More Macarrão »"/>More Macarrão »" /> Macarrão - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Macarrão

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Macarrão (O Cronista) nasceu em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, porém se mudou com sua mãe e irmãos ainda pequeno para o bairro do Estácio na capital, mais precisamente na Vila Mimosa, área que o viu crescer.

Seu envolvimento com a música começa no final da década de 80 com os discos de soul dos bailes promovidos por seu tio (Dentinho), que viria a falecer nos anos 90. 

Em 1991, Macarrão, conhece alguns punks que acabam por convidá-lo a ser o front man da banda da I.M.L (Insubordinados, Mortos e Libertários) ficando na banda até meados de 95 quando ele começa a trabalhar no jogo de bicho e gradativamente vai deixando as atividades com a banda.

Ainda na década de 90, Macarrão foi presenteado pelo Skank (fundador do Planet Hemp) com uma fita cassete de 90 minutos, que tinha músicas do: Ice T e N.W.A de um lado e Os Racionais MC’s e Thaide do outro, fazendo com que ele percebesse que havia RAP no brasil com os moldes do exterior só que com a nossa realidade.

Macarrão foi procurando mais músicas para ouvir e com o tempo começou a escrever seus RAP e gravou “Rotina de visita” em 1999.O som do macarrão procura versos mais intimistas à cerca de sua realidade e apontando também o que ele considera problema na cena hip hop do país.

Em 2004, suas músicas: “Rotina de visita”, “Bagulho doido”, “Estácio” (Edi Rock produziu), “Ladrão vai orar” (Mano Brown produziu), fizeram parte de uma coletânea lançada pelo selo Zambia (na época dos Racionais MC’s). 

Em 2006, Macarrão lançou seu primeiro álbum “Fala tu”, com músicas que fazem parte do documentário com o mesmo nome em que o rapper participou junto com outros dois MC’s cariocas (Thogum e Combatente). Em 2010, lança o álbum “O diário”, com produções de DJ Pixote, DJ A, Edi Rock, DJ Luciano. Atualmente o rapper lança suas músicas em singles em todas as plataformas de streaming.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Macarrão – O Cronista para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 06.02.2023:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal? 

Macarrão: Eu nasci no dia 13 de janeiro de 1969, em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro. Minha mãe me trouxe com dois anos de idade para o bairro do Estácio – RJ, e me criei na região conhecida como Vila Mimosa. Fui registrado como Alexandre Magalhães.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Macarrão: Meu primeiro contato com a música foi vendo meu tio, Jorge Degas, treinando diariamente o contrabaixo em nossa casa. Eu não entendia direito o que rolava, mas gostava da presença do meu tio ali. Pouco tempo depois eu passei a ajudar meu outro tio, Dentinho (falecido nos anos 90), com os bailes e festas que ele promovia pelo bairro Vila Mimosa. Ele me ajudou a ser introduzido no mundo da Black music, ali eu já tinha contato com: EWF, Isley Brothers, Teddy Pendergrass, SOS Band, dentre outros.

Mais tarde eu conheci o punk, o hardcore e passei a militar firme nesse movimento e me tornei front man da banda I.M.L (Insubordinados, Mortos e Libertários), o que ampliou ainda mais a forma como enxergaria música dali por diante.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Macarrão: Eu não tenho formação musical nem formação acadêmica, mal terminei o Ensino Fundamental. Fiz algumas oficinas de roteiro de séries e uma de minhas ideias acabou se tornando uma série de TV chamada: Mano a Mano que foi exibida na Rede TV em meados de 2007.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Macarrão: Sou eclético e tenho diversas influências. Escuto punk rock com a mesma paixão que ouço RAP e R&B, fica difícil determinar o que mais me influencia.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?

