Percussionista há mais de 15 anos Léo Rodrigues fez o curso de Percussão Popular na Fundação das Artes de São Caetano do Sul.
Em 2005 foi convidado a ingressar na Orquestra Popular Brasileira da FAAM. Logo depois passou a integrar o grupo “Gato Preto” e com ele gravou o CD homônimo e participou do Programa Ensaio da TV Cultura. Integra o quarteto “Roda de Choro”, que já acompanhou Toninho Ferraguti, Ricardo Herz, Nelson Ayres, Carlos Malta, Gabriel Grossi, Alessandro Penezzi, Danilo Brito e Laércio de Freitas.
Por muitos anos acompanhou o violonista Zé Barbeiro, tendo gravado seus dois discos e também seu DVD. Foi idealizador e percussionista do grupo “Gafieira Etc e Tal”, que em 2009 se apresentou ao lado de Dominguinhos, Quinteto Branco e Preto e Wilson das Neves. Acompanhou por 5 anos a cantora Dona Inah e gravou seus dois CDS.
Acompanhou por anos a cantora Verônica Ferriani e com ela se apresentou em países como Portugal, Rússia, Argentina, Colômbia e Espanha. É músico do programa Sr. Brasil, da TV Cultura e por lá já acompanhou e gravou com Rolando Boldrin, Teresa Cristina, Diogo Nogueira, Benito di Paula, Jaime Allen e Jair Rodrigues.
Atualmente acompanha o cantor e instrumentista Antonio Nóbrega, com o qual já visitou países como Grécia, Paraguai e República Dominicana, além de gravar o DVD – “Naturalmente”. Também participou dos seus três últimos espetáculos: Lua, Semba e Rima.
Atuou, durante três anos, como percussionista do projeto “Shows dos Direitos Humanos”, realizados em Brasília (2008), Recife (2009) e Belo Horizonte (2010), onde acompanhou artistas como Lenine, Fernanda Takai, Beth Carvalho, Elba Ramalho, Hamilton de Holanda, Moraes Moreira, Emilio Santiago, Luiz Melodia, Margareth Menezes, Chico César, Elza Soares, Lô Borges e Milton Nascimento. Léo Rodrigues em 2013 foi convidado a gravar o DVD e CD da cantora Fabiana Cozza, “Canto Sagrado” uma homenagem a Clara Nunes.
Em 2015 foi convidado da Orquestra Experimental de Repertório no Festival de Música de Trancoso – BA. Já foi professor de importantes Festivais nacionais de música, como o Festival Choro Jazz em Jericoacoara – CE, realizado em 2015 e também o Festival de Música de Ourinhos – SP, em 2014. Ministrou workshop de pandeiro no Berklee Percussion Festival em Boston, nos EUA, e em países como Argentina, Espanha,
Portugal e França. Hoje é professor do Curso de Pandeiro do Instituto Brincante em São Paulo e também é professor do Curso de Percussão Popular da Escola do Auditório Ibirapuera. Acompanhou Hamilton de Holanda no Clube do Choro de São Paulo e apresentou-se como convidado, com a tradicional Banda Mantiqueira, de São Paulo, com qual também acompanhou João Bosco.
Atualmente acompanha o sanfoneiro Mestrinho em shows e turnês pelo Brasil, além de ter gravado seus dois CDs. Em 2017 foi convidado a integrar a banda da cantora Mariana Aydar e com ela fez diversos shows pelo Brasil e também acompanhou artistas como Daniela Mercury, Morares Moreira, Fafá de Belém e Mayra Andrade.
Desde 2017 acompanha a cantora Elba Ramalho em shows e também integrou o projeto “Elba Convida”, em Trancoso – BA, onde já acompanhou nomes como Samuel Rosa, Solange Almeida, Chico César e Maria Gadú.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Léo Rodrigues para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 06.02.2020:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Léo Rodrigues: Nasci no dia 30.07.1984 em São Paulo, registrado como Léo Rodrigues Moreira da Silva.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música?
