More Genésio Tocantins »"/>More Genésio Tocantins »" /> Genésio Tocantins - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Genésio Tocantins

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O cantor, compositor, músico Genésio Tocantins aprendeu a tocar violão de forma autodidata. Seu pai era lavrador, trovador e cordelista. Com o pai aprendeu a cantar versos em feiras de sua região de nascimento. Com a mãe frequentou rodas de folias onde aprendeu cantos do divino. Ainda criança mudou-se com a família para a cidade de Araguaína – TO.

Iniciou sua carreira participando de festivais regionais e em seguida por todo o Brasil. Seu primeiro LP, “Rela bucho”, foi lançado pela RGE em 1988. No ano seguinte ganhou com este disco o II Prêmio Sharp de Música, onde recebeu o Troféu Ano Dorival Caymmi na categoria Revelação da Música Regional Brasileira. Gravou com diversos artistas como Fagner.

Em 1980 criação da música “Frutos da Terra” – tema do Programa Frutos da Terra-Televisão Anhanguera/Globo-Goiânia-Go. Década de 80 – Participações em programas e projetos com Pixinguinha (81, 82,83), na região Centro-Oeste, e Pixingão (83,84), no Rio de Janeiro.

Apresentação de Shows nas salas Guiomar Novaes, em São Paulo, e Sidney Muller, no Rio de Janeiro. Participações na caravana Som Brasil-Rolando Boldrin e no programa “Som Brasil”, da Rede Globo.

Participações e premiações em mais de uma centena de festivais e concursos de músicas, com composições próprias. Festival 79, TV Tupi – SP; Musicanto 1983, 85, 87, 88, 96, Santa Rosa-RS. FAMPOP 83, 84, 85, 87, Avaré-SP. FREM 83, 84, São Paulo-SP; Festival Nacional da Canção, Sorocaba-SP.

Em 1986 – Show “Levanta Centro Oeste”, no 1° FLAAC-Festival Latino Americano de Arte e Cultura, Brasília DF.

Em 1988 -Gravou o 1° disco “Rela Bucho”, na gravadora RGE com produção de Rildo Hora.

Em 1989 – Prêmio Sharp – Categoria Revelação Regional da Música Popular Brasileira, Ano Dorival Caymmi, pelo do LP” Rela Bucho”.

1989- Criação do Hino ao Tocantins (Canção Símbolo e hoje Hino Oficial do Estado do Tocantins). Apresentação e trilha sonora do programa Tocantins – TV Brasil Central / Bandeirantes, com direção de Washington Novaes.

Em 1990 – Prêmio concorrência FIAT. A magia da arte pela montagem do projeto multimídia: ”Brasis, as canções e o povo,” show e programa para televisão-Goiânia-GO e Brasília-DF.

Em 1991 – A 1992-Produção e apresentação do programa de televisão, “Brasis, as canções e o povo”, TV Palmas / Rede comunicatins -Palmas – TO.

1993-Criação e Produção do Cantocantins-1° Festival da canção do Estado do Tocantins, lançado em disco, LP, em 1994, pelo departamento de Cultura/ Governo do Tocantins.

Em 1994 – Gravação para o programa Ensaio, TV Cultura, São Paulo, produção: Fernando Faro.

Em 1995/96-Produção, gravação e lançamento do CD “Genésio U. Cantante”, pelo selo: Mercosom/Discoteca 2001-Em Brasília, resultado do projeto Caixinha de Música, com produção de Rildo Hora.

Em 1996 – produção artística do projeto “Temporadas Populares”, da Fundação Cultural do Distrito Federal.

Em 1999 – Criação Produção e Apresentação do Projeto Piloto para televisão: Cantos do Tocantins, TV Anhanguera/Rede Globo.

Em 1999/2001-Elaboração, pesquisa e execução do projeto de registro em multimídia “Cantos do Tocantins” -O som, O ritmo e o povo. A primeira pesquisa sonora da música tocantinense, com patrocínio da FIETO, Fundação Jaime Câmara, Secretaria de Cultura do Governo do Tocantins.

Em 1999/2001-Participação no concurso “Novos Talentos” do Programa Domingão do Faustão, TV Globo, classificado em segundo lugar entre trinta mil candidatos interpretando a música “Nois é Jeca Mais é Jóia”( Juraildes da Cruz).

