More Heriberto Porto »"/>More Heriberto Porto »" /> Heriberto Porto - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Heriberto Porto

Compartilhe conhecimento

Heriberto Porto é flautista no Quarteto Marimbanda, grupo que fundou em 1999 e com o qual gravou três álbuns e um DVD.

É também professor de flauta, harmonia, treinamento auditivo e improvisação no Curso de Música da Universidade Estadual do Ceará-UECE. Atualmente é doutorando em música pela UNICAMP.

Estudou no Conservatório Real de Música de Bruxelas, na Bélgica, de 1983 a 1995, onde obteve os Diplomas de primeiro prêmio em Flauta e em Música de Câmera e Diplomas de Solista (mestrado) em Flauta transversal e Música de Câmera. Também estudou jazz, harmonia e improvisação neste mesmo conservatório.

De 1990 a 1995 estudou jazz e improvisação em Bruxelas com Fabrizio Cassol, na Academia de Etterbeek e com Steve Houben e Arnould Massard no Conservatório Real de Bruxelas.

Neste período fundou o grupo “Cheiro de Choro” em Bruxelas, junto com o Belga Henri Greindl e o espanhol Nono Garcia.

Em 1996 ingressou no Grupo Syntagma de Fortaleza com o qual gravou dois álbuns: Syntagma (1997) e Miracula (2006). De 2010 a 2013 foi coordenador pedagógico das residências artísticas do Festival Jazz e Blues de Guaramiranga. 

Por várias ocasiões foi coordenador pedagógico do Festival Música na Ibiapaba em Viçosa do Ceará, no qual foi professor desde 2004.

Lançou na Bélgica os álbuns Music of Latin-America (Selo René Gailly) e Cheiro de Choro (Mogno Music).

Apresentou-se em diversas ocasiões como solista com a Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho de Fortaleza interpretando J.S. Bach, Radamés Gnatalli, G. F. Telemann e Edino Krieger.

Atualmente desenvolve trabalhos de música de câmera com o grupo Syntagma, Nelma Dahas, Thiago Almeida, Léa Freire
entre outros.

Participou de gravações com Nonato Luiz, João Braga (RJ), Manassés, Petrúcio Amorim, Antonio José Forte, Argonautas, Aparecida Silvino, Oto Gris, entre outros.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Heriberto Porto para www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 30.11.2023:

01) Ritmo Melodia: Qual seu nome completo, data de nascimento e cidade natal?

Heriberto Porto: Nasci no dia 06 de setembro de 1964, em Aracati-Ceará. Registrado como Heriberto Cavalcante Porto Filho.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Heriberto Porto: Passei minha infância em Aracati, na costa sul do Ceará, na beira do Rio Jaguaribe. Uma das primeiras lembranças foi quando achei uma escaleta em um baú, ela pertencia aos meus irmãos mais velhos que não tocavam.

Então comecei a soprar e aconteceu algo inusitado: Formigas gigantes começaram a sair da escaleta, mas mesmo assim continuei a tocar e esse som da escaleta ressoa até hoje no meu ouvido interno.

A origem do meu ouvido absoluto vem deste momento, esse timbre claro, definido da escaleta mesclado com o nome das notas que eu já aprendi ali tocando a canção “O pastorzinho” que tem o refrão: dó, ré mi, fá fá fá…

Um dia chegaram alguns amigos mochileiros de meus irmãos, rumo a Canoa Quebrada e deixaram por lá uma flauta e um pífaro. Lembro até hoje do cheiro da taboca queimada.

03) RM: Qual a sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Heriberto Porto: Aos 18 anos de idade decidi ir estudar música na Bélgica, com uma pequena bolsa de estudos. Era o ano de 1983 e o Brasil ainda tinha um ditador na sua presidência (João Figueredo).

Na Bélgica frequentei os cursos do Conservatório Real de Música de Bruxelas onde obtive o diploma de graduação em Flauta Transversal e em Música de Câmara, depois fiz o diploma de solista (mestrado) também em flauta e música de câmera.

Uma formação erudita, mas paralelamente a isso cursei improvisação livre com Fabrizio Cassol numa academia pública de música e também cursei jazz no mesmo Conservatório Real.

