O pianista e compositor paulistano José Celso Freitas lançou o seu segundo CD – “Piano e Poesia”, instrumental. Nesse trabalho, todas as composições foram concebidas para piano solo. O disco totaliza dez músicas que perpassam diversas influências, como música clássica, trilhas de filmes, música brasileira e jazz. O ecletismo bem como a diversidade de climas são marcas desse trabalho.
Ele iniciou em 1994 seus estudos de piano pelo Centro Livre de Aprendizagem Musical – C.L.A.M. Começou a trabalhar como músico em 2002 participando de bandas, projetos diversos e ministrando aulas. Compôs e produziu seu primeiro disco instrumental, intitulado “Revoluções Subjetivas”, em 2008. Em 2009 o disco foi divulgado em diversas apresentações, com destaque para o Sesc Instrumental Paulista. Em 2010 radicou-se em Recife, participando de diversos projetos. Compôs e produziu o disco “Piano e Poesia” durante os anos de 2014 e 2015.
Segue abaixo entrevista exclusiva com José Celso Freitas para a www.ritmomelodia.mus.br , entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 21.08.2017:
01) Ritmo Melodia : Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
José Celso Freitas : Nasci no dia 11 de janeiro de 1979 em São Paulo – SP.
02) RM : Fale do seu primeiro contato com a música?
José Celso Freitas : Foi ainda na infância, como brincadeira mesmo, desde novo gostava de compor e tocar, também gostava de observar minha mão tocando Piano.
03) RM : Qual a sua formação musical e\ou acadêmica fora da área musical?
José Celso Freitas : Estudei seis anos de Piano Popular pelo Centro Livre de
Aprendizagem Musical – C.L.A.M e também sou formado em Publicidade pela Fundação Cásper Líbero.
04) RM : Quais as suas influências musicais no passado e no presente? Quais deixaram de ter importância?
José Celso Freitas : São muitas influências, os compositores clássicos, como Bach, Mozart, Beethoven, Debussy, bandas de rock dos anos 80 e 90, como U2, rock progressivo, trilhas de filmes, jazz, latin jazz e – é claro – música brasileira fazem parte do meu mix de influências. Creio que todas as influências têm seu grau de importância, como gosto tanto de música clássica quanto popular me divide um pouco entre as duas estéticas.
05) RM : Quando, como e onde você começou a sua carreira musical?
José Celso Freitas : Comecei como semiprofissional na época da faculdade, tocando em bandas diversas pela noite de São Paulo. Posteriormente comecei a lecionar e eventualmente decidi me dedicar integralmente à música.
06) RM : Quantos CDs lançados, quais os anos de lançamento (quais os músicos que participaram nas gravações)? Qual o perfil musical de cada CD? E quais as músicas que entraram no gosto do seu público?
José Celso Freitas : Tenho dois discos independentes lançados. O primeiro CD – Revoluções Subjetivas, tem maior influência de jazz e música brasileira. Foi lançado no final de 2008. O segundo CD – Piano e Poesia, apesar de ter influências diversas, pende mais para a estética da música clássica, foi lançado no final de 2015. O primeiro disco tem participações de Jorge Rossi (guitarra), Leila Bayer (vocalizações) e Fernando Visockis (flauta). O CD – Piano e Poesia é um trabalho solo. Creio que as músicas favoritas do público no primeiro e no segundo disco respectivamente são: “Revoluções” e “Piano e Poesia” (homônima ao disco).
07) RM : Como você define o seu estilo musical?
José Celso Freitas : Música instrumental brasileira contemporânea, com influências de música clássica e popular.
08) RM : Como é o seu processo de compor?
José Celso Freitas : Em alguns momentos é espontâneo, frases e ideias musicais que simplesmente me vêm à mente no dia a dia. Procuro registrar da forma que puder no momento para utilizar posteriormente. Em outras ocasiões é um processo mais metódico, buscando amarrar partes de músicas, compondo trechos de ligação, aquele bom e velho diálogo entre inspiração e transpiração.
09) RM – Quais são seus principais parceiros de composição?
José Celso Freitas : Não descarto a ideia de compor em parceria, músicas com letra ou mesmo instrumental, mas até o momento só compus sozinho.
