O cantor e compositor baiano Mauricio Peixoto surgindo da mescla de estilos e ritmos que caracterizam a MPB e ainda bebendo de outras fontes como o Jazz, o Blues, o Funk, o Bolero e Bossa Nova, apresenta-se no cenário baiano e nacional.
Esse músico baiano com uma grande experiência de palco, já se apresentou em diversas oportunidades como no Projeto Camafeu de Oxossi no Mercado Modelo, em Ilhéus pelo Projeto Pixinguinha, na casa de espetáculo Zouk Santana e em casas noturnas frequentadas pelo público ouvinte mais exigente.
Também se apresentou nos Teatros: Baiano de Tênis; SESI-Rio Vermelho; Espaço Cultural Raul Seixas e etc. Desta forma Maurício Peixoto tem consolidado sua música e carreira artística na Bahia e no Brasil.
Transcendendo as fronteiras do Brasil, o artista traz ainda uma turnê independente pela Europa na década de 80 onde apresentou com sucesso suas composições em pubs ingleses, bares na Alemanha, Itália, Paris, cumprindo na capital francesa uma temporada de 15 dias no “Le Petit Oportin” onde nesta época se apresentava uma cantora renomada em Paris, mas de nacionalidade brasileira chamada Nazaré Pereira.
Mauricio Peixoto incorpora a seu trabalho de formação unicamente brasileira, onde as nuances de seu conhecimento da música internacional, realiza uma alquimia com doses exatas e precisas. Além da viagem ritmo-melódica, esse músico é um compositor profundamente atento a simbiose entre as linhas melódicas e poéticas num casamento perfeito entre letra e música.
Em parcerias com letristas como: Mauro Ribeiro, Luis Lasserre, Marcos Valladares, Gerônimo Duarte, Marcelo Lopes, Manuca Almeida, Luiz Caldas, Guiga Costa, Fernando De Oliveira e outros. Maurício Peixoto cria um trabalho harmônico-poético-musical com a simplicidade e suavidade suficientes para sensibilizar o público. Enfim, não é um erudito, é fundamentalmente um artista popular, conhecedor da música e da poesia.
Durante o tempo em que residiu nos Estados Unidos num total de mais de sete anos entre 1990 a 2001, em Nova Iorque, participou de importantes projetos como foi o caso da montagem musical do romance de Jorge Amado Tend of the Miracles (Tenda dos Milagres), realizado pela companhia de dança The Capoeira Foundation Inc.-Dance Brazil, um projeto artístico de Jelon Vieira que percorreu diversas cidades dos EEUU.
Apresentou-se também com Nego Gato Afro Brasilian Band de New York e em bares como: Mondo Person, Cafe Wha?, Boca Chica e outros, todos na cidade de New York, e atuou como músico em gravações de discos de outros artistas.
Em outubro de 2003 apresentou o Show Movimento na Sala do Coro do Teatro Castro Alves concorrendo ao troféu Caymmi, e consequentemente no início de 2004 foi indicado para o Troféu de Melhor Compositor. Mauricio Peixoto que tem vários projetos musicais, mantém-se em total atividade na composição musical.
O cantor tem realizado várias parcerias musicais, entre elas está a linda canção em inglês Lived in Peace com Luiz Caldas. O cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor musical baiano Luiz Caldas, conhecido como o precursor do axé, quando atingiu o sucesso nacional em 1985 com a música “Fricote”, além de ser um dos principais nomes do Carnaval de Salvador – BA, gravou num prazo de 3 anos 14 CDs e mais de 130 músicas em estilos diferentes mostrando toda a sua diversidade musical e sua capacidade de compor: https://youtu.be/kxO9pn4AUV0
Atualmente Maurício Peixoto tem realizado diversos shows, participando do Sarau do João que tem promovido talentos da cultura baiana, através de seu grande incentivador cultural João Américo, e segue em total atividade na composição musical realizando Shows em diversos eventos, casa de espetáculos e teatros.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Mauricio Peixoto para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 08.09.2023:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Mauricio Peixoto: Eu nasci no dia 03/10/1962 em Salvador, Bahia. Registrado como Maurício Afrânio Peixoto.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Mauricio Peixoto: Meu primeiro contato com a música aconteceu na casa de meus pais (Francisco Afrânio Peixoto e Amy Ferreira Pinto Afrânio Peixoto) onde convivi com muita música, onde tínhamos encontros musicais com artistas e músicos famosos como Luiz Vieira, o pianista Carlos Lacerda e muitos outros, minha mãe tocava piano e acordeon com formação escolar e inclusive teve aulas com a famosa professora de piano Magdalena Tagliaferro.
