More Paulo Santana »"/>More Paulo Santana »" /> Paulo Santana - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Paulo Santana

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O violeiro, compositor paranaense Paulo Santana iniciou sua carreira de músico aos seis anos como autodidata. Mesmo assim, seguiu em seus estudos formais. Formou-se em Música Popular Brasileira (MPB) e Jazz pelo maior conservatório musical da América Latina, o Conservatório Musical de Tatuí (SP).

Ao longo dos anos, aprendeu a executar os mais diversos instrumentos, dentre os quais: violão, guitarra, contrabaixo, cavaquinho e viola caipira. Foi exatamente na viola que encontrou sua grande paixão. Com ela ficou conhecido nacionalmente por executar, além de violas comuns, a maior e a menor viola do mundo, ambas fabricadas pelo Luthier João Viola.

Foi notícia nos principais meios de comunicação do Brasil como: Folha de São Paulo, Revista Isto É, Canal Rural, SBT, Band, Rede Record, TV Globo e Globonews, além dos meios de comunicação locais como o programa Caminhos do Campo (TV Globo), Rancho da Prosa (RIC TV Record), Jornal O Diário do Norte do Paraná, dentre outros.

Participou de diversos programas televisivos. Em sua participação no Programa do Jô, em 2004, foi bastante elogiado pelo próprio apresentador e pela crítica nacional. Foi também fundador e proprietário de uma das escolas de música mais conceituadas do país, sobretudo no âmbito da viola caipira: A ESCOLA DE MÚSICA PAULO SANTANA.

Com base na sua experiência como professor de música há mais de 30 anos – subtraindo-se desse período 15 anos só como professor de viola caipira – resolveu criar o método “Fábrica de Violeiros”, um curso online que está disponível através do site: www.fabricadevioleiros.com.br

No mundo artístico, seu trabalho é amplamente reconhecido. Seu desempenho como violeiro tem-no levado a apresentar-se em várias regiões do país, tocando na viola caipira, não só o repertório clássico das músicas de raízes sertanejas, como também, excursionando pelos estilos mais arrojados da música contemporânea, inclusive o Jazz.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Paulo Santana para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 06.12.2024:

01) RM: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Paulo Santana: Nasci no dia 29 de junho de 1975, em Maringá, Paraná. Registrado como Paulo Moreira Santana.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Paulo Santana: Meu primeiro contato com a música foi ainda criança, ouvindo canções caipiras na radiola do meu tio e o violão do meu pai (José Godoy de Santana), que tocava e cantava músicas de folia de Reis em casa. Antes de eu nascer, ele já tocava em folias de Reis e tinha uma dupla caipira.

Também cresci ouvindo na igreja Assembleia de Deus, onde minha família frequentava, os músicos Maurício Pasquini (baixista) e José Pasquini (guitarrista). Esses irmãos tiveram uma grande influência na minha vida musical, principalmente José Pasquini, pois a guitarra sempre me encantou, tanto que mais tarde me tornei guitarrista profissional. Comecei cedo, por volta dos seis anos, tocando na fanfarra da escola. Minha paixão pela música ficou evidente desde cedo.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Paulo Santana: Dediquei minha vida à música. Não tive nenhuma outra formação acadêmica fora dela. Sou autodidata, mas também segui a formação formal para me aperfeiçoar como professor. Me formei em MPB e Jazz pelo Conservatório Dr. Carlos de Campos de Tatuí – SP, o maior da América Latina.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente? Quais deixaram de ter importância?

Paulo Santana: Na infância, fui muito influenciado por mestres da música caipira, como Tião Carreiro e Pardinho e Tonico e Tinoco — essa última foi a primeira dupla que ouvi. Mais tarde, conheci outros como Almir Sater, Renato Andrade, Goiano e Paranaense, Cacique e Pajé, Zé Mulato e Cassiano, Liu e Léu. A lista é grande!

Sempre fui eclético, também ouvindo instrumentistas de rock, jazz e MPB, especialmente guitarristas de jazz norte-americanos, como Pat Metheny, Pat Martino, Joe Pass, Wes Montgomery, George Benson, entre outros. Hoje, mantenho essas influências e acompanho novos músicos, tanto de outros instrumentos, como Yamandu Costa e Hamilton de Holanda, entre outros, quanto violeiros, como os amigos Arnaldo Freitas, Marcos Biancardini, Fernando Sodré, e por aí vai. Muita gente boa dessa nova safra de violeiros!

