More Moisés Santana »"/>More Moisés Santana »" /> Moisés Santana - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Moisés Santana

moises santana
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Moisés Santana (www.moisessantana.com.br) é um dos nomes mais comentados da nova safra de artistas da música brasileira. Sua mistura de ritmos nacionais com música eletrônica tem dado o que falar. Mas não é só isso.

Um dos destaques do trabalho e que rendeu muitos elogios da imprensa especializada,são suas elaboradas letras,que tratam de questões do cotidiano mas, de forma criativa e alguns casos, utilizando-se do humor e da ironia.

O primeiro disco de Moisés saiu pela Lua Discos (www.luadiscos.com.br) em julho de 2002. Tem participações de Jussara Silveira, Rebeca Matta, Maricenne Costa e Loop B. O artista, que nasceu na Bahia mas, vive há 12 anos em S. Paulo, diz que o mais importante na profissão de músico é a liberdade para criar.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Moisés Santana para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 01.03.2003:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua cidade de origem e a sua data de nascimento?

Moisés Santana: Nasci em Catu – Bahia, a 80 quilômetros de Salvador, no dia 04.05.1961. Essa proximidade faz com que essa cidade de 50 mil habitantes e que fica para os lados do sertão, tenha uma vida ligada ao que acontece na capital.

É uma vantagem, você vive num espaço mais tranqüilo, mas, ao mesmo tempo participa dessa vida urbana. Em uma hora de carro dá pra assistir aos filmes, shows e também ir à praia.

02) RM: Como foi o seu primeiro contato com a música?

Moisés Santana: Sou ligado em música desde que me entendo por gente. Nasci numa família batista e a música é um lance muito forte nessa religião. Na infância, além de cantar no coro da igreja também tive as primeiras noções musicais.

Nesse período ouvia tudo que me caía na mão. Minhas irmãs mais velhas gostavam de Beatles, Jovem Guarda e Tropicália e meus pais ouviam música sacra ou orquestras. Tinha também a vizinhança, que tocava várias coisas ao mesmo tempo: Martinho da Vila, Odair José, Luiz Gonzaga, Rolling Stones

Cresci num verdadeiro caldeirão sonoro. Quando pude optar e colocar eu mesmo o disco na vitrola fiquei entre o rock, o funk e algumas baladas. Sinto-me privilegiado por poder ter tido acesso a todo esse tipo de som. Isso influenciou muito a música que faço hoje.

03) RM: Fale da sua formação musical?

Moisés Santana: Não tive uma formação musical regular porque nunca tive saco pra frequentar um conservatório musical.

Estudei um pouco de tudo: piano, violão, cavaquinho, voz… Quando me liguei mesmo em música foi na época em que surgiram as bandas punks, que pregavam o ‘do it yourself’, faça você mesmo.

Me encontrei nesse universo porque não precisava ter muito conhecimento musical para tocar, valia mais a emoção. Depois fui estudando um pouco aqui e ali e fui me “informando musicalmente”.

04) RM: Fale dos eu início da carreira musical.

Moisés Santana: Apesar de fazer música desde a adolescência e de ter formado várias bandas de rock em Salvador, considero o começo da minha carreira musical em 1997, já morando em São Paulo. Aqui, a proposta do que queria fazer musicalmente ficou mais claro para mim.

05) RM: O que você escuta hoje?

Moisés Santana:  Gosto de muita coisa diferente: Kraftwerk, Massive Attack, Bjork,
Foo Fighters, Arnaldo Baptista, Mundo Livre S\A, Tom Zé, Jackson do Pandeiro, Loop B, Talking Heads, Patti Smith, Ramones, música brasileira dos anos 30 e 40. Enfim, gosto de ouvir várias coisas. Sempre tem uma coisa legal na música. Você tem que estar aberto, esquecer os rótulos.

06) RM: O seu primeiro CD foi muito bem recebido pela crítica, esperava por isso?

Moisés Santana: Eu tive muita surpresa. Posso dizer que meu disco foi feito artesanalmente. Tinha as ideias, discutia com os co-produtores e íamos pro estúdio. Nada foi muito planejado em termos de concepção.

