Selmma Carvalho cantora e pianista natural de Nova Lima-MG, radicada a anos em Belo Horizonte – MG teve suas aptidões artísticas e musicais despertas bem cedo. No jardim da infância era a solista escolhida para as cerimônias religiosas de coroação. Aos 8 anos de idade, iniciou estudos de piano clássico, com Luíza Maria Fernandes dos Santos, sua tia e primeira mestra. Formação superior em Artes Plásticas pela FUMA – Fundação da Universidade Mineira de Arte e em Piano pela UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais.
Desde 1989 atua como profissional da música, quando integrou a Banda Escala, junto aos músicos João Vianna e Lincoln Meireles, dentre outros. Em 1990, atuou como professora de Educação Musical no Instituto Lambert e antes, no Colégio Santa Dorotéia. No mesmo período, realizou seu primeiro show solo “Força que conduz”, no Teatro Francisco Nunes. No ano seguinte, subiu ao palco do Teatro da Cidade, com o show “Voo Noturno” e gravou sua primeira fita ‘demo’, que seguiu em distribuição para emissoras de rádio, estaduais. Paralelo à carreira de cantora, desde 1994 atua como professora particular de técnica vocal para cantores, locutores, profissionais e afins. Também são inúmeros os registros de sua voz em gravações de jingle e locuções diversas, em estúdios da capital mineira.
Em 1996 lançou seu primeiro disco solo, o CD “Selmma Carvalho”. Em 1997 foi indicada ao Prêmio Sharp de Música, na categoria cantora revelação. Em 1998, participou das gravações dos CDs: “Grafiteiro”, de Hugo Anjo e “São Tomé das Letras e das Músicas”, Antônio Baiense. No mesmo ano, teve participação no disco e abriu shows do cantor e compositor Belchior. Em 1999 a cantora participou da trilha sonora de “Chiquinha Gonzaga” (Rede Globo) e do show “Artistas in Concert – homenagem ao cinema brasileiro. Em 2000 lançou seu segundo CD – “Cada lugar na sua coisa” (Via Lei Municipal de Incentivo à Cultura). Atendo convite de Mauro Dias (crítico musical – O Estado de São Paulo), Selmma participou do projeto “Prata da Casa”, novos talentos da MPB (SESC – Pompéia – SP.
Em 2000, realizou shows pelo interior de MG, RJ e SP, nos Festivais de Inverno de Diamantina (UFMG) e de Ouro Preto (UNI-BH). Selmma Carvalho recebeu Prêmio Destaque Especial no Festival de Encantado-RS, como intérprete. Como atriz, atuou no filme “O homem de Lagoa Santa”, primeiro longa-metragem – documentário ficção – de Renato Menezes (Grupo Novo de Cinema e TV- RJ).
Em 2002, integrou diversos projetos musicais na capital mineira, dentre eles: “Elas no Belas”, “Dois Tempos – Museu Abílio Barreto, ao lado do compositor Sérgio Moreira, “MPBH – a música abraça a cidade”, “Artistas in Concert – o Brasil cantado em verso e prosa” e “Solidariedade IV” (Teatro Sesi minas), além de realizar shows no Festival de Verão de Pedro Leopoldo-MG, na Utópica Marcenaria (BH-MG) e PUC Minas e, prosseguir em turnê do show “Cada lugar na sua coisa” nas cidades: São João Del Rey, Uberlândia, Pirapora, Varginha, Patos de Minas (MG) e Bauru (SP). Através de concurso voltou a lecionar na UFMG e passou a integrar o quadro de professores da Escola para Locutores Beth Seixas.
Em 2004 deu início a pré-produção de seu terceiro álbum. Foram inúmeras audições, pesquisas com sonoridades, temas e letras de compositores ainda desconhecidos, até chegar à produção final do CD “O que será que está na moda?” lançado em 2006 através de Projeto já aprovado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais. Esse terceiro CD mostra que Selmma não veio para passear na vida musical brasileira, mas mostrar sua personalidade, criatividade e bom gosto musical. Excelente cantora em timbres, técnica, ritmo e alma. Seus CDs mostram uma evolução progressiva com um nível profissional acima da média. O novo CD traz canções – várias inéditas – de autores contemporâneos e regravações com roupagens atualizadas, sob a produção e direção musical de Rogério Delayon. No conceito que consolida a expressão da intérprete, Nando Reis, Vander Lee, Vitor Ramil, Totonho Villeroy, Suely Mesquita, Celso Fonseca, Verônica Sabino, Zeca Baleiro e mais. Participações especiais de: Roberto Garcia e Swami Jr (integrantes da Turnê Omara Portuondo – Buena Vista Social Club), Marco Lobo, Mauro Rodrigues, Sérgio Moreira, Tuco Marcondes e Toninho Ferragutti, reafirmam a cuidadosa produção.