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Paulo Santana: Comecei profissionalmente em Maringá – PR ainda criança, na fanfarra escolar e depois na igreja, onde formei uma dupla gospel com meu irmão, a dupla Oséias e Paulo. Sempre gostei mais de tocar do que cantar, mas me aventurei como “cantor” também (risos). Depois, toquei por cinco anos na banda de baile Edição Especial, como guitarrista e cantor de segunda voz e backvocal.

06) RM: Quantos álbuns lançados?

Paulo Santana: Lancei um CD independente em 2005, chamado “Viola Mundi”, hoje disponível no Spotify. O nome é sugestivo porque a ideia era mostrar a versatilidade da viola caipira tocando diversos gêneros musicais, nacionais e internacionais, além da música caipira.

07) RM: Como você se define como violeiro?

Paulo Santana: Considero-me um violeiro que honra a tradição da Viola Caipira, mas que também busca inovação, explorando ao máximo a versatilidade do instrumento.

08) RM: Quais afinações você usa na viola?

Paulo Santana: Uso as afinações Cebolão em E (B – E – Sol# – B – E), Cebolão D (A – D – Fá# – A – D) e Rio Abaixo G (G – D – G – B – D).

09) RM: Quais as principais técnicas que o violeiro deve conhecer?

Paulo Santana: Um bom violeiro deve dominar as técnicas de ponteio e dedilhado, além dos acordes, escalas e ritmos, que são o alicerce da música. A habilidade de improvisar também é importante.

10) RM: Quais os violeiros que você admira?

Paulo Santana: Da geração anterior à minha, admiro Tião Carreiro, Almir Sater, Bambico, Renato Andrade, Roberto Corrêa, Miltinho Edilberto, Braz da Viola, Ivan Vilela, Pereira da Viola, Helena Meirelles, Paulo Freire, Fernando Deghi, Chico Lobo, Levi Ramiro, Valdir Verona, Adelmo Arcoverde, … são tantos, cada um com contribuições únicas para a história da Viola.

Da minha geração para cá, admiro também amigos como Arnaldo Freitas, Marcus Biancardini, Fernando Sodré, Bruno Takashi, Felipe Rezende, Lyan (da dupla Mayck e Lyan), Leandro Valentim, Ricardo Vignini, Lucas Reis e Thácio… A lista é enorme!

11) RM: Como é seu processo de compor?

Paulo Santana: Normalmente, começo tocando algo sem compromisso, deixando as melodias surgirem naturalmente. A partir daí, vou organizando as ideias e estruturando a música.

12) RM: Quais as principais diferenças técnicas entre a viola e o violão?

Paulo Santana: A Viola tem uma afinação diferente e exige técnicas específicas, como o ponteado. Além disso, o timbre é único e traz uma sonoridade mais ligada à música de raiz.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Paulo Santana: A independência traz liberdade artística e controle sobre a carreira, mas exige muito mais esforço em termos de marketing, gestão e distribuição.

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Paulo Santana: Diversifico minhas atividades, tanto no palco quanto no ensino. Dou atenção especial ao ensino online e ao contato direto com o público pelas redes sociais.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?

Paulo Santana: Invisto em uma presença forte nas redes sociais e no ensino online personalizado, o que realmente faz diferença.

16) RM: Como a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Paulo Santana: A internet ajuda mais do que prejudica, permitindo alcançar um público muito maior. Porém, aumenta a concorrência e a pressão para se destacar, o que considero saudável, pois me motiva a melhorar como músico.

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home studio)?

Paulo Santana: A tecnologia permite gravações de qualidade com baixo custo, mas é preciso manter o cuidado com a qualidade artística para que o processo não se torne técnico demais.

18) RM: Como você se diferencia no seu nicho musical?

Paulo Santana: Como professor, ofereço um aprendizado personalizado, com acompanhamento contínuo. Como instrumentista, exploro gêneros diversos com a viola, como o country americano, o jazz, o rock, o choro, a bossa nova, o samba, entre outros.

19) RM: Como você analisa o cenário da música sertaneja?

Paulo Santana: A música sertaneja evoluiu bastante, mas a essência caipira se perdeu em muitos aspectos. Artistas como Almir Sater e Renato Teixeira continuam relevantes por manter essa essência viva.

20) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Paulo Santana: O que mais me alegra é ver que ainda existe um público que reconhece o valor de um trabalho de qualidade. Para esses, vale a pena trabalhar. O que me entristece é ver a falta de reconhecimento e a comparação com produtos baratos, que ignoram a dedicação e o valor de uma vida inteira de trabalho.

21) RM: Quais outros instrumentos musicais você toca?

Paulo Santana: Além da viola, toco violão, guitarra, baixo e cavaquinho.

22) RM: Como você analisa o cenário da música sertaneja caipira/raiz?

Paulo Santana: A música caipira passa por mudanças, mas ainda há muitos artistas que respeitam a tradição e trazem inovações que enriquecem o gênero.

24) RM: Quais os vícios técnicos o violeiro deve evitar?

Paulo Santana: Um dos principais vícios é a rigidez na execução, que compromete a fluidez e a naturalidade do som.

25) RM: Quais os erros no ensino da viola?

Paulo Santana: Muitos “professores” ensinam sem preparo, disseminando erros que comprometem a originalidade das músicas e dos ritmos, criando vícios difíceis de corrigir mais tarde.

26) RM: Tocar muitas notas por compasso ajuda ou prejudica a musicalidade?

Paulo Santana: Depende do estilo, mas em geral, exagerar nas notas pode tirar a simplicidade e a alma da música caipira.

27) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Paulo Santana: Muita dedicação, paixão e amor pela música. Não basta talento; é preciso disciplina.

28) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?

Paulo Santana: Um erro comum na metodologia de ensino de música é não respeitar o ritmo de cada aluno, pois o aprendizado musical é pessoal e cada um tem seu próprio tempo. Além disso, introduzir teoria logo no início, quando o aluno está começando do zero, é um equívoco. A teoria é importante, mas deve vir depois; primeiro, o aluno precisa aprender a tocar.

29) RM: Existe o dom musical? Qual sua definição de dom musical?

Paulo Santana: Acredito que o dom musical é uma sensibilidade que alguns têm naturalmente, mas precisa ser trabalhado com estudo e prática.

30) RM: Qual sua definição de improvisação?

Paulo Santana: Improvisar é se expressar livremente na música, criando algo novo em cima de uma base conhecida.

31) RM: Existe improvisação de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Paulo Santana: A improvisação tem bases de estudo, mas o momento de improvisar é único e espontâneo.

32) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Paulo Santana: O estudo ajuda a entender as possibilidades, mas há um risco de se tornar previsível se a improvisação for totalmente mecânica.

33) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Paulo Santana: O estudo da harmonia é fundamental para expandir o vocabulário musical, mas é importante não se prender apenas às regras.

34) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia do cenário musical brasileiro?

Paulo Santana: A mídia ainda tem um foco muito comercial, e a música de raiz, assim como outros gêneros musicais de qualidade, acaba sendo pouco explorada.

35) RM: Qual a importância de espaços como SESC, Itaú Cultural, Caixa Cultural, Banco do Brasil Cultural para a música brasileira?

Paulo Santana: São fundamentais para dar visibilidade a artistas e projetos que não têm espaço na mídia tradicional.

36) RM: Quais os seus projetos futuros?

Paulo Santana: Pretendo continuar expandindo meu método de ensino e ampliando meu repertório musical, sempre valorizando a boa música.

37) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Paulo Santana: (44) 99119 – 5995 | https://www.fabricadevioleiros.com.br | [email protected]

| https://www.instagram.com/paulosantanavioleiro

APRENDA VIOLA DO JEITO CERTO: https://www.fabricadevioleiros.com.br/?fbclid=PAZXh0bgNhZW0CMTEAAaYynRC4vqt8Dob71VRlCwehdiDg7Oje3cXEdfWYjjtuRmSwdKpkgCuAOms_aem_foVow4PH5KC1AJqULFViUg

Canal: https://www.youtube.com/@PAULOSANTANAVIOLEIRO

Playlist de Viola: https://www.youtube.com/watch?v=lCWRaNabLlk&list=PLNfNcnsYdwV4Ap7zcZEDr-jlkhh1CyOj1

Maior Viola do Mundo (Programa do Jô): https://www.youtube.com/watch?v=VTvLs5m2A4I

Um Trechinho de Summertime na Viola Caipira no Programa do Jô: https://www.youtube.com/watch?v=k9bBFOo7ZLI


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