A popularidade dos irmãos radialistas: Mano Véio (Luiz Duarte Amorim Filho, nascido 10 de abril de 1949 em Sousa – PB) e Mano Novo (Expedito Duarte Amorim, nascido no dia 29.12.1959 em Natal – RN) ultrapassam as fronteiras de São Paulo chegando a todo Nordeste.
É um prazer registrar a história desses profissionais do rádio e comunicadores na RitmoMelodia, quem me deu a honra da entrevista foi Mano Novo que me recebeu no seu escritório e loja de CD que leva o nome da dupla e que colocar à venda os CDs das estrelas do Forró, do mais tradicional ao moderno. Quem gosta do melhor Forró e melhor Brega é só ir à rua Coronel Trancoso, 71 – Brás – São Paulo. Um Bairro que reuni muitos nordestinos e que faz lembrar, em proporções muito maiores, as grandes feiras tradicionais do Nordeste. Artistas populares e repentistas faziam das ruas do Brás o primeiro palco para ganhar o sustento e divulgar o trabalho regional.
Mano Novo deu um tempo nos seus afazeres e conversamos um pouco para nos familiarizarmos. Em poucos minutos de conversa deu para entender o porquê da grande popularidade da dupla no meio artístico e saber do pensa sobre a causa nordestina e do Forró. Os dois sempre tiveram êxitos nos programas que apresentaram, como divulgadores de novos talentos do Forró e a velha guarda imortalizada pelos seus trabalhos que são o referencial do Forró. A entrevista foi uma aula de história vivida com forrozeiros e com os costumes do Nordeste. Os irmãos lançaram quatro livros: “Nas Quebradas do Sertão”, “O Padre do Jumento”, “Arri Gordo Cheio de Graça”, “Senhor Zé da Paraíba”. Mano Novo tem um acervo em fitas, vídeo e material escrito sobre a Cultura e personalidades nordestinas respeitável.
Segue a entrevista exclusiva com Mano Novo para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em fevereiro de 02.2002:
01) Ritmo Melodia: Mano Novo como foi o início do programa de rádio voltado para cultura e a música nordestina e a dupla Mano Véio e Mano Novo?
Mano Novo: É uma história grandiosa e interessante, mesmo porque meu irmão o Luiz Duarte Amorim Filho conhecido como Mano Véio, espontaneamente eu que dei esse título a ele no ar, primeiro pela nossa real irmandade, somos irmãos de sangue e segundo até pelo costume no Nordeste entre as famílias. A moçada no sertão sempre frisa, oi, Mano Véio, oi, Mano Novo. Foi daí que nasceu a dupla: Mano Véio & Mano Novo no Rádio. Mas antes de nascer a dupla, tem a história preliminar do Amorim Filho, Mano Véio que desde pequeno se tornou radialista, começou em Natal no Rio Grande do Norte e depois foi para Paraíba em Cajazeiras e de lá para São Paulo. Trabalhou como setorista nos aeroportos de Congonhas e depois de Cumbica. Ele era setorista dava apenas informações formais, mas o sonho dele sempre foi colocar um programa de Forró no Ar. Desde de Natal – RN quando ele começou em Rádio, sintonizava muito bem a Rádio Bandeirantes AM. Aquela paixão pelo Rádio que foi prematura o fez vim para São Paulo e trabalhar em várias Rádios como: Rádio Piratininga, Globo Excelsior e na própria Bandeirantes se destacando mais como setorista, como repórter dos Aeroportos. Em uma das suas facetas, ele dando uma informação mais formal, o próprio apresentador do Programa “Pulo do Gato” na época: José Paulo de Andrade, ele fez uma brincadeira com meu irmão o chamando de baiano e tudo. O mesmo estava de bem com a vida nesse dia foi a partir daí que o Amorim Filho aproveitou a deixa e começou apresentar a literatura de Cordel dentro das informações do Aeroporto. A partir daí nasceu a chama de quem sabe um dia ele apresentar um projeto para a Bandeirantes para colocar o Forró em uma Rádio “quatrocentona” e tradicional como ainda é a Bandeirantes AM.