Léo Rodrigues: Eu não tenho uma lembrança exata. Mas sei que aos 3 anos de idade pedi um pandeiro profissional para minha vó e ganhei um. Mesmo ganhando esse pandeiro nunca me atrevi a tocar durante anos. Quando estava no colegial lembro-me de ver rodas de Pagode na escola e me sentir muito atraído.
Mas um contato marcante que mudou minha vida. Foi a minha ida ao Instituto Brincante, assistir uma orquestra de percussão chamada Zabumbal. Ali decidi que queria conhecer o Brasil de verdade e tocar percussão. Foi impactante ouvir pela primeira vez maracatu, caboclinho, boi, côco e tantos outros ritmos do Brasil. Eu tinha 19 anos.
03) RM: Qual a sua formação musical e\ou acadêmica fora da área musical?
Léo Rodrigues: Fora da música eu trabalhei anos como mágico e cheguei a me formar na Academia Brasileira de Artes Mágicas. Também fiz sapateado e fiz o colegial técnico em Propaganda e Marketing. Cheguei ao quarto ano na Faculdade de Publicidade, mas abandonei faltando apenas um mês para me formar porque sentia muito forte o chamado da música. E assim simplesmente fui.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Léo Rodrigues: No passado eram os músicos que eu assistia no Bar. Eu não ouvia música antes de me interessar por ela profissionalmente. Então minhas referências eram as pessoas que eu via ao vivo fazendo um som que me encantava. Zé Barbeiro, Stanley, Roberta Valente, Rodrigo Y Castro, Verônica Ferriani, Danilo Brito e toda uma gama de músicos da cena do Choro de São Paulo. Não cabem todos aqui. Eles me motivavam, emocionavam e todos eram referências para mim. Comecei tocando MPB e Bossa Nova e quando escutei Choro pela primeira vez meu coração quase parou.
Sabia que queria viver daquilo. O choro. Comprei discos e ouvia sem parar. Na mesma época me apaixonei pelo fato de dançar forró e vivia viajando o Brasil para dançar. Sem eu perceber estava me enchendo de informações percussivas que são à base da música brasileira. Isso me ajudou muito a me tornar o músico que sou.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Léo Rodrigues: No saudoso e importante Bar do Cidão, em São Paulo. Ali que me dei conta que era uma coisa séria. Que precisava de estudo, dedicação e entrega. Ali ganhei meu primeiro trocado, recebi meus primeiros aplausos.
As rodas de Choro eram épicas e me entendi como músico naquele espaço sagrado. Ali sem dúvida foi o início de tudo.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Léo Rodrigues: Nunca tive um trabalho solo. Sempre amei acompanhar os outros. Solistas, cantores e etc… Como percussionista eu já gravei mais de 40 CDs, sendo alguns de grupos que faço parte e outros de artistas e grupos que me convidaram.
07) RM: Como você define seu estilo como Percussionista?
Léo Rodrigues: Eu não tenho como definir um estilo. Inclusive acho que meu jeito de tocar vai mudando ao longo dos anos e vou abrindo sempre minha cabeça cada vez mais. Não acredito que um rótulo possa definir alguém.
08) RM: Quais as principais técnicas que o Percussionista deve se dedicar?
Léo Rodrigues: Isso vai depender do instrumento escolhido. Mas se a pessoa quiser de fato virar percussionista vai ter que se desdobrar, pois são milhões de instrumentos. E quando você começa um instrumento novo é como se você começasse tudo de novo, do zero. Pois são técnicas muito diferentes.
Acredito que dominar técnica de baquetas é muito importante. Ela está sempre presente. Também dominar a linguagem dos tambores de mão, pois mesmo existindo muitos tambores, eles vêm de uma mesma linha de pensamento e conseguimos nos adaptar tendo uma técnica base. Sugiro que o percussionista brasileiro tenha uma mínima intimidade com o Pandeiro. Um dos instrumentos mais completos e usados em todo o Brasil.
09) RM: Qual a importância do Percussionista equilibrar a função de condução e de solista?
