O músico, compositor e intérprete carioca Milton Dornellas na adolescência passou a mora em João Pessoa – PB. Em 1975 aos 16 anos de idade começou a estudar Violão.
Em 1980 participou da Fundação do Musiclube da Paraíba atuando nessa entidade até 1995. Em também 1980 iniciou apresentações ao vivo em Teatros, Escolas, Universidades, Associações de moradores, nas ruas e começou participar em Festivais de Música. Sendo o mais importante o CANTA NORDESTE realizado pela Rede Globo Nordeste/Recife. A música Ancestrais ficou entre as três premiadas e foi interpretada por Paulinho Ditarso.
Criou o Grupo Assaltarte com Marcos Fonseca e Xisto Medeiros para intervenções de rua. Participou do Grupo Etnia – Ritmos e Instrumentos Populares criado por Alice Lumi e Fernando Pintassilgo.
A sua discografia até o momento: BOM MESMO É A GARGALHADA NO FINAL em 2012; O GARGALHAR DA INVERNADA em 2007; ALINHAVO em 2002; SETE MARES em 2000; ANCESTRAIS em 1998; MANDRÁGORA em 1993; NO VENTRE DA BESTA em 1986.
Participando em grupos ele gravou com: ASSALTARTE em 1992; ETNIA – RITMOS E INSTRUMENTOS POPULARES em 1992. E teve suas músicas nas coletâneas: CPC UMES-SP; REDE GLOBO NORDESTE-PE; MPB SESC – PB; CANTATA POPULAR – PB.
Em 2016 iniciou a produção do álbum – SENDEROS com lançamento previsto em 2017.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Milton Dornellas para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 06.03.2016:
01) Ritmo Melodia : Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Milton Dornellas : Nasci no dia 10 de março de 1959 – Rio de Janeiro – RJ
02) RM : Fale do seu primeiro contato com a música?
Milton Dornellas : Quando eu era criança. Foi a primeira vez que uma Folia de Reis e rádio.
03) RM : Qual a sua formação musical e\ou acadêmica fora da área musical?
Milton Dornellas : Estudei até a Universidade, mas nunca consegui terminar os Cursos de Educação Artística e História. Matriculei-me também mais de uma vez em cursos de música(nível médio), também nunca terminado.
04) RM : Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Milton Dornellas : Sempre ouvi muita música. Em casa pelo rádio, depois discos, bailes, shows ao vivo e festas em casas de amigos. Ouvia Black Music, Rock, MPB, Samba, Música Latina, Música Instrumental brasileira, Jazz, Blues.
05) RM : Quando, como e onde você começou a sua carreira profissional?
Milton Dornellas : Interessei-me em aprender um instrumento em 1975, já sabia que queria inventar canções. Inventei algumas entre 1975 e 1980. 1980 foi minha primeira apresentação ao vivo com composições minhas. Isso foi em João Pessoa – PB.
06) RM : Quantos CDs lançados, quais os anos de lançamento(quais os músicos que participaram nas gravações)? Qual o perfil musical de cada CD? E quais as músicas que entraram no gosto do seu público?
Milton Dornellas : Eu comecei a produzir meus discos(ainda vinil).Um compacto em 1986 – “NO VENTRE DA BESTA” – participaram João Linhares, Paulo Ró, Chiquinho Mino e Luceni Caetano. A arte da capa é Do cantor, compositor Pedro Osmar.
Em 1993 produzi o LP -MANDRÁGORA participaram Archidy Picado Filho, Sérgio Gallo, Dida Vieira e Adeido Vieira. Fotos de Gustavo Moura e Arte da Capa Milton Nóbrega.