Meu pai também tocava piano de formação autodidata, somos três filhos e meus irmãos mais velhos tinham suas respectivas bandas sob influência dos Beatles e Jovem Guarda sendo a banda “Gemini IV” do irmão 12 anos mais velho (Francisco José Afrânio Peixoto) que era guitarrista/solista e o irmão do meio, 10 anos mais velho (Mário Afrânio Peixoto Neto), tocava guitarra/base e participou de duas bandas: “Black Cats” e “Bossa Jovem”.
Os ensaios da banda “Gemini IV” eram na garagem de casa e eu com 7 anos de idade, 12 anos mais novo que o mais velho, apenas olhando os ensaios aprendi sozinho a tocar bateria e nos intervalos assumia a bateria e acompanhava tocando com a banda os sucessos dos Beatles e da Jovem Guarda até que o baterista da banda chegasse e definitivamente decidisse assumisse o instrumento.
Quando esta banda “Gemini IV” acabou esvaziando a garagem e foi-se embora a bateria desolado e triste pelo repentino fim da banda e o sumiço do instrumento que aprendi a tocar, decidi abraçar o violão de casa que também aprendi a tocar sozinho começando pelas baladas dos Beatles e Jovem Guarda e em seguida me apaixonei pela Bossa Nova e na busca em querer aprender todos aqueles acordes e sofisticadas harmonias foi muito forte e nunca mais deixei o violão passando a compor minhas próprias músicas.
Meus primos da família musical Brasil, por parte de mãe, têm vários músicos profissionais ativos e requisitados por artistas consagrados; os guitarristas: Luiz Brasil Carvalho e Mou Brasil (Paulo Brasil Carvalho), os bateristas Jorge Brasil Carvalho e Marcelo Brasil Carvalho e um pianista clássico, concertista e professor de um Conservatório de música de Paris – França: Arthur Antônio Brasil.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Mauricio Peixoto: Como disse na resposta anterior, comecei inicialmente de forma autodidata e depois busquei informação teórica na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia. Fora da música fiz o curso universitário de Filosofia e Direito, mas segui profissionalmente como empreendedor comercial, com Representações Comercial e Negócios Imobiliários.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Mauricio Peixoto: Desde que nasci convivi com a música no dia a dia tendo na casa de meus pais piano, acordeon e dois violões, minha mãe era formada em piano e acordeon e meu pai era um pianista autodidata, meus irmãos mais velhos, dez e doze anos, tocavam os violões e posteriormente, como se falava na época, tiveram seus respectivos conjuntos musicais conforme relatei acima na segunda pergunta.
Em casa meus pais sempre promoveram encontros musicais emocionantes reunindo artistas e músicos e alguns convidados amigos apreciadores da música e esses encontros eram sempre festivos e alegres! Em casa havia também os encontros dançantes com a diversidade musical dos anos 50 e 60 com os estilos de dança que marcaram época envolvendo boleros, as baladas e rocks dos Beatles e da Jovem Guarda.
Depois que a bateria sumiu da garagem com o fim da banda de meu irmão mais velho, parti para o violão e de forma auditada comecei a tocar as músicas dos Beatles e Jovem Guarda, logo em seguida me apaixonei pela Bossa Nova e busquei aprender a fazer todos aqueles acordes que João Gilberto executava.
