More Levi Ramiro »"/>More Levi Ramiro »" /> Levi Ramiro - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Levi Ramiro

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O cantor, compositor e violeiro paulista Levi Ramiro é natural de Uru, pequena cidade do interior Paulista, o violeiro e artesão é conhecido por tocar em instrumentos que ele próprio constrói, como as violas de cabaça. Com base nos valores da cultura popular e misturando elementos que formam nossa música Brasileira, Levi Ramiro celebra em suas composições a

poesia e simplicidade da vida interiorana. Músicas registradas até aqui, em onze álbuns autorais e de outros artistas e no arquivo digital que acompanha seu livro Mãos que fazem, mãos que tocam. De formação autodidata, iniciou-se na música tocando violão popular. No começo da década de noventa adota a viola como principal instrumento absorvendo seu universo cultural que veio de encontro com suas raízes, motivo pelo qual ampliou sua produção musical tanto na arte de tocar como construir instrumentos.

Lançou em 2020 o Livro: Mãos que fazem, mãos que tocam, partituras, tablaturas e uma breve história. Premiado em 2019 na categoria Violeiro pelo PPM Prêmio Profissionais da Música. No biênio 2015/2016 Participou da 18a edição do projeto Sonora Brasil tema Violas Brasileiras promovido pelo Sesc Nacional conhecido como o maior projeto de circulação musical do Brasil. Além de outros três grupos, Levi Ramiro ao lado do amigo Paulo Freire representando a Viola do Sertão e a Viola Caipira circularam por todos os Estados do Brasil. Recebeu o Prêmio Rozini 2010 Excelência da Viola Caipira junto com os violeiros: Rogério Gulin, Índio Cachoeira, Marcos Violeiro na categoria de Violeiro solo.

Em 2009 e 2010 foi anfitrião da série Circuito Syngenta de Viola Instrumental, tocando em inúmeros teatros pelo Brasil dividindo o palco com músicos e violeiros de expressão nacional. Em 2005 foi selecionado para o projeto Rumos musicais do Itaú cultural com material registrado em CD e DVD que tem por objetivo mapear e divulgar a produção musical Brasileira em todas as tendências. Em 2004 foi finalista do Festival Syngenta de Viola Instrumental.

Além de apresentar-se por todo o Brasil com diferentes formações, promove as seguintes oficinas: Oficina de iniciação na viola caipira, Oficina de ritmos Caipiras, Oficina de construção de uma viola de cabaça e a Oficina demonstrativa de construção da Viola de Cabaça.

Tem participação em discos de vários artistas tocando sua viola e na direção musical dos discos de amigos como: João Bá, Socorro Lira, Daniel de Paula, Júlio Santin, Carlos Vergalim, Jackson Ricarte, Adriano Rosa.

 Segue abaixo entrevista exclusiva com Levi Ramiro para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 02.09.2022: 

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?  

Levi Ramiro: Nasci no dia 01- 01/04/1966 em Uru – SP. Registrado como Levi Ramiro Silva.   

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.  

Levi Ramiro: Aos 13 anos de idade, com um violão que herdei de um irmão que faleceu muito novo, ele tinha 20 anos, era seminarista de uma igreja evangélica. Eu, comecei tocando hinos, depois música caipira e mais para frente tocando em Bares o repertório da MPB.  

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?  

Levi Ramiro: Na música sou autodidata, tenho curso superior incompleto.  

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?  

Levi Ramiro: Sou mais influenciado pela dita música regional, a música dos rincões do Brasil, independente da região que for, dos extremos ao miolo demográfico. Gosto de boa música, brasileira e do mundo. Tudo que me influenciou tem seu valor e guardo essa importância respeitando todos os estilos.  

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?  

Levi Ramiro: Profissionalmente em 1997 com meu primeiro álbum – “Maracanãs”, em Campinas – SP onde vivi por 22 anos. Após adotar a Viola como meu principal instrumento, já que vim do Violão popular, aumentei minha produção musical, comecei a compor mais canções e músicas instrumentais.  

06) RM: Quantos CDs lançados?  

Levi Ramiro: São doze álbuns e um livro de partituras, tablaturas e uma breve história.  “Maracanãs” (Independente) em 1997. “Viola de todos os cantos” (Devil discos) 2001. “Mais uma saudade” (Devil discos) 2005. “Nosso quintal” (Independente) 2008. “Trilha dos coroados” (ProAC SP) 2009. “Prosa na base do ponteio” (ProAC SP) 2013. “Capiau” (Independente) 2014. “Remanso” (Independente) 2015. “Purunga” (Independente) 2017. “Duas pontes” (Independente) 2018. Mote Canção (independente, lançamento digital) 2020.

07) RM: Como você se define como Violeiro?  