Em 1998 produzi o CD – ANCESTRAIS com o Quinteto da Paraíba(Yerko Pinto-violino, Ronedilk Dantas-violino, Samuel Espinoza-viola, Nelson Campos-violoncelo, Xisto Medeiros-contrabaixo). Participaram os músicos: Helinho Medeiros-teclado, Arimateia Formiga-clarinete, Costinha – sax soprano, Laete Bandeira-violão, Marcelo Macedo-violão, Guegué Medeiros-percussão, Glauco Andreza-percussão, Sergio Gallo-arranjos, participações especiais de Xangai, Roberto Sion, Soraia Bandeira e Chico Cesar, Gustavo Moura-fotos, Sacha Teixeira-concepção gráfica.
Em 2000 produzi o CD – SETE MARES. Participaram os músicos: Xisto Medeiros-baixo, Guegué Medeiros-bateria, Helinho Medeiros teclado, Marcelo Macedo-violãoe guitarra, Ranilson Farias–flugelhorn e trompete, Beto Preá-bateria, Tatá Vaz-baixo, Costinha-sax tenor, Gilvando Azeitona-tombone, Cinderella-vocal, Carlinhos Cocó-vocal, Glauco Andreza-percussão, Chiquinho Mino-percussão, Pedro Osmar-Percussão, Sérgio Gallo-Baixo, Jerônimo Pedro-violão 7 cordas, Paulinho Ditarso-pandeiro, Arimatéia Formiga-clarinete, Mani Carneiro-violão, Achidy-violão, MaúdeViscardi/Nana Viscardi/Ronaldo Monte-vocal, Bruno Carneiro-surdo, Pablo Ramirez-percussão, Maria dos Mares-criação e projeto gráfico, Natanael Silva-produção gráfica, Sérgio Gallo-arranjos.
Em 2002 produzi o CD – ALINHAVO. Participaram os músicos: Betinho Muniz-sanfona, Tatá Vaz-baixolão, Beto Preá-zabumba, triângulo, pandeiro e caxixi,Giselma Franco e Ricardo Araújo-criação e projeto gráfico.
Em 2005/2006 produzi o CD – O GARGALHAR DA INVERNADA. O romance Grande Sertão:Veredas de João Guimarães Rosa foi a fonte para criação das letras desse CD. Participam os músicos: Marcelo Macedo-guitarra e violões, Xisto Medeiros-baixo acústico e elétrico, Beto Preah-bateria e percussão, Waleska Vidal e Cristina Evelise-vocais, Luceni Caetano-arranjo de flautas e execução, Emanoel-trompete e flugelhorn, Stephan e Yares- sax tenor, Egberto-trombone, Giulian Cabral-piano, Chico César-desenhou a caricatura de Milton Dornellas, Milton Dornellas e Jonathas Falcão-projeto gráfico, Jonathas Falcão-arte final.
Em 2012 produzi o CD – BOM MESMO É A GARGALHADA NO FINAL. Participaram os músicos: Milton Dornellas-violão, bandolim, Marcel Macedo-guitarra e violão, Chico Limeira-baixo, Helinho Medeiros-sanfona, Paulinho tazz-percussão, Pedro Osmar-vocal. Wênio Pinheiro-projeto gráfico.
Em 2016/2017 está em fase de produção o CD – SENDEROS.
07) RM : Como você define o seu estilo musical?
Milton Dornellas : Não sei definir. O ouvinte que defina. É Música Brasileira.
08) RM : Você estudou técnica vocal?
Milton Dornellas : Não.
09) RM : Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Milton Dornellas : A técnica proporciona mais conforto e provavelmente mais longevidade.
10) RM : Quais as cantoras(es) que você admira?
Milton Dornellas : Seria injusto citar nomes, são tantos, diferentes tendências, épocas diferentes também.
11) RM : Como é o seu processo de compor?
Milton Dornellas : Na pressão. Passo muito tempo sem compor. Geralmente me esforço mais quando penso em desenvolver um projeto de gravação. Nessa fase que antecede o estúdio, é o período que mais eu toco, que mais escrevo e menos ouço música. Gosto sempre de criar primeiro às melodias, me facilita a métrica das letras.
12) RM : Quais são seus principais parceiros de composição?