E enfim consegui aprender a tocar a Bossa Nova buscando executar as harmonias e acordes mais complexos tornando assim a influência principal do violão que toco hoje, pois com os rebuscados acordes e harmonias que aprendi expandi minha capacidade em executar e compor diversos estilos como Jazz, boleros e etc.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Mauricio Peixoto: Comecei a minha carreira musical em Salvador – BA no final dos anos 70 com 16 para 17 anos de idade participando de festivais intercolegiais de música, também fazendo jingles publicitários e também comecei a tocar em bares, casas noturnas de shows e teatros já no meu início com as minhas composições autorais.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Mauricio Peixoto: Tenho um CD gravado e diversas gravações avulsas em coletâneas, mas tenho prontos os projetos de mais três CDs com os respectivos repertórios selecionados e tenho mais outras tantas músicas que certamente serão também gravadas.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Mauricio Peixoto: Minha musicalidade e minhas composições surgiram da mescla de estilos e ritmos que caracterizam a MPB e ainda bebendo em diversas outras fontes como o Jazz, o Blues, o Funk, o Bolero e inicialmente com a Bossa Nova segui pavimentando o início do meu processo de evolução de aprendizado no violão para chegar ao domínio que tenho hoje deste instrumento e assim me apresentei no cenário baiano, nacional e internacional como violonista, compositor e também cantor.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Mauricio Peixoto: Sim, busquei sim aprimorar o meu canto para ampliar a minha capacidade vocal encontrando a minha melhor afinação para a melhor performance.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Maurício Peixoto: A importância de ter uma técnica vocal apurada é total, é importante termos o domínio e técnica vocal para alcançarmos e executarmos a nossa melhor voz no canto. Sempre procuro preservar a minha voz junto com minhas cordas vocais de exageros que possam causar danos e durante os shows sou precavido com cuidados específicos.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Mauricio Peixoto: São tantas… aqui no Brasil admiro as vozes de Elis Regina (já falecida), Jane Duboc, Nana Caymmi, Leny Andrade (já falecida), Zizi Possi e outras mais… no exterior admiro as vozes da veterana cantora Nancy Wilson (já falecida), Anita Baker, Dianne Reeves, Aretha Franklin, Natalie Cole, Nenna Freelon e outras mais…
11) RM: Como é seu processo de compor?
Mauricio Peixoto: Na maioria das vezes quando estou tocando o violão a minha composição vem de uma inspiração e vindo uma ideia melódica, logo desenvolvo os acordes formando um tema e a letra vem depois.
Em outros momentos busco a inspiração rítmico melódica para uma letra já pronta e assim vou dando para ela uma roupagem musical e desta maneira sigo criando uma música e dando a forma rítmico musical para a letra.
Mas em todas as minhas maneiras de compor, para não esquecer eu faço gravando de forma prática, através do celular ou do notebook, para não perder o clima e a sensibilidade daquele momento de inspiração e assim fica tudo registrado na memória através da tecnologia.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Mauricio Peixoto: O parceiro letrista com quem mais compus é Mauro Ribeiro, mas tenho parcerias com Marco Valladares, Manuca Almeida, Fernando De Oliveira, Marcelo Lopes, Guiga Costa, Gerônimo Duarte, Emersson Ursoo, Luiz Lasserre e alguns outros mais na minha trajetória e certamente novos parceiros virão.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Mauricio Peixoto: Não sei exatamente distinguir, pois minha carreira sempre foi de músico compositor independente, tive participação trabalhando como músico e cantor em banda e grupo musical no exterior e tive a oportunidade de participar de diversas gravações.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Mauricio Peixoto: Tenho como objetivo principal marcar a presença definitiva das minhas composições no cenário musical, divulgá-las para todo o canto do mundo, acredito que a música que criamos tem vida própria e vai muito mais além que o autor, mas claro que com a divulgação das minhas músicas eu anseio para a minha carreira artística abrir espaço para apresentar as minhas composições em shows meus aqui no Brasil e no exterior.
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Mauricio Peixoto: Para os artistas hoje as redes sociais estão no primeiro plano no processo de divulgação e venda de seu produto artístico e para agendar apresentações, mas tenho investido em sempre ter novas gravações, novos vídeos, em produções autônomas de shows, enfim, em tudo que for necessário e importante para divulgar e projetar minha música para o mundo.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Mauricio Peixoto: A Internet para o artista em geral hoje é fundamental, através dela se faz tudo, divulga, vende seu produto artístico e amplia para o artista os horizontes de alcance no mundo. Para o artista da música já não há mais lojas físicas de venda de CDs, as gravadoras perderam muito o seu poder de fogo na barganha para o lançamento, divulgação em mídias e perderam o monopólio de distribuição de CDs para a venda, assim toda a antiga estrutura foi mudando para uma nova e nesta nova estrutura, que é mais democrática, a Internet é fundamental.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Mauricio Peixoto: A vantagem de ter uma home studio é podermos gravar nossas demos como um primeiro passo de gravação de uma nova música e nesta primeira gravação podemos usar samplers e tudo que seja possível e necessário para uma boa apresentação da nova música.
