Ator, músico e professor de Literatura, Mario Tommaso possui uma trajetória marcada pela pesquisa e experimentação artística em diferentes linguagens.
Em 2014, criou e protagonizou o espetáculo solo Ensaio Sobre o Absurdo, no qual atuou também como dramaturgo, inspirado na obra de Albert Camus. Seu percurso no teatro inclui participações em montagens como Os Justos (2003), de Albert Camus, e Bixiga, Uma Bela Vista (2004), de Sérvulo Augusto e Viviane Dias, ambas com direção de Roberto Lage.
De 2003 a 2005, integrou o Núcleo de Investigação do Ágora, onde ampliou sua abordagem artística. Como diretor, assinou produções como Cada Mesa É Um Palco, de Cláudio Lima (2005, TUSP), e Abre a Janela: Zé Guilherme Canta Orlando Silva (2015, Sesc Belenzinho).
Sua formação musical inclui estudos de canto popular no Canto do Brasil e piano com Marcelle Barreto. Entre 2015 e 2018, coordenou a Escola Fórum das Artes, dedicada à formação de artistas e educadores na área cultural. Atualmente, é professor e pesquisador na Universidade de São Paulo (USP).
Segue abaixo entrevista exclusiva com Mario Tommaso para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 14/02/2025:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Mario Tommaso: Nasci no dia em 31 de agosto de 1983 em São Paulo. Ultimamente, também comemoro um segundo aniversário, que é no dia 16 de junho, porque coisas importantes aconteceram na minha vida nessa mesma data ao longo de anos diferentes, por puro acaso. Registrado como Mario Tommaso Pugliese Filho.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Mario Tommaso: Minhas duas famílias, a materna e a paterna, sempre tiveram músicos, profissionais ou amadores. Meu pai era beatlemaníaco e, na minha infância, em casa só se ouvia Beatles. Mas também me davam de presente aqueles discos infantis maravilhosos do Vinícius de Moraes, com vários cantores brasileiros – de Milton Nascimento a Frenéticas. Certamente foi minha primeira paixão pela MPB.
Sem esquecer dos Saltimbancos do Chico Buarque, com Miúcha, Nara Leão e Magro e Ruy do MPB4. Depois comecei a garimpar os LPs de tios e avós quando os visitava e levar emprestado para ouvir em casa.
Eu ouvia de Chopin à Piazzolla, várias vezes, cantava junto, às vezes criava letras, que hoje não lembro. Eu dançava também, com qualquer música, mas gostava especialmente do Caetano para isso. Conforme eu fui crescendo, não podia mais dançar… Aí fui para o walkman e tive muitas epifanias com o rádio.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Mario Tommaso: Sempre estudei música de algum modo. Estudei piano quando criança, mas não tinha muita disciplina. Depois retomei já adulto, o que não é a mesma coisa. Estudei um pouco de violão também e alguma percussão. E fiz aulas de canto, em diferentes fases da vida.
Tenho formação em Teatro, tanto profissional como em diversos cursos, e em Literatura, área na qual desenvolvi uma carreira acadêmica e sou professor.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Sempre ouvi muita música erudita, jazz e MPB – esse é meu trio. Nada deixou de ter importância, nunca joguei disco fora. Nenhuma paixão foi desperdiçada.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Mario Tommaso: Comecei como ator, cantando em algumas peças de teatro. Depois, amigos músicos começaram a me chamar para dirigir shows. Sempre gostei de pensar em termos de dramaturgia. Também comecei a compor, sempre com amigos.
Uma época, eu estava meio sem perspectiva no teatro, mas continuava fazendo aulas de canto e eventualmente me apresentava. O público gostava e os músicos – o que era fundamental para mim – também. Montei alguns pocket shows e comecei a desenvolver projetos mais musicais, ou melhor, em que a música está em primeiro plano. Eu vivo e produzo coisas entre essas várias linguagens.
06) RM: Quantos álbuns lançados?
Mario Tommaso: Em janeiro de 2025, lancei meu primeiro álbum “Rasga o Coração”. Músicas: Falar de Amor Agora (Mario Tommaso), A Noite do Meu Bem (Dolores Duran), Noite de Paz (Dolores Duran), Pas de Deux Sobre Uma Página do Livro dos Prazeres (Clarice Lispector), Ela Disse-me Assim (Lupicínio Rodrigues), Eu Sou a Outra (Ricardo Galeno), Loucura (Lupicínio Rodrigues), Ilusão à Toa (Johnny Alf), Tua voz (Gilka Machado), Eros e Psiquê nº 2 (Ricardo Wey e Mario Tommaso), Falso Desbunde (Solange Sá e Mario Tommaso), La Nave del Olvido (Dino Ramos), Amar Duele (Yvette Marchand), Canción del Fuego Fatuo (Manuel de Falla e Gregório Sierra), Sophisticated Lady (Duke Ellington, Irving Mills e Mitchell Parish – versão: Augusto de Campos), Elogio da sombra (Solange Sá, Cezinha Oliveira e Mario Tommaso).