Milton Dornellas : Teve um período que era mais frequente trabalhar com Ronaldo Monte, mas já fiz músicas com Pedro Osmar, Paulo Ró, Totonho, Adeildo Vieira. Mas a maioria das minhas músicas eu fiz com Ronaldo Monte ou sozinho.
13) RM : Quais os cantores(as) já gravaram as suas músicas?
Milton Dornellas : Soraia Bandeira, Gláucia Lima, Ana Salvagni, Isa Talbe, Escurinho, Coral Voz Ativa, Paulinho Ditarso.
14) RM : Com quais músicos você atuou na função de produtor?
Milton Dornellas : Eu produzi shows pela iniciativa pública quando trabalhei na Fundação Cultural de João Pessoa – PB.
15) RM : Você já atuou como produtor\ativista cultural?
Milton Dornellas : Sim. Tanto como sociedade civil quanto poder público. Enquanto sociedade civil em 1980 criamos o Musiclube da Paraíba. Uma ideia de Pedro Osmar desenvolvida por muitos músicos. Era uma entidade que propunha políticas públicas para cultura, democratização dos meios de comunicação, intercâmbio cultural, ampliação do mercado de trabalho, sindicalização dos músicos, debatíamos estética e política e sempre estive alinhado aos movimentos sociais organizados.
Como poder público, eu trabalhei na Fundação Cultural de João Pessoa onde descentralizamos as ações culturais, incluímos a diversidade cultural nas ações da Fundação e trabalhamos com formação através de oficinas culturais nos bairros.
16) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com Bráulio Tavares?
Milton Dornellas : Nos encontramos algumas vezes socialmente. Relação profissional nós não temos. Tive oportunidade de convidá-lo para show através da Fundação Municipal de Cultura.
17) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com Pedro Osmar?
Milton Dornellas : Somos amigos há mais de trinta anos. Trabalhamos no Musiclube da Paraíba, fizemos parcerias musicais, gravamos e tocamos juntos. Também trabalhamos juntos na Fundação Cultural de João Pessoa e na Secretaria de Cultura do Estado da Paraíba.
18) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com Jarbas Mariz?
Milton Dornellas : Conheço Jarbas Mariz, mas não temos convivência. Jarbas Mariz vive em São Paulo há muitos anos.
19) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com Alex Madureira?
Milton Dornellas : Conheço e admiro o trabalho de Alex Madureira, mas não desenvolvemos nenhum trabalho.
20) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com Fuba?
Milton Dornellas : Nos conhecemos do movimento cultural da cidade. Não temos trabalho juntos.
21) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com Diana Miranda?
Milton Dornellas : Conheço Diana Mirando há muitos anos, mas não temos relação profissional.
22) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com Paulo Ró?
Milton Dornellas : Paulo Ró é amigo há décadas, temos parcerias, já tocamos e gravamos juntos.
23) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com Paulo Di Tarsso?
Milton Dornellas : Já trabalhamos juntos, fizemos algumas apresentações e já gravou música minha.
24) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com Cátia de França?
Milton Dornellas : Não temos. Gosto muito de Cátia de França e do trabalho dela.
25) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com Naná Vasconcelos?
Milton Dornellas : Tive oportunidade de convidá-lo duas vezes para shows pela Fundação Cultural de João Pessoa.
26) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com Ivan Santos?
Milton Dornellas : Conheci Ivan Santos no final dos anos 1970, quando se mudou para o Rio de Janeiro – RJ.
27) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com Xangai?
Milton Dornellas : Tive o prazer da participação de Xangai no meu CD – ANCESTRAIS que fiz com o Quinteto da Paraíba. Ele cantou CANTIGA DE CHEGANÇA uma parceria minha com Ronaldo Monte.
28) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com o Quinteto da Paraíba?
Milton Dornellas : Tive oportunidade de fazer o CD – ANCESTRAIS com o Quinteto da Paraíba. Uma grande experiência. Foram muito generosos comigo.
29) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com o Chico César?
