Roberto Gava é um produtor musical, cantor, compositor e multi-instrumentista brasileiro, possui 5 álbuns lançados e é parceiro de nomes como Arnaldo Antunes, Cássio Gava, Neno Miranda, Mário Carvalho, Mário Montaut, Luiz Alberto Mendes, Itamar Vidal, Paulo Araujo, Ozias Stafuzza e Virginie Boutaud.
Como músico e produtor, Roberto já trabalhou com dezenas, talvez centenas de artistas, das mais variadas vertentes, como Ana Lee, Cássio Gava, Mário Montaut, Paulo Araujo, Neno Miranda, Nina Ximenes, Mário Carvalho, Rafael Leite, entre outros.
Como compositor, Roberto tem influências do Jazz do início do século XX, da música erudita, do psicodelismo dos anos 60 e principalmente do Tropicalismo.
Em 2012 Roberto ganhou o prêmio Rumos Itaú Cultural numa homenagem a Rogério Duprat, criando uma obra baseada nas “Seis Pequenas Peças para Violoncelo” do maestro da Tropicália.
Em 2019 participou do projeto “Antinomies” também selecionado no “Rumos Itaú Cultural”, cujo objetivo foi resgatar uma obra perdida do Duprat composta em 1962.
Em 2021 lançou o álbum “Bertolt Brecht” com 15 músicas musicadas a partir de poemas do escritor e dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Os poemas foram traduzidos por André Vallias, que ganhou o prêmio Jabuti com a obra.
O álbum contou com a participação de Zezé Motta, Carlos Careqa, Skowa, Virginie Boutaud, Gereba Barreto, Nina Ximenes, Camila Costa, Ana Lee, além de dezenas de músicos que gravaram de forma virtual, pois todo o projeto foi concebido no auge da pandemia do coronavírus em 2020. Todas as músicas e arranjos foram escritos por Roberto Gava.
Segue abaixo entrevista exclusiva com para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa 23.12.2023:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Roberto Gava: Nasci no dia 03 de maio de 1971 no hospital e maternidade de São Paulo – SP. Registrado como Roberto Gava Junior.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Roberto Gava: Sempre ouvi muita música, desde criança, minha família era muito musical e principalmente meus irmãos, que eram mais velhos e me influenciaram bastante a gostar de música.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Roberto Gava: Apesar de ter estudado na ULM e Escola Municipal de Música, nunca consegui ficar mais que dois meses seguindo qualquer tipo de método de ensino.
Cheguei a entrar nessas escolas por alguns anos consecutivos saindo logo em seguida. Todo ano entrava, ficava dois meses e saia, até que um dia desisti e resolvi me assumir como um músico autodidata.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Roberto Gava: Gosto de todo e qualquer tipo de música e acredito que nada deixou de ter importância, algumas coisas tiveram mais importância num momento e outras em outro, se fosse citar alguns nomes importantes que marcaram minha vida, poderia dizer: Caetano Veloso, Chico Buarque, Raul Seixas, Arrigo Barnabé, Egberto Gismonti, Roberto Carlos, Beatles, Queen, Stravinsky e tanta gente que não vai caber aqui. Como produtor e arranjador, sou bastante influenciado pelo Rogério Duprat e George Martin.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Roberto Gava: Acho que começou quando nasci, nunca me vi fazendo outra coisa e minha vida inteira foi dedicada à música.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Roberto Gava: Tenho 5 álbuns: Bertolt Brecht por Roberto Gava (OneRPM, 2021). Com participações de Zezé Motta, Carlos Careqa, Skowa, Virginie Boutaud, Gereba Barreto, Nina Ximenes, Camila Costa e Ana Lee. O álbum “Bertolt Brecht” conta com 15 músicas, musicadas por mim a partir de poemas do escritor e dramaturgo alemão Bertolt Brecht, traduzidos por André Vallias, que ganhou o prêmio Jabuti com a obra.
Tic Tac (Tratore, 2020). Álbum que conta com parcerias de Bertolt Brecht, Ozias Stafuzza, Mário Carvalho, Mário Montaut e Cássio Gava.