Em 2001-Lançamento do CD Single “Nois é Jeca mais é Jóia” em parceria com o Jornal do Tocantins.

Em 2001- Participação no Festival de Música Popular Brasileira/ Rede Globo-São Paulo. Com a música: Baião Internauta (Genésio Tocantins/ Beirão).

Em 2001 – Criação, elaboração e apresentação do Projeto: Genésio Tocantins Cantando Histórias nas Escolas-Arte educação através da música, dirigido a alunos da rede pública de ensino, com patrocínio da Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Tocantins.

Em 2001 – Lançamento em CD, vídeo documentário e exposição fotográfica do Projeto “Cantos do Tocantins – O som, O ritmo e o povo Espaço Cultural-Palmas Tocantins”.

Em 2002 – Coordenação e Produção do Cantocantins-3º Festival da Canção, com gravação ao vivo do CD.

Em 2002 – Apresentação e Composição da trilha sonora do programa ”Expresso Brasil – O Tocantins de Genésio Tocantins, TV Cultura/TV Escola, São Paulo.

Em 2002 – Criou, roteirizou e integrou o projeto “4 Cantos do Tocantins, concerto de Música Popular Brasileira Contemporânea, com os Cantores e Compositores; Braguinha Barroso, Dorivã, Juraildes da Cruz e Genésio Tocantins, participação do violonista Silvino Antonio de Souza (Solé).

Em 2005 – Ano Brasil-França em Paris com o Espetáculo “Cantos do Tocantins” Direção Cênica: Marcelo Sousa. Direção Musical: Arismar do Espírito Santo.

Em 2009 – Ganhador do mais importante concurso de música popular da América Latina: Musicanto-Festival Sul-Americano de Nativismo. Santa rosa-RGS. Música: Ser-tão Forte (Genésio Tocantins).

Em 2009 Brasil Clássico Caipira. Espetáculo em comemoração aos 80 anos da primeira gravação da música caipira Brasileira, no Elenco artistas como: Pena Branca, Irmãs Galvão, Dércio Marques, Pereira Viola, Genésio Tocantins. Arranjos Maestro Joaquim França, Direção Musical: Rildo Hora, Produção: Nilson Rodrigues. Apresentação: Antônio Grassi. Especial de Fim de Ano da TV Brasil.

Autodidata, começou a tocar de “oitiva” ou de ouvido conforme o termo regional em gincanas da escola, festivais regionais, dotado de uma curiosidade intensa, tornou-se pesquisador, caracterização que permitiu ir da música folclórica à música popular brasileira, de Norte a Sul do País. Apreendeu a compor, tocar e cantar com os mestres de culturas populares, foliões, repentistas, coquistas e cantadores de emboladas nas feiras, na vivência, na pesquisa e na investigação dos sons, ritmos e cantares do Brasil, com destaque para a música Amazônica).

Genésio Tocantins é representante da música regional brasileira iniciou a carreira participando de festivais regionais e em seguida por todo o Brasil. Seu primeiro LP, “Rela bucho”, foi lançado pela RGE em 1988.

No ano seguinte ganhou com este disco o II Prêmio Sharp de Música, onde recebeu o Troféu Ano Dorival Caymmi na categoria Revelação da Música Regional Brasileira. Gravou com diversos artistas como Fagner, Pena Branca e Xavantinho, Rolando Boldrin, entre outros.

Entre seus parceiros estão Juraíldes da Cruz, Braguinha Barroso, Wanda d’Almeida, Hamilton Carneiro, João Gomes, Beirão, Salgado Maranhão e Telma Tavares. Em 1990, recebeu o prêmio Fiat. Lançou em 1996, o CD U cantante”, pelo selo Mercantante. Dois anos depois, lançou pelo selo Brasis o CD “Brasis – As canções e o povo”.