Mas acredito ser importante na busca de uma melhor qualidade usarmos um estúdio de gravação profissional devidamente equipado acusticamente para gravações de instrumentos executados ao vivo e gravação de voz que garanta o melhor resultado nas gravações com arranjos trabalhados especificamente para cada música na elaboração de um novo CD.
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Mauricio Peixoto: De fato um disco ficou mais fácil dependendo dos tipos de arranjos e de instrumentos escolhidos para a gravação, mas acho que o diferencial deve ser pautado na verdade de sentimento do seu trabalho e também na qualidade e isso, qualquer ouvinte facilmente percebe quando o trabalho musical expressa um sentimento verdadeiro dentro da melhor qualidade nos arranjos e nas gravações.
19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Mauricio Peixoto: Acho que nos últimos anos a boa música de qualidade foi atacada pela música fácil de baixa qualidade e péssima letra, sem qualquer preocupação com arranjos, aliás nenhuma preocupação.
E no óbvio interesse no custo mais baixo de gravação e no menor tempo para a finalização e realização deste processo dentro de uma produção pobre e de péssimo gosto e vem sendo assim em vários estilos musicais, contudo, negativamente baixou muito o nível do gosto musical de grande parte da juventude.
Os artistas de diversos estilos musicais que permaneceram dentro da boa qualidade de composição das suas músicas e letras com bons arranjos elaborados e numa gravação de boa qualidade e claro, mantendo o sentimento verdadeiro no seu trabalho musical se mantém firmes e valorizados.
Não me sinto confortável e não quero parecer um julgador dando os nomes dos melhores e muito menos dos piores, os piores fazem músicas pobres com letras chulas apelativas para a sexualidade ou para a violência. Dentre os melhores há muitos que muitas vezes não tinham espaços nas mídias, mas essa realidade está mudando por causa da Internet.
Posso citar alguns da boa música de qualidade, alguns novos e outros veteranos como: Bráulio Villares, Ladston do Nascimento, Veronica Dumar, Toninho Horta, Flávio Venturini, além de vários amigos talentosos que fazem parte comigo do grupo “Uma Terra Só” como Marianna Leporace, Alicia Bianchini, Sonia Andrade, Mônica Belli, Emilio Victtor e muitos outros do grupo e são tantos talentos muitos que não dá para citar aqui todos, mas de forma alguma quero ser injusto para aqueles que aqui não foram citados nominalmente.
20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?
Mauricio Peixoto: Todo o processo de elaboração de um show é sempre complicado para a sua realização, mas nunca tive dissabores que causasse danos ao espetáculo, é claro que a parte técnica pode ter algum problema durante o show e ser ajustado ao vivo através da eficiência técnica de uma boa sonorização.
No início da carreira quando comecei a tocar e cantar em bares embora não fosse um ambiente com o silêncio desejado para o show, houveram vários momentos estranhos na plateia por causa de alguns inconvenientes que bebiam demais e extrapolavam tentando perturbar o artista no ato da performance, mas a experiência me fez saber contornar esses momentos da melhor forma.
21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Mauricio Peixoto: Fico feliz com a realização de um disco bem gravado, em ouvir as minhas músicas executadas nas rádios, de shows bem sucedidos na sua divulgação, quando artistas buscam minha música para gravarem ou executarem em seus shows, na satisfação das pessoas ao ouvirem minhas composições, enfim tudo isso me alegra.
Não fico feliz quando sentimos a dificuldade de patrocínios para os espetáculos sendo pequeno a nossa contrapartida tributária para um patrocinador para nossos espetáculos e há muita burocracia em todo esse processo. Alguns editais cumprem bem suas propostas, mas muitas vezes estes editais são precários na sua divulgação e muitas vezes na produção estrutural dos seus eventos.
22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Mauricio Peixoto: Eu entendo que um dom é a capacidade que temos de captar a boa arte abstrata no universo e materializá-la para fazer um bem à humanidade compartilhando-a, acredito que o dom que recebemos para materializar qualquer arte seja literatura, artes plásticas e música temos o dever de compartilhar com todos.