Levi Ramiro: Um violeiro que compõe e constrói instrumentos e outras artesanias sonoras. Misturo muitos elementos da nossa música e não sigo uma tradição nem nenhum mestre, tudo que me encanta passa a fazer parte de uma referência e até do repertório.  

08) RM: Quais afinações você usa na Viola?  

Levi Ramiro: Cebolão em Ré (D, A, F#, D, A) e em Mi (E, B, G#, E, B), Rio Abaixo (D, B, G, D, G e Boiadeira.  

09) RM: Quais as principais técnicas o violeiro tem que conhecer?  

Levi Ramiro: Sugiro a maioria de técnicas possíveis e que caibam dentro da sua proposta, da sua alma e da sua música. Passar pelo repertório tradicional caipira é muito importante para dominar os sotaques que fizeram e fazem a história deste instrumento.  

10) RM: Quais os violeiros que você admira?  

Levi Ramiro: Admiro muitos, mas apontando nomes, temo que venha cometer injustiças, principalmente com os da minha geração e os mais novos. Mas, para lembrar alguns mestres que conheci e toquei junto, tem Gedeão da Viola, Índio Cachoeira, Helena Meirelles. Ouvi muito Tavinho Moura, Tião Carreiro, Almir Sater e por aí vai.   

11) RM: Como é seu processo de compor?  

Levi Ramiro: Variado. Mas geralmente começo tocando a viola como quem entra numa canoa, rio abaixo, sem saber de destino nem de surpresas, aparece um tema, uma melodia, uma rítmica. Ou surge na ideia uma letra, ou recebo uma letra de um parceiro e desenvolvo uma melodia para letra. Faço letra também e envio para os parceiros colocarem melodia.  

12) RM: Quais as principais diferenças técnicas entre a Viola e o Violão?  

Levi Ramiro: A Viola é um instrumento de cordas de aço duplas, cinco ordens de cinco pares (a mais usada), dois pares uníssonos e três pares oitavados. Afinação aberta, geralmente num acorde natural maior. Não tem cordas graves separadas, as graves sempre acompanham uma corda aguda uma oitava acima, isso dá um caráter específico ao instrumento.  A escala (distância dos apoios das cordas) é menor que a do violão, mais usada é 580 mm. O violão 650 mm.  

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?  

Levi Ramiro: O prol é você ser dono do seu nariz e conduzir a carreira como bem entender. O contra é fazer isso gerar renda, ainda mais com trabalho autoral, enfrentar um monopólio cultural, a falta de recurso e investimento em arte e cultura e morar num país onde arte e cultura e até educação, não é prioridade. Sem educação não se faz nada, inclusive arte.  

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?   

Levi Ramiro: A minha estratégia está voltada sempre no amor à arte e investir no sonho. Produzir música, construir instrumentos, acompanhar as mídias, investir o mínimo em divulgação e exposição dos trabalhos, fazer parcerias, isso é imprescindível.   

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?  

Levi Ramiro: Acho que acabo fazendo alguma coisa neste sentido, mas sem a preocupação com a força ou não desta palavra, empreendedorismo.  

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?  

Levi Ramiro: Vou acompanhando essa onda da internet, mas sempre preocupado com esse dito mundo digital, tenho o umbigo nas coisas analógicas ainda. Vamos seguindo o curupira, olhar para frente, mas sem deixar de examinar o passado. A vida ficou veloz, cheia de informação, mas sem profundidade. Ajuda por um lado e atrapalha por outro.  

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?   

Levi Ramiro: Todo mundo pode produzir sua mídia, seu disco, sua obra. Isso amplia a quantidade e passa menos pelos “crivos” da qualidade. Acho que tudo acaba se nivelando bem abaixo do que se produzia antigamente com as restrições financeiras e técnicas.  

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar o CD não é mais o grande obstáculo. Mas concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?  

Levi Ramiro: Não tenho, nem uso uma estratégia, simplesmente faço a minha música e acredito que seja uma verdade minha, não penso nisso.  

19) RM: Como você analisa o cenário da música Sertaneja Caipira/Raiz. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?  

Levi Ramiro: Não tenho essa resposta, nem me acho competente para avaliar as novas produções, ou decadências artísticas. A descaracterização do que é mais tradicional acontece em todas as áreas, a mudança é inevitável. Faço o que acredito ser importante como mensagem, ou como alento, como diversão, como ferramenta de introspecção e reflexão. Música e arte tem muitos efeitos…  

20) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?  

Levi Ramiro: Mais feliz é o tanto de amizades construídas, mais triste são as dificuldades financeiras e a falta de espaço e trabalho para quem não pensa só em entretenimento, mas em arte também.  

21) RM: Quais os outros instrumentos musicais que você toca?  

