Estimada e carismática figura é uma das maiores referências entre os músicos brasileiros. Nema Antunes conhecido no Brasil e no mundo, este mineiro radicado em Brasília tem um vasto curriculum e muitas histórias para contar. Filho mais velho do maestro fundador do primeiro coral da igreja adventista do Distrito Federal, Nema é o mais velho de uma família de cinco irmãos.
Todos, desde sempre, tiveram contato com a música, o que resultou numa prole formada por músicos eruditos, todos diplomados em Faculdades de Música, no caso do Nema, Escola de Música de Brasília.
A paixão pelo contrabaixo falou mais alto e ele adentra a cena popular. Assim, conquistou seu espaço na capital federal até que em 1993, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde vive até hoje.
Desde então, o baixista vem gravando e se apresentando com grandes nomes da música dentro e fora do nosso país, seja participando de festivais importantes na cena musical ou em álbuns contemplados em prêmios reconhecidos ao redor do globo, a exemplo GRAMMY Latino em 2005.
Além de ser sideman de Ivan Lins desde 1998, Nema é produtor musical, compositor e arranjador, e tem assinado projetos de diversos artistas brasileiros e estrangeiros, tanto na linha secular quanto gospel.
Sua técnica, destreza, precisão e timbragem fazem deste profissional uma sumidade quando o assunto é contrabaixo.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Nema Antune para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 02.12.2023:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Nema Antunes: Nasci no dia 02/12/1962 em Belo Horizonte – MG. Registrado como Nehemias Antunes Santos.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Nema Antunes: O meu primeiro contato com a música foi muito criança. Meus pais (Clemente Pereira Santos e Jardelina Antunes Santos) logo cedo ensinaram música. Para os filhos. Somos cinco filhos.
03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Nema Antunes: Sou formado em música pela EMB (Escola de Música de Brasília). Segundo grau completo.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Nema Antunes: As minhas influências vêm da música erudita, logo o Rock Progressivo e a MPB. Sempre muito importante para a minha trajetória. Nesses Estilos, nada deixou de ser importante.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Nema Antunes: A minha carreira musical começou em Brasília – DF nos anos 80, e segue até os dias de hoje.
06) RM: Quantos discos lançados? Cite alguns discos que você já participou como contrabaixista?
Nema Antunes: Estou finalizando o meu segundo álbum instrumental. Tive a honra de gravar com vários artistas brasileiros e Artistas internacionais.
Alguns discos que eu participei como contrabaixista: Ivan Lins, Zé Renato, Zeca Baleiro, Flávio Venturini, Leny Andrade, Rosa Passos, Roberto Menescal, Dione Warwick, New York Voices, Ed Palermo, entre outros.
07) RM: Você publicou método para contrabaixo?
Nema Antunes: Eu tenho um método publicado, que é uma Master Class.
08) RM: Como é seu processo de composição musical?
Nema Antunes: O meu processo de composição é sempre pensar em uma melodia. E em seguida a harmonia. Já compus primeiro a harmonia, mas, o que eu mais me identifico é compor primeiro a melodia.
09) RM: Você compõe melodia para letra?
Nema Antunes: Eu tenho algumas parcerias, porém, eu já envio a melodia para os parceiros colocar a letra.
10) Quais são seus principais parceiros de composição?
Nema Antunes: Os meus principais parceiros de composição, são todos fantásticos: Ivan Lins, Beto Dourah, Alber Vale, Kadu Lambach, Mart’nália, entre outros.
11) RM: Como você define seu estilo como contrabaixista?
Nema Antunes: O meu estilo como contrabaixista, é brasilidade total, e também, buscando ritmos africanos que são de uma riqueza sem fim.
12) RM: Quais as principais técnicas que o baixista deve se dedicar?
Nema Antunes: As principais técnicas que o baixista deve buscar, é saber tirar um excelente som, o maior reconhecimento é o estudo.
13) RM: Qual a importância de o baixista equilibrar a função de condução e de solista?
Nema Antunes: O equilíbrio da função de condução de um contrabaixista, é simplesmente tocar para a música. Como solista, é necessário ter o conhecimento de Harmonia, modos gregos, etc… logo, criar uma melodia em cima da harmonia.