Macarrão: Em 1991, eu começo a ter contato com os palcos através da banda I.M.L (Insubordinados, Mortos e Libertários) em várias apresentações pelo Rio de Janeiro. Abrindo shows para importantes bandas do gênero como: Cólera, por exemplo. O RAP, eu já escutava, mas não fazia ainda, não me via fazendo, até que um dia nos anos 90, na Rua 13 de maio no Centro do Rio de Janeiro, o falecido Skank (da Planet Hemp) me deu uma fita K7 de 90 minutos com as músicas de Ice T e N.W.A de um lado e Os Racionais MC’s e Thaide do outro, minha mente foi transformada e eu comecei a fazer RAP também e já estava trabalhando no jogo do Bicho e isso começou a me afastar do Rock. Atualmente paralelo ao trabalho com o RAP, atuo como segurança para sobreviver.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Macarrão: Em 2004, minhas músicas: “Rotina de visita”, “Bagulho doido”, “Estácio” (Edi Rock produziu), “Ladrão vai orar” (Mano Brown produziu), fizeram parte de uma coletânea lançada pelo selo Zambia (na época dos Racionais MC’s). Em 2006, lancei o álbum “Fala tu” (música que fez parta da trilha sonora do documentário com o mesmo nome). Em 2010, “O diário” pela Criarte records. Depois comecei a lançar singles.

07) RM: Como você define seu estilo musical dentro do RAP?

Macarrão: Difícil, não acho que eu traga um estilo pré-definido, minha música é muito pessoal, eu falo muito de dramas pessoais vividos. Eu entendo meu som como Old School RAP, mas talvez também não seja.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Macarrão: Não.

09) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Macarrão: Paulo Diniz, Cassiano, Tim Maia, Patrícia Marx, Erykah Badu, Ron Isley, Teddy Pendergrass, muita gente…

10) RM: Como é o seu processo de compor?

Macarrão: Geralmente eu penso as rimas em momentos onde estou parado, como no trabalho, por exemplo e vou montando sem usar papel nem caneta, vou para o estúdio com toda a ideia pré-estabelecida e gravo.

11) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Macarrão: Eu componho sozinho, se chamo alguém para fechar, este fica responsável por sua parte no som. Eu tenho bastante sons com o rapper Snoopy Crioulo do Bairro 13, mas no mesmo esquema, cada qual responsável por sua parte.

12) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Macarrão: Eu não saberia responder, não tenho uma carreira musical.

13) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Macarrão: Eu não tenho uma carreira musical. Eu faço os sons e dropo. Mas entendo que não é o que se consome hoje em dia. Não tenho uma estratégia.

14) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Macarrão: A internet já ajudou muito, hoje com essa questão dos algoritmos e do impulsionamento pago, vence quem tem a grana. Então, quem faz uma boa obra, mas não consegue fazê-la ser vista porque precisa pagar por isso. Essa parte faz sobressair quem tem poder financeiro e não necessariamente quem tem uma boa obra musical.

15) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Macarrão: A vantagem é que todos podem fazer música dentro de suas casas, não vejo desvantagem.

16) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Macarrão: Eu me mantendo firme na proposta de apresentar histórias reais, de não ser um personagem de rede social.

17) RM: Como você analisa o cenário do RAP brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Macarrão: O cenário do RAP está rico em produção e tem saído muita coisa, não consigo ouvir tudo confesso e por vezes o MC que canta ali o som me parece boy demais. O que são narrados nas letras são extremamente redundantes: “Eu venci, eu bebo, eu fumo, eu fodo, tô rico, tenho inimigos etc”, pra mim nada interessante e soa idiota que o público considere que toda essa playboyzada é cria do crime. É Bizarro, cena mais fake que essa impossível. Mas eu canto sons, algumas do ADL, algumas do Nocivo, etc… Destaques, realmente não sei, não fui pego e não me surpreendi com nada exatamente por saber que são histórias redundantes e fakes.

18) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Macarrão: Sem jabá não tocam nenhuma música, tudo é grana né? Lançar um som demanda alto investimento.

19) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Macarrão: Haverá muitas frustrações, dor de cabeça e mágoa, mas se acreditar em si, mergulha de cabeça!

20) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Macarrão: A cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira é feita na base do pagamento do jabá. O impulsionar no mercado digital também é uma forma de jabá.21) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI, Itaú, Banco do Brasil e CAIXA Cultural para cena musical?

Macarrão: Não tenho conhecimento sobre o assunto e sobre os espaços.

22) RM: Fale sobre o documentário “Fala tu”.

Macarrão: A sinopse do documentário “Fala Tu” (https://globoplay.globo.com/fala-tu/t/zrJXxZ5hvV/) acompanha o cotidiano de três moradores da Zona Norte carioca que, em comum, têm a paixão pelo rap. O filme é testemunha dos sonhos, dramas e transformações vividas pelos personagens durante os nove meses de filmagem.