Tive como mestres na flauta Alejandro Beresi, Gerard Noack, Jean-Michel Tanguy Baudoin Giaux e Vincent Cortvriendt, além de Steve Houben na flauta jazz. Fora a flauta estudei história, harmonia, análise, ritmo e improvisação com pessoas de grande valor humano e musical: Guy Dussart, Arnould Massart, Pirly Zurstassen.    

Ao voltar ao Brasil após 12 anos pude ingressar como professor em um Universidade pública (UECE em 1999).

Atualmente curso o doutorado em música na Unicamp, onde pesquiso a música da paulistana Léa Freire sob a orientação da pianista profa. Dra. Thais Nicodemo.

Uma escola que considero muito importante são os 24 anos na Marimbanda, é o meu lugar de prática musical, de estudos. A convivência com os colegas, principalmente o Luizinho Duarte, grande baterista e compositor, me ensinou muito.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?  

Heriberto Porto: No passado e até hoje: Luizinho Duarte, o compositor da Marimbanda, meu amigo e mestre, Hermeto Pascoal, Miles Davis, Jorge Pardo (flautista espanhol), Chaurasia (flautista indiano), Bartold Kuijken (flautista barroco belga), Jean-Pierre Rampal, Steve Houben, Teco Cardoso, Léa Freire. Gosto de escutar Steve Kujala, Joe Farel, Huberto Laws, os feras do jazz.  

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical? 

Heriberto Porto: Em 1980 em Fortaleza – CE, na Orquestra Fratelli da Catedral Metropolitana de Fortaleza.  Toquei flauta e violino e fui regente da orquestra.

Também participei da banda “hippie” psicodélica “Chá de Flor” com Batista Sena e João do Crato. Na Bélgica formei o grupo Cheiro de Choro, como o nome diz, era um grupo de Choro meio brasileiro, meio belga (Henri Greindl) e espanhol (Nono Garcia).

O Grupo tocou bastante em clubes de jazz e festivais até minha volta ao Brasil em 1995. O repertório ia desde Ernesto Nazareth e Pixinguinha até Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti. Foi minha escola prática de produção musical.

06) RM: Você tem quantos CDs lançados?

Na Bélgica foram dois álbuns, Cheiro de Choro (1995) e Music of Latin America (1996). 

No Brasil gravei dois álbuns com o grupo Syntagma e três álbuns com a Marimbanda além de um DVD com a Marimbanda, Irmãos Aniceto e Carlos Malta.

07) RM: Você tocou em orquestra? 

Heriberto Porto: Sim desde os 15 anos. Na Bélgica toquei em várias orquestras, primeiro de estudantes e depois de profissionais.

No Brasil participei durante 16 anos da Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho. Fiz alguns concertos como solista, o último foi dia 25 de agosto de 2023, com a camerata da UFC (Universidade Federal do Ceará).

08) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Heriberto Porto: Vejo que estás perguntando sobre como trabalhar de forma independente da indústria cultural, que tudo transforma em mercadoria. Pra mim é a forma que é possível, propondo, tocando, produzindo a música que eu gosto, que eu preciso fazer.

Todo gênero musical se insere em um nicho, seja na música instrumental, seja na música erudita. O que vejo é que o povo gosta de música boa e está sempre comparecendo aos shows, concertos, recitais, espetáculos.

A magia do show não se acaba, mesmo com tanta tecnologia que deixa a música por demais presente no dia a dia. Essa presença constante, pelos aplicativos e a internet tira deste ritual que é ouvir música, é nocivo, mas ao mesmo tempo permite uma circulação mais rápida da nossa música.

No momento somes dependentes dos editais e leis de incentivo para produzir nossos trabalhos, mas existe a forma mais independente que são os concertos em lugares domésticos, nas casas, nos barzinhos onde se tem uma proximidade, um contato mais direto e menos burocrático do que os editais.

09) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?  

Heriberto Porto: Penso na música que estou produzindo, tento entregar o melhor de mim, trabalhar a música, preparar, arranjar, ensaiar, para que o produto seja o melhor possível.