Numa certa feita conversando com José Paulo de Andrade que era e é diretor de Jornalismo. O Zé Paulo prometeu um programa. Na época a Bandeirantes pegou a Rádio São Paulo como Concessionária e aproveitou a oportunidade para pedi um piloto de Forró para o meu irmão e pediu que aguardasse. E quando estreou a Rádio São Paulo em 1983 e concomitante a tudo isso nasceu o projeto de Forró na Rádio, aí veio a promessa se nós fizéssemos sucesso na Rádio São Paulo, eles transferiam o Programa para Rádio Bandeirantes. Não deu outra, graça a Deus, seis meses depois o programa teve um retorno muito grande de audiência e formos transferidos. Com o Programa chamado: “Nas Quebradas do Sertão” que era um nome muito radical, muito forte, mas muito bem aproveitado e a partir daí ficamos quase dez anos na Bandeirantes AM. É uma história muito longa e muito interessante com conhecimento da causa nordestina. Eu vim para São Paulo nesse meio tempo, eu era formado como Geólogo. Trabalhei na Universidade de São Paulo. Mas na época que ele ganhou o Programa e me convidou para ser o produtor dele. Foi quando eu deixei a Universidade e passei a ser o produtor dele. E nasceu a dupla Mano Véio & Mano Novo que hoje é uma marca registrada, é uma Entidade. Graças a Deus até hoje tem dado muito certo. E continuamos nessa campanha progressiva para com a cultura popular nordestina. Nós preservamos muito isso, mesmo porque temos um trabalho de pesquisar muito grande. Sempre estamos envolvidos com as raízes nordestinas, com os costumes e o folclore, enfim a questão nordeste com conhecimento de Causa. E difundimos isso através da música, da culinária, do folclore e colocamos em prática. E depois nasceram vários outros projetos, fizemos muitos shows em São Paulo e realizamos muitas atividades culturais em praça pública, teatro. A rádio Bandeirantes era musical e jornalismo ao mesmo tempo. E foi se transformando em Rádio Jornalística, foi quando a Band FM nos convocou para fazer o mesmo projeto mais com uma linguagem mais jovial na FM. Com algumas ressalvas estamos a seis anos transmitindo o Forró da Band FM que é primeiro lugar de audiência. E que tem dado uma repercussão muito grande e um retorno muito satisfatório.
02) RM: Vocês lançaram alguns livros paralela ao trabalho como radialistas?
Mano Novo: Em consequência do nosso trabalho de pesquisa, haja vista o manancial que nós temos guardado a sete chaves. Foram horas e horas gravadas, são dez anos. É como se nós tivéssemos redescobrindo o Nordeste. A cada ano eu ia para o Sertão ficava trinta a quarenta dias em busca de repentistas, de artistas populares, pesquisando a religião, o comportamento do sertanejo de uma forma geral e a música. E nasceu aquela vontade espontânea sem pretensão nenhuma, mas com o objetivo de pelo menos resgatar e deixar alguma coisa escrita. Então escrevemos quatro livros. O primeiro foi “Nas Quebradas do Sertão”, um livro muito preliminar, com uma linguagem muito fácil, porque era dirigida a um povo que não é acostumado a ler e que é o nosso público ouvinte. E de uma forma geral o brasileiro não tem esse hábito. Mas conseguimos e foi uma faceta muito interessante ter lançado esse livro. Era um apanhado, pois para escrever sobre tudo do Nordeste, seria uma bíblia. Mas o que achamos mais importante registramos na escrita. O segundo livro fizemos uma homenagem em vida para o grande escritor e político: José Cavalcante. Que foi prefeito de Patos – PB e que morava em João Pessoa. E achamos muito interessante a literatura dele. Era um piadista, humorista ao mesmo tempo. No qual intitulamos o livro como: Sr. Zé da Paraíba. Como ele era realmente conhecido na época na região que vivia lá em Patos. O terceiro livro nós focamos a questão de um jornalista do Rio Grande do Norte: Célcio da Silveira um bonachão por excelência, mas de um conhecimento muito farto da terra em que ele viveu na região do Açu no Rio Grande do Norte. Ele deu e dá uma contribuição muito grande, mora hoje em Natal – RN. E pelo fato de ser Bonachão, Gordo, um “bon-vivant”, intitulamos o livro de: “Arri Gordo Cheio de Graça”. Que também teve uma repercussão maravilhosa.