Léo Rodrigues: É fundamental. O ato de apenas conduzir sem propor nada possa trazer certa linearidade ao som. Cada músico precisa expressar o que é através do seu instrumento.
A sabedoria de conduzir e ao mesmo tempo propor ideias e de alguma maneira solar é uma mistura poderosa. Tem músicos que se assumem mais solistas e outros que se assumem mais acompanhantes. Eu vejo beleza em todos e acredito que cada tipo de som é que vai determinar como eu me coloco. Não posso pensar uma percussão solista se estou em um regional de Choro.
Seria botar o ego na frente da música. Não posso ficar apenas acompanhando se estou num trabalho de trio experimental em que a personalidade de cada músico é fundamental para o som proposto. O bom equilíbrio é se adaptar e perceber sempre o que a música pede.
10) RM: Quais os principais vícios técnicos ou falta de técnicas têm os Percussionistas alunos e alguns profissionais?
Léo Rodrigues: O Pandeiro é muito comum se aprender sozinho, pois é um instrumento de fácil acesso. Isso faz com que as pessoas criem seus próprios vícios. Na hora de ampliar o vocabulário e técnica, muitos precisam tirar o vício antigo para aprender um jeito novo. Quem toca Pandeiro é importante deixar a mente aberta e estudar muito.
É um instrumento que exige condução integral. Precisa tudo estar debaixo do dedo. Calmo. Com propriedade. Então passar bastante tempo com o instrumento. Pode acontecer de querer se acentuar também os tapas ou graves. Isso quando não é consciente atrapalha a cadência e a mixagem. O groove. Um tapa já é um tapa, não precisa ser mais forte, entende?
11) RM: Quais as principais características de um bom Percussionistas?
Léo Rodrigues: Escuta. Sensibilidade. Técnica em dia. Musculatura em dia e mente sempre aberta. Atenta a tudo que acontece para reproduzir em qualquer canto. Repercutir, batucar, fazer música espontânea. Tentar entender o som que está sendo feito para se encaixar perfeitamente. Ser criativo, pois percussão é sinônimo de criatividade.
12) RM: Quais são os Percussionistas que você admira?
Léo Rodrigues: Jackson do Pandeiro foi quem mais eu ouvi e me encantei na vida. Também sou muito fã do Gustavo Di Dalva. Sempre fico impressionado com o jeito que ele toca e pensa a música. Um cara que me encanto muito também é o Zé Luís Nascimento, que pensa a percussão com muita classe e bom gosto. E o Adriano DD é um percussionista que me enche os olhos e ouvidos. Sempre surpreendente e absurdamente criativo.
O Jorginho do Pandeiro é fora de série que admiro muito. Marcos Suzano tem uma sabedoria ao criar grooves e tocar para a música que é impressionante. Todos os mestres de maracatu rural, caboclinho, cavalo-marinho e todas as manifestações culturais são referências para mim. Uma fonte inesgotável de sabedoria percussiva.
Acho covardia pensar apenas alguns num país como o Brasil. Posso citar também percussionistas que vejo de perto e realmente acho gênios da música: Julio Cesar, Rafael Toledo, Paulinho Sampagode, Vitor da Candelária, Gabriel Almeida, Cleber Almeida, Zé Neto, Fúba de Taperoá, Durval Pereira e muitos outros.
13) RM: Existe uma indicação correta para escolher um Pandeiro? Cada gênero musical necessita de um Pandeiro especifico?
Léo Rodrigues: Pandeiro está presente no Brasil todo. Sempre se adaptando ao ritmo do local. Um instrumento completo e rico em possibilidades. A indicação correta é entender bem o som que você vai fazer. Não adianta pegar um pandeiro de Choro para tocar Cavalo-marinho. Nem um Pandeiro de Pagode de 14 polegadas para tocar Seresta.
Precisa escolher pensando no som que você que fazer e tirar. Temos Pandeiro no côco, no Repente, no Samba, no Partido alto, no Pagode, no Choro, na Polca, no Maxixe, no Bumba-meu-boi do maranhão, no Cavalo-marinho, na Capoeira, no Frevo e em tantos outros ritmos.