Minha carreira tem 40 anos e o que eu fiz foi isso: produzir discos, produzir shows, concertos, turnês. “Se ninguém me chama pra tocar, eu vou ser meu patrão” (Léa Freire no documentário sobre sua carreira de 2022).

10) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Heriberto Porto: No momento é trabalhar com os editais, que voltaram juntos com a ideia de um país mais democrático. Também tento me comunicar com as pessoas de muitos lugares, fazer chegar à música por meio das rádios e televisões independentes.

11) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?

Heriberto Porto: A internet permite a comunicação rápida com um grande número de pessoas, em todo o mundo.  Também permite a divulgação de trabalhos, que hoje são lançados em plataformas e sites de música.

A dificuldade é ter tempo bastante para se comunicar com tanta gente, estabelecer vínculos fortes e duradouros. As iniciativas como a do coletivo “Uma Terra Só” são a parte boa da internet que permite o apoio mútuo e a divulgação efetiva dos trabalhos.

12) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?  

Heriberto Porto: Eu acho que a ideia que um home estúdio é barato e fácil de montar é falsa. É necessário um grande investimento, mesmo para um estúdio simples: computadores, microfones, softwares, tudo custa caro.

Uma vantagem é que a produção em home estúdio permitiu a ampliação das atividades de muitos músicos, que agora podem ter um meio de trabalho extra. A pandemia de Covid-19 impulsionou e quase obrigou muitos a montarem seus estúdios caseiros, para a produção das lives, por exemplo.

13) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Heriberto Porto: Como falei anteriormente, e primeiramente ainda acho que mesmo com a proliferação dos estúdios e home estúdios, ainda custa caro gravar um álbum.

Cada um deve ter uma motivação para querer gravar um álbum; pode ser uma motivação comercial ou para fins pessoais, de deixar perpetuada, registrada uma obra. No meu caso, trabalho com grupos e um repertório inédito.

14) RM: Como você analisa o cenário da música instrumental brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Heriberto Porto: Temos uma grande tradição de música instrumental de alto nível. Nos últimos anos estive mais perto de nomes que hoje são “a velha guarda”: Léa Freire, Arismar do Espírito Santo, Carlos Malta, Teco Cardoso, “Proveta”, Nelson Aires, Benjamin Taubkin, Itiberê Zwarg são nomes que admiro muito. Seguem sendo referência na nossa música. 

Depois vem uma geração mais nova como o Nicolas Krassic, o Ricardo Herz, Carol Panesi, violinistas, Alexandre Andrés, as irmãs Mitre, mineiros, Thiago Almeida, Michael “Pipoquinha”, Cainã Cavalcante, cearenses virtuoses e famosos. 

15) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical? 

Heriberto Porto: Feliz com o público sempre ávido por música boa, sempre lotando os shows. Triste com a falta de consciência de classe dos músicos que não se veem como trabalhadores explorados.

16) RM: Você acredita que sem o pagamento do Jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Heriberto Porto: Em certas rádios sim, aquelas que não trabalham com o jabá, as rádios universitárias, as rádios ligadas à cultura, as rádios educativas, as rádios públicas.

17) RM: O que vocês dizem para alguém que quer trilhar uma carreira musical? 

Heriberto Porto: Que é uma das melhores profissões do mundo, mas desafiadora: Tem que ter muito estudo, paciência, perseverança, foco e ser seu próprio empresário. Não esperar por ninguém.

18) RM: Quais os flautistas que você admira?

Heriberto Porto: Um pouco de todos os estilos, jazz, erudito, barroco, brasileiro. Hubert Laws, Steve Kujala, Hadar Noiberg, Ali Ryerson, jazzistas americanos, os eruditos Rampal e Bernold, Steve Houben, meu professor de jazz belga.  

Jorge Pardo, o espanhol andaluz, Chaurásia, o indiano, e os brasileiros Léa Freire, Carlos Malta, Teco Cardoso, e as jovens Maiara Moraes e Mariana Zwarg, entre muitas.

19) RM: Quais os compositores Populares e Eruditos que você admira?