Milton Dornellas : Conheci Chico César nos anos 1980, provavelmente através de Pedro Osmar e Paulo Ró, não me lembro. Participou também do CD – ANCESTRAIS, também foi generoso. Cantou BARQUEIRO DE LUANDA, uma parceria minha com Pedro Osmar e Totonho.
30) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com o Vital Farias?
Milton Dornellas : Não temos.
31) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com o Zé Ramalho?
Milton Dornellas : Pela Fundação Cultural de João Pessoa convidamos para shows.
32) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com Elba Ramalho?
Milton Dornellas : Foi convidada para show pela Fundação Cultural de João Pessoa.
33) RM : Qual a sua relação pessoal e profissional com o Geraldo Vandré?
Milton Dornellas : Não temos.
34) RM : Quais os prós e contras de ter participado do coletivo Jaguaribe Carne?
Milton Dornellas : Não participei do Jaguaribe Carne. Pedro Osmar e Paulo Ró que são Jaguaribe Carne. Trabalhamos juntos na fundação e desenvolvimento estratégico do Musiclube da Paraíba e Projeto Fala Bairros. Trabalhar com Pedro Osmar, Paulo Ró ou Jaguaribe Carne só tem PRÓS.
35) RM : Quais as estratégias de planejamento da sua carreira musical dentro e fora do palco?
Milton Dornellas : Matar leão diariamente. Sou completamente incompetente para falar de mim, me colocar enquanto produto. Sou um inventor de canções e vou gravando. Se algum produtor se interessar ótimo, se não se interessar ótimo também.
36) RM : Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Milton Dornellas : Gravo e disponibilizo. Preciso de produtor para shows.
37) RM : O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Milton Dornellas : Só vou me interessar um pouco mais sobre isso no próximo álbum – SENDEROS e será lançado em 2017.
38) RM : Quais as vantagens e desvantagens do acesso a tecnologia de gravação (home estúdio)?
Milton Dornellas : Só me preocupo em inventar as canções, todo o restante dessa dita cadeia produtiva outros devem se preocupar.
39) RM : No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Milton Dornellas : Nada.
40) RM : Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Milton Dornellas : Não acompanho a produção musical brasileira com esse olhar, com esse ouvido, com essa competitividade. A indústria cultural é perversa, toda cultura de mercado é perversa. A maior parte da produção musical brasileira é desconhecida pela maioria da população. Temos Tom Zé como grande exemplo disso, que ficou anos no ostracismo e precisou um gringo dizer que era interessante para que os cults brasileiros olhassem para ele. Mas ele é o mesmo de sempre, sempre foi o Tom Zé inquieto, o Tom Zé que mescla a oralidade com a tecnologia. Sendo assim a maior revelação para mim é Tom Zé e sua obra.
41) RM : Qual ou quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Milton Dornellas : Chico César, Mônica Salmaso, Lenine.
42) RM : Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?
Milton Dornellas : Considero essas situações, que acontecem a todos em algum momento, irrelevantes.
43) RM : O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Milton Dornellas : Gosto de política. A política lhe faz compreender engrenagens. O conhecimento, a compreensão, me poupa da tristeza e isso me deixa feliz, entender engrenagens e ser crítico.
44) RM : Você acredita que sem o pagamento de jabá suas músicas tocarão nas rádios?
Milton Dornellas : Prefiro pensar em contrato comercial para veiculação de músicas. Jabá é corrupção. Nem as minhas nem as de ninguém serão ouvidas pelo grande público sem esse contrato, com exceção de algumas rádios públicas.
45) RM : O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Milton Dornellas : Repetiria o comentário que o Gilberto Gil fez para um amigo meu: Cometa seus próprios erros.
46) RM : Quais os seus projetos futuros
Milton Dornellas : Meu futuro é agora. E agora estou em estúdio gravando o Álbum SENDEROS.
47) RM : Quais seus contatos para show e para os fãs?
Milton Dornellas : https://www.facebook.com/agargalhadademiltondornellas