E o quarto livro aproveitamos um personagem em vida que reside em Messejana – CE, que é o padre Antonio Vieira, nosso contemporâneo e não o padre Antonio Vieira do século passado. Ele é o maior defensor do Jumento, escreveu grandes obras sobre o Jumento. Um Grande estudioso da questão Asinina. Essa questão do Jegue, ele defende o animal de uma forma muito categórica, ele fundou o Clube Mundial do Jumento. Isso nos impressionou muito e relatamos em livros as coisas que escreveu sobre sua vida política e em defesa desse animal. É um livro volumoso e que deu bom resultado. Intitulamos o livro de: “O Padre do Jumento”. Temos outros projetos para lançar, o nosso problema maior é tempo. Temos projeto em pauta como a questão dos repentistas, as modalidades do Repente, coisa que já foram escritas, mas a gente pretende dar uma cara nova para um público que nós temos que é um público de Rádio. Dar acesso a essa gente que admira e que espera que alguma coisa favoreça para que eles sempre tenham o que enaltecer e relembrar a vida no Sertão.
03) RM: Mano Novo, a cultura nordestina é reconhecida pelo seu valor?
Mano Novo: Essa é uma pergunta difícil de ser respondida. O Brasil é uma nação, mas se você perceber o Nordeste é uma nação também. O grande repentista: Ivanildo Vila Nova/Bráulio Tavares, questionou isso em: “Se o Brasil for dividido e o Nordeste ficar independente”. Eu sou contra isso, porque na geografia da amizade não existe fronteira. Falamos a mesma língua e temos os mesmos direitos. Agora claro, por questões políticas e geográficas, o Nordeste é uma outra nação; queira ou não queira. Tendo em vista tudo isso que relatei para você, comentando os costumes, das características do sertanejo, da cicatriz que carregamos. O nosso sofrimento é por natureza, não porque a cidade é grande, mas é porque faltou a chuva. Lá vemos tudo que nasce, coisa que não vemos na grande cidade. Não só no Nordeste, mas também no interior de São Paulo, você está vendo isso. Eu falo da gente sertaneja e do interior que é uma outra nação. O preconceito não é com o nordestino. Eu e meu irmão que moramos em São Paulo, essa palavra é proibida dentro do nosso contexto. Nunca fizemos apologia disso, eu acho que todos têm o direito de trabalhar. A mensagem deve ser bem empregada, estamos a quase vinte anos em São Paulo, no microfone, a nossa grife é o microfone. Temos o poder da mensagem, de podermos estar falando para milhares de pessoas. Essa questão de resistência à cultura nordestina é muito subjetiva, vai da cabeça de cada um. Devemos brigar para ser verdadeiramente brasileiros sem dependência de consumir o que vem de outros países, devemos colocar isso em pauta e não o nordestino como ser humano. Por excelência, a criatividade nordestina, eu acho que é maior, queremos mostrar que o sertão é viável. Como diz o padre Antonio Vieira “O Sertão é como uma lepra, todos têm medo”. Mas quem é da “Terrinha”, quer viver nessa “lepra” eternamente. O sertão pode até ser feio, mas ao mesmo tempo é lindo, entenda quem quiser.
04) RM: Mano Novo, como surgiu o Selo, Mano Véio e Mano Novo?
Mano Novo: Somos comunicadores e a nossa grife é o microfone e nosso compromisso é cada dia mais descobrir valores, temos fontes que colabora com a gente. Nós nos transformamos em uma ponte de São Paulo – “Nordeste” – São Paulo. É claro que uns se destacam e outros não. Em consequência dos nossos trabalhos voltados para música, abrimos um selo exclusivamente de Forró e música nordestina de uma forma geral, tem Poesia, Repentista, Coco de embolada, o Brega. Porque o nordestino não vive sem a música brega, mais brega mesmo. Aquela que é pra lá de romântica. Em consequência disso criamos o Selo: Mano Véio & Mano Novo. Lançamos cantores como: Washington Brasileiro e Frank Aguiar é nosso afilhado musical desde início da carreira dele em São Paulo. Ele já vinha batalhando, mas encontrou uma força legal, através do Mano Véio & Mano Novo. Um outro bom exemplo foi o Tiririca. Tem muitas bandas que não são do nosso selo, mas que tem a nossa mão. Porque o nosso Selo é muito “pequenino”, não tem muita história para contar e para você administrar um selo é muito difícil. Já administramos uma loja, programas de rádio e precisaríamos de uma equipe muito grande, uma mão de obra extraordinária, por isso não temos um catalogo muito grande.
05) RM: Mano Novo, como foi seu contato com o rei do baião Luiz Gonzaga?