Heriberto Porto: Dos eruditos são tantos, mas se tiver de fazer uma escolha e só levar alguns para a ilha deserta, fico com J.S. Bach, Maurice Ravel, Claude Debussy, a dupla francesa, Wolfgang Amadeus, vulgo Mozart (esse toquei muito quando estudante), o Luiz Beethoven e claro os brasileiros Villa-Lobo, Guarnieri, Pitombeira, o Liduino. 

Gosto muito dos que se encontram numa fronteira que não é ainda popular e nem erudito, mas as duas coisas juntas: Tom Jobim, Egberto Gismonti, Léa Freire, nossos gênios. Hermeto Pascoal é jazz e é popular, é forró, é valsa, é samba.

20) RM: Quais os compositores do Jazz que você admira?

Heriberto Porto: Admiro muito o jazz americano, o quanto ele representa de liberdade de criação. Os criadores, são eles os interessantes: Armstrong, Ellington, Lester Young, Charlie Parker, Miles Davis, Coltrane, Corea, Bill Evans, Pat Metheny, Ornete e Steve Colemann. 

É triste ouvir os jovens tentando fazer uma cópia daquele jazz, em vez de criar seu vocabulário, aí fica mais amarrado do que a música erudita.

Jazz europeu também traz um frescor e uma invenção muito feliz, amo os belgas, pelo convívio e amizade, Charles Loos, Pierre Van Dormael, Arnould Massart, meu professor, Steve Houben, meu professor, os pianistas Ivan Paduart, Eric Legnini, Natalie Loriers, Diedrick Wissels. 

E o mais impressionante trio (Sax, baixo e bateria) do mundo: Aka Moon (Fabrizio Cassol, Michel Hatzigeorgeou, Stephane Galland). 

21) RM: Qual método para o ensino de flauta você recomenda?  

Heriberto Porto: Recomendo um bom professor que vai saber usar bem os métodos, recomendo o método de tocar muito todo os dias, recomendo o único método brasileiro que é o do Celso Woltzenlogel, bem completo e com muita música brasileira.

O Toninho Carrasqueira lançou um livro muito interessante de estudos de harmonia nos instrumentos de sopro. Os métodos Taffanel e Gaubert, do Moyse, do Bernold, são bem completos, tem tudo lá, sabendo usar e praticar.

22) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?

Heriberto Porto: Na minha opinião, é errado não permitir erros quando se ensina música. Detectar o erro é importante, porém, primeiro se deixa errar e se propõe uma escuta atenta para que o próprio aluno possa corrigir, e não estabelecer uma proibição.

Muitas vezes ainda se propõe ensinar para que o aluno seja um grande virtuose, grande solista e esta é uma visão herdada do século XIX.

A educação musical deve ser mais inclusiva, respeitando as diferenças de cada aluno. Outro aspecto importante é ensinar musicalmente, buscando a musicalidade do aluno e sempre procurar deixar espaço para a criação musical e a improvisação.

23) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical? 

Heriberto Porto: Penso que existe a vontade, e a vontade leva ao crescimento musical. Vontade de tocar o instrumento, vontade de compor, de improvisar, de ser um solista, de tocar um repertório.

O resto é estudo, paciência e perseverança. Claro, tem pessoas com certas facilidades, que são adquiridas desde a infância, influências da família, do convívio. Mozart sem o pai e a irmã, ao lado, não teria sido a criança prodígio que foi.

24) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical? 

Heriberto Porto: Uma criação instantânea, dentro de uma linguagem específica. Jazz, baião, bossa-nova, free-jazz, improvisação livre. Em cada gênero a improvisação tem seu espaço, seu sentido.

25) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Heriberto Porto: Existem diversas formas de improvisação e ela existe em diversas culturas. A que mais conhecemos é a improvisação jazz, a improvisação idiomática, que se baseia em escalas, modos e funciona em uma harmonia preestabelecida.

Muitas vezes ela é fruto de um estudo prévio e focado em modelos, onde não se trata de improvisar, mas de exercitar os modelos em determinadas harmonias. Existe a chamada improvisação livre, pouco praticada no Brasil, mas que é uma excelente ferramenta de ensino-aprendizagem musical.

Ela tem como base a criação instantânea, a escuta ativa, o diálogo com os outros. Pode se inspirar em outros elementos como um desenho geométrico, uma poesia, sentimentos, interage com a pintura e a dança.

