O jornalista, compositor, pesquisador de Choro, bandolinista mineiro Nassif foi colunista e membro do conselho editorial da Folha de S. Paulo, escrevendo sobre economia e áreas correlatas como o sistema de Ciência & Tecnologia e também.
Sua primeira experiência jornalística foi aos treze anos de idade, editando o jornal do Grupo Gente Nova, de Poços de Caldas. Aos quinze, fez estágio no Diário de Poços, durante o período de férias escolares. Depois de se formar no segundo grau, em 1969, na cidade de São João da Boa Vista, passou no vestibular para a Escola de Comunicações e Artes – Universidade de São Paulo e começou a trabalhar profissionalmente em primeiro de setembro de 1970, como estagiário da revista Veja. Foi efetivado no início de janeiro de 1971. Em 1974 tornou-se repórter de economia da revista. No ano seguinte, ficou responsável pelo caderno de finanças.
Em 1979 transferiu-se para o Jornal da Tarde, na qualidade de pauteiro e chefe de reportagem de economia. Lá, criou a seção “Seu Dinheiro”, primeira experiência de economia pessoal da imprensa brasileira, e o caderno “Jornal do Carro”. Em 1983 mudou-se para a Folha de S. Paulo, onde no fim do ano criou a seção “Dinheiro Vivo” e participou do projeto de criação do Datafolha. Em 1986 ganhou o Prêmio Esso, categoria principal, com a série de reportagens sobre o Plano Cruzado. Ele ficaria no jornal até 1987.
No início dos anos 1980, organizou com a seccional São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil um seminário com todas as subseções da OAB, que resultou na primeira grande campanha pelos direitos do consumidor, a dos mutuários do Sistema Financeiro da Habitação. Nessa mesma década, foi um dos apresentadores do programa São Paulo na TV, ao lado de Paulo Markun e Sílvia Poppovic, umas das primeiras experiências de produção independente na TV aberta brasileira. Produzido pela Abril Vídeo, era veiculado na TV Gazeta. Em 1985, criou o próprio programa na TV Gazeta, chamado Dinheiro Vivo. Em 1987, a partir do programa, nasceu a Agência Dinheiro Vivo, de informações de economia e negócios.
Em 1990, passou a apresentar o programa Dinheiro Vivo na emissora pública TVE Brasil. Posteriormente, seria acusado de não repassar à emissora pública os 20% referentes à quantia que recebia de patrocinadores de seu programa, embora assim estivesse obrigado por contrato.
Nassif retornou, em 1991, para a Folha de S. Paulo, como colunista de economia. Em 2006, seu contrato não foi renovado. Luís Nassif foi, ainda, comentarista econômico da Rede Bandeirantes e da TV Cultura. Também atuou no rádio, como um dos apresentadores do Jornal Gente, na Rádio Bandeirantes de São Paulo, ao lado de José Paulo de Andrade e Salomão Ésper.
Retornou para a TVE Brasil, agora renomeada como TV Brasil, apresentando o programa Brasilianas.org. O programa foi exibido até 2016.
Em abril de 2013, Nassif lançou o piloto do Jornal GGN (Grupo Gente Nova), um jornal eletrônico, “o jornal de todos os Brasis”, um projeto jornalístico cujo propósito era aprofundar temas relevantes pouco abordados pela mídia convencional, tais como gestão, inovação, direitos sociais, justiça de transição etc., além de fazer uma cobertura comentada das notícias do dia. No mesmo ano, em outubro, fechou uma parceria de conteúdo do Jornal GGN com o iG, que por cinco anos hospedara o seu Blog do Nassif. Começou a também publicar no portal uma coluna com análises políticas e econômicas de temas apresentados e discutidos no GGN. Posteriormente, o Jornal GGN tornou-se um portal independente, dedicado à “produção de conteúdo crítico, a partir da construção coletiva de notícias ligadas a cidadania, política, economia, cultura e desenvolvimento”, com a participação efetiva dos especialistas no conteúdo. O portal adotou um modelo de jornalismo colaborativo, procurando, segundo Nassif, escapar da “dicotomia esquerda–direita que tem caracterizado o jornalismo online”. O portal tem, ainda, como um dos seus propósitos declarados, “a montagem de mini – redes sociais especializadas, com os principais grupos de discussão — do setor público e privado — para aprofundar os temas relevantes do Brasil do século XXI, cobrindo não apenas o factual, mas as visões estratégicas de país”. Porém, em 2019 foi classificado pelo Observatório da Imprensa como um veículo de mídia de esquerda.
