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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Leandro Kintê

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O cantor, compositor, guitarrista e produtor musical paulista Leandro Kintê começou sua carreira musical com o Reggae Music na banda Filhos da Terra como guitarrista e hoje é também o vocalista.

Dentre estas transições com bandas locais, ingressou na banda Varal Roots (hoje Veja Luz), banda Leões de Israel (cujo o nome “Kintê” veio quando em 2008), Filosofia Reggae, Z’áfrica Brasil, Família Imperial!

Já com músicas gravas como: “Jazz e Vinho “, “Desejos”, “Desabafo”, “O vale” (tributo ao cantor e compositor Cassiano), “Espasmo”, “Cartas na mesa”, “Livro da vida”, “Toda Honra”, “O caminho de Luz”, já podem ser ouvidas em todas as plataformas digitais.

Em 2019 embarca na carreira de produtor musical, lança o selo “Kintê House Produções”, em que vem lançando e produzindo artistas da comunidade e de grande expressão no mercado musical em que já se encontra o disco “Dance Reggae Music” do cantor FamilyRas, que conta com a participação de Finnu Ras da banda Veja Luz, Funk Buia do grupo Z’áfrica Brasil, entre outros. Em 2020 a banda Filhos da Terra lançou o álbum “Raças e Raças”. Muito em breve estará lançando o álbum intitulado “Kintê canta Tim”, tratando-se de um tributo ao mestre do soul brasileiro Tim Maia em um formato totalmente Reggae/Dub.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Leandro Kintê para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 29.03.2021: 

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal? 

Leandro Kintê: Nasci no dia 25.02.1986 Santo André – SP. Registrado como Leandro dos Santos Souza. 

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música. 

Leandro Kintê: Meu primeiro contato musical se deu aos 7 anos de idade, vendo meu tio tocando violão e logo me apaixonei pelo mesmo instrumento. 

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical? 

Leandro Kintê: Estudei Violão Erudito quando tinha 16 anos de idade, depois disso, minha maior escola foi a rua e bandas que admirava.

 04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância? 

Leandro Kintê: Sempre tive influências desde pequeno ouvindo muito Soul brasileiro, Funk Soul, R&B, Blues e até bregão vindo do Nordeste. Isso veio muito dos meus pais. Acredito eu que nenhuma dessas influências perderam a importância, toda música quando ouvida tem sua parte sublime.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira profissional? 

Leandro Kintê: Comecei a minha carreira musical em 2003, quando ingressei na banda Filhos da Terra Reggae e faço parte até os dias atuais. E neste processo passei por várias bandas também, tais quais: Veja Luz, Filosofia Reggae, Leões de Israel, Jah Live, Z’África Brasil, Família Imperial, entre outras. 

06) RM: Quantos CDs lançados?

Leandro Kintê: Pela banda Filhos da Terra, são dois CDs lançados: “Amanhecer” em 2012 e “Raças e Raças” em 2020, mas já gravei alguns álbuns com outras bandas: dois com a banda Veja Luz: “Veja Luz” (2012), ”Escolhas” (2017). Um álbum com Leões de Israel: “Ethnos Brasilis” (2008), banda Roots Love (2014/2015), banda Família Imperial com o disco “Baile Reggae” (2015), Solano Jacob: “Santuário da Família” (2016), Viegas com o disco “Alquimia sonora” (2014) e por aí vai. 

07) RM: Como você define seu estilo musical? 

Leandro Kintê: Bem, defino primeiramente como Reggae Music, mas com uma pitada grande de referências de Blues, Soul e R&B.

08) RM: Você estudou técnica vocal? 

Leandro Kintê: Nunca fiz aulas, mas aprendi com muita gente nas ruas que já passei, isso foi muito importante para o meu processo de aprendizado. 

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz? 

Leandro Kintê: É importante estudar, nem que seja ouvindo músicas que você gosta. Aprender colocação de voz e afins. E se a visão é de um trabalho profissional, é imprescindível cuidar da voz.

10) RM: Quais as cantoras(es) que você admira? 

Leandro Kintê: Admiro inúmeros cantores (as), seria difícil pontuar todos (risos).

Mas dentro do cenário reggae: Denise D’Paula, Sue Cavalcante (Sue & Mokaya), Luiz de Assis (Banda Vibrações), Jr Mendes (Ex banda Jah Live), Finnu Ras (Banda Veja Luz), Marcio Killaman (Leões de Israel) e por aí vai. 

11) RM: Como é o seu processo de compor? 

Leandro Kintê: Não tenho uma diretriz para isso, por vezes me vem uma melodia inteira e depois penso na letra ou as vezes, a letra já me vem antes de eu pensar em uma melodia específica.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição? 