No repertório do disco: Pra ser levada em conta (Vander Lee), Mesmo Sozinho (Nando Reis), Polaróides (Celso Fonseca/ Ronaldo Bastos); Túnel do Tempo (Verônica Sabino), Balada para Giorgio Armani (Zeca Baleiro); Sinal dos Tempos (Totonho Villeroy/ Bebeto Alves); Na estrada (Kali C./ Suely Mesquita); Nesse lugar (Tatá Spalla); Imitação (Batatinha); Coisas de você (Vitor Ramil; Não morro (Kali C./ Suely Mesquita); Eu daria a minha vida (Martinha) e A espera (Kleber Albuquerque).
Segue abaixo entrevista exclusiva com Selmma Carvalho para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 01.08.2006:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua cidade de origem e a sua data de nascimento?
Selmma Carvalho: Nasci na minha querida Nova Lima (MG), terra do ouro, no dia 4 de abril.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Selmma Carvalho: Sou de uma família muito simples e musical. Meu primeiro contato com a música se deu na casa de meus avós, onde morei até meus quatro anos de idade. Havia um piano na sala que sempre era muito tocado em todas as ocasiões, por amigos que lá passavam e pelos familiares. Apesar de ter me mudado pra capital Belo Horizonte, íamos sempre lá, e nas minhas férias escolares também. Assim aos 8 anos de idade tive a minha primeira lição de piano com a minha tia e madrinha Luíza.
03) RM: Quais as principais influências musicais?
Selmma Carvalho: Foram se formando desde essa época, nos anos dourados da minha infância. Bem ao lado da casa dos meus avós, havia um clube, “Retiro”, onde aconteciam muitos bailes e carnavais. Eu escutava sempre marchinhas de carnaval e muitos conjuntos que lá se apresentavam. E aprendi a cantar todas as músicas, depois fui ouvindo tantas outras coisas. Meu pai sempre teve um excelente gosto musical, e lá em casa, se ouvia muito: Dolores Duram, Carmem Miranda, Ângela Maria, Nelson Gonçalves, Maísa, Tom Jobim, Chico Buarque. E meus pais sempre atentos a cena musical da época e novidades que iam chegando. E também muito Beatles, rock .
04) RM: Qual a sua formação musical e acadêmica?
Selmma Carvalho: Comecei a estudar piano aos 8 anos. Fiz vestibular e cursei música habilitação em Piano na UFMG. Em paralelo estudei piano popular, harmonia. Foi quando resolvi cantar também. Sou formada em Artes Plásticas pela UEMG. Fiz alguns cursos de técnica vocal. Uma das minhas professoras tinha um projeto super legal “MUSICANTO”, que passava por várias casas noturnas de Belo Horizonte, onde nos apresentávamos. Ela sempre convidava pessoas do meio artístico, produtores. E aí comecei a cantar na noite. Sou preparadora vocal (canto, locução, teatro).
05) RM: Fale do seu início na carreira musical.
Selmma Carvalho: Cantei por muito tempo na noite, mas sem grandes pretensões. Muitas pessoas do meio iam me ver cantar, me incentivavam por demais, isso me deu motivação, experiência e me fez conhecida. Comecei a receber muitos convites de participações em discos de amigos. Essa vontade e esse gosto foram crescendo e se tornou tão forte que não pude mais resistir e parti então para gravação do meu primeiro CD.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Selmma Carvalho: Tenho três CDs, além de muitas participações em outros, como convidada especial, ou fazendo vocais. Meu primeiro em 1996 “SELMMA CARVALHO”, direção musical de Mauro Rodrigues( MG) com arranjos dele e de Weber Lopes – MG. Gravado em 1995 no estúdio Bemol em BH. Apesar de toda imaturidade do início, essa caminhada me proporcionou muitas alegrias, abriu portas. Com esse CD fui indicada ao Prêmio Sharp de Música na categoria “revelação”, fiz muitos shows, e na época do lançamento tive o prazer de ter Walter Franco, dividindo palco comigo a convite meu por ter gravado dele a música “Me deixe mudo”. Foi uma noite histórica pra mim e pra todos que estiveram presente, essas coisas que guardamos com carinho pra sempre.