14) RM: Quais os principais vícios técnicos ou falta de técnica tem os baixistas alunos e alguns profissionais?
Nema Antunes: Para que não haja vício ao executar o contrabaixo, é fundamental estudar as Escalas, com os dedos certos no local de cada casa do braço do instrumento. Assim é possível evitar vícios.
15) RM: Quais as principais características de um bom baixista?
Nema Antunes: As principais características de um bom baixista, é ter uma técnica apurada buscando a melhor sonoridade do instrumento.
16) RM: Quais são os contrabaixistas que você admira?
Nema Antunes: Eu admiro tantos contrabaixistas, mas vou citar alguns que fizeram e fazem parte da minha trajetória. São eles: Luizão Maia, Sizão Machado, Jamil Joanes, Arthur Maia, Paulo César Barros, Bororó Felipe, Jaco Pastorius, Marcus Miller, Anthony Jackson, Charles Mingus, entre outros.
17) RM: Existe uma indicação correta para escolher um contrabaixo de mais de 4 cordas? Quais os gêneros musicais correspondentes a quantidade de cordas do instrumento?
Nema Antunes: Eu não vejo se há uma indicação correta para escolher um instrumento com mais de 4 cordas. Existem estilos que ficam mais contundentes com baixos de 4 cordas. Exemplo o R&B, Som da década de 70, porém o som pop de hoje fica muito interessante usar a 5 corda mais grave dando uma nova roupagem com o som mais gordo. Ou seja, Subway. Encorpado.
18) RM: Qual a marca de encordoamento da sua preferência? Existe marca ideal para cada gênero musical ou é preferência pessoal?
Nema Antunes: Os encordoamentos que eu uso, que são os meus preferidos, são: Ernie Ball, Elixir, Fodera e DR. É preferência pessoal. Eu gosto de cordas mais pesadas 0.45 tem baixista que gosta mais leve 0.40. O Importante é se sentir confortável.
19) RM: Quais os prós e contras de ser professor?
Nema Antunes: Ser professor é levar o conhecimento ao aluno. Porém a dedicação é imensa, e intensa. É o meu ponto de vista positivo. Já na questão de contra, é você se dedicar ao máximo e, chegar um aluno cheio de caprichos, fazendo o professor perder o seu precioso tempo.
20) RM: Quais os prós e contras de ser músico freelancer acompanhando outros artistas?
Nema Antunes: Ser um músico freelancer tocando com vários artistas, é ter o compromisso de fazer somente os shows que foram marcados sem vínculo. Só vejo pelo lado positivo.
21) RM: Quais os prós e contras de ser músico de estúdio de gravação. Gravando as linhas de contrabaixo em discos de artistas?
Nema Antunes: Ser músico de estúdio é muito gratificante, pois circula por várias vertentes. Porém ser somente músico de estúdio, não há chances de fazer uma turnê com outros artistas. Enfim. O importante é conciliar as duas coisas.
22) RM: Quais bandas que já participou?
Nema Antunes: Participei em Brasília – DF das Bandas Novo Rumo (banda de Rock) e Banda Ária Tribo (Instrumental). Já radicado no Rio de Janeiro, fiz parte da banda Batacotô.
23) RM: Quais os prós e contras de tocar em uma única banda?
Nema Antunes: Os prós em tocar em uma banda, é poder compartilhar as suas ideias somando com as ideias dos companheiros, onde se cria a personalidade da banda. O contra: é quando começa a questão da vaidade deixando de lado a proposta de um grupo.
24) RM: Quais principais dificuldades de relacionamento que enfrentou em bandas?
Nema Antunes: As principais dificuldades de relacionamento de uma banda, é exatamente o que eu disse anteriormente, quando se perde o foco do grupo, onde um ou outro começa a buscar os interesses voltado somente na questão individual e não para o benefício da banda.
25) RM: Quais os artistas já conhecidos você já acompanhou como músico freelancer?
Nema Antunes: Os artistas conhecidos que eu trabalhei como freelancer foram: Leny Andrade, Fátima Guedes, Nilson Chaves, Elza Soares, Lucho Gatica, Dionne Warwick, Eudes Fraga, João Donato, Miele, Paula Morelenbaum, entre outros.