FICHA TÉCNICA: Gravado nos estúdios Giba Favery (nov. 2019) e Dançapé (fev. 2020), São Paulo – SP.
Produção executiva: Mario Tommaso
Produção musical: Cezinha Oliveira
Arranjos: Cezinha Oliveira
Voz: Mario Tommaso
Piano: Guilherme Ribeiro
Baixo acústico: Johnny Frateschi
Baixo com arco: Pedro Macedo
Trompete e flugelhorn: Rubinho Antunes
Percussão corporal e jaleos: Ale Kalaf
Cantores convidados: Bruna Prado, Claudio Lima, Solange Sá, Keyla Fogaça, Cezinha Oliveira
Atrizes convidadas: Vanessa Bruno, Letícia Soares
Técnicos de estúdio: Cezinha Oliveira (Dançapé), Edu Vianna e Helio Kazuo Ishitani (Giba Favery)
Mixagem e masterização: Cezinha Oliveira e Mário Gil
Arte: Claudio Lima
Diagramação: Eduardo César Machado
Foto e vídeo: Dani Gurgel e Rodrigo Tamassia (Da Pá Virada)
Associação de direitos autorais – ISRCs: Abramus
Assessoria de direitos autorais: Eder Santos (Tratore)
Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação
Distribuição: Tratore
Agradecimentos: a Clara Marinho, Elaine Andreoti, família de Clarice Lispector, Giba Favery, Mariana Brilhante (Consultores Leblon), Vanderley Mendonça e a todos os músicos, cantores, atores, compositores, técnicos e artistas que colaboraram neste projeto.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Mario Tommaso: Brasileiro, jazzístico, poético, teatral.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Mario Tommaso: Sim. Estudei um pouco de canto lírico na época em que se dizia que ele era a base para a voz falada do ator e para o canto popular. Depois estudei canto popular para desmontar essa ideia.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Mario Tommaso: Para mim é fundamental, para trabalhar a consciência desse nosso “instrumento”. Acho que deve ser um trabalho permanente, pois essa consciência não é algo fixo que se “adquire”, está em constante movimento e mudança, como o corpo, a vida e as ideias, inclusive musicais. Essa é a minha vivência. Para outras pessoas, pode funcionar diferente.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Mario Tommaso: Muitos. Os que me formaram, os que eu não paro de ouvir até hoje e não me canso nunca são Milton Nascimento, João Gilberto e Ella Fitzgerald. Eu também gosto muito de timbres especiais. A Simone Guimarães, para mim, é a maior cantora hoje no Brasil, na voz, na interpretação e no repertório. E ultimamente tenho prestado atenção na Assucena, que é incrível, traz com ela toda a tradição das grandes vozes brasileiras e a renova.
11) RM: Como é seu processo de compor?
Mario Tommaso: As minhas canções em “Rasga o coração” vieram de poemas, então a letra veio primeiro e depois a música – minha ou dos parceiros. Mas eu também gosto de musicar letras prontas ou escrever sobre melodias prontas. Geralmente é um processo mais pensado, construtivo. As duas coisas juntas podem acontecer também, de maneira mais intuitiva, em alguns momentos.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Mario Tommaso: Claudio Lima, Cezinha Oliveira, Solange Sá, Ricardo Wey.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Mario Tommaso: Acho que o grande pró é o caráter artesanal do trabalho, que permite a gente se apropriar de cada etapa. O contra são as condições objetivas, quase sempre instáveis.
E existe um outro contra, hoje em dia, que é uma espécie de solidão do artista dentro da qual ele precisa se especializar em uma infinidade de novas tarefas que surgem todos os dias. Precisa até mesmo se semiprofissionalizar em outras áreas e se desviar da sua atividade fim para, por exemplo, gerar algum tipo de benefício “agregado”.
Deixamos aquele estilo de produção com o pé no tablado e nos vemos tendo que estudar técnicas de vídeos curtos, copywriting, sutilezas burocráticas de cada um dos editais superconcorridos etc. A obra em si vira “conteúdo” e acessório. É bom conhecer um pouco de tudo, mas é extenuante precisar dar conta de tudo.
Muitos também caem na armadilha dos vendedores de regras, que prometem a fórmula de como as coisas vão dar certo. Mas eu não vejo nenhum desses produzindo nada de relevante.
Então, a independência do artista independente é relativa. Dependemos, por um lado, de um mercado que às vezes é cruel e de diversas exigências da moda. Para resistir a isso, criamos redes com outros profissionais em quem confiamos e que vamos reunindo em trabalhos colaborativos.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Mario Tommaso: Vindo do teatro, eu tive um longo aprendizado como artista e como produtor. Aprendi a gostar de produzir e acho que faço isso bem. É uma coisa que muitos negligenciam, mas não é possível se ocupar apenas com a parte “imaterial” do trabalho.