Cara de Pau (Tratore, 2017). Álbum autoral que mostra um pouco de minha influência do jazz do início do século passado, além de releitura da canção “Corta Jaca” de Chiquinha Gonzaga.
Meu nome é Roberto Gava (Tratore, 2016). Álbum autoral que inclui a releitura da canção “Ó Abre Alas” de Chiquinha Gonzaga, além de parceria com Luiz Alberto Mendes e participação de Ana Lee.
Único (Independente, 2008). Meu primeiro álbum que conta com parcerias de Cássio Gava, Neno Miranda, Mário Montaut e Arnaldo Antunes.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Roberto Gava: Meu estilo musical é o resultado de tudo o que ouvi desde a infância, todo o ecletismo de sons que eu escutava se reflete hoje na minha música, para alguns eu sou POP, para outros eu sou ROCK, mas para mim eu faço MPB.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Roberto Gava: Nunca, a não ser quando cantei em coral e existia toda uma preparação vocal antes dos ensaios.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Roberto Gava: Qualquer tipo de estudo é importante e o cuidado com a voz para um cantor é essencial, mas não considero obrigatório o estudo de técnica vocal para o cantor de música popular, por exemplo: Elis nunca estudou, Caetano Veloso nunca estudou, já Marisa Monte estudou, então acho que é de cada um.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Roberto Gava: Dezenas, talvez centenas, posso citar: Gal Costa, Marisa Monte, Paul Mccartney, Caetano Veloso…
11) RM: Como é seu processo de compor?
Roberto Gava: Totalmente intuitivo, pego o violão, coloco alguns acordes e vou criando uma sequência harmônica em conjunto com uma melodia, a letra as vezes vai vindo junto, as vezes não.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Roberto Gava: Tenho parcerias com Cássio Gava, Ozias Stafuzza, Mário Montaut, Arnaldo Antunes, Itamar Vidal, Neno Miranda, Mário Carvalho, Luiz Alberto Mendes, Paulo Araújo e Virginie Boutaud.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Roberto Gava: Os prós é que você tem liberdade para fazer o que bem entender da vida, os contras é que você tem um mundo inteiro para trilhar completamente só.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Roberto Gava: Eu nasci para fazer música, compor, criar, tocar e ser feliz com isso, a questão do planejamento é algo onde me perco completamente, acho que esse é o principal ponto que está faltando para mim hoje em dia.
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Roberto Gava: Como acredito que aconteça com qualquer músico independente, a Internet acaba sendo o maior meio de divulgação da música.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Roberto Gava: Ela ajuda no sentido de colocar minha música para todo mundo ouvir, em qualquer lugar do Globo, a hora que bem entender, o instante que quiser, mas prejudica no sentido de saturar um pouco o mercado.
Devido a facilidade, hoje em dia tem muita coisa para ouvir, de forma que acaba passando do ponto e as pessoas no final parece que acabam não ouvindo nada.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Roberto Gava: As vantagens é que com um baixo investimento você consegue gravar com uma qualidade muito próxima de grandes estúdios, a desvantagem é que para mim, o excesso de facilidade passou um pouco do ponto e a gente acaba não valorizando tanto as coisas como acontecia antigamente.
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Roberto Gava: Na verdade eu faço música, a minha música acredito ser o maior diferencial para me destacar dentro de meu nicho musical.
19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Roberto Gava: Não acredito em regressão musical, mas sim em momentos, acredito que todas as referências que me fizeram ser quem eu sou, continuam fortes e firmes, com trabalhos super consistentes.
Na nova geração, como em todas as gerações apareceram grandes figuras também, pois a música brasileira é absurdamente rica, mas diferente de outras décadas, não vejo essa novidade surgindo na grande mídia, ficando restrita dentro de um circuito underground.
20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?
Roberto Gava: Não sei se minha memória está curta, mas não me recordo de nada muito substancial para dizer aqui, talvez quando me apresentei pela primeira vez em público num festival de escola estadual, a corda do violão quebrou ao vivo e acabei improvisando com uma guitarra emprestada.