26) RM: Quais principais dificuldades de relacionamento que enfrentou acompanhando artistas já conhecidos?
Nema Antunes: Graças a Deus eu nunca tive dificuldades em me relacionar com artistas. Sempre muito leve, com muito profissionalismo e cuidados com o trabalho. Não tem como dar errado.
27) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Nema Antunes: As minhas estratégias de planejamento é sempre focar no que possa ter o melhor resultado no palco e fora do palco também. Chegar sempre com o trabalho embaixo do dedo, ser pontual e cumprir com toda a logística da produção, para que o trabalho siga com fluência.
28) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?
Nema Antunes: Ações empreendedoras hoje em dia, é ter a sua própria empresa.
29) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
Nema Antunes: A internet facilitou muito, abrindo as portas para o mundo conhecer o seu trabalho. A internet só dificulta, se os caminhos usados são levados para outros fins.
30) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Nema Antunes: As vantagens de gravar em casa, facilita muito para criar com calma as ideias. A desvantagem, é não poder gravar junto com a base. Pois, gravando todos juntos, fica totalmente orgânico.
31) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje grande não é mais o grande obstáculo. Mas concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para ser diferencia dentro do seu nicho musical?
Nema Antunes: No passado tal qual como hoje, sempre há dificuldades. Porém no passado existia as gravadoras, porém o acesso é bastante difícil. A concorrência sempre existirá. O que é necessário para se diferenciar, é ter personalidade musical, criando uma assinatura para que seja sempre lembrado.
32) RM: Como você analisa o cenário da Música Instrumental Brasileira. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Nema Antunes: O cenário da música instrumental no brasil, é de uma riqueza tremenda, mas vivemos sempre acreditando e resistindo. As revelações são: André Vasconcelos, Ney Conceição, Thiago Espirito Santo, Michael Pipoquinha, o pianista André Mehmari, Hamilton de Holanda, Pedro Martins, Daniel Santiago, Renato Galv Santos, Felipe Viegas, Tatiana Parra, Vanessa Moreno, Salomão Soares, tantos outros. Todos consistentes.
33) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileira. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Nema Antunes: O cenário da MPB é de dar inveja ao mudo inteiro. Só tem craques neste cenário: Ivan Lins, Marcos Vale, Joice, Rosa Passos, João Donato, Roberto Menescal, Fátima Guedes, Beto Guedes, Toninho Horta, Flávio Venturini, Milton Nascimento, Azymuth, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Jobim, tantos outros. Passaria o dia escrevendo.
34) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?
Nema Antunes: Situações inusitadas, são várias, mas duas que realmente fiquei impressionado. A primeira foi tocar na inauguração de um terreno que seria construído um condomínio. Bom o Show deveria ter iniciado às 15:00 e só terminaram a montagem às 18:00.
Imagina no meio do mato sem luz, cheio de mosquito escuro e a banda tocando, e as pessoas sem enxergar nada ouvindo a música. Só gente rica e não contrataram uma equipe de Luz. Inacreditável.
A outra, estávamos em NY fazendo o último show dia 09 de setembro, e quem estava na plateia, era simplesmente Paul McCartney. Mais que sensacional. Mas o inesperado aconteceu no dia 11.
Assim que chegamos em L.A acordamos com o noticiário sobre a queda das torres gêmeas. Foi o fim, pois a Tour não deu seguimento. Muito triste. É isso.
35) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Nema Antunes: O que mais me deixa feliz na minha carreira musical, é saber que o que eu faço e de uma benfeitoria para a humanidade, pois a música cura. Não tem preço. Como é gratificante. A minha tristeza é saber que ainda existem músicos que atropela uns aos outros, dificultando a união da classe. Muito triste.
36) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Nema Antunes: O que eu digo para quem quer trilhar a carreira musical, é que o maior reconhecimento é o estudo. Seja muito bom no que faz. Nunca melhor do que ninguém.
37) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Nema Antunes: Eu penso que nascemos com o Dom. O que é necessário? Desenvolver o dom.