Iniciou a carreira participando de festivais regionais e em seguida por todo o Brasil. Seu primeiro LP, “Rela bucho”, foi lançado pela RGE em 1988. No ano seguinte ganhou com este disco o II Prêmio Sharp de Música, onde recebeu o Troféu Ano Dorival Caymmi na categoria Revelação da Música Regional Brasileira. Gravou com diversos artistas como Fagner, Pena Branca e Xavantinho, Rolando Boldrin, entre outros. Entre seus parceiros…

Em 2000, foi classificado para as eliminatórias do Festival da Música Brasileira, promovido pela TV Globo, onde concorreu com sua composição em parceria com Beirão, “Baião internauta”. Nesse ano, participou do Festival Novos Talentos defendendo a música “Nóis é jeca mas é jóis”, de sua autoria e Juraildes da Cruz que se tornou rapidamente um clássico da música regional.

Em abril de 2006, participou do Projeto Pixinguinha, em caravana que passou por Cachoeiro de Itapemirim, ES, circulando por Campinas, Tubarão e Guaratinguetá, junto com a cantora paulista Cris Aflalo, o piauiense Gilvan Santos e a Banda de Pífanos de Caruaru. (Com informações da internet).

Aprendeu a tocar violão de forma autodidata. Seu pai era lavrador, trovador e cordelista. Com ele, aprendeu a cantar versos em feiras de sua região de nascimento. Com a mãe, frequentou rodas de folias, quando aprendeu cantos do Divino. Ainda criança mudou-se com a família para a cidade de Araguaína, Norte do Tocantins, e posteriormente para a cidade de Ceres, em Goiás.

Iniciou sua carreira participando de festivais regionais e em seguida por todo o Brasil. Seu primeiro LP, “Rela bucho”, foi lançado pela RGE em 1988. No ano seguinte ganhou com este disco o 2º Prêmio Sharp de Música, recebendo, o Troféu Ano Dorival Caymmi na categoria Revelação da Música Regional Brasileira. Gravou com artistas como Fagner, Pena Branca e Xavantinho, Rolando Boldrin, entre outros. Entre seus parceiros estão Juraíldes da Cruz, Braguinha Barroso, Wanda d’Almeida, Hamilton Carneiro, João Gomes, Beirão, Salgado Maranhão e Telma Tavares.

Em 1990, recebeu o prêmio Fiat. Lançou em 1996, o CD “U cantante”, pelo selo Mercantante. Dois anos depois, lançou pelo selo Brasis o CD “Brasis – As canções e o povo”.

Em 2000, foi classificado para as eliminatórias do Festival da Música Brasileira, promovido pela TV Globo, oportunidade em que concorreu com sua composição em parceria com Beirão, “Baião internauta”. Naquele ano, participou do Festival Novos Talentos defendendo a música “Nóis é jeca mas é jóia”, de sua autoria e Juraildes da Cruz, que se tornou rapidamente um clássico da música regional.

Em abril de 2006, participou do Projeto Pixinguinha, em caravana que passou por Cachoeiro de Itapemirim (ES), circulando por Campinas (SP), Tubarão (SC) e Guaratinguetá (SP), junto com a cantora paulista Cris Aflalo, o piauiense Gilvan Santos e a Banda de Pífanos de Caruaru. O artista mistura ritmos e cria um sotaque na música que classifica como Sertanejo Tropical.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Genésio Tocantins para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 11.11.2023:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Genésio Tocantins: Nasci no dia 11/11/1958 em Goiatins – Tocantins. Registrado como Genésio Sampaio Filho. Filho de Genésio Sampaio Rodrigues e Maria Teixeira Sampaio.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Genésio Tocantins: O primeiro contato com a música foi orgânico, do útero, desde a minha gestação. Minha mãe (Maria Teixeira Sampaio) gostava muito de cantar, e minhas tias também, catavam as cantigas de roda, cirandas, lindôs, cantigas de boi, romances de cordel, folias de divino, reisados, rezas cantadas, benditos e incelenças.

Minha tia-madrinha Flor, sempre presente nas novenas, tanto nas que ela fazia em casa em homenagem ao santo protetor, quanto nas redondezas da vizinhança. Voz das rezadeiras, das lavadeiras das ribeiras do Tocantins.

Os cantos de trabalho, tanto no preparo da terra (roça) e da vazante para o cultivo de arroz feijão, milho, mandioca, abóbora, batata, entre outros cultivares, quanto durante a colheita, que convidavam os vizinhos e parentes para o mutirão da colheita.