Luís Nassif foi vencedor do Prêmio de Melhor Jornalista de Economia da Imprensa Escrita do site Comunique-se nos anos de 2003, 2005 e 2008, em eleição direta da categoria. Também recebeu o Prêmio iBest de Melhor Blog de Política, em eleição popular e da Academia iBest.
Suas obras literárias são: “O Menino do São Benedito e Outras Crônicas” (2001, Ed. Senac, São Paulo, 456 pp.) – 126 crônicas com as reminiscências e impressões pessoais de Nassif sobre diversos temas, como a infância em Poço de Caldas, MPB, esporte e o país. O Jornalismo dos Anos 90 (2003, Ed. Futura, 320 pp.) – analisa a cobertura da imprensa em diversos episódios como o impeachment de Fernando Collor, o caso da Escola Base, o do Bar Bodega e outros. Os Cabeças-de-Planilha (2007, Ed. Ediouro, 312 pp.) – analisa a economia nos governos de FHC e traça um paralelo entre a Política do Encilhamento de Rui Barbosa e o Plano Real com Pedro Malan e Gustavo Franco. Gravou em 1996 o CD – Roda de Choro pela gravadora RGE, que foi semifinalista do Prêmio Sharp de Música Instrumental.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Luís Nassif para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 20.12.2021
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Luís Nassif: Nasci no dia 24 de maio de 1950, em Poços de Caldas, Minas Gerais.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Luís Nassif: Aos 4 anos meus pais me matricularam em aulas de piano; aos 10 aderi ao cavaquinho com afinação de bandolim. Na adolescência, ao violão. Dos 20 em diante, no bandolim. Na adolescência venci vários festivais regionais e fui à final da Feira Permanente da Música Popular Brasileira, da TV Tupi, ao lado de Paulinho da Viola, Jorge Benjor, Suely Costa.
03) RM: Qual sua formação acadêmica fora da área musical?
Luís Nassif: Formei-me em jornalismo pela Escola de Comunicação e Artes da USP.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Luís Nassif: Na infância, o repertório rural-urbano de Valdemar Henrique, Joubert de Carvalho, os solos de Dilermando Reis, as modas do interior paulista, graças à influência de minha mãe e um tio carioca, que foi amigo e contemporâneo de Dilermando e Jacob do Bandolim. Jacob, obviamente, foi uma enorme influência. Na adolescência, muita influência da MPB, de Juca Chaves, Chico Buarque, Edu Lobo, Geraldo Vandré, Milton Nascimento, além de Carlos Lyra e das canções de Tom Jobim. Continuei fiel às minhas paixões musicais.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Luís Nassif: Na adolescência (final dos 60), nos festivais de música. Dos 20 anos em diante (anos 70), no solo de bandolim. Mas sempre em segundo plano, em relação a profissão no jornalismo.
06) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira jornalística?
Luís Nassif: Aos 13 anos fiz meu primeiro jornal, do Grupo Gente Nova de Poços. Aos 15 anos, tive meu primeiro trabalho jornalístico no Diário de Poços, em substituição de férias. Na vida profissional comecei em setembro de 1970, como estagiário da revista Veja.
07) RM: Quantos CDs lançados?
Luís Nassif: Gravei em 1996 o CD – Roda de Choro pela gravadora RGE, que foi semifinalista do Prêmio Sharp de Música Instrumental. Acompanhado pelo grupo Nosso Choro, formado por Zé Barbeiro (violão), Miltinho de Mori (cavaquinho e arranjos), Stanley (clarinete), Bombarda (acordeon), Marcelo (pandeiro). Neste disco, interpretei também no bandolim Choros antigos e poucos conhecidos como “Louca” de Chico Neto, e “Subindo ao céu” de Aristides Manuel Borges. E participei em três álbuns com algumas músicas.
08) RM: Qual a importância do Choro para a música popular brasileira?
Luís Nassif: É a música instrumental por excelência, talvez a mais influente escola de música instrumental do planeta.
09) RM: Além do Bandolim qual outro instrumento que você toca?
Luís Nassif: Violão, Piano.
10) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Luís Nassif: A voz é o mais importante instrumento musical.
11) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Luís Nassif: Elza Soares, Elizeth Cardoso, Nana Caymmi, Elis Regina, Alaíde Costa, Rosa Passos.