10) RM : Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
José Celso Freitas : Acredito que a liberdade estética é um lado positivo. Compor e gravar conforme meus próprios critérios sem precisar prestar contas, ou me preocupar com prazos. Pelo outro lado, mesmo com as possibilidades de produção e divulgação independente de hoje, a estrutura de divulgação que as gravadoras são capazes de fornecer ainda é vigorosamente relevante.
11) RM : Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
José Celso Freitas : Busco os espaços disponíveis para apresentar meu trabalho, como festivais, livrarias e casas voltadas para música instrumental, programas de rádio TV e webTV. No mês de abril vou realizar algumas apresentações integradas com um amigo meu que está lançando um livro de poesias, nos reunimos e criamos alguns arranjos de trechos das músicas do disco acompanhando a citação de poesias do livro dele ao vivo. Fora dos palcos atuo principalmente como professor de Piano e Teclado, são duas atividades que se ajudam mutuamente.
12) RM : Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver sua carreira musical?
José Celso Freitas : Creio que nos dias de hoje, os músicos devem sempre buscar aprimorar seu trabalho. Nos últimos anos tenho desenvolvido e aperfeiçoado métodos de ensino eficiente para diversos públicos, básico, avançado, infantil. No ano de 2017 estreamos aulas em grupo com suporte de vídeos didáticos que estou desenvolvendo para esse fim.
Planejamos e realizamos diversas ações de divulgação, de meu trabalho como músico e professor. Tanto na web quanto fora dela. Durante o ano de 2016, fechei uma parceria com uma rede de docerias Dalena daqui de Recife – PE para divulgar meu trabalho periodicamente. Como as casas da rede já possuem piano foi um ambiente muito interessante para essa divulgação.
13) RM : O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
José Celso Freitas : A internet hoje é o principal meio de divulgação de meu trabalho como professor de música, portanto é crucial para meu trabalho. Também permite a publicação e divulgação de minhas composições e performances. Pelo lado ruim – de modo geral – existe menos disposição das pessoas para adquirir CDs, devido à grande disponibilidade de música pela internet. Agradeço a todos que adquiriram meus CDs dando apoio a meu trabalho.
14) RM : Quais as vantagens e desvantagens do acesso a tecnologia de gravação (home estúdio)?
José Celso Freitas : A grande vantagem é a democratização do processo de produção artística. Muitos nomes e trabalhos interessantes, que simplesmente não surgiriam por falta de estrutura. Por outro lado vivemos um momento de transição, em diversos sentidos, o mercado ainda está se adaptando às novas realidades.
15) RM : No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
José Celso Freitas : Acredito que para todo tipo de trabalho, existe um público que aprecia. Procuro realizar meu trabalho com carinho e dedicação. Atualmente não tenho uma preocupação muito grande em diferenciação, apenas realizar um trabalho bem feito. O que tiver que ser, será.
16) RM : Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
José Celso Freitas : Acho que é um cenário muito rico por um lado, mas que vive uma crise por outro. Há muitos trabalhos novos e muita coisa interessante surgindo, para citar alguns, Maria Gadú e mais recentemente Ana Vilela. Por outro lado muitos músicos têm dificuldade de sobreviver da profissão. Não é raro bandas e trabalhos cujos músicos trabalham em outras áreas para sobreviver. Seria interessante buscarmos uma melhor organização do mercado.
17) RM : Qual ou quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
José Celso Freitas : O Brasil é um país mundialmente reconhecido pela qualidade de seus músicos. São diversos nomes que aprecio e admiro: Tom Jobim, Yamandu Costa, Toquinho, Sérgio Mendez, Maria Gadú, Ana Carolina, Djavan, Edu Lobo, Hermeto Pascoal. A lista seria enorme e certamente eu esqueceria alguns nomes importantes.
18) RM : Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?
José Celso Freitas : Uma vez fui acompanhar um coral de Natal em um Shopping Center e meu Teclado explodiu (risos). Creio que houve um pico de voltagem no local e algumas peças dentro do aparelho simplesmente estouraram. Por sorte o diretor musical na época foi buscar às pressas um violão e conseguiu acompanhar o Coral.
19) RM : O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
José Celso Freitas : O que me deixa mais feliz é ver meus alunos aprendendo e se desenvolvendo, torço muito pelos meus alunos e me traz muita felicidade quando realizam seu sonho de tocar. Também me traz grande felicidade compor, gravar e ver as pessoas apreciando e elogiando meu trabalho. Ter um trabalho artístico lançado e valorizado é uma sensação muito boa. O que mais me traz tristeza é a falta de estrutura no Brasil. Há poucos espaços para divulgação e o incentivo público é de difícil acesso.