Macarrão, 34 anos, compositor e cantor de rap do Morro do Zinco, ganha a vida como apontador do jogo do bicho. Vive com a mulher e suas duas filhas e torce pelo Fluminense. Ele é acompanhado pelo DJ A (Alexander Telles) que tem seus equipamentos do computador roubados.

Thogum, 32 anos, budista e rapper de Cavalcante é um dos pioneiros do movimento rap no Rio. Seu estilo agressivo de cantar esconde sua real personalidade. Ganha a vida vendendo produtos esotéricos de porta em porta. Seu pai, sambista e motorista de ônibus aposentado adoeceu com câncer. Os dois, que se viram muito pouco nos últimos vinte anos, têm tentado se reconciliar – muitas vezes através da música.

Combatente (Monica Xavier), 21 anos, operadora de telemarketing e rapper de Vigário Geral. Confiante no poder transformador do rap, ela versa sobre saúde sexual, paz e igualdade. Recentemente foi iniciada na igreja do Santo Daime. Combatente mora com sua mãe, avó, duas tias e um sobrinho.

O filme é um olhar sobre estes três personagens cariocas e sobre o que eles têm a nos dizer. Faz-se assim uma crônica de um Rio de Janeiro de hoje.

O documentário “Fala Tu” de Guilherme Coelho e Nathaniel Leclery é uma co-produção Matizar e VideoFilmes, captado em formato DV Cam e ampliado para 35mm.

FICHA TÉCNICA
Direção: Guilherme Coelho
Argumento: Nathaniel Leclery
Montagem: Márcia Watzl
Fotografia: Alberto Bellezia
Som Direto: Leandro Lima
Produção: Mauricio Andrade Ramos, Mano Tales, Nathaniel Leclery e Guilherme Coelho
Produção Executiva: Erika Safira

NOTA DO DIRETOR Guilherme Coelho: A delícia de fazer algo pela primeira vez. E quando se faz documentário, descobrir isso com a equipe e também com os personagens. Nathaniel e eu nos conhecemos (apresentados pela Olivia Rabacov), e três meses depois já queríamos fazer um filme pra mudar o mundo – ou pelo menos o cenário do Rap no Rio. Que bom que mudamos de objetivo político, transformando o filme numa crônica urbana sobre vidas, e assim salvamos o filme. Foi também nosso primeiro trabalho com Albertinho Bellezia (fotografia), Leando Lima (som direto) e Marcia Watzl (montagem). Em algum momento, na Kombi do Chambinho, entre o Zinco, Cavalcanti, Vigário Geral e Oswaldo Cruz, nasceu a Matizar, nossa produtora.

23) RM: Quais os seus projetos futuros?

Macarrão: No momento estou trabalhando diversas músicas com meu parceiro e amigo André Gomes na produção. Uma música ainda inédita com Snoopy Crioulo e Josimar Nascimento e um documentário: “Eu ainda falo” que é sequência do “Fala tu”.

23) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Macarrão: (21) 96516-0463 | [email protected]

| https://www.instagram.com/macarraoocronista

O documentário “Fala Tu”: https://globoplay.globo.com/fala-tu/t/zrJXxZ5hvV/

Dasabafo (R.I.P Mônica – 12/09/1968 a 30/10/2002): https://www.youtube.com/watch?v=3TchdvoC4Ow

A Culpa Não Foi Sua: https://www.youtube.com/watch?v=ysAIE_LuDtg

Rotina de Visita (Original): https://www.youtube.com/watch?v=XWP1dBHAJz0

Estácio: https://www.youtube.com/watch?v=tM0q1rAxssU

Desabafo: https://www.youtube.com/watch?v=GGFU2cd2_mc

Ladrão Vai Orar: https://www.youtube.com/watch?v=6Jidj02tFiU

Bagulho Doido: https://www.youtube.com/watch?v=-oc5p7i_3VA

Jogo do Bicho: https://www.youtube.com/watch?v=pCP-mjc76p4

Inferno Branco: https://www.youtube.com/watch?v=6AMqjXuJ44Q

Spotify: Macarrão o Cronista.


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.