A cantora, compositora e musicista paulista Juliana Lima lançou seis álbuns e um DVD e assina mais de 500 músicas. Aos 10 anos de idade em 1993 ingressou no conservatório M.O. Maia em Santo André em que estudou Órgão Popular. Em 1997, aos 14 anos, gravou o primeiro álbum: “Procuro um amor”.
É natural de Santo André, ABC Paulista. No ano de 2019 completa 22 anos de carreira musical. Sua música possui uma mistura de ritmos com as características do povo brasileiro: MPB, Pop Rock, Samba, Bossa Nova e Forró. Em 2016 realizou a primeira turnê na Europa, tocando em Portugal, Espanha, Itália e Irlanda. Em 2017 lança o primeiro CD do Trio Beijo de Moça, projeto de forró pé de serra. E em 2018 lança o EP – “Bem Mais”, disponível nas plataformas digitais e em seu canal do youtube. Em 2018 também assina contrato com a gravadora Midas Music, do renomado produtor musical Rick Bonadio. Já passou por grandes Festivais de Música, por todo o Brasil, realizando shows em várias unidades dos SESCs e SESis e por Casas de Cultura em diversas cidades do País. A artista canta, toca violão, acordeon e gaita. Seu show tem o formato Voz e Violão e banda completa, e cativa o público por onde passa.
Em 2002 ingressou no grupo vocal “Madrigal” da USP, em que desenvolveu e aprimorou Técnicas Vocais. Aos 18 anos gravou seu segundo CD: “Raios de Sol”. Em 2004, gravou seu terceiro trabalho, “Tudo e mais”.
Formou-se em Musicoterapia, em 2006, pela Faculdade Paulista de Artes. Em 2006, passou a frequentar o Clube Caiubí de Compositores, projeto que contou com o apoio de Zé Rodrix, Sonekka, Ricardo Soares e Tavito. Junto com Rita Maria e outros compositores, ajudou a fundar as “Terças Autorais”, encontro de compositores em Santo André – SP no mesmo ano.
Em 2007, a cantora lançou o quarto CD, “O Dom”. Esse trabalho caracterizou-se pela mistura de ritmos da música brasileira, baião, balada, samba e bossa nova, definindo assim as diversas influências recebidas pela artista desde a infância. A produção do álbum foi dividida com Roger Carrer, produtor musical com experiência internacional e que já trabalhou com artistas como Belchior e Beto Barbosa.
Em 2009 é lançado o curta-metragem “Ópera de Arame”, produzido pela Escola Livre de Cinema e Vídeo, em Santo André. A trilha sonora do filme conta com a sua música “Mesmo sem te ver”.
Em 2013 Juliana Lima lança o quinto álbum: “Aquariana”, produzido por Thiago Varzé, que vem se destacando no cenário da música popular brasileira, tendo trabalhado com artistas como Max Viana, Marcelo Mariano e Pedro Mariano.
Em 2014 Juliana Lima se torna especialista em Gestão de Projetos Culturais pelo Celacc – USP (Universidade do Estado de São Paulo), cria o Trio Beijo de Moça, um trio forró pé de serra só com mulheres, grava o seu primeiro DVD e faz sua primeira turnê internacional na Argentina, passando pelas cidades de Buenos Aires e La Plata. Em 2015 realizou um projeto de financiamento coletivo através do Catarse e lançou o seu primeiro DVD. Ainda em 2015 formou-se em Produção Musical na EM&T (Escola de Música e Tecnologia). Entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016 realizou a primeira Turnê na Europa, passando por cidades como Dublin, Madrid, Milão e Lisboa cantando um repertório autoral, além de muito Samba e Bossa Nova. Em 2017 completou 20 anos de carreira e lançou o primeiro CD do Trio Beijo de Moça, seu projeto de Trio de forró pé de serra. Em 2018 assina contrato com a sua primeira gravadora, a Midas Music, do Rick Bonadio, renomado produtor musical que trabalhou com artistas como os Mamonas Assassinas, Charlie Brown Jr, NXzero, Rouge, Luiza Possi, Kell Smith e Vitor Kley, e lança o primeiro single “Me Beija”, pela gravadora em todas as plataformas digitais.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Juliana Lima para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbos em 26.01.2020:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Juliana Lima: Nasci no dia 26.01.1983 em Santo André – SP.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Juliana Lima: O meu pai (Elias) tocava Violão. Eu cresci ouvindo, e com 10 anos comecei a estudar música.