Mano Novo: Com as minhas andanças pelo Nordeste em um trabalho de dez anos, com mais de mil horas gravadas, o Luiz Gonzaga foi um capítulo a parte, foi um encontro emocionante, ele já tinha vindo a nosso programa e me tornei um amigo. Não só do Gonzagão como do próprio Câmara Cascudo, que também foi uma emoção maravilhosa, tive a felicidade de conhecê-lo e entrevistar o pai do folclore brasileiro. Um momento muito oportuno que eu tive na vida, foi proporcionar o encontro de Patativa do Assaré com Luiz Gonzaga. Os dois juntos e eu no meio gravando, foi o máximo, o clímax de todo esse tempo de trabalho pesquisando a cultura nordestina. Esse fato ocorreu na fazenda Vovô Januário, na época que Gonzagão tinha um Posto de gasolina em Exu – PE. Ele mandou preparar um almoço, eu não tinha nem palavra para perguntar nada, simplesmente levei o gravador para perto deles e deixei os dois conversando de forma espontânea. O Gonzagão foi uma figura muito discutida, o achavam muito chato, um “nêgo chato”. Mas naquele dia ele estava de bem com a vida e gostou da nossa presença. A partir daí, rapaz, tudo que se possa imaginar em nível cultural aconteceu. Esse registro estar guardado a sete chaves e algumas vezes mostrei em alguns programas nas rádios: Bandeirantes, Imprensa e Atual. Pretendo mostrar tudo aquilo que gravei desse encontro fabuloso. Os dois discutindo a questão do Hino Nacional, da música “Triste Partida”, que foi uma das músicas que o Gonzagão gostava de cantar e que o mais emocionava. Como essa música chegou até Gonzagão, uma obra de Antonio Gonçalves da Silva (Patativa do Assaré) que ainda vivi na Serra de Santana no Ceará com seus noventa e dois anos de idade.
06) RM: Como foi a sua visita a casa do Patativa do Assaré (Antonio Gonçalves da Silva)?
Mano Novo: Eu tive o prazer de ficar uma semana na casa do Patativa, com o gravador ligado só com a pretensão de gravar tudo que vinha da mente dele, primeiro por que ele é analfabeto e tudo que vinha da mente dele, eu gravava. Desde coisas satíricas a profana. Somente passando uma semana dentro de uma rede, dentro de uma rede mesmo. Conversando com o poeta Patativa, tive a oportunidade de registrar coisas fantásticas e emocionantes. Que não mostrei ainda em Rádio, mas pretendo fazer um projeto para enaltecer tudo isso.
07) RM: Mano Novo, cite outros Forrozeiros que como Luiz Gonzaga, contribuíram para popularização do Forró?
Mano Novo: Gonzagão é um capítulo muito extenso, a gente para falar dele carece horas, porque é uma história muito interessante e envolvente, ele é um mito, foi o que mais contribuiu para música nordestina. E paralelo a ele outros sanfoneiros deram importante contribuições como o saudoso Abdias (esposo da Marinês e pai do Marcos Farias), um dos maiores oito baixo que o Brasil já teve e que por excelência era diretor de uma grande gravadora e foi o responsável pela descoberta de Marinês, Coronel Ludugero, quem não lembra as piadas e pilherias, que foi outro mito. Depois dele não nasceu outro, tentam imita-lo, mas até hoje nunca ninguém chegou a resgata com tanta seriedade o trabalho do Coronel, que nos deixou em 1970. O João do Pife, Trio Nordestino, Luiz Vanderlei foram outras descobertas de Abdias. Você ver que todos tinham características diferentes e ele conseguia reunir isso em um único LP. Todos eles continuam presentes no coração do nordestino. Quando a gente roda uma música do Ary Lobo na atualidade, mesmo com esse “Forró Moderno” de Bandas e Tecladistas ou mesmo tocando uma música da Marinês como exemplo: “Nordeste Valente” com sua interpretação maravilhosa. Em poucos minutos você vai rebuscar memórias e memórias dessa gente que foi o Vaqueiro, que hoje em dia trabalha como zelador em São Paulo ou a mulher sertaneja que hoje estar trabalhando em casa de família. Você mexe com a sensibilidade e com a ferida da saudade. Palavra só usa por nós brasileiros, como diz um Repentista: “Saudade é um parafuso, que a rosca quando cai. Só entra se for torcendo bem, porque batendo não vai. Mas quando enferruja dentro nem destorcendo não sai.” É uma doutrina, graça a deus que eu tive contatos com muitos artistas, outros que posso citar são: Jacinto Silva que faleceu há pouco tempo. Sebastião do Rojão que decantou o “último pau de Arará”. Eleno dos Oito Baixos é preciso valorizar a concertina, a questão dos Oito Baixos, do “Pé de Bode” que estar sendo dizimada, que logo, logo ninguém vai ouvir mais um tocador de Oito Baixos, com esse turbilhão de coisas que aparecem e confundir. Mas quem é da “terrinha” sabe ouvia a música desses artistas que estão na memória da nossa gente e na nossa loja temos uma sessão especialmente para quem quer matar a saudade de antigamente.