21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Roberto Gava: A felicidade para mim vem da criação, de tirar algo de dentro de mim e colocar para fora, o triste é ter um público ainda restrito. O intuito de um criador é ter sua obra ouvida, se ninguém ouve, ela as vezes acaba perdendo o sentido da criação.
22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Roberto Gava: Até acho que exista o dom, mas isso é uma questão de opinião, acredito que por mais que você estude determinado assunto, nunca vai chegar perto de alguém que supostamente nasceu para isso.
23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Roberto Gava: Para mim, o improviso é fazer algo que não esteja escrito.
24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Roberto Gava: Existem aquelas escolas de improvisação, principalmente na área do Jazz, cheio de técnicas e teorias que o pessoal estuda e depois utiliza na prática, acredito que até funcione e acho legal. O improviso desse ponto de vista não é algo aleatório, é algo estudado e pensado.
25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Roberto Gava: Acho que qualquer tipo de estudo musical é válido, não vejo nada contra o saber, acho que tem gente que improvisa sem utilizar qualquer tipo de método, veja Egberto Gismonti ou Hermeto Pascoal, agora outros seguem a risca a cartilha da Berkeley. No final acho que está tudo valendo e vai de cada um seguir o melhor método que lhe apetece.
26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Roberto Gava: Como disse antes sou a favor do estudo de música, incluindo harmonia, só acho que devemos ter cuidado na música popular para não deixar o estudo atrapalhar a espontaneidade.
Quando vou compor uma canção, não penso em nada em termos de teoria, deixo tudo fluindo da forma mais intuitiva possível, agora quando vou fazer o arranjo de uma peça, aí sim, penso em teoria, harmonia, contraponto, etc.
27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Roberto Gava: Fico na dúvida do futuro, não sei nem se rádio exista ainda hoje em dia, ou pelo menos com a força que tinha antes, o Jabá existe, mas não só na rádio, como em todos os meios de comunicação. Procuro não pensar muito nisso, pois senão fico triste e não consigo criar.
28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Roberto Gava: Boa sorte e seja feliz, pois o princípio da vida é a busca pela felicidade. Se você acha que vai ser feliz assim, então vou ser o primeiro a aplaudir.
29) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Roberto Gava: No passado com certeza revelou grandes nomes, hoje em dia não sei dizer se eles têm a mesma força em todos os aspectos, inclusive a ponto de revelar novos talentos.
30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Roberto Gava: Estou meio alheio ao mundo atualmente, não vou saber responder isso com embasamento, nem TV eu tenho mais.
31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Roberto Gava: Acho que são espaços relevantes e importantes, pois neles, ainda existe uma pequena abertura para a música independente.
32) RM: Quais os seus projetos futuros?
Roberto Gava: Fazer música e fazer com que minha música seja cada vez mais ouvida, pois acredito que esse seja o sentido de qualquer criador.
33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Roberto Gava: https://robertogava.com.br
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Canal: https://www.youtube.com/robertogava
Bertolt Brecht – Roberto Gava. Poemas musicados por Roberto Gava: https://www.youtube.com/watch?v=I3H3KM3iQ-k
Playlist Bertolt Brecht por Roberto Gava: https://www.youtube.com/watch?v=CjVBxtY-yyE&list=PLL1JasTocQIY_rJcwq9jdZB4F_5muP2Yc
Playlist Homenagens do Roberto Gava: https://www.youtube.com/watch?v=kzHbE35U6FE&list=PLL1JasTocQIY7-yIz2EytDHYEGsg7xjcN
Playlist Canções de Roberto Gava: https://www.youtube.com/watch?v=yMasNutdEWU&list=PLL1JasTocQIZzsGvZfsV0ptx4Z_WhTmkX
Playlist Releitura de Roberto Gava: https://www.youtube.com/watch?v=5f9ri9btcSo&list=PLL1JasTocQIa-erCjRTMnMewHJct5ugTa
Roberto Gava: https://open.spotify.com/intl-pt/artist/2dJD9e4zcYdFAeK8KRkqLd