12) RM: Como é seu processo de compor?
Luís Nassif: Na minha última fase, no piano. A parte mais difícil é o tema inicial. Depois, flui.
13) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Luís Nassif: Um amigo de adolescência, já falecido, João Kleber Jurity. Na fase adulta, Vicente Barreto, Jorge Simes, Alexandre Lemos.
14) RM: Você compõe canção?
Luís Nassif: Sim.
15) RM: Você coloca letra em melodia?
Luís Nassif: Em geral componho letra e música juntos. Nas parcerias, tenho mais melodias que letras. E tenho algumas letras que os meus parceiros musicaram depois.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira jornalística?
Luís Nassif: Beneficia com a quantidade de fontes para pesquisas. Prejudica pelo alarido, uma avalanche de temas redundantes, sem hierarquia.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Luís Nassif: Abriu um novo campo para os músicos. Hoje todo músico consegue gravar. O lado ruim foi a enxurrada de gravações que impede o destaque dos talentos.
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Luís Nassif: Bom, não tenho nem carreira nem pretensão musical. Faço meus saraus, frequento meus botecos.
19) RM: Como você analisa o cenário do Choro? Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas e quem permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Luís Nassif: Hoje em dia temos a mais talentosa geração de instrumentistas da história, uma rapaziada de primeiríssima, mas que se dilui no caos da Internet. No Choro, há talentos como Armandinho, André Mehmari, Yamandu Costa, Fabio Peron, Hamilton de Holanda. Nesse oceano de talentos, destaque para Yamandu, Mehgmari, Hamilton.
20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?
Luís Nassif: Um Festival em Pinhal, na minha adolescência. Inscreveram uma música com o mesmo nome de uma minha que, pouco antes, tinha vencido o Festival de São João da Boa Vista, no ensaio, as “compositoras” começam a cantar a música e era a minha mesma. A situação mais inusitada foi quando venci a eliminatória na Feira Permanente. Um trecho da letra falava em Senhor K, personagem de Kafka. A censura achou que era propaganda subliminar de Juscelino Kubitschek e obrigou a mudar para Senhor F.
21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Luís Nassif: Não tive uma carreira musical. Mas tive a oportunidade de conviver com os maiores músicos brasileiros, Cartola, Nelson Cavaquinho, Sinval Silva, João Bosco, frequentando o Bar do Alemão; um dos redutos do choro na cidade de São Paulo.
22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Luís Nassif: A capacidade de criar temas musicais do nada.
23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Luís Nassif: Gosto da escola do Choro, que não foge da rodovia melódica. Acho um saco o improviso que não tem nada a ver com a harmonia (sequencias de acordes).
24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Luís Nassif: Existe. Mas até hoje não vi ninguém que tenha se aproximado da capacidade de improvisação de Yamandu Costa.
25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Luís Nassif: Informação sempre é bem-vinda. Se o aluno fica preso ao método, é falha dele.
26) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Luís Nassif: Não tenho dimensão sequer para aspirar um jabá.
27) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Luís Nassif: Arrume uma profissão mais previsível para se sustentar, porque a música é muito instável.
28) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Luís Nassif: Já revelou.
29) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Luís Nassif: A grande mídia deixou de lado a cobertura do cenário musical brasileiro. Em outros tempos todos os canais tinham seus programas musicais.
30) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Luís Nassif: SESC, SESI, Itaú Cultural, Caixa Cultural, Banco do Brasil Cultural, são os verdadeiros Ministérios da Cultura.
31) RM: Quais os seus projetos futuros?
Luís Nassif: Na música, voltar a frequentar meus botecos.
32) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Luís Nassif: Estou procurando botecos, já que muitos desapareceram com a pandemia do covid-19.
Luís Nassif: (11) 3280 – 5955 | www.luisnassif.com.br | https://jornalggn.com.br
RODA DE CHORO COM LUÍS NASSIF: https://www.youtube.com/watch?v=LRdzPWSmqnM
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CD “Roda de Choro”, de Luís Nassif. Músicas: Assanhado e Murmurando, com Nassif no bandolim, Milton de Mori no cavaquinho, Zé Barbeiro no violão, Bombarda no acordeom e Stanley na clarineta: https://www.youtube.com/watch?v=xlsgvNhjNWs
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Luís Nassif – Os verdes campos de Pasárgada: https://www.youtube.com/watch?v=p09f8DgOJzo
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