Meu segundo CD – “CADA LUGAR NA SUA COISA”, tem uma linguagem mais pop, teve como diretor musical e arranjador, Swami Jr. Foi gravado em 1999 em São Paulo, e lançado no final deste mesmo ano. Em 2000 fechei contrato com o selo “CPC-UMES” de São Paulo. O terceiro CD – “O QUE SERÁ QUE ESTÁ NA MODA?” foi gravado em 2005 e lançado somente em Belo Horizonte em março desse ano de 2006. Rogério Delayon – MG fez a direção musical e assinou 12 arranjos, deixando uma faixa a cargo de Tuco Marcondes (São Paulo). Esse CD tem uma linguagem bem mais pop que o segundo. E é o que tem mais a ver comigo, é quase confessional, sem me preocupar com modismos. A intenção era sentir a música como parte de mim, uma extensão dos meus anseios, inquietudes, valores importantes. Resumindo, muito de dentro pra fora, que é como eu o senti.
07) RM: Qual a receptividade do público e da critica especializada em relação a cada CD. Quais as musicas que se destacaram em cada um dos CDs?
Selmma Carvalho: O CD de estréia sempre marca muito, mesmo com as possíveis imperfeições e inexperiências. Com a indicação ao Sharp tive uma mídia bem favorável e uma aceitação muito boa. Três músicas se destacaram e tocaram muito nas rádios, e tocam até hoje: ESSA NOITE NÃO ( Lobão/Ivo Meireles/Bernardo Vilhena), SEDUZIR (Djavan), ARTIGO DE LUXO (Sérgio Santos /Paulo César Pinheiro).
No CD “CADA LUGAR NA SUA COISA”, tive maiores oportunidades. Fiz uma grande turnê, mais pessoas tiveram acesso, críticas favoráveis em todo território nacional. Destacaram-se “MARY SHELLEY eu quero um homem pra mim”, (principalmente entre os universitários), “SE VOCÊ ME AMA”, “CASACO MARROM”, “CADA LUGAR NA SUA COISA” “BOLINHAS DE GUDE”, “CHORINHO PRA VOCÊ” enfim, quase todas agradam. Tive uma felicidade muito grande em relação a escolha desse repertório em particular, isso é o que as pessoas dizem, e a crítica também. O terceiro “O QUE SERÁ QUE ESTÁ NA MODA?”, foi lançado há pouco. Começo a turnê em agosto de 2006. As rádios daqui já estão tocando. As mais executadas são: “PRA SER LEVADA EM CONTA” e ” MESMO SOZINHO”.
08) RM: Quais os principais parceiros musicais e compositores que fazem parte do seu trabalho?
Selmma Carvalho: Um grande parceiro que está sempre comigo, tocando junto, colocando o pé na estrada é o Rogério Delayon, que fez essa mais recente produção. Estamos juntos desde a turnê do CD “cada lugar na sua coisa”. E tantos outros, como Renato Saldanha, Ricardo Cheib, Felipe Fantoni, Swami Jr, que fez uma belíssima participação nesse novo CD. Tuco Marcondes, Ivan Correa, uma turma de músicos da melhor qualidade que estão sempre presentes nas gravações e em shows. Quanto aos compositores: Zeca Baleiro , presente em dois álbuns; Sérgio Moreira, Vitor Ramil, Totonho Villeroy, Sérgio Sampaio, Verônica Sabino, Kali C/ Suely Mesquita, Jorge Mautner, Kléber Albuquerque, Chico César, Batatinha, Nelson Cavaquinho, Celso Fonseca, e muitas outras pessoas talentosas que não citei.
09) RM: Você compõem?
Selmma Carvalho: Sim, já apresentei uma música em show, tenho algumas na gaveta, estou me dedicando mais agora. É um trabalho muito árduo, exige muita disciplina e entrega, principalmente no início, mas tenho me esforçado pra atingir melhores resultados e auto confiança para expor.
10) RM: Por que você escolheu Belo Horizonte como cidade para desenvolver seu trabalho musical?
Selmma Carvalho: Gosto de Belo Horizonte, da qualidade de vida daqui. BH é uma cidade muito boa de morar. Tenho meu trabalho, meus alunos, as pessoas me conhecem. Sou sempre muito requisitada, mas tenho a liberdade de mudar isso se for necessário.
11) RM: Nos apresente a cena musical de Belo Horizonte e outras cidades mineiras que você se apresenta com mais freqüência?