38) RM: Qual seu conceito de Improvisação?
Nema Antunes: Conceito de improvisação, é ter conhecimento de harmonia para expressar as suas ideias dentro de um raciocínio lógico e musical.
39) RM: Existe improvisação de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Nema Antunes: Improvisação são duas situações: Totalmente estudada para depois ser aplicada e a improvisação quando não se tem o conhecimento, mas tem o dom de usar o sentimento.
40) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Nema Antunes: Eu vejo como positivo a metodologia sobre a improvisação. Os métodos usados é para facilitar os caminhos a serem usados.
41) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Nema Antunes: O conhecimento de harmonia é fundamental para o progresso do profissional. Sempre positivo. Existem músicos que tem o dom de tocar por ouvido com uma desenvoltura de quem tem um conhecimento profundo de harmonia, mas nunca estudou. É de se impressionar com este feito.
42) RM: Você toca outros instrumentos?
Nema Antunes: Eu toco piano e violão para abrir a cabeça na questão de harmonia. Isso faz com que tenhamos dinâmica para expandir os horizontes.
43) RM: Quais os prós e contras de ser multi-instrumentista?
Nema Antunes: Ser multi-instrumentista na minha opinião é para aguçar o conhecimento. Mas, penso eu, devemos abraçar um instrumento e seguir em frente, objetivando a sua busca.
44) RM: No passado existia a “dependência” do Baixo tocar “colado” com a célula do ritmo do bumbo da bateria. Quando o Baixo se tornou independente desse conceito?
Nema Antunes: O contrabaixo com o bumbo é essencial para ter uma base consistente e segura. A independência de tocar livre, funciona para um groove específico. O Importante é estar juntos, tocando música. Nada de tocar aleatoriamente, sem groove.
45) RM: Quais os compositores da Bossa Nova você admira?
Nema Antunes: Roberto Menescal, Luiz Eça, Carlos Lira, João Donato, Tom Jobim, entre outros.
46) RM: Quais os compositores do Samba e do Choro você admira?
Nema Antunes: Wilson das Neves, Moacyr Luz, Paulinho da Viola, Nelson Cavaquinho, Cartola, Nelson Sargento, Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Waldir Azevedo, Dedos de Ouro, Jaco do Bandolim, entre outros.
47) RM: Quais os compositores da MBP você admira?
Nema Antunes: Milton Nascimento, Ivan Lins, Gonzaguinha, Chico Buarque, Edu Lobo, Marcos Valle, Tom Jobim, tantos outros. São tantos que não dá para escrever por aqui.
48) RM: Apresente o grupo Batacotô.
Nema Antunes: Grupo criado no Rio de Janeiro tendo como líder e fundador o baterista Téo Lima (Teófilo Pereira Lima – bateria, percussão e voz). Em suas várias formações fizeram parte Giovana Moretti (oboé e líder voz), Amaury Machado (violão e líder voz), Dudu Carybé (guitarra e cavaquinho), Nema Antunes (contrabaixo), Marco Brito (teclados), Pirulito (percussão) e Jaguara (percussão).
No CD de estreia, “Batacotô”, lançado pela gravadora Velas, em 1993, contou com as participações especiais de Dionne Warwick e Ivan Lins na faixa “Camaleão” (Ivan Lins, Vitor Martins e Aldir Blanc), com versão em inglês de Jack Cousineau e Giba Ferreira. Outra participação importante foi a de Gilberto Gil na faixa “Quilombos”, de Lenine. Na faixa “Virou areia”, de Lenine e Bráulio Tavares, a participação especial foi do próprio Lenine, sendo esta música incluída no “Jazz Book”, livro oficial das universidades e escolas de música da América. Por fim, a participação de Ivan Lins na música “Confins” (Ivan Lins, Vitor Martins e Aldir Blanc), música tema da novela “Renascer”, da Rede Globo, neste mesmo ano.