O músico está convidado a buscar sua própria linguagem descobrindo a si mesmo e sua postura nos grupos, uma espécie de psicanálise. Os conceitos do certo e justo, em música, aqui não terão a conotação tradicional.

Podemos abordadas as várias vertentes de improvisação: J. S. Bach, o free- jazz, a música contemporânea, as músicas tradicionais brasileiras, africanas, indianas, etc. como fonte de inspiração da música do instante. A escuta ativa é um dos elementos fundamentais da improvisação.

Timbres, dinâmicas, silêncios, tempo, física, a paisagem musical, escalas, contraponto e polirritmia são alguns dos conceitos que abordamos na improvisação.

26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Heriberto Porto: Existe a teoria da improvisação no jazz, os americanos principalmente publicaram muita coisa, ela é importante, interessante, mas se copiarmos os modelos, as frases, os clichês aí não é mais improvisação. O melhor método é mesmo a prática, a prática coletiva.

27) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Heriberto Porto: Os métodos sobre a harmonia erudita às vezes esquecem a fonte da boa harmonia: os mestres. A harmonia deve ser a dos grandes mestres, com bastante prática e escuta. Fazer exercícios no papel é um erro. Tem que fazer no piano, escutar e depois escrever.

28) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia do cenário da música instrumental brasileira? 

Heriberto Porto: Insignificante, não existe cobertura nenhuma. Uma vergonha. Até a própria MPB são poucos os críticos, pouca repercussão quando se tem um lançamento interessante.

29) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical? 

Heriberto Porto: São instituições muito importantes no apoio às artes e à cultura; como também a Funarte, o MinC, a Lei Rouanet e as secretarias de cultura, com suas  políticas de editais.

30) RM: Você toca todos os tipos de Flautas?

Heriberto Porto: Flauta em dó, flauta em sol, flautim, flauta baixo, essa é a família da flauta transversal que eu toco. Toco flauta doce, principalmente soprano e sopranino, e um pouco de pífaro.

Mas o mundo das flautas é infinito: tem flauta indiana, africana, americana, andina, árabe, turca, em todo o mundo tem flauta. Toco também uma flauta antiga do século XIX, de 7 chaves e de madeira.

31) RM: Quais os vícios técnicos o flautista deve evitar?

Heriberto Porto: Tencionar demais os ombros e o pescoço. Tencionar os dedos nas chaves. Fechar a garganta. Fechar demais os lábios. Respirar pouco. “Espremer” o som. Vibrar exageradamente. São estes alguns erros.

32) RM: Tocar muitas notas por compasso ajuda e prejudica a musicalidade do flautista?  

Heriberto Porto: Penso que a questão não é tocar ou não muitas notas, mas como tocar uma quantidade grande de notas, da mesma forma como tocar uma longa nota: Que sentido tem essa série de notas, que efeito quero passar pra o ouvinte? Porque estou fazendo isso? Que sentido dar a uma nota longa? Se tivermos essas respostas então está tudo certo.

33) RM: Quais os seus projetos futuros?

Heriberto Porto: Antes de tudo, quero terminar meu doutorado na Unicamp até 2026 e então retornar às minhas aulas na Universidade.

Estamos programando um novo álbum da Marimbanda, retomada do Grupo Syntagma que completa em 2023, 37 anos. Planejo tocar com Orquestras o repertório da Léa Freire, que é meu objeto de estudo de doutorado, e que é belíssimo.

34) RM: Quais seus contatos para shows e para os fãs?  

Heriberto Porto: [email protected]

| https://www.instagram.com/heribertoportofilho

Canal Heriberto Porto: https://www.youtube.com/@HeribertoPorto

Canal da Marimbanda: https://www.youtube.com/@MarimbandaMarimbandaMarimbanda   

Brincando na Chuva | Marimbanda: https://www.youtube.com/watch?v=61xWX8kJZ2I 

MORANGOTANGO | MARIMBANDA: https://www.youtube.com/watch?v=gCMpki8ekuM


Compartilhe conhecimento

Comments · 1

Deixe um comentário

*

Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.