Selmma Carvalho: BH tem muitos projetos culturais, e leis de incentivo a cultura que facilitam levar nosso trabalho pra outras regiões, mas a diversidade artística é grande, e com a demanda, muitos artistas de qualidade indiscutível ficam escondidos. Acredito que isso aconteça em outros estados também, por motivos diversos.
12) RM: Fale da sua relação como Artista na sua cidade natal?
Selmma Carvalho: A melhor possível, apesar de não morar mais em Nova Lima – MG, sempre sou muito bem recebida e chamada para participar de eventos culturais.
13) RM: Quais as principais diferenças e convergências da cena musical e cultural de Belo Horizonte com o eixo Rio – São Paulo?
Selmma Carvalho: Quando comecei a minha carreira, pensava muito em me mudar pro Rio de Janeiro ou para São Paulo, parecia que tudo seria mais fácil, que as oportunidades seriam maiores. Hoje acho que não. As oportunidades existem para todos que lutam por seus sonhos, que fazem um trabalho de qualidade, independente do local. Tenho o privilégio de está perto desses dois pólos importantes. A comunicação se tornou muito mais fácil e ágil. Depende muito da movimentação de cada um. Estou sempre em movimento.
14) RM: Quais os principais artistas que se destacam na cena musical de Belo Horizonte e qual a sua relação com eles?
Selmma Carvalho: Temos artistas muitíssimo talentosos, compositores inspirados e grandes intérpretes também. Tenho uma relação super saudável com todos.
15) RM: Como você vê o mercado fonográfico?
Selmma Carvalho: Com meus próprios meios vou fazendo minha arte sem me preocupar com o mercado. Acho importante que eles saibam de mim, por isso sempre que gravo um CD, envio o trabalho para as pessoas importantes desse mercado. Caso haja interesse, essa aproximação vai acontecer naturalmente, se acontecer ótimo. Se não, continuo a trilhar o caminho. Mas, devo dizer que pessoas sensíveis sempre nos observam.
16) RM: Quais os prós e contras de trilhar uma carreira na cena musical independente?
Selmma Carvalho: Minha arte é livre, faço música , canto e interpreto com total liberdade. Desafios sempre me movem, me fazem sentir mais criativa. O importante é saber fazer com o que se tem , e persistir sempre apesar de todas as dificuldades. A maior delas é conseguir fazer com que a nossa música chegue as pessoas, como produzir, divulgar e distribuir o trabalho.
17) RM: Defina o seu trabalho autoral?
Selmma Carvalho: Ainda em processo…
18) RM: Defina-se como cantora e intérprete?
Selmma Carvalho: Não consigo imaginar mais a minha vida sem cantar. É sempre uma alegria, um prazer indefinível estar num palco. É uma doação, uma entrega que me alimenta. Recebo sempre em dobro. É muito gratificante sentir o carinho e a aceitação do público.
19) RM: Defina-se como pianista?
Selmma Carvalho: Tive formação clássica, leio qualquer partitura, mas tenho algumas dificuldades ainda, no que se refere à música popular brasileira, com seus inúmeros ritmos, improvisações… No entanto ando mergulhando nos estudos.
20) RM: Em que suas outras qualificações profissionais te ajudam como cantora?
Selmma Carvalho: Um trabalho muito bacana que me dedico há anos, de extrema importância na minha formação como ser humano; “consciência corporal”, me ajudou a enxergar o outro de uma maneira mais clara, e a mim mesma. Como preparadora vocal tenho aprendido bastante. Também fiz um curso de teatro que me valeu muito, o trabalho de equipe foi um grande aprendizado.
21) RM: O que te deixa feliz e o que te deixa triste na carreira musical?
Selmma Carvalho: Dá prazer estar num palco, sentir o carinho das pessoas, escutar minha música tocando no rádio, escolher repertório, criar novas formas de interpretar temas conhecidos e conhecer novos compositores. Cantar uma música inédita, preparar um novo show, pensar nos detalhes de luz, cenário, ir costurando isso tudo e ver o resultado e aprender com ele. Em contrapartida, lidar com as vaidades desse meio, dificuldades para realização de um projeto, burocracias, falta de espaços culturais…
22) RM: Quais os projetos para o futuro?
Selmma Carvalho: Inúmeros. Cada um no seu tempo, mas quero trabalhar com afinco esse lado da composição, e me dedicar mais ao piano. Tenho planos de gravar um disco só com sambas, que eu adoro, repertório é o que não vai faltar!!
Contatos: www.selmmacarvalho.com \ [email protected]