20) RM : Nos apresente a cena musical da cidade que você mora?
José Celso Freitas : Recife é uma cidade multicultural, o grande destaque musical é o carnaval. Mas dentro do mesmo há diversos estilos. Há também festivais próximos que incluem jazz e música instrumental – atualmente se realizam em Caruaru. Também um festival anual bem conhecido de música clássica, o Virtuosi. Creio que ainda há muito potencial aqui para a música instrumental e como um todo crescerem, até mesmo pelo potencial turístico de toda a região.
21) RM : Quais os músicos, bandas da cidade que você mora você indica como uma boa opção?
José Celso Freitas : Maestro Spok, Cezinha, Cristina Amaral, Victor Araújo, Zé Manoel, entre muitos outros nomes.
22) RM : Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
José Celso Freitas : Hoje em dia há um diversidade muito grande de rádios, grandes e pequenas, tradicionais e online. Nem todas cobram jabá. É claro que não é fácil inserir um trabalho nas rádios de maior circulação, mas atualmente há muitas opções.
23) RM : O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
José Celso Freitas : Dentro da área musical há diversas possibilidades, diria para buscar suas aptidões e se encaixar da melhor foram possível. Também acho importante buscar projetos a médio e longo prazo dentro da música, buscando consolidar seu nome ano após ano.
24) RM : Quais os Pianista e Tecladista que você admira?
José Celso Freitas : Oscar Peterson, Chick Corea, Daniel Baremboim, Lang Lang, Dave Brubeck, Herbie Hancock, Rick Wakeman.
25) RM : Quais os compositores de rock que você admira?
José Celso Freitas : Kurt Kobain, Eddie Vedder, Alice in Chains, Chris Martin e muitos outros.
26) RM : Quais os discos que você atuou como produtor musical?
José Celso Freitas : Apenas em meus próprios trabalhos.
27) RM : Quais os cantores(as) e bandas que vocês já acompanhou como Tecladista?
José Celso Freitas : Os Boavida, Banda ASL, Deto Montenegro (teatro), Carteira Amarela e diversas outras.
28) RM : Nos apresente a sua metodologia como professor de Piano\Teclado?
José Celso Freitas : É uma metodologia baseada em três pontos: coordenação motora, teoria musical e musicalidade. Busco realizar com meus alunos músicas e exercícios que desenvolvam essas três capacidades, fornecendo ao estudante uma boa base para o instrumento. Posteriormente trabalhamos elementos de arranjo, improvisação, repertório e rearmonização.
29) RM : Quais as principais diferenças entre as técnica de Piano e Teclado?
José Celso Freitas : O Teclado tem diversos recursos que podem ser explorados, como sons sintetizados, timbres diversos, recursos de sequenciador. O Piano é mais voltado para performance, com teclas maiores e mais adequadas a certos estilos musicais – como a música clássica – devido à elasticidade, por exemplo. Acredito que são instrumentos complementares e recomendo aos pianistas estudar um pouco de teclado e vice-versa.
30) RM : Quais as principais técnicas para se dominar para se tornar um bom Tecladista/Pianista?
José Celso Freitas : Estudar diariamente, buscar exercícios de coordenação e força, aprimoramento na aplicação de teoria musical, técnicas de arranjo, repertório de qualidade e – claro- paixão e determinação.
31) RM : Qual a importância dos conhecimentos tecnológicos para o Tecladista?
José Celso Freitas : Abrem muitas possibilidades, tanto para acompanhar bandas, quanto para gravar e apresentações solo.
32) RM : Você é adepto ao uso de VST? Qual indica para o Tecladista?
José Celso Freitas : Sim, para meu CD Piano e Poesia utilizei um VST chamado Pianíssimo e fiquei muito satisfeito com o resultado.
33) RM : Quais os Teclados versáteis que você indica atualmente?
José Celso Freitas : Atualmente tenho um CTK-6250 da Casio e estou bem satisfeito com ele, apresenta um ótimo custo benefício.
34) RM : Quais os Pianos Digitais que você indica atualmente?
José Celso Freitas : Tenho um Prívia px-3 da Casio e estou bem satisfeito com ele.
35) RM : Quais os principais vícios e erros se deve evitar o estudante de Piano e Teclado?