Leandro Kintê: Em sua totalidade, componho maioria de minhas canções, mas tive bons parceiros que estiveram juntos em algumas composições do álbum da banda Filhos da Terra.

13) RM: Quem já gravou as suas músicas? 

Leandro Kintê: Ainda não tive a oportunidade de ter músicas minhas gravadas por outras pessoas, mas ficaria muito grato se isso acontecesse.14) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente? 

Leandro Kintê: Penso que o prol é a autonomia em ter total acesso e controle sobre o próprio trabalho. O contra são: os acessos; maioria dos meios de comunicação e expansão sonora, não abre espaços para bandas ou músicos independentes. 

15) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco? 

Leandro Kintê: Utilizo as redes sociais, as ruas, alinho parcerias, dentro e fora. 

16) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira? 

Leandro Kintê: Visto as realidades, vamos estudando o mercado, marketing, formas possíveis nesta nova era digital, seguimos semeando.

17) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira? 

Leandro Kintê: Hoje a internet é considerada uma nova possibilidade para o mundo em questão de acesso. Atingir pessoas de outros Estados, até países por meio desta ferramenta é algo sublime. Os contras são os algoritmos que impedem nossa música acessar lugares maiores, faz com que de repente o trabalho não seja visto em totalidade.

18) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)? 

Leandro Kintê: Hoje como produtor musical na Kintê House Produções, não vejo desvantagens a não ser o acesso as fermentas tecnológicas em termos de equipamentos. Fora isso, vejo muito mais acesso para quem pode produzir sem depender de gravadoras. 

19) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical? 

Leandro Kintê: Hoje a briga é baseada em investimento financeiro; sempre foi. O que procuro fazer é me aproximar das pessoas, saber das mesmas como está sendo a experiência ao ouvir minhas canções; isso faz uma grande diferença.

20) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram as revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu? 

Leandro Kintê: O cenário continua fluindo como é. Existe todo amor para quem o faz e quem tem como arcar com os custos financeiros. Criolo é um artista que vejo em progresso, assim como Emicida, Rael e por aí vai. 

21) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística? 

Leandro Kintê: A banda Natiruts. 

22) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)? 

Leandro Kintê: Foram tantas as situações iguais as citadas na pergunta, que até me perco em pontuar. Uma vez viajando com a banda Leões de Israel, foram 18 horas em uma van escolar até Porto Alegre – RS. Chegando lá, tinha um camarim para umas 10 pessoas, com uma garrafa d’água de 5 litros, uma banana e uma maçã. 

23) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical? 

Leandro Kintê: Tocar as pessoas com aquilo que faço me deixa feliz. Agora é bem triste esse processo de reconhecimento que as vezes só vem quando você atinge um certo patamar artístico. Tem quem goste muito mais de famoso, do que de artista, isso frustra um pouco, mas seguimos confiantes.

24) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios? 

Leandro Kintê: Acredito que o impulsionamento dos sons em plataformas digitais e redes sociais, contato com o público faz com que as pessoas peçam as nossas músicas nas rádios. Isso a longo prazo sem que precisemos pagar o jabá para tocar as músicas na programação. Mas hoje temos inúmeras rádios independentes, rádio webs, que fortalecem e muito para que a nossa música chegue no público.

25) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical? 

Leandro Kintê: Papo reto: 99% trabalho, 1% inspiração. E muito amor, disposição porque não tem este glamour imaginário que muitos sonham, é trabalho e trabalho. 

26) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira? 

Leandro Kintê: A grana é o que fala alto mesmo, contato bom, o famoso “Lobby”, é o que faz alguns artistas terem grande repercussão nessas grandes mídias. E na cena do reggae, acredito que exista muitas pessoas correndo para fazer que aconteça, porém não tem um terço perto das produtoras de Sertanejo, FUNK, entre outros neste aspecto de cobertura feita pela grande mídia. 

27) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical? 

Leandro Kintê: Acho maravilhoso, pois há um respeito em termos de estrutura e cuidado para com o artista que se apresenta nesses órgãos, já fiz muitos shows em maioria deles. Que cresça e traga mais acesso para músicos independentes, salientando também que, artistas precisam alinhar melhor o próprio material, visto que veem o que fazem como trabalho e, em todo trabalho, documentação é importante.

28) RM: Como você analisa o cenário do reggae no Brasil. Em sua opinião quem foram as revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu? 