Levi Ramiro: Toco um pouco de Violão, Cavaquinho, Contrabaixo, percussão, alguma coisinha…   

22) RM: Quais os vícios técnicos o violeiro deve evitar?  

Levi Ramiro: Acho que não sou capacitado no campo da didática e pedagogia para opinar, acho que tem que tocar para ser feliz.  

23) RM: Tocar muitas notas por compasso ajuda e prejudica a musicalidade?  

Levi Ramiro: Se você tem capacidade e sensibilidade, a quantidade de notas não interfere na qualidade da música. Música boa é música boa.  

24) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?  

Levi Ramiro: Vá em frente, acredite no seu sonho, faça tudo com amor e verdade.  

25) RM: Existe o Dom musical? Qual a sua definição de Dom musical?  

Levi Ramiro: Todo ser é capaz, basta acreditar. Uns terão mais facilidade, outros nem tanto, e muitos muita dificuldade, aprender uma nova linguagem sempre será um desafio.  

26) RM: Qual a sua definição de Improvisação?  

Levi Ramiro: Falam que eu levaria jeito se minha música tivesse essa característica da improvisação como o Jazz, mas não é minha praia, não sei opinar bem sobre. Acabo improvisando bem mais na oficina (luthier) fazendo instrumentos fora de padronização.  

27) RM: Existe improvisação de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois? 

Levi Ramiro: Se é pensado e planejado antes, não é improvisação, certo? Acho que isso é feito com as ferramentas que o músico tem.  

28) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia do cenário musical brasileiro?  

Levi Ramiro: A cobertura feita pela grande mídia do cenário musical brasileiro é muito monopolizada, seguindo o caminho da busca pelo capital ou pelo voto político.  

29) RM: Qual a importância de espaço como SESC, Itaú Cultural, Caixa Cultural, Banco do Brasil Cultural para a música brasileira?  

Levi Ramiro: Fazem o que os órgãos públicos “incompetentes” não fazem. Salvo alguns editais e apoios através de projeto de lei. 

30) RM: RM: Fale de sua atuação como luthier. 

Levi Ramiro: Venho paralelamente trabalhando com a música e a artesania de instrumentos musicais. Desde os 13 anos de idade, quando comecei com o violão popular, já queria construir um instrumento. O primeiro foi uma rabeca escavada em cedro, depois construí mais de 50 instrumentos, como a viola de cocho, de uma prancha só escavada, depois colocava braço, tampo e tudo mais. Só mais para frente adotei a cabaça como única matéria prima pra fazer o corpo dos instrumentos. Construí inúmeros cordofones de cabaça como: violas, violões, rabecas, cavaquinhos, bandolins, charangos…

Gravei um disco em que construí todos os cordofones da gravação, até o berimbau. Este é o instrumento que transfere uma certa característica básica aos cordofones, o som do berimbau. Hoje só faço instrumentos de cabaça. Como trabalho com esse artesanato da transformação, a cabaça em instrumento, me considero mais um artesão que luthier, apesar de ter conhecimento da luthieria. Meu livro chama-se “Mãos que fazem, mãos que tocam” – partituras tablaturas e uma breve história.

31) RM: Quais os seus projetos futuros?  

Levi Ramiro: Estou como participante do Quarteto Caipira Paulista, gravando nosso primeiro álbum. Eu, tenho um projeto de formação de duo de Rabeca e Viola e com a fusão da viola paulista com a viola de um músico da cantoria nordestina e do coco de roda.  

32) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?  

Levi Ramiro: www.leviramiro.com.br   | [email protected]  

| https://www.instagram.com/levi.ramiro

Canal Levi Ramiro: https://www.youtube.com/channel/UCPnhYt88jCtoJ0XQqte1OIA

Flor Menina (Levi Ramiro/Carlos Campos) Com Dani Lasalvia: https://www.youtube.com/watch?v=Jvp_Yhf5OBk

Canal Tema – https://www.youtube.com/channel/UCU5awzkdEunOcOTj04ccwPA

Na Mourada, por Levi Ramiro – programa da Inezita de Barroso na TV Cultura: https://www.youtube.com/watch?v=ycDWIu9jZZM

Som e Prosa | Paulo Freire e Levi Ramiro: https://www.youtube.com/watch?v=sbdZbPqHyx0

Levi Ramiro, tocando muita viola!: https://www.youtube.com/watch?v=DHNKE-iTwWE

CAMARA LIVRE LEVI RAMIRO – 12.04.19: https://www.youtube.com/watch?v=IX9dQD_PBKM

ORQUESTRA DE VIOLAS CAIPIRANDO – Rio de Violas: III Encontro de Violeiros do Rio de Janeiro: https://www.youtube.com/watch?v=3B_ltrqNLsE


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.