14) RM: Qual a marca de Pandeiro da sua preferência? Existe marca ideal para cada gênero musical ou é preferência pessoal?
Léo Rodrigues: Com certeza é a Contemporânea. Os Pandeiros de nylon deles sempre foram impecáveis. Som robusto e qualidade absurda. De um ano para cá eu ajudei a criar uma linha de um pandeiro de couro e o resultado foi espetacular. Couro tratado no dendê, as platinelas de latão todas marteladas e um corpo de madeira leve. É a Linha Luthieira. Esse é o Pandeiro que aconselho hoje em dia por ser versátil, leve e bem acabado.
15) RM: Quais os prós e contras de ser professor?
Léo Rodrigues: Contra eu não vejo nenhum. Prós são infinitos. A moeda mais poderosa do mundo para mim é a vontade de aprender. O querer. Desejar. Dar aula é lidar com pessoas querendo informação. E isso é lindo. Passar algo para alguém. Transmitir conhecimento. É muito mágico. Muda-se a vida das pessoas ensinando.
Em qualquer profissão você precisa estudar. Isso te faz um profissional e consequentemente um ser humano. Ensinar é se conectar ao mundo, as pessoas e fazer parte da história de alguém. A gratidão que brota num sorriso de alguém que aprendeu algo com você é transformador. Amo ser professor.
16) RM: Nos apresente o seu Curso Online de Pandeiro.
Léo Rodrigues: São anos para se entender de fato o que seria um método seu. Porque nós somos o resultado de um punhado de conhecimentos adquiridos em diversos lugares e por diversas pessoas diferentes. Eu fui entendendo aos poucos como gostava de pensar o instrumento e como ele fazia sentido para mim.
Dando aula fui percebendo qual jeito eu achava melhor para formar e ensinar alguém. Hoje tenho um Curso Online de Pandeiro – https://platinelas.com – em que gravei aulas progressivas, em uma ordem que acredito que seja benéfica e objetiva para qualquer um tocar bem Pandeiro. E também dentro deste curso disponibilizo a minha Apostila, que passei mais de oito anos escrevendo. Então o que posso apresentar como um método meu é o Curso Online de Pandeiro como resultado de anos de pesquisa.
17) RM: Quais os prós e contras de ter uma escola de música exclusiva para o Pandeiro?
Léo Rodrigues: Como existem todos os tipos de Escola, acho que só teria prós. Pois só iriam para lá as pessoas que realmente querem aprender Pandeiro. Acredito que se cria um ambiente meio mágico em torno de um instrumento rico e completo.
As pessoas teriam uma unidade ali dentro mesmo sem se conhecer, pois buscam e se encantam pelo mesmo instrumento. Não vejo contras, pois se as pessoas quisessem aprender outras coisas iriam simplesmente a outras escolas.
18) RM: Quais as músicas que o Pandeiro pode ser usado, mesmo não sendo “exclusiva” para o Pandeiro?
Léo Rodrigues: Hoje em dia a resposta é fácil: Todas. Você pode tranquilamente ter um grupo com Piano, Baixo, Guitarra e Pandeiro, e acompanhar lindamente um maracatu, por exemplo. No universo pop o Marcos Suzano já mostrou que é completamente possível e bonito colocar um Pandeiro e o caminho de fato é infinito e sem volta. Basta ter criatividade e bom senso que você consegue colocar pandeiro qualquer lugar.
19) RM: Quais tipos de tamanho de Pandeiro e como escolher para determinado ritmo musical?
Léo Rodrigues: Tem de todo tipo e tamanho. Basicamente existe o de pele de couro e o de pele de nylon. No Choro o mais usado é o de 10 ou 11 polegadas. Até 10,5 às vezes alguns usam. Precisa ter um grave bonito, robusto. No Pagode, no Samba se usa muito pandeiros de nylon de 12 e até 14 polegadas.