Na música, especificamente, o artista não tem a dimensão do bem que a sua composição pode fazer na vida das pessoas, por exemplo Roberto Carlos, sua obra foi muito mais além do que ele próprio, a importância de suas músicas na vida das pessoas é enorme marcando momentos diversos na vida de cada uma delas que os próprios autores Roberto Carlos e Erasmo Carlos não tenham tido a percepção da dimensão da importância de suas músicas nas vidas dessas pessoas. Assim também acontece na literatura e nas artes plásticas. Um dom é um presente de Deus e devemos saber usá-los.
23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Mauricio Peixoto: A Improvisação musical é uma junção de técnica estudada, bom gosto e sentimento de percepção melódica que surpreende e emociona.
24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Mauricio Peixoto: Existe claro e acho que respondi bem na pergunta anterior.
25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Mauricio Peixoto: Não há prós e nem contras, nos métodos de improvisação musical aprendemos as técnicas harmônicas nas escalas melódicas estudando para aplicá-las, mas aliado à técnica é imprescindível termos bom gosto e sensibilidade no improviso. Improvisação musical não é para qualquer um, é para quem sabe emocionar unindo técnica, bom gosto e sentimento.
26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Mauricio Peixoto: Só há prós. Um músico autodidata que já sabe tocar evolui quando começa a aprender teoricamente aquilo que faz. O estudo de harmonia musical só agrega positivamente ao músico e não atrapalha a sua capacidade e qualidade de composição, só agrega.
27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Mauricio Peixoto: Esse indesejado jabá apareceu nos anos 80 quando as gravadoras queriam determinar o que deveria tocar nas rádios e fazer qualquer trabalho virar sucesso monopolizando e controlando os espaços nas mídias de rádios e televisão.
Tanto que esse tipo de conduta das gravadoras foram criticados em novela através de um personagem chamado Ted Love que não tinha talento algum em nada e para as gravadoras isso não tinha importância, pois com o jabá determinaria quem faria sucesso comprando todos os espaços das rádios e programas de TV, mas felizmente esse controle das gravadoras não existe mais, as gravadores perderam o seu enorme ganho financeiro e assim perderam a força da grana para ter esse monopólio.
Esse tempo do jabá era desleal e injusto dificultando para aqueles que tinham uma carreira independente das gravadoras. Hoje tudo está na internet de forma democrática acessível para todos e qualquer um sem distinção.
Acho que as grandes mídias têm trabalhado ultimamente no descrédito das suas informações muitas vezes errada induzindo um falso entendimento com muitas informações contraditórias em diversos segmentos.
Esta manipulação começou a aparecer na música desde a segunda metade da década de 80 com o jabá comprando todos os horários das mídias de rádios e tvs e assim também na mídias impressas. Este fato foi criticado até em novela quando criaram na novela “Chega Mais” da globo um personagem para o ator Osmar Prado chamado “Ted Lover” sobre outro chamado “Amaro” que era um sujeito sem talento algum e com um novo nome em inglês fariam dele sucesso através da força do dinheiro promovendo um excesso de exposição e assim conseguiram, na vida real fora da novela o mecanismo funcionava desta mesma foma. Estas mesmas gravadoras conservavam pelo menos alguns artistas de alta qualidade para garantir um lastro de alto valor artistico como um patrimônio de alto valor.
Hoje não existe mais o dinheiro do jabá de gravadoras comprando espaços de rádios e tvs, perderam esse poder de fogo, não existe mais onde se comprar cds e hoje a maioria das gravações dos artistas são independentes e o formato de distribuição passou a ser através de plataformas digitais de venda. Portanto as rádios nesse caso tornaram-se livres e autônomas nas escolhas musicais de seus programas e aí é que entra uma via de mão dupla onde o artista promove a rádio e a rádio promove o artista e assim tornou-se democrático, acessível e justo para todos os lados, tudo mudando para novos tempos, para uma nova era, com novas concepções e novos conceitos.
O que existe é o cooperativismo como estamos realizando no coletivo “Uma Terra Só”, não pagamos nenhuma espécie de Jabá e sim agimos coletivamente e colaboracionismo, onde são todos por um e um por todos.