Grupo de pessoas animadas cantarolando, versos de incentivo e que dão força para o trabalho na terra. Os sons naturais, os cantos dos pássaros, e outros bichos, sons do remo no jacumã da canoa que fazia os botos nadarem ao redor da canoa. Portanto a música e suas nuances, fazem parte do meu universo sonoro.

Também ouvir no rádio Luiz Gonzaga, Roberto Carlos, Marinês e sua Gente, Jackson do Pandeiro, Tonico e Tinoco, Jovem Guarda e Tropicália, nesse caldeirão sonoro tudo se mistura.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Genésio Tocantins: A música veio por Intuição, minha (in)formação musical, é a natural, percepção de que tudo a minha volta, soava como sons, ritmos, música.

Minha cantadeira de Folias de Divino e reisados e benditos, cirandas. Autodidata, na minha primeira infância, fazia’ pife’ (pífano, espécie de flauta rudimentar) de talo de mamão, (meu tio Luiz, fazia e tocava pife de taboca).

Ganhei desse tio, uma violinha-de-buriti, instrumento rústico feito do talo da palmeira buriti, comum na região, encordoada com linha de pescar, dali, vieram as primeiras notas.

Já na adolescência ganhei um violão e aprendi a tocar de ouvido, os primeiros acordes, olhando o desenho dos dedos num antigo Método Tabajara, imagino que era em homenagem ao maestro Severino Araújo da famosa Orquestra Tabajara.

“Sou filho das lavadeiras, parceiro dos bem-te-vis, amor da ‘fulô’ que cheira, quero-queros, juritis, dos pampas, dos boqueirões, das aldeias, das favelas, namorado das estrelas, nação tupi guarani. A vida na voz da gente não par, nunca envelhece, as flores bordam canteiros, se uma seca, outra floresce, afino a lira do povo, nem senhor e nem senhor e nem escravo, vida andeja, índio bravo, na largueza dos geraes, filho de muitas cantigas entoa um canto de paz” – Lira do Povo-Genésio Tocantins.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Genésio Tocantins: Sou um garoto que nunca amei nem os Beatles nem o Roling Stones (não conhecia) … A primeira versão que ouvi minha mãe (Maria Teixeira Sampaio) cantarolando, Asa Branca (Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga), a letra ainda não era a de Humberto Teixeira… “A asa branca asa vai simbora, não tem nada pra levar, só tem uma rede veia, e um lençol pra se embruiá”.

Mas eu gostava era de ouvir o novo sucesso de Zé do Quinca, sanfoneiro de pé de bode, (sanfoninha de 8 baixo), O violão de Zé Maria, violeiro do sertão que tocava a noite todinha, o cego Luiz do Chupé, que tocava no meio da feira com seu reco-reco, emboladas, histórias e cantigas de autores anônimos que povoam o sertão profundo desses vários Brasís.

Os repentistas e cantadores, que se apresentavam na feira, dedilhando suas violas e improvisando versos de repentes, enquanto a plateia, colocava uns trocados na bacia colocada em frente os dois cantadores em desafios.  Os cantos de maracás, dos Indígenas da Nação Krahô, reserva que há no município de Goiatins-TO, onde vez por outra apareciam pintados de urucum e jenipapo.

Depois já na cidade de Araguaina-TO, veio o primeiro encontro com o rádio, músicas das mais variadas sonoridades e os grande sucessos da época; Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Roberto Carlos, Tonico e Tinoco, Valdik Soriano, entre tantos outros que alcançavam os mais distantes recantos do Brasil, nas ondas do rádio. Todas essas influências sonoras são importantes e contribuíram com o meu processo criativo e a construção da minha obra musical, continuam vivas na memória.

Natureza Amazônica

“Meu som – vem das quebradeiras de coco.
Meu som – vem das cantadeiras de lá
Festejos, folias, samba-de-caboclo.
Do oco do mundo. Bumbá…”
Nascer às margens do Rio Tocantins,
Ouvindo a Riqueza sonora da região é uma
Bênção para qualquer um.

“Na beira desse rio, eu nasci.
Á margem desse rio me criei.
Da água desse rio, eu bebi.
Na água desse rio, (me) batizei”
(O rio que corre em mim/G.T.)