08) RM: Mano Novo, como você analisa o “Forró Universitário” como mais uma vertente do Forró?
Mano Novo: Forró é bom de dançar de qualquer jeito. Quer seja no “Forró Universitário”, no “Forró Moderno” ou qualquer outra história que aparecer. Porque graças a Deus como a gente tem frisado todos os dias no microfone, o Forró não é moda. O Forró é história, são cem anos e cem anos não é brincadeira. O Forró não nasceu ontem. Então que venha o “Forró Universitário”, só muda os personagens, mas a batida é a mesma que é o Forró Pé de Serra. E graças a Deus que é o “Forró Universitário”, porque estar atingido Universidades e estar chegando a outras cabeças, porque não!?A pesar que são guetos sociais, que são coisas impossíveis de burilar. Quem é rico é rico, quem é pobre é pobre.
Eles jamais vão consumir o Sebastião do Rojão ou entender a mensagem da Marinês. Eles vão entender a mensagem do “cantorzinho”, “bonitinho”, universitário que aprendeu a tocar zabumba, mas que não tem nenhuma autoridade de estar defendendo a questão do Jackson do Pandeiro, do Luiz Gonzaga. Eles podem provocar curiosidade, até aí a gente respeita. Tem uns mais ousados que querem ultrapassar barreiras sem conhecimento de causa. Se você pega um desses e pede para descascar a Vida de um rei do Baião, Jackson do Pandeiro ou Marinês, não tem o que falar. Eles não sabem, mas graças a Deus, eles tentam imitar as batidas de uma zabumba, de um triângulo e falando coisas como “bichim” e “arretado”. Não tenho nada contra a nenhuma transformação que o Forró possa ter, com tanto que seja o Forró. Agora desmistificá-lo, fazendo junção com o Reggae, Forró com não sei o que, a não, isso aí já é modismo. A questão das roupas é uma questão social. Quem é filho de “papai” não que vestir um vestido de chita, né verdade. Eu não parei para pensar, eu acho quem tem que determinar isso é o tempo. Eu só gostaria de fazer um apelo para as gravadoras darem o mesmo direito do “Forró Universitário” ao Sanfoneiro Pé de Serra, que sonha um dia ter um CD gravado e bem divulgado, isso que a gente lastima. Que os direitos sejam iguais e espero que o forró seja tocado em qualquer ambiente, não importa a forma de dançar, de vestir. Porque o Forró foi um ritmo muito descriminado e que hoje muita gente está ficando rica, que são os famosos “caroneiros”.
09) RM: Mano Novo, eu gostaria que você comentasse a importância de Pedro Sertanejo(pai de Osvaldinho do Acordeon) para Divulgação do Forró em São Paulo?
Mano Novo: Pedro Sertanejo, é um capítulo muito especial. A importância dele em São Paulo é maior do que a do Luiz Gonzaga. Porque foi o Pedro Sertanejo que trouxe o Forró para São Paulo na rua Catumbi, 183 – no bairro Belenzinho. Ele foi um precursor de tudo que existe sobre Forró em São Paulo. Hoje existem trezentas e sessenta e cinco casas de Forró, você tem condições de dançar numa Casa de Forró por dia. Ele foi pouco divulgado, foi massacrado por divulgar o Forró, ele abriu a primeira Casa. Quantas vezes o Pedro Sertanejo foi preso, porque tocava Forró em São Paulo. Hoje o Forró está nos Grandes Salões. Seus seguidores também eram castigados, como o Castanheiro que era zabumbeiro do Pedro Sertanejo, tem muitas histórias para contar, é uma figura maravilhosa que conhece a fundo a história de Pedro Sertanejo. Ele foi o pioneiro de tudo isso. Deixou histórias fantásticas bem gravadas, sucessos maravilhosos. E que carece que a gente esteja sempre enaltecendo o nome desse grande artista que carregou tantos anos a Sanfona no Peito e por isso foi tão massacrado. É bom registrar isso e que Pedro Sertanejo seja Feliz onde estiver.
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