José Celso Freitas : Quem inicia deve tomar muito cuidado com o dedilhado, não raro preciso corrigir vícios no dedilhado de estudantes que aprenderam a tocar por conta própria.
36) RM : Quais os principais erros de metodologia de ensino de música?
José Celso Freitas : Creio que em muitos casos, a metodologia de música no Brasil precisa de modernizar, se atualizar. É preciso adaptar as metodologias às realidades e necessidades dos alunos na atualidade e flexibilizar os métodos. Por outro lado, por vezes se cai no erro contrário, à falta de um método com bases definidas, não se pode confundir flexibilidade com falta de direcionamento e planejamento.
37) RM : Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
José Celso Freitas : Algumas pessoas tem mais facilidade para música do que outras, mas isso pode se traduzir de diversas maneiras diferentes, pois a música pode envolver habilidades diversas. Facilidade na compreensão de teoria musical, habilidade de leitura de partituras, coordenação motora, senso rítmico e percepção melódica, são exemplos de habilidades que podem variar de uma pessoa para outra.
38) RM : Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
José Celso Freitas : Um bom método de improvisação só tem lados positivos, pois irá inclusive trabalhar a criatividade, consciência melódica e aplicação de frases e ideias no instrumento. Desenvolvendo o estudando por todos os aspectos da arte do improviso.
39) RM : Qual a definição de Improvisação para você?
José Celso Freitas : Uma combinação de técnicas, ideias espontâneas e aplicação de frases pré – conhecidas.
40) RM : Existe improvisação de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
José Celso Freitas : Existe improvisação de fato, se traduz na capacidade de transferir um som imaginado para o instrumento, mas é uma técnica muito difícil de dominar.
41) RM : Como chegar ao nível de leitura à primeira vista?
José Celso Freitas : Praticando muitos exercícios de leitura e músicas com partitura, buscando não olhar para as teclas e mantendo o olho na partitura. Mas eu creio que a partitura deve ser vista como uma ferramenta para fornecer informação ao músico, mas não como uma fonte única. É importante dominar a leitura de partituras, mas é essencial para o estudante buscar tocar algumas músicas de memória ou de ouvido também, como forma de trabalhar a musicalidade.
42) RM : Quais os métodos que você indica para o estudo de leitura à primeira vista?
José Celso Freitas : Para meus alunos eu utilizo um método próprio de leitura que leva a um rápido resultado. Apesar de simples, é muito eficiente, começo com apenas três notas, gradualmente abrindo para quatro e cinco notas. Repito esse processo para regiões diversas das notas musicais. Hoje há também aplicativos interessantes para celular que ajudam a decorar as notas. Também é interessante colar a boa e velha tabelinha na parede do quarto, buscando visualizar e decorar todos os dias. Hoje em dia, com a vida corrida, as pessoas precisam de métodos práticos, rápidos e flexíveis de aprendizagem.
43) RM : Quais os seus projetos futuros?
José Celso Freitas : Quero continuar divulgando meu CD – Piano e Poesia, temos planos de montar uma escola de música aqui em Recife e estou considerando alguns projetos de CDs futuros, mas nada definido ainda.
44) RM : José Celso Freitas, Quais seus contatos para show e para os fãs?
José Celso Freitas : www.aulasdepianorecife.com.br | [email protected] | (81) 3128 – 1106 | 99548 – 4078
Links: CD – “Piano e Poesia”: https://youtu.be/sItkFXVMc2U
CD – “Revoluções Subjetivas”: http://palcomp3.com/josecelsofreitas/
Ilusões Urbanas, composição para piano: https://youtu.be/ucCcLSa3rCY
CD – “Revoluções Subjetivas” – Sesc Instrumental Paulista: “Mundos Imaginários”: https://youtu.be/HnomhTE2YaU;
“Outono”: https://youtu.be/_sIoqxk9f4g ; “Aflições e Perspectivas”: https://youtu.be/r7Qgk973tkk ; “Caminhos Inesperados”: https://youtu.be/OozTEjv-oWI ; “Círculos Dourados!”: https://youtu.be/YzRn0YOzyYY ; “Tortuosidades”: https://youtu.be/wOkunstnA-E ; “Reciprocidades”: https://youtu.be/0rFQazQIdKI ;
“À Paisana”: https://youtu.be/YnnZ0jAs0GY ; “Revoluções”: https://www.youtube.com/watch?v=17lg_J1WFdk