As ideias surgiam e nós as aproveitávamos sem muita preocupação de saber como as pessoas. iria receber.Então me surpreendi quando apareceram as primeiras críticas favoráveis, porque sempre achei que aquela sonoridade era muito particular e não ia ser fácil de as pessoas entenderem.

07) RM: Como você definiria seu trabalho?

Moisés Santana: É um conjunto de elementos. Tudo me influencia: rock, jazz, música eletrônica, samba, baião… Gosto muito dessa possibilidade que o computador te dar de editar uma música e ver como ele vai soar, antes mesmo do resultado final.

Essa praticidade do mundo eletrônico me fascina. Por outro lado, é fundamental sentir-se livre pra poder tocar e compor o que quiser. Só assim vale a pena criar. Acho que a música brasileira é uma das poucas no mundo na qual essa mistura é possível. É um luxo poder viver assim.

08) RM: Como você define seu CD?

Moisés Santana: São canções que fiz no violão e re-trabalhei para ficarem daquele
jeito junto aos vários produtores do disco: André t, Luiz Bergmann, Teco Fuchs, Chico Sodré, Fernando Forni e Keco Brandão. Sou muito contente com o resultado. É um retrato do que eu sou. Tem meu dedo em tudo que está ali, desde a capa até a mixagem. Opinei em tudo. Tem músicas de várias épocas da carreira.

09) RM: Quem foram seus mestres?

Moisés Santana: Muitos mesmos. Além dos professores, pois, continuo fazendo aulas de música quando posso, tem aqueles artistas que ouvi muito e aprendi muita coisa com eles. David Bowie, Mutantes, Rita Lee, da fase Tutti Frutti, Novos Baianos, muitas coisa dos tropicalistas, Jards Macalé, Lou Reed, bandas de rock progressivo, música brasileira antiga.

10) RM: Quais conselhos você daria para quem está começando?

Moisés Santana: Não sei se posso dar conselho, pois, também me considero um
iniciante, já que este é meu primeiro CD. Mas poderia sugerir que você deve apostar no seu sonho, só assim ele vira realidade.

Se você gosta mesmo de cantar vá em frente, mostre o que sabe fazer. Qualquer público é bom, para a gente sentir como o nosso trabalho chega às pessoas. O importante é não parar. Procure se divertir com a música. Como diz Rita Lee “brinque de ser sério e leve a sério a brincadeira”.

11) RM: Fale dos seus instrumentos de trabalho?

Moisés Santana: Meus instrumentos de trabalhos são: o violão, o computador, a voz, o papel e a caneta. Estou aprendendo cavaquinho e toca uma ou duas músicas no show.

12) RM: Qual a sua análise do mercado fonográfico?

Moisés Santana: Está difícil como todas as coisas no Brasil e no mundo. As perspectivas não são assustadoras, mas, em curto prazo, não vejo como isso pode melhorar. Estar numa grande gravadora é o sonho de todo artista por causa do investimento que elas fazem.

Por outro lado, essas mesmas gravadoras só investem naquilo que acreditam que pode dar retorno imediato e com isso a maioria dos bons trabalhos, inovadores, ficam de fora. Tenho colegas com músicas bem interessantes mas que não conseguem fazer essa produção escoar ou fazem isso lançando seus CDs independentes, que esbarram na questão da distribuição.

A Lua Discos, apesar de ser uma gravadora pequena, procura dar todo o suporte ao artista e sempre discutir com ele essas dificuldades para tentar encontrar as soluções.

13) RM: Quais as dificuldades enfrentadas no início de carreira e hoje?

Moisés Santana: As dificuldades continuam na medida em que você avança na carreira. Aprendi que elas são etapas que servem também como experiências. O importante é vivenciá-las.

14) RM: Quais os projetos para 2003?

Moisés Santana: Já estou pré-produzindo meu segundo disco. Tenho algumas idéias de como ele será, mas ainda é muito cedo para falar. Deve ter a mesma diversidade rítmica que rolou nesse primeiro, porque é a maneira que gosto de me comunicar musicalmente.

Espero poder tocar em outros lugares do Brasil. Fiz o lançamento do disco em fevereiro em Salvador, no projeto “Tranz de Rebeca Matta”, nos dias 20 e 27/03/2003 toco em São Paulo e em maio será a vez do Rio de Janeiro.

Contatos: (11) 3887 – 7430 | [email protected]


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