O que poderia ser considerado como um novo formato de Jabá pode ser chamado de impulsionamento que é um investimento de Marketing Digital em plataformas como SpotFy, YouTube , Instagram, Facebook, Google e etc podendo todos trabalharem igualitariamente neste processo, onde dependemos apenas de nós mesmos.
Eu penso que esse novo formato de hoje seja mais democrático e acessível a todos bem diferente do outro mecanismo daquele tempo em que de uma forma desleal o jabá monopolizava comprando todos os horários das rádios, tvs e mídias impressas. Hoje podemos e temos força para agir e ganhar espaço e o consumidor pode escolher livremente consumir o que gosta sem qualquer imposição.
28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Mauricio Peixoto: Sempre foi uma carreira de muita batalha, mas é preciso levar com profissionalismo e dedicação como qualquer trabalho, por ser um trabalho instável que temos que batalhar por cada dia, é preciso ter a inteligência para saber investir em outras fontes de renda quando a demanda de shows aumentarem e geralmente não se mantém constante nesse ritmo elevado de shows. A vida de um profissional no mundo artístico não é glamour, é disciplina, trabalho e dedicação.
29) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Mauricio Peixoto: Os festivais sempre revelaram novos talentos, novos artistas e sempre funcionaram bem tanto para o artista e tanto para o público desfrutando desse excelente entretenimento de forma gratuita.
30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Mauricio Peixoto: Foi tremendamente positivo o sucesso da Bossa Nova no mundo e foi proporcionado pelas mídias daquela época que eram basicamente rádios, jornais, revistas e televisão que valorizavam a boa música de qualidade e davam espaço para novos talentos e sendo a Bossa Nova um produto de altíssima qualidade o Brasil saiu ganhando sendo valorizado no mundo pela qualidade elevada musical.
Mas atualmente devido ao declínio de qualidade musical o Brasil perdeu esse status de alta qualidade por causa de investimentos equivocados em música de baixa qualidade e o jabá contribuiu negativamente para isso fazendo a música brasileira ficar inconsistente e não atraente para o mercado internacional e nacional, mas sabemos que temos produtos musicais de altíssima qualidade bastante atraente não somente para o mercado brasileiro mas também para o mercado musical internacional com condição para resgatarmos esse status valorizado que conquistamos com a Bossa Nova.
31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Mauricio Peixoto: Todos esses incentivos são muito bem vindos, pois ganha o artista e ganha o público.
32) RM: Quais os seus projetos futuros?
Mauricio Peixoto: Tenho projetos para novos CDS, para a produção de novos vídeos de divulgação e projeto de shows para a elaboração de um DVD.
33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Mauricio Peixoto: [email protected] | Facebook Artístico: https://www.facebook.com/Mauricio-Peixoto-149508981734656/
| Instagram: https://www.instagram.com/mapeixoto10
Canal do YouTube de Mauricio Peixoto: https://www.youtube.com/@mauriciopeixoto10
LIVED IN PEACE by Luiz Caldas – Autores: Maurício Peixoto e Luiz Caldas: https://www.youtube.com/watch?v=kxO9pn4AUV0
DAMA DA NOITE by MAURÍCIO PEIXOTO & LUIZ CALDAS Autores: Maurício Peixoto e Mauro Ribeiro: https://www.youtube.com/watch?v=oXqcI9PNT_U
Canal do YouTube adicional: https://www.youtube.com/user/82811ful
Link da playlist do meu CD completo composto por 14 músicas no youtube: https://www.youtube.com/playlist?list=PL1fqI7FHHM-dh8H3jliMGQLTouMbjEecJ
Na canção Dama da Noite, de autoria de Maurício Peixoto e Mauro Ribeiro, Luiz Caldas que é apaixonado pela música, participa (guitarra e voz) dividindo o vocal com Maurício Peixoto (violão e voz), e os músicos Marlon Borges no baixo e Vitor Brasil na bateria: https://youtu.be/oXqcI9PNT_U
Reverbenation: http://www.reverbnation.com/mauriciopeixoto
SoundCloud: https://soundcloud.com/mauricio-peixoto
My Space: http://www.myspace.com/mauriciopeixoto
Palco MP3: http://palcomp3.com/mauriciopeixoto
Parabéns entrevista maravilhosa
Parabéns, bela entrevista, agradeço por nos passar conhecimento e conselhos…