03) RM : Qual a sua formação musical?
Juliana Lima: Sou formada em Órgão Popular pelo Instituto Musical M.O Maia. Desde 2006 sou bacharel em Musicoterapia pela FPA (Faculdade Paulista de Artes), pós-graduada em Gestão de projetos Culturais e Organização de eventos pela USP (Universidade de São Paulo), e sou formada em Produção Musical e Music Business pela EM&T (Escola de Música e Tecnologia).
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Juliana Lima: As minhas primeiras influências vêm do meu pai (Elias). Cresci ouvindo Roberto Carlos, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Jobim, Chico Buarque, Elis Regina, Rita Lee, Lulu Santos, Pink Floyd, e Queen. Depois descobri sozinha: Marisa Monte, Ana Carolina, Céu, Tulipa Ruiz, The Cranberries, Shakira, Amy Winehouse, Adele e Ed Sheeran.
05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
Juliana Lima: Depois que comecei a estudar música, passei a arranhar o Violão do meu pai (Elias), e a compor as primeiras músicas, com 13 anos de idade já tinha várias composições. Montei uma banda na Escola para realizar uma apresentação com músicas dos anos 60. O show foi tão bom, que me convidaram para ir à rádio local, depois para entrar em outra banda profissional, e gravar as minhas primeiras músicas. Passei também a fazer shows em eventos e festas. Com 14 anos fui convidada para gravar o meu primeiro CD. E desde então não parei mais.
06) RM : Quantos CDs lançados?
Juliana Lima: São seis CDs lançados. Eles são de MPB Pop. Em 1997 o CD – “Procuro um amor”, produzido por Cesar CB e Merlin. Em 2001 o CD – “Raios de Sol”, fui a produtora musical. Em 2004 o CD – “Tudo & Mais”, fui a produtora musical. Em 2007 o CD – “O Dom”, produzido por Roger Carrer. Em 2013 o CD – “Aquariana”, produzido por Thiago Varzé. Em 2015 o DVD – “Aquariana”, fui a produtora musical. Em 2017 o CD – “Trio Beijo de Moça”, fui a produtora musical juntamente com Deni Wanderson. As músicas que mais caíram na boca do público de toda a minha carreira são: “Procuro um amor”, “Raios de Sol”, “O Dom”, “Devaneios”, “Morre um amor”, “Nosso amor”, “Colhendo estrelas”, “Aquariana”, “Que assim seja”, “Auge”, “Bem Mais”, “Carrossel”, “Utopia”, “Me Beija”. As músicas com o Trio Beijo de Moça: “Redemoinho” e “Tentando”.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Juliana Lima: MPB Pop e Forró.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Juliana Lima: Sim.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Juliana Lima: É fundamental para a saúde e para a qualidade da voz.
10) RM : Quais as cantoras(es) que você admira?
Juliana Lima: Elis Regina, Gal Costa, Amy Winehouse e Shakira.
11) RM: Como é o seu processo de compor?
Juliana Lima: É muito natural, a música vem completa na minha mente, do nada. Eu posso estar andando tomando banho, dirigindo, ou qualquer coisa do tipo e tenho que parar o que estou fazendo e registrar o som e a letra que estou ouvindo na minha mente.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Juliana Lima: Del, Cestal, Luciene Caruso, Ana Wick, Nila Branco, Helena Elis, entre outros.
13) RM: Quem já gravou as suas músicas?
Juliana Lima: Helena Elis, Ariane Gariso e Luna Bassi.
14) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Juliana Lima: Os prós é ser totalmente livre para fazer o que bem entender da sua carreira musical. Os contras são as dificuldades de atingir alguns espaços, como a grande mídia televisiva e rádio, levantar fundos para promover à carreira.
15) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Juliana Lima: Tudo depende do momento em que estou vivendo. No momento, estou lançando singles, acompanhados de videoclipes na minha carreira solo. Vendendo shows em São Paulo, interior de São Paulo, e outros Estados, como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Goiás, entre outros.
16) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?
Juliana Lima: Eu mesma vendo os meus shows, criei junto com a minha produtora, Juliana Cranchi, uma marca de bonés, com as minhas iniciais, estou dando workshops sobre gestão de carreira musical para artistas, produtores e simpatizantes.
17) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
Juliana Lima: Ajuda porque democratiza os espaços e o acesso ao conteúdo que se produz. Você consegue lançar o seu trabalho sem precisar de uma gravadora, ou de uma estrutura complexa por trás. Porém, também pulveriza, não tem filtro. Coisas boas e ruins estão disputando os espaços o tempo todo e tem mais visibilidade quem sabe articular melhor a divulgação do seu trabalho. Eu digo que hoje quem tem mais sucesso não é quem tem mais talento, ou que é melhor, e sim quem sabe usar melhor as ferramentas de divulgação da internet.
18) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Juliana Lima: Hoje qualquer pessoa grava uma música, um álbum. Porém, não existe mais um filtro sobre a qualidade dos artistas. Cabe a cada um de nós filtrarmos o que vamos ouvir.
19) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Juliana Lima: Procuro desenvolver um trabalho respeitando a minha verdade, e cada vez melhorando a qualidade daquilo que disponibilizo para o meu público. O meu objetivo com isso é realmente me conectar com as pessoas e trocar algo de bom com elas.
20) RM : Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Juliana Lima: Existem muitos artistas talentosos e muito bons que surgem o tempo todo. Eles só não têm muito espaço na grande mídia, que prioriza mostrar mais as bolas da vez. No caso atual, o Sertanejo e o FUNK. Todos os outros nichos disputam o pouco espaço que lhes sobra. Falando em 20 anos surgiram artistas como a Maria Gadú, que lançou um primeiro CD lindo do começo ao fim, mas não conseguiu lançar outros bons trabalhos na sequência. Quando digo bons trabalhos, estou me referindo a músicas consistentes, e que tocam o coração das pessoas. Acho que ela deveria ter gravado músicas de outros compositores, talvez assim tivesse mantido a qualidade do seu trabalho. Atualmente surgiu a dupla tocantinense, Anavitoria. Eu gosto muito do repertório delas e da qualidade artística dessas meninas, que são o exemplo típico dos artistas que fazem um barulho danado na internet e na sequencia são contratados pelas majors. No caso delas, foram contratadas pela Universal Music.
21) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Juliana Lima: Chico César, Tiago Iorc, Céu.
22) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?
Juliana Lima: Existem muitas situações em 22 anos de carreira. Inclusive, tenho planos de lançar um livro contando algumas dessas histórias. Eu fechei um show, ajudei pra caramba a divulgar a casa. E chegando lá, havia outra banda, com o som já rolando, tocando no local. Eu fiquei até o final daquela noite avisando as pessoas que o show não ia mais rolar, e no dia seguinte, várias pessoas me disseram que foram até lá, e o show era outro. Outra vez realizei um show e o contratante tentou depositar o cachê no final do show, porém, o cachê não caiu. Demorou 1, 2, 3, 4 meses e nada. Um dia eu estava conversando com um amigo advogado, e mesmo não sendo um cachê expressivo, ele me ajudou abrindo um processo trabalhista contra o contratante. No dia do julgamento, o contratante mentiu perante o juiz, dizendo que não me pagou porque não havia público, o que não era nada verdade, a casa estava cheia no dia do meu show. E ganhamos a causa, onde o contratante teve que pagar quase três vezes mais o valor que me devia. Uma última história, um belo dia estava eu fazendo um show bem animado em uma Casa no bairro da Vila Madalena, em São Paulo, e veio uma mulher muito alucinada, ela subiu ao palco e veio em minha direção. Eu me afastei, ela derrubou o pedestal que eu estava usando, e amassou um Microfone Shure SM58, que fazia pouco tempo que eu havia comprado, aliás, o meu primeiro Shure SM58.
23) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Juliana Lima: Fico mais feliz em poder levar alegria às pessoas, me conectar com elas, trocar energias boas. O que mais me entristece é encontrar pessoas que às vezes são verdadeiras barreiras para que alcancemos com plenitude aquilo que buscamos.
24) RM: Nos apresente a cena musical da cidade que você mora?
Juliana Lima: A cena musical de São Paulo é muito fértil, estamos falando de uma das maiores cidades do mundo. Aqui tem muita diversidade. E muita qualidade também. E tem música para todos os gostos.
25) RM: Quais os músicos, bandas da cidade que você mora, que você indica como uma boa opção?
Juliana Lima: Tem muitos, se eu fosse enumerar, seria uma lista infinita, mas vou citar alguns que conheço bem, as meninas que fazem parte da minha banda. Mulheres muito talentosas como a guitarrista Luciana Romanholi, a baixista Geraldine Ruiz, a tecladista Anete Ruiz, a baterista Bianca Predieri, o pianista Salomão Soares, os cantores Milena Castro, Daniel Pessoa, e tantos outros.
26) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Juliana Lima: Elas já tocam. Toco em 34 cidades do Brasil e em 14 Estados sem pagar o jabá. As rádios maiores são mais desafiadoras, mas tem muita rádio que toca.
27) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Juliana Lima: É preciso ter muito amor, muita dedicação, persistência, e excelência naquilo que se faz.
28) RM: Quais os prós e contras do Festival de Música?
Juliana Lima: Gosto de Festivais de Música que dão espaços para os artistas se apresentarem sem ter que julgar a qualidade do seu trabalho. Acho que a curadoria dos Festivais deveria escolher os artistas antes, pagar o seu cachê, a sua hospedagem, sem o prêmio ser vinculado a uma vitória no Festival. Acho esse meio de votação e concorrência cria uma desvalorização do trabalho dos artistas. Até porque nesses Festivais Tradicionais são sempre os mesmos artistas que ganham. E mesmo que você seja muito bom, se não tiver experiência de Festival, ou perfil de Festival, você não ganha.
29) RM: Hoje os Festivais de Música revelam novos talentos?
Juliana Lima: Não.
30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Juliana Lima: Acho péssima. Feita na base do pagamento do jabá e do jogo de interesses. A grande mídia não é justa, nem honesta. Eles priorizam o interesse de uma minoria que manipula a mídia através do dinheiro, para atender aos seus próprios interesses egoístas. Eu encaro a música como arte, acima de ser uma forma de entretenimento. Acredito que a arte serve para nos tocar, nos transformar, nos fazer refletir, nos emocionar, e não apenas para mexer o esqueleto ou as cadeiras. E mídia não contribui para isso. Sempre priorizando o bolso de poucos.
31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical em São Paulo?
Juliana Lima: Acho esses espaços fundamentas para fomentar a nossa música popular Brasileira.
32) RM: O circuito de Bar de sua cidade como boa opção de trabalho para os músicos?
Juliana Lima: Sim. São Paulo tem ótimas opções de Casas de show, de Bares com música ao vivo. Com certeza a melhor cidade desse país nesse quesito.
33) RM: Quais os seus projetos futuros?
Juliana Lima: Tenho prospectado uma nova turnê pela Europa em 2020, desta vez com o forró. E estou no processo de da gravação do segundo CD com o Trio Beijo de Moça.
34) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Juliana Lima: [email protected] | www.julianalimaoficial.com.br | Instagram @oficialjulianalima | Facebook: oficialjulianalima | Youtube: julianalimaoficial.