações. “Sete Colinas” (2001). CD em parceria com Marcelo Taynara, com 15 músicas instrumentais e cantadas, em estilo MPB mineira. “Sorte” (2002). CD em parceria com Carlos Walter, com 10 músicas instrumentais, executadas por um duo de violões. “Universal” (2004). CD com 10 músicas instrumentais. Participação em diversos CDs e DVDs de artistas locais e regionais.
07) RM: Como foi sua experiência em Conjuntos de Baile na época da Jovem Guarda?
Sérgio Ramos: Iniciei minha experiência em conjuntos de baile em 1971 aos 17 anos de idade. No seguimento da Jovem Guarda destaco um trabalho intenso, na década de 70 como guitarrista dos Mugstones, conjunto uberabense, de expressão nacional.
08) RM: Como é o seu processo de compor?
Sérgio Ramos: Sou muito intuitivo. Deixo a criação fluir, depois vou burilando. Não tem um padrão. As vezes a canção vem inteira, de uma vez, às vezes vem por partes. Executo a canção muitas vezes para decorar, depois vou incrementando a harmonia, até encontrar a roupagem definitiva. Isto às vezes dura minutos; outras vezes dura horas. Depende do dia, da inspiração.
09) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Sérgio Ramos: Considerando apenas os trabalhos editados, Marcelo Taynara, Carlos Walter, Emílio Victor, três talentosos artistas mineiros, e minha esposa Regina Oliveira. Ainda em processo de gestação, tenho uma parceria instrumental com Denis Paré, grande pianista canadense residente em Armação dos Búzios, RJ.
10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Sérgio Ramos: Vejo duas vantagens importantes: primeiro você ter uma obra mais personalizada, podendo expressar livremente o seu gosto musical, criando e selecionando o que quer, quando e como gravar; segundo, você ser dono da sua obra, dando a ela o destino que quiser. Quanto aos ônus, não menos importantes, é você ter que arcar sozinho com os custos da produção, e todas as ações de divulgação e venda.
11) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Sérgio Ramos: Para ser sincero, não sou um cara afeito a muito planejamento. Gosto de perfeição e de pontualidade. Faço com muita seriedade a minha música e gosto que as pessoas que compartilham o palco comigo tenham grau de exigência compatível com o meu. Senão não há sinergia, entende? Fora do palco, gosto de estudar, de estar atento às novas tendências, pesquisar talentos emergentes; mas também gosto de voltar às origens, mergulhar na fonte da boa música de todos os tempos e de todos os estilos.
12) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Sérgio Ramos: Bem, acho que o músico não pode “parar no tempo”. Procuro estar atento a tudo o que rola na música e na arte em geral. Procuro também não criar barreiras intergeracionais. Gosto de encarar novos desafios, de estar aberto a diversas tendências, tocar com instrumentistas e cantores diferentes. Isso exige que você desenvolva expertise em muitos estilos, e mantenha a sua performance sempre em alta.
13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?
Sérgio Ramos: Gosto muito de fazer contatos, de compartilhar ideias e trabalhos. Hoje a tecnologia facilita isto. Não existe mais barreira de tempo e espaço. A internet veio quebrar um paradigma. Hoje a música é virtual. Querendo ou não você tem que aderir a isto. Para mim, neste momento, o grande benefício é poder entrar em contato instantâneo com tanta arte e artistas de grande categoria.
14) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Sérgio Ramos: Não vejo desvantagens. Veja uma oportunidade crescente. Meu recente trabalho está sendo produzido assim. Gravo em minha casa e envio pela internet ao meu cunhado, Denis Paré, em Búzios – RJ. Ele acrescenta os arranjos e finaliza a edição. Está ficando um trabalho surpreendente.
15) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Sérgio Ramos: Bem, eu tenho um temperamento inquieto. Não gosto da mesmice. Quem ouvir a minha obra vai perceber que dentro de um estilo próprio, há uma diversidade muito grande. Há unidade, sem uniformidade. Acho que este sempre foi, efetivamente, o meu diferencial.
16) RM: Como você analisa o cenário da música instrumental no Brasil. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Sérgio Ramos: Posso citar, sem desmerecer muitos outros, o acordeonista Mestrinho, a pianista Bianca Gismonti, Daniel Sá, Diego Figueiredo, ambos violonistas e guitarristas. Avalio que continuam criando em alta performance.
17) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Sérgio Ramos: Cristóvão Bastos, César Camargo Mariano, Wagner Tiso, Tom Jobim, Roberto Menescal, Mauro Senise, Gilson Peranzzetta, Nelson Ayres, entre tantos outros.
18) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc.)?
Sérgio Ramos: Todas as situações citadas na pergunta, sem exceção. E mais: ser convidado para abrir o show de uma cantora de renome e ter a participação cancelada na hora, devido a uma variação de humor da empresária dela.
19) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Sérgio Ramos: O que mais me deixa feliz é poder criar e compartilhar minha música. O que me deixa triste é ver tanta gente talentosa sem reconhecimento. O Brasil é um celeiro musical subestimado.
20) RM: Você acredita que sem o pagamento do Jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Sérgio Ramos: Confesso que nunca paguei Jabá. Entretanto muitas canções minhas foram e continuam sendo tocadas no rádio e na TV, no Brasil e no exterior. Se tivesse investido no jabá talvez tivesse vendido mais, talvez, mas não sei se o sabor de ouvir a sua arte sendo difundida seria o mesmo.
21) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Sérgio Ramos: Dedicação, amor, disciplina, perseverança, estudo, estudo, estudo.
22) RM: Quais os violonistas que você admira?
Sérgio Ramos: São muitos. Dentre eles destaco: Hélio Belmiro, Marco Pereira, Guinga, Gilvan de Oliveira, Juarez Moreira, Toninho Horta, Baden Powell, Toninho Ramos, Diego Figueiredo, Daniel Sá, Lula Galvão, João Bosco, Ezequiel Piaz, Carlos Walter, André Fernandes, Carlos Giovani, estes três últimos, ex-alunos dos quais me orgulho muito.
23) RM: Quais os compositores Eruditos que você admira?
Sérgio Ramos: Beethoven, Chopin, Brahms, Liszt, Wagner, Mozart, Tchaikovsky.
24) RM: Quais os compositores do Jazz que você admira?
Sérgio Ramos: Entre outros: Gershw In, Chick Corea, Cole Porter, Miles Davis.
25) RM: Quais os compositores da MPB, Bossa Nova, Samba, Choro que você admira?
Sérgio Ramos: Tom Jobim, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ivan Lins, Milton Nascimento, Chico Buarque, João Bosco, Djavan, Pixinguinha, Noel Rosa, Waldir Azevedo, Jacob do Bandolim, Radamés Gnattali, Carlos Lyra, Edu Lobo, Dori Caymmi, Hermeto Paschoal.
26) RM: Apresente seu projeto musical realizado com a sua esposa Regina de Oliveira com criança em situação de vulnerabilidade social.
Sérgio Ramos: Na década de 90 criamos uma metodologia pedagógica que consiste em utilizar a música como elemento integrativo dos diferentes aspectos da personalidade, contribuindo para o desenvolvimento integral das potencialidades do indivíduo. A metodologia recebeu o nome de Musicoludoterapia e o projeto piloto contemplou centenas de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade e risco social em diferentes localidades do Brasil. A metodologia continua sendo utilizada com sucesso por educadores, assistentes sociais, terapeutas e musicistas.
27) RM: Quais as diferenças técnicas entre o Violão Erudito e Popular?
Sérgio Ramos: Quando falamos em alta performance, os liames entre música erudita e popular se estreitam, porque observa-se maior complexidade da trama musical. É fato que grandes nomes da música popular tiveram formação clássica.
28) RM: Quais as principais técnicas que o aluno deve dominar para se tornar um bom Violonista?
Sérgio Ramos: Acho que o primeiro requisito é saber ouvir. Aprender a penetrar na música, dissecar os sons, perceber com clareza os componentes musicais. Concomitantemente, desenvolver habilidades motoras através da digitação, exercícios com escalas, arpejos, harmônicos, trêmulos, acordes, etc.; desenvolver um bom conhecimento de harmonia, divisão e ritmo; desenvolver a autoexpressão; ser persistente para vencer os obstáculos e buscar a autoperfeição em cada detalhe.
29) RM: Quais os principais vícios e erros que devem ser evitados pelo aluno de Violão?
Sérgio Ramos: Digitação inadequada, posição errada de braços e mãos, podendo até desenvolver lesões; executar as canções de forma incompleta, suprimindo acordes, arranjos iniciais e finais; ansiedade para aprender tudo de uma vez, queimando etapas.
30) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?
Sérgio Ramos: Acho que um dos principais erros é padronizar demais. Pessoas diferentes exigem métodos diferentes. A padronização leva ao estereótipo e é a responsável pela desistência de muitos iniciantes.
31) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Sérgio Ramos: Acho que somos dotados de vários dons. Aquele que nos impulsionar mais fortemente ganhará primazia em nossa vida. Entretanto, sem dedicação e disciplina, por maior que seja o talento, não conseguiremos sair do “lugar comum”.
32) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Sérgio Ramos: Como o próprio nome diz, improvisar é “fazer surgir”. Nasce da sua comunhão profunda com a peça que você está executando e da sua intimidade com o instrumento. É como se, repentinamente, uma janela se abrisse e você se lançasse para além da canção como cocriador. Improvisação é um momento inédito, uma transcendência.
33) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Sérgio Ramos: Existe improvisação de fato. Mas ela exige expertise, coragem, autoconfiança. Ela é única. Não se repete, não se ensaia.
34) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Sérgio Ramos: Entendo que a finalidade de incluir nos currículos os métodos de improvisação, hoje tão valorizados, é a tentativa de desenvolver no aluno habilidades para incrementar a interpretação, instigando o aluno a ousar, a ultrapassar os limites da canção já pronta. O risco é sempre a acomodação, o menor esforço, o paradoxo que seria a morte da improvisação.
35) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Sérgio Ramos: Toda referência contribui. Avançamos a partir da experiência construída por nós mesmos, como autodidatas ou pelo saber compartilhado. O caminho é livre e ilimitado. Cada um tem que almejar o autodesenvolvimento.
36) RM: Quais os métodos que você indica para o estudo de leitura à primeira vista?
Sérgio Ramos: Não indico nenhum método especificamente. Mas creio que todos eles, bem assimilados poderão ajudar.
37) RM: Como chegar ao nível de leitura à primeira vista?
Sérgio Ramos: Muito estudo e muita prática.
38) RM: Qual a sua relação pessoal e profissional com Carlos Walter?
Sérgio Ramos: Carlos Walter é um amigo querido e um grande parceiro musical. Juntos concebemos o CD – “Sorte”, um duo de violões apresentado e comentado por Ian Guest. Tive o privilégio de iniciá-lo ao violão e na música. É uma alegria vê-lo hoje reconhecido como um dos maiores violonistas do Brasil.
39) RM: Qual a sua relação pessoal e profissional com seu irmão Toninho Ramos?
Sérgio Ramos: Como citei no início, Toninho Ramos foi um grande incentivador da minha formação musical. Me mostrou desde cedo a importância da disciplina e do estudo. Radicado na França desde a década de 70, onde faz brilhante carreira como violonista, Toninho sempre foi um estímulo para minha autossuperação.
40) RM: Quais os prós e contras de ser multi-instrumentista?
Sérgio Ramos: A vantagem é poder usar diferentes recursos e timbres para incrementar sua interpretação. O risco é não conseguir maestria equivalente em todos os instrumentos.
41) RM: Sérgio Ramos, Quais os seus projetos futuros?
Sérgio Ramos: Continuar estudando, criando, produzindo, enfim, deixando fluir a minha expressão musical e acompanhar a evolução desta arte ímpar – a música – que é como oxigênio para mim.
42) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Sérgio Ramos: (34) 99912 – 6003 | (34) 99999 – 2666 | [email protected]
| http://m.facebook.sergioramos.guitar
Canal: https://www.youtube.com/user/sergioramosmusica
Playlist: https://www.youtube.com/watch?v=kvI_GFJ_wB4&list=FL5m0Q_JurNCzC7YJOJGKpcQ
Canal Sérgio Ramos: https://www.youtube.com/channel/UCJCToysUOGjTgYrtfWh_5Yw
CD Universal: https://www.youtube.com/watch?v=lg_wR5A0WKw
CD Urupê – Sérgio Ramos: https://www.youtube.com/watch?v=DSgZoJHUZ8M
| CD Quântica – https://youtu.be/WhWMubUW8Mk
| CD Universal – https://youtu.be/Ig_wR5A0wkW
| CD Urupê – https://youtu.be/dSgZoJHUZ8M
| O Barquinho – Homenagem a Menescal – https://uoutu.be/Z7HART2RKHw
- Sérgio Ramos faleceu no dia 21.05.2021 vítima do Covid-19.
Infelizmente meu pai morreu dia 20-05-2021 por Covid.
Marcelo, meus sentimentos, seu pai era uma pessoa do bem e um excelente artistas que tive a satisfação de conhecer e entrevistar. Essa doença está levando vidas preciosas.