Levantar um espetáculo, gravar um álbum, publicar alguma coisa, é criar o veículo para que as nossas ideias e emoções cheguem ao público, e isso requer conhecimentos práticos. Por outro lado, como eu comentei lá atrás, às vezes ficamos sobrecarregados com funções operacionais e até mesmo com o desvio de tantos focos.
A estratégia, para mim, é ser criterioso nas escolhas artísticas, me cercar de pessoas sensíveis e competentes e me manter informado sobre os diferentes modos como as obras vêm sendo produzidas, o que não significa aderir a tudo, mas poder escolher e me situar.
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Mario Tommaso: Produzo meus próprios trabalhos, escrevo meus projetos e estudo bastante. Mas eu não me vejo como empreendedor, me vejo como artista mesmo, como alguém que compõe, canta, atua, dirige, pesquisa e dá aulas, que cria os meios para que isso aconteça. O que está em primeiro plano são as obras de arte, a parceria com outros artistas e a relação com o público. Não é uma relação de natureza empresarial com a arte e com o conhecimento.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Mario Tommaso: Acho que ajuda muito, é um meio de difusão excelente. É preciso ir descobrindo, dentro dele, como chegar ao nosso público. O que atrapalha são os tais algoritmos, que tanto os artistas quanto o público precisam inventar maneiras de driblar.
Outro problema grave é o pagamento irrisório de direitos autorais, que não afeta apenas os pequenos, como testemunhou, em uma entrevista recente na TV Cultura, o Ivan Lins (que dispensa qualquer explicação da sua magnitude). Essa é mais uma questão na pauta da regulação das big techs, e precisamos do esforço de instâncias governamentais para resolvê-la.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Mario Tommaso: Só vejo vantagens. É algo acessível e permite uma maior apropriação de todo o processo.
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Mario Tommaso: Não penso em me diferenciar. Penso nas coisas que me interessam, nas linguagens e nos temas, e faço coisas que necessariamente constituem à minha maneira de existir artisticamente. De outra maneira, soaria artificial.
Existe um poema do Borges que trata disso: um homem decide desenhar aquilo que vê no mundo, vai desenhando as coisas mais diversas e, ao final da vida, descobre que o conjunto forma o desenho do seu próprio rosto.
Acho que a diferenciação entre os artistas funciona assim, como expressão daquilo que é o olhar e a personalidade de cada um, sua experiência de vida e seu modo de dialogar com o entorno.
19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileira? Quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Mario Tommaso: Há uma grande variedade de artistas muito talentosos sendo revelados a todo momento, é até difícil acompanhar tudo. Há também grandes hegemonias de um consumo, digamos, de ultraprocessados… Sou contra o conceito de progresso em arte. Podemos descobrir coisas muito atuais em Bach e perceber ideias reacionárias na última moda.
20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?
Mario Tommaso: Você deu como exemplos algumas situações negativas, mas eu gostaria de lembrar de uma positiva, que eu guardo com muito carinho. Foi quando eu cantei em uma casa de Fado em Portugal. Cheguei para jantar e assistir, todo solene, com aquela ideia de que seria um ambiente mais rígido. Eu era o único que falava português na plateia, e por isso acabei interagindo com os músicos. Cheguei até a pedir uma canção.
Quando souberam que eu estava ali porque tinha ido fazer um espetáculo na cidade, me convidaram para cantar uma música da Dolores Duran, que estava no meu repertório e que eles já tocavam, mas em ritmo de fado. Foi muito emocionante e quebrou o estereótipo que eu tinha. Entendi que o fado é a roda de samba deles. E que Dolores é universal.
21) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Mario Tommaso: O que me deixa mais feliz, desde sempre, é o processo de criação, é construir obras de arte, colocá-las no mundo e colecionar as reações do público. O que me entristece, às vezes, tanto no teatro como na música, é quando bons projetos são descartados, seja pelas dificuldades inerentes de produção, seja por desavenças dentro de um grupo.
22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Mario Tommaso: Eu volto à questão sobre diferenciação. Acho que pessoas diferentes têm olhares e interesses diferentes sobre o mundo. E é papel da sociedade em geral, das políticas públicas e das instituições educacionais permitir que todos tenham acesso a conhecer repertórios múltiplos, a exercitar sua curiosidade, refletir sobre a cultura e aprimorar suas aptidões.
23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Mario Tommaso: Acho que a improvisação é uma das formas de experimentar a vitalidade artística, individual e coletivamente. Ela pressupõe conhecimento técnico aliado a uma tomada de liberdade com relação ao estabelecido. É uma fonte de reinvenção de novas formas e significados, tanto no momento da composição quanto no da execução ou da interpretação. Mas não é a única maneira de se criar algo, pode haver muita liberdade naquilo que é mais premeditado também.