Leandro Kintê: Sem quere polemizar; mas uma provocação e reflexão. Hoje o cenário defende em sua maioria a ideia de “Good Vibes”. Falo isso quando penso no mainstream, reggae music é para causar desconforto mesmo, apontar problemas, falar sobre as dores, cores, desigualdade, inclusive política. Todo mundo ama Bob Marley, Peter Tosh, Burning Spear, mas pouco se atentam ao que é falado. Peter Tosh não está presente só em “Legalize it”, e nem Bob Marley está somente em “Is this Love”. E o que me impressiona hoje, é ainda ver que muitas das bandas nesse cenário, se mantendo inerte em relação a questões tão grandiosas e com impactos gigantescos nos dias atuais. Acho que de repente, seja confortável como está; para não “perder público”, enfim, são muitas coisas para pontuar e refletir. 

29) RM: Você é Rastafári? 

Leandro Kintê: Não, mas respeito muito. Eu sou amor e isso responde muita coisa (risos). 

30) RM: Alguns adeptos da religião Rastafári afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como vocês analisam tal afirmação? 

Leandro Kintê: Recomendo que voltem alguns anos e revejam os pilares que construíram a música reggae. Reggae é música e música é sensação, se toca alguém, tem sua verdade, a verdade está no nosso sentir.

31) RM: Na sua opinião quais os motivos da cena reggae no Brasil não ter o mesmo prestígio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral? 

Leandro Kintê: Não sei dizer ao certo, de repente, expansão de mercado, menos ego também, vejo poucas bandas se ajudando. Pode ser que o fato de minimizarem tanto os acessos. Certas bandas ficam com medo de “perder o posto” de artista visível no cenário, são muitas teorias que faltaria linha para tanta ideia. 

32) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical? 

Leandro Kintê: Sim, mas reitero que 99% é trabalho. 

33) RM: Quais os prós e contras do Festival de Música? 

Leandro Kintê: Possibilitar a experiência de vivenciar um palco com uma grande estrutura. O acesso a vários ouvidos é algo sublime, tocar pessoas em grande escala, por isso vejo tal importância. Os contras: hoje grandes produtoras tomam conta destes Festivais de Música e criaram um monopólio que impossibilita inúmeros artistas bons de se apresentarem. Aquela premissa de que “não se mexe em time que está ganhando”. O retorno financeiro fala mais alto nesses casos e, se você não tem a tal popularidade, é possível que nem acesse tais festivais, já vivi isso. 

33) RM: Festivais de Música revela novos talentos? 

Leandro Kintê: Acredito que sim, pude participar de alguns festivais de expressão em São Paulo. Nos trouxe uma visibilidade significativa para o meu trabalho com a banda Filhos da Terra Reggae. 

34) RM: Quais os pros e contras de se apresentar com o formato Sound System? 

Leandro Kintê: Não vejo contra em nenhum aspecto, o Sound System faz parte da cultura reggae, então só penso em mais um canal importante para fazer o movimento crescer.

35) RM: Quais as diferenças de se apresentar com banda em relação ao formato com Sound System? 

Leandro Kintê: O formato Sound System, querendo ou não, é a apresentação de sonoridades tocadas com bandas, com efeitos adubados. A diferença é que com banda você faz isso ao vivo tocando. Como disse, está tudo conectado.

36) RM: Quais os seus projetos futuros? 

Leandro Kintê: Hoje tenho a produtora “Kintê House Produções”, onde possibilito que novos artistas gravem seus trabalhos e divulguem nas redes sociais e façam acontecer. Eu, tenho um projeto chamado “Kintê canta Tim”, que traz um formato reggae Sound System, produzido por mim, cantando as músicas de Tim Maia. O disco “Raças e Raças” da banda Filhos da Terra foi lançado em 2020 e seguiremos nas divulgações e possibilidades. Seguimos trabalhando e o que chegar de novo, vamos operando.

37) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Leandro Kintê: [email protected] | https://web.facebook.com/filhosdaterraI

| www.instagram.com/filhosdaterrareggae | Spotify: Filhos da Terra Reggae / Leandro Kintê | Contato para shows: Zandara Produções/ Kintê House Produções

Canal: https://www.youtube.com/channel/UCS-zHCqryrk_WprVioJnZ4Q 

 

 

 

 

 

Para quem quiser conhecer mais acesse: 

Família Imperial – https://soundcloud.com/imperialfamilia  

Leões de Israel – https://soundcloud.com/leoesdeisrael  

Filosofia Reggae – https://soundcloud.com/filosofia-reggae  

Filhos da Terra – http://soundcloud.com/filhosdaterrareggae  

Z’Africa  Brasil –  https://soundcloud.com/zafricabrasil  

Veja Luz – https://soundcloud.com/vejaluz   

Unidade 76 feat. Leandro Kintê: “Cartas na Mesa” – https://soundcloud.com/unidade76/cartas-na-mesa-leandro-kinte-unidade76 


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