O disco contou ainda com os músicos Ernie Watts, Jerry Goodman, Bororó e Maurício Maestro. Destaque para as faixas “Nkosi SikelelAfrika”, de Enoch Sontonga, hino do Congresso Nacional Africano, e a faixa “So Bashiya Hlala Ba Ekhaya” (de Amandla), hino da Juventude Negra da África do Sul, no qual participou o sanfoneiro Sivuca. O disco foi relançado pelo selo americano Triloka e ocupou, segundo uma publicação americana especializada em world music, o 23ª lugar nas paradas de sucesso nos Estados Unidos.
Em 1994, o grupo lançou o segundo disco, “Semba dos ancestrais”, título retirado de música homônima de autoria de Martinho da Vila e Rosinha de Valença. Também lançado pela gravadora Velas, o disco trouxe no fundo de caixa um texto de Martinho da Vila, que definia muito bem a estética e o diferencial do grupo: “Pra democratizar e não discriminar, berimbau misturado ao som do teclado, guitarra e ganzá, vamos batacotar!”.
Neste trabalho, o samba brasileiro e a música africana, mais precisamente a angolana, foram mescladas, reforçando ainda mais a característica musical do grupo em unir a diáspora sonora da música negra. O disco registrou temas como “Angola Medley”, que unia as faixas “Semba dos ancestrais” à “Muadiaki”, de autoria de dois compositores angolanos (Bonga e Landa), e fechando a faixa com “Som africano”, tema de domínio popular africano.
Foram incluídas ainda, neste mesmo CD, algumas regravações de clássicos do samba: “Nas águas de Amaralina”, de Martinho da Vila e Nélson Rufino; “Um velho malandro de corpo fechado”, de Arlindo Cruz e Franco, e ainda “Coité e cuia”, de Wilson Moreira e Nei Lopes. No repertório ainda constaram “Candeeiro encantado” (Lenine e Paulo César Pinheiro), “Ysiela Keere” (Elton Meirelles e Téo Lima), “Esse negro não se enxerga” (Claudio Jorge e Nei Lopes), “Bem-querer” (Ivan Lins e Vitor Martins) e “Coisa de comer”, de autoria de Dunga, muito executada na emissoras de rádio.
Por esta época o grupo ficou como sendo a banda que acompanhava Ivan Lins, contudo sempre manteve um trabalho próprio em discos e em shows. O grupo apresentou durante um ano o programa “Batacotô e amigos” na TVE Canal 2, do Rio de Janeiro. Com direção de Maurício Sherman e apresentado uma vez por semana, o programa recebeu diversos convidados, entre eles, Selma Reis, Edu Lobo, Ciça Guimarães, Gilberto Gil, Martinho da Vila, Fátima Guedes, Lenine, Ledo Ivo, Flávio Venturini, Délia Ficher, Gilson Peranzzetta, Carlos Malta, Artur Xexéo, Jerzy Millewisky e Dionne Warwick. Outra característica do grupo foi a projeção internacional, principalmente para o mercado latino, com música vertida para o espanhol, no caso, “Confins”, incluída na trilha sonora da novela “Renascer” em outros países.
Entre os anos de 1993 e 1995 o grupo fez shows nos Estados Unidos, Argentina, Venezuela e em outros países. Entre os vários músicos que fizeram parte do grupo, destacam-se o violonista e compositor Claudio Jorge, o baixista Sizão Machado, o tecladista Itamar Assiere, o tecladista e cantor Jorjão Barreto, o percussionista Café, a cantora Suzana Bello, o percussionista Ovídio Brito, a cantora e percussionista Martnália e o contrabaixista Décio Crispim.
Outras pessoas foram importantes no processo de formação e consolidação da estética do grupo, entre elas, Nei Lopes, que ajudou na escolha do nome Batacotô; Paulinho Albuquerque, que co-produziu os dois primeiros CDs; o letrista Vitor Martins; o desenhista e caricaturista Mello Menezes, Ivan Lins e o letrista Aldir Blanc.