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Genésio Tocantins: Protofonia – primeiro Festival da Canção – Araguaína – TO em 1976. Foram nos festivais de músicas que comecei a cantar, e foi a minha música que me levou a mais dos 150 festivais pelo Brasil a dentro, já que são mais de 300 festivais que acontecem anualmente, nos mais distantes recantos do País.

Campeão e premiado em categorias que vão de primeiro lugar, melhor interprete, melhor letra e aclamação popular, em mais de uma centena de festivais. Para citar alguns tais como; Festival da Tupy-1979, onde iniciando a minha trajetória, tive a oportunidade de estar no mesmo palco com Fagner vencedor com a música Quem me Levará sou eu (Dominguinhos e Manduca), Valter Franco segundo lugar com Canalha, Oswaldo Montenegro com Bandolins, Menção Honrosa com Tempo de Colheita de Genésio Sampaio na época, Menção Honrosa Maria Fumaça de Kleiton e Kledir.

Ainda concorreram, Caetano Veloso com Dona culpa ficou solteira, Alceu Valença e Jackson do Pandeiro com Coração Bobo, Zé Ramalho, Elba Ramalho com América, Jards Macalé e Moreira da Silva com Tira os óculos e recolhe o homem, Arrigo Barnabé com Sabor de Veneno entre outros que fazem a história da música popular brasileira.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Genésio Tocantins: Lançou os discos: Em 1988 “Rela-Bucho” LP pela gravadora RGE: Produção: Rildo Hora (ganhador do II Prêmio Sharp de Música Popular Brasileira); Troféu Ano Dorival Caymmi. 

Em 1996 o CD – “U. Cantante”, Mercosom Discoteca 2001-Brasília. Produção: Rildo Hora.

Em 1998 o CD “Brasis, as canções e o povo” uma coletânea-independente. Produção: Genésio Tocantins:

Em 2000 o single “Nóis é Jeca mais é Joia”, Anhanguera Discos-Goiânia

Rio-Tocantins Produções Artísticas. Produção: Rildo Hora.

Em 2002 “Brasis, as canções e o povo Genésio Tocantins Sussa Música”. Produção Independente.

O álbum “Cantos do Tocantins – o som, o ritmo e o povo”.

Em 2002 – Livreto com CD, Exposição Fotográfica e Audiovisual.

Documentário, sobre a música de tradição oral e Contemporânea feita no Tocantins patrocínio: SESI/FIETO SECULTB/Estado do Tocantins. Fundação Jaime Câmera/TV Anhanguera/Goiânia-GO. Produção e Pesquisa: Genésio Tocantins.

Em 2006 Amazônico Genésio Tocantins Produção Independente.

Em 2012 o álbum “Amor Perfeito” (Produção Independente). Prêmio, Edital do BASA – Produção Musical-Genésio Tocantins.

Obras: Aliança (c/ Juraildes da Cruz), Baião Internauta (c/ Beirão), Beijo transparente, Destino sanfoneiro (c/ João Gomes), Estação saudade Festança, Rela-Bucho, Sede dos Afetos, Lira do Povo, Canto de Arribação Peleja, Valei-me Nossa Senhora (c/ Juraildes da Cruz), Cadê meu Cerradinho, Ser-tão Forte.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Genésio Tocantins: Música Popular Brasileira com um sotaque do cerrado brasileiro, Brasil Central, Amazônia Legal, Região Centro Norte, nativista, um pé na aldeia e outro no terreiro. O Brasil não é um só Brasil, são brasis, múltiplos ritmos, manifestações culturais de todos os matizes, meu estilo surge dessa mistura de sons e ritmos, que segundo Jackson do Pandeiro tudo é samba, coco e baião.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Genésio Tocantins: Não. Meu canto sempre foi intuitivo. Com as lavadeiras na beira do rio, cantadeiras de rodas, e das folias do Divino e Reisado, aprendi os cantos sagrados e os profanos, com os vaqueiros aprendi aboiar…com os cantadores de coco aprendi embolar, com os foliões de Divino, aprendi cantar as folias, as rodas, as curraleiras, as catiras, nos forrós de pé de serra, aprendi os baiões, os xotes