24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Mario Tommaso: Acho que existe, sim, mas a palavra engana, porque o artista nunca está “sem provisão”, ele passou por todo um percurso de conhecimento que está na memória e no próprio corpo. Ele sabe as regras do jogo, a estrutura dentro da qual está atuando. E o próprio gesto de se entregar ao momento e propor uma variação inusitada requer um tipo de coragem que também deve ser exercitada.
25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Mario Tommaso: Como eu disse, tudo deve ser exercitado, tanto as regras do jogo quanto o momento em que a gente esquece um pouco que passou por um método e simplesmente cria algo presente. Aí é uma maravilha, porque o artista incorpora a beleza do acaso e da ousadia ao seu domínio de uma linguagem.
26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Mario Tommaso: Meu conhecimento de harmonia é pouco e disperso, não posso falar de cadeira. Sei que há músicos mais intuitivos e outros mais racionais. A combinação das duas coisas me parece boa, ou a complementaridade entre pessoas que têm processos diferentes.
Da minha parte, sinto necessidade de passar o que componho pelo crivo de músicos com mais propriedade para fazer os arranjos, como foi o caso do mestre Cezinha Oliveira, no álbum “Rasga o coração”.
Eu insisto na questão da colaboração, porque é algo que só enriquece o trabalho e que pessoalmente me dá muito prazer. Ter uma composição rearranjada ou reinterpretada por outros músicos, que a transformam e incluem ideias novas, é uma alegria.
27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Mario Tommaso: Nem me ocorreu pagar jabá! Está fora do orçamento, e eu não saberia nem em qual porta bater. Estou sendo acolhido por rádios independentes e pelas educativas.
Mas vejo que hoje estamos vivendo a era do jabá 2.0, que são os impulsionamentos das plataformas de música e o poder dos algoritmos. A velha máfia está sendo trocada por outra, totalmente impalpável. O papel dos artistas, comunicadores e do público hoje, para fazer valer nosso direito de escolha e de crítica, é burlar esse esquema.
28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Mario Tommaso: O que eu digo para mim mesmo. Continue estudando, procure se cercar de pessoas talentosas e saber trabalhar colaborativamente, seja criterioso, colecione alguns erros (fazem parte do percurso), aprenda a fazer produção, construa vínculos genuínos com o público e deseje muito boa sorte!
29) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Mario Tommaso: Acho que são uma possibilidade, que já foi fundamental para o desenvolvimento de artistas, público e crítica no Brasil, na época da ascensão da televisão como mídia principal.
Me parece que, hoje em dia, eles ocorrem mais em âmbitos regionais e, salvo algumas exceções, de modo esporádico. Isso tem a ver com as novas formas de produzir e escutar. Mas tudo pode mudar novamente, pois nos últimos anos, os grandes eventos públicos têm voltado à moda.
30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Mario Tommaso: Acho que há uma grande bolha que precisa ser furada por uma diversidade inventiva que o Brasil sempre teve e terá. Há espaços interessantes e acolhedores, sobretudo nas redes educativas e em alguns canais pagos. O trabalho dos jornalistas independentes é fundamental.
31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Mario Tommaso: São imprescindíveis, um sucesso de público e crítica. Sou frequentador desde criança. Uma vez, vi na TV um correspondente nos Estados Unidos dizendo que não entendia como a programação do sistema S era tão sofisticada, pois para ele o público-alvo (comerciários) deveria gostar de outras coisas. Um preconceito, uma ignorância daquele senhor. Existe um público inteligente, cultivado, democrático. O SESC e o SESI ajudam a fazer o famoso biscoito fino para as massas de que falava o Oswald de Andrade.
32) RM: Quais os seus projetos futuros?
Mario Tommaso: Circular com o espetáculo “Rasga o coração em cena”. Também já comecei a fazer pesquisa e a compor para o próximo projeto, que vai ser sobre um tema completamente diferente. E continuar dando aulas, pesquisando, publicando e discutindo a cultura.
33) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Mario Tommaso: https://linktr.ee/mariotommaso | [email protected] | https://www.instagram.com/mariotommaso.pirata | https://www.facebook.com/mariotommaso.art
Playlist do álbum “Rasga o Coração”: https://www.youtube.com/watch?v=VaPj8MyF1E0&list=OLAK5uy_lpLJOtscAx0Hes4niQSI58p_UP2RWw4RQ
Importante o artista mencionar os músicos de sua família, tanto os profissionais quanto amadores, porque todos são ótimas referências. Bela entrevista!
Bela caminhada , excelentes e inspiradoras respostas ao entrevistador Antonio C F Barbosa.