Ele fica com o som da pele bem definido e bem encorpado. E para escolher você precisa observar quem já pertence aquele meio musical. Conversar com os mais velhos e perceber que já existe uma história por trás de cada linguagem e ritmo.
20) RM: Existe o Dom musical?
Léo Rodrigues: Eu tenho certeza que algumas pessoas estão por aqui provando que já possuem uma bagagem que antecede sua própria existência, mas eu tendo a perceber como a prática leva as pessoas que amam muito seu instrumento a excelência.
Eu tendo a acreditar que o amor cria o dom. Enquanto alguns estudam Pandeiro um pouquinho e afirmam não ter o “dom”, eu estudava às vezes 8 horas por dia. Percebe? Eu amava tanto que fazia acontecer. Acredito bastante na paixão que cada um tem pelo seu instrumento e isso transforma tudo. Mas confesso que presencio alguns músicos que provam que existem relações totalmente transcendentais e divinas com seus respectivos instrumentos.
21) RM: Quais os prós e contras de ser músico freelancer acompanhando outros artistas?
Léo Rodrigues: Tem uma parte deliciosa que é a diversidade de sons e lugares. Eu sinto que como músico preciso preencher diversos aspectos do meu ser.
Se eu tocar em uma banda apenas minha carreira toda eu praticamente mataria minha arte e minha forma de se expressar. É delicioso tocar com o maior número de artistas possíveis. Transitar entre os instrumentos, gêneros, tipos, tudo. Poder emprestar sua musicalidade a diversos projetos é muito gostoso.
Talvez a parte ruim seja que você fica dependente. Quando você toca muito com um artista começa a recusar alguns outros trabalhos e depois de um tempo as pessoas não te chamam mais. E se esse artista resolve trocar de banda ou parar de tocar você fica a deriva. Essa é a parte ruim.
22) RM: Quais bandas e artistas que já acompanhou?
Léo Rodrigues: Atualmente acompanho o sanfoneiro Mestrinho há mais de 6 anos e também o pernambucano Antônio Nobrega há mais de 9 anos. Ultimamente me apresento bastante com a cantora Elba Ramalho e com ela também participei de shows tocando com Samuel Rosa, Solange Almeida, Maria Gadú, Chico César entre outros.
Também gravei o último DVD da cantora Fabiana Cozza. Acompanhando a Mariana Aydar, tive o privilégio de tocar com diversos convidados e amigos como Roberta Sá, Otto, Martinália, Moraes Moreira, Fafá de Belém e também meu ídolo maior Gilberto Gil. Inclusive eu chorei por mais de três músicas seguidas tocando com ele. Foi uma das coisas mais bonitas que já aconteceu na minha vida.
24) RM: Quais os prós e contras de tocar em uma única banda?
Léo Rodrigues: Eu não posso dizer o que é isso, pois nunca toquei numa única banda. Inclusive não me vejo nesse cenário. Faz parte de minha a alegria de fazer diversos tipos de som e me mantenho neste caminho propositalmente. Não faria isso de tocar em uma única banda.
25) RM: Quais principais dificuldades de relacionamento que enfrentou em bandas?
Léo Rodrigues: Participei de vários projetos, mas nunca fui de uma única banda. Sempre tive muita afinidade com meus parceiros de música. Por nunca olhar para mercado e essas coisas, estávamos sempre conectados ao som. Não pensar primeiramente em mercado já acaba com 70% de chance de ter dificuldades de relacionamento em um grupo. Olhar para o som é o meu foco.
26) RM: Quais os artistas já conhecidos você já acompanhou como músico freelancer?
Léo Rodrigues: Como freelancer eu fiz parte da banda do Show dos Direitos Humanos, que aconteceu em 2010, 2011 e 2012 em algumas capitais do Brasil. Nestes shows, eu acompanhei nomes como Emilio Santiago, Luiz Melodia, Elza Soares, Moraes Moreira, Beth Carvalho, Milton Nascimentos, Arnaldo Antunes, Margareth Menezes, Elba Ramalho, Fernanda Takai e Lenine.