Seu fundador e produtor, Téo Lima, nasceu no dia 28/12/1948, em Maceió, Alagoas. Baterista, produtor e compositor. Como produtor, dentre os muitos discos que produziu, destacam-se os dois do próprio grupo; o disco “Aquarela do Brasil”, de Dionne Warwick, para a BMG, no qual contou com as participações especiais de Chico Buarque, Dori Caymmi, Eliana Estevão, Batacotô, Bateria da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense e Oscar Castro Neves em alguns arranjos de cordas. Como músico, Téo Lima atuou com diversos artistas da MPB e artistas internacionais, em shows ou estúdio, entre eles Gal Costa, Elis Regina, Djavan, Dionne Warwick, Leny Andrade, Agepê, Stevie Wonder, Gilberto Gil, Edu Lobo e Xuxa.
No ano de 2002 o grupo lançou pela gravadora Obi Music o CD “Batacotô 3”, também produzido por Téo Lima. O disco contou com diversas participações especiais: Djavan, na faixa “Que Deus ajude” (Djavan), em homenagem à Banda Sururu de Capote, que o acompanhava na década de 1970 e da qual faziam parte Téo Lima, Sizão Machado e Luiz Avellar.
Na faixa “Lua candeia”, de Lenine e Paulo César Pinheiro, as participações foram de Lenine e Dionne Warwick. Outra participação importante neste mesmo disco foi a do guitarrista do grupo Barão Vermelho, Roberto Frejat, na música “Nereci”, de Djavan.
Em 2003 o disco foi relançado pelo selo Ouver Records e em 2004 o CD foi indicado para o “Prêmio Tim” na categoria “Melhor Grupo de MPB”. Neste mesmo ano o grupo fez shows de lançamento do disco “Batacotô 3” em vários espaços no Rio de Janeiro, entre eles, Centro Cultural da Justiça e Bar do Tom, além de fazer um especial no “Programa Conversa Afiada”, apresentado por Cuca Lazzaroto, na TVE.
Em 2006 o grupo montou o show “Batacotô e Amigos”, apresentado em várias datas no Teatro Rival Br, tendo como convidados Ana Costa e Jorge Vercillo, entre outros.
No ano de 2008 o grupo manteve o projeto “Batacotô & Amigos” no Bar do Tom, na Zona Sul do Rio de Janeiro, projeto no qual a banda recebeu diversos convidados (músicos, intérpretes, poetas e escritores), entre os quais o cantor Pery Ribeiro, o poeta e letrista Euclides Amaral e a cantora Rita Ribeiro.
Em 2011 o grupo, com nova formação integrada por Téo Lima (bateria e voz), Diana Cataldo (voz), Maurício Miranda (voz e guitarra), Fabinho (guitarra), Nema Antunes (baixo), Leandro (teclados) e Pirulito (percussão), o grupo particpou do programa de auditório “Agora no Ar!”, apresentado por Ricardo Cravo Albin na rádio Roquette Pinto FM 94.1, do Rio de Janeiro, no qual a banda executou diversos sucessos de carreira.
48) RM: Quais os seus projetos futuros?
Nema Antunes: Os meus projetos futuros: Finalizar o meu álbum novo e dar continuidade nos concertos que venho fazendo pela Europa e continuar produzindo outros artistas. É o que eu tenho feito nos últimos anos, mesmo sendo sideman do Ivan Lins.
49) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Nema Antunes: www.nemaantunes.com
| https://www.instagram.com/nemaantunes
| https://www.facebook.com/nemantunes
Canal: https://www.youtube.com/@NemaAntunes
NEMA ANTUNES | Cristal: https://www.youtube.com/watch?v=h2Au1PjY-Mc
Playlist do álbum Batacotô 3: https://www.youtube.com/watch?v=ojJWpLTNR-c
Playlist do álbum Plúmbeo: https://www.youtube.com/watch?v=HsICytsPb_E&list=PLdgqVLCGJPzay6LSdgFamwqHAv_F3x0Nx
Playlist gravações: https://www.youtube.com/watch?v=AJofqWwlSAQ&list=PLdgqVLCGJPzbpmDodhl4-fFvV3d1kqqJz
NEMA ANTUNES | É a vida Alvim (Canal Q): https://www.youtube.com/watch?v=4syPGw3TKMI
Playlist Live: https://www.youtube.com/watch?v=kgAAmaQ81C0&list=PLdgqVLCGJPzZqEGxXTTWbNfy2k23B9IGF
Que excelente matéria. Viva o Nema!