27) RM: Quais principais dificuldades de relacionamento que enfrentou acompanhando artistas já famosos?
Léo Rodrigues: Eu não posso reclamar disso. Sempre trabalhei onde me senti bem. Jamais fico em algum lugar que não me sinto bem, me respeito demais para isso. Então mesmo que tenha uma coisa ou outra, nenhum mal-estar se prolonga.
Eu tenho muita sorte, pois sempre fui cercado de pessoas maravilhosas que colocam a música sempre acima do ego e de questões menores. Agora artistas famosos podem sim ter algum tipo de estrelismo ou egocentrismo. Cabe a nós escolhermos se vamos fazer parte novamente daquilo ou se vamos seguir pelo caminho que acreditamos.
28) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Léo Rodrigues: Nunca tive. Quando eu comecei a tocar, meu planejamento era apenas tocar o máximo de tempo que eu podia. Estar em todos os lugares que tocava a música que eu gostava. Eu só pensava nisso. Quando percebi estava ganhando dinheiro e me bancando apenas com a música. Sempre segui meus instintos e nunca fiz muitos planos.
Vou indo como água. Como um rio. Já pertenci ao meio do Choro, do Samba, do Forró, da cena instrumental. Sinto que vou me adaptando as fases da vida. Mas nunca fui acomodado. Ao longo dos anos criei projetos, criei grupos, criei um coletivo de músicos de São Paulo. Também criei o maior canal de Pandeiro que existe hoje no Youtube e meu último projeto é o Curso Online de Pandeiro – https://platinelas.com/ – onde produzi um material absolutamente completo para qualquer um que queira estudar, consiga realmente entender o idioma do Pandeiro e tenha condições de tocar e se desenvolver bastante.
De um tempo para cá me preocupo bastante em como planejar meu futuro e como receber o que eu mereço para viver da minha arte. Hoje em dia crio e penso minha carreira diariamente. Hoje não vejo muitas possibilidades para o músico que não entender que precisa também ser empreendedor!
29) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Léo Rodrigues: Hoje várias. Penso que um músico não vai sobreviver se não aprender a se produzir. Os tempos mudaram. Tivemos a era dos rádios, das orquestras, dos projetos, dos discos e das gravadoras. Hoje vivemos a internet.
Todo mundo tem espaço. Se você não se produzir e souber mostrar sua música você fica de lado. É um desafio, pois queremos mesmo é fazer som. Usar todo o tempo para tocar, fazer música. Mas temos que aprender.
No ano passado criei um canal no Youtube apenas para ensinar Pandeiro, o Canal Platinelas – https://platinelas.com/. É um jeito de não depender de artista e ter minha própria voz. Mostrar o jeito que eu penso a música. Ele gerou mais de 20 mil inscritos em um ano. Começou a gerar receita e também me projetou como professor, profissão que tenho há 14 anos. Hoje também sou patrocinado pela marca Contemporânea e fiz consultoria para a criação da Linha Luthieria de pandeiros praticamente artesanais.
Tenho um Curso Online de Pandeiro e também meu site onde eu mesmo vendo os pandeiros que ajudei a desenvolver e também meu curso. Pensando ações e ficando atentos vamos criando projetos e agregando valores. Hoje em dia até microfone de pandeiro eu possuo uma linha exclusiva. Tudo isso está à mostra e a venda pelo site www.platinelas.com
30) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Léo Rodrigues: Não prejudica em nada. Ela inclusive ajuda a ter um acesso direto ao público, coisa que quando comecei não existia. Eu lembro que pegava o email de cada pessoa que vinha elogiar o som, para poder mandar a agenda depois. Dava muito trabalho. Hoje as pessoas podem te seguir e ter acesso a tudo. Você pode mostrar seus projetos e até vender discos, cursos e tudo mais. A internet é maravilhosa para o artista.
31) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Léo Rodrigues: A rapidez e agilidade com certeza é uma vantagem. Você grava na hora e a distância. Também facilita nas próprias produções. Você testa a vontade, estuda, escuta e faz tudo no seu tempo.
Agora a desvantagem é talvez perder aquele contato delicioso de passar um dia no estúdio. Com milhares de opções de microfones. Estar num lugar projetado para o som chegar da maneira mais perfeita possível. É uma delícia.
32) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente uma carreira musical. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo, mas a concorrência se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Léo Rodrigues: Procuro manter a rede social atualizada e criar uma ligação direta com quem gosta do som que eu faço. A cada ano eu invento um projeto novo e sempre estou vivendo aquilo que amo. Isso é um diferencial enorme. Com a internet ficou mais fácil ser famoso, então tem muita gente correndo para onde a maré aponta.
Buscando fama. Quem gosta de música sente, percebe. Eu faço apenas o que me emociona. Não toco um som que não me toca. Um som que não conversa comigo. Esse é um jeito poderoso de criar um público que sabe que vai ter qualidade em qualquer projeto que você estiver. Isso é um diferencial. Só participar de projetos que você acredita e tem como filho e Verdade.
33) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Léo Rodrigues: Não posso dizer de quem regrediu, pois eles falam por si só. Não acredito que o cenário musical é o que esta na grande mídia apenas. A gente tende a ver quem deu certo por ver se ele está na TV ou não. Minha vivência com a música é periférica. Sempre vivi do Choro. Do forró. Da música brasileira.
Eu vejo revelações todos os dias. Eu nunca vi tanta gente jovem tocando bem seu instrumento. É muito lindo. Nossa música está num momento muito bonito e consistente. Mas para ver isso as vezes tem que desligar a TV e procurar saber de verdade.
34) RM: Quais os músicos já conhecidos do publico que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Léo Rodrigues: Posso com certeza citar o Antonio Nóbrega. Um cara que veste o Brasil e o reinventa a cada espetáculo. Muito responsável e profissional. Com uma preocupação cênica que me inspira e me ensina muito. A cantora Fabiana Cozza também é uma pessoa que nos ensina muito como levar a música a sério. Tenho muito orgulho de ter convivido com os dois.
35) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado e etc)?
Léo Rodrigues: Vixemaria. Tem limite de caracteres? (risos). Acho que vamos viver sempre algumas histórias malucas assim, e elas que dão graça à vida!
36) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Léo Rodrigues: O que me deixa mais feliz é tudo que vivo em cada minuto no palco e tudo que envolve a música. A amizade, as viagens, vivências. Eu realmente sou muito feliz vivendo de música. Triste na carreira não tem nada. Porque se tiver algo assim ou eu resolvo ou eu me afasto. Procuro sempre a direção do que está certo e em ressonância com o que acredito.
37) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Léo Rodrigues: Digo que vá com tudo. Mas de fato. É muito fácil olhar essa carreira com os olhos apenas dos frutos colhidos. Mas tem que se entender que para chegar lá precisa estudar muito. Muito tempo de dedicação.
Digo que pense com carinho se realmente ama seu instrumento. Pois se amar apenas o reconhecimento dos fãs, eu digo para fazer outra coisa. Música é arte. E arte é conexão com seu eu mais profundo. Se não ligar para o fato de dar certo ou não, ai eu aconselho a mergulhar de cabeça!
38) RM: Quais os seus projetos futuros?
Léo Rodrigues: Agora estou vivendo um deles que é o Curso Online de Pandeiro – www.platinelas.com. Ele era um sonho há um tempo. Então um passinho de cada vez. Mas já tenho muitas coisas na cabeça para o ano que vem, mas que prefiro não dizer ainda.
Mas posso dizer que tem a ver com Pandeiro e com agregar o máximo de gente possível a tocar esse instrumento maravilhoso. Como diria Antonio Nóbrega: Todo brasileiro deveria ter um Pandeiro.
39) RM: Quais os contatos da sua Escola Musical?
Léo Rodrigues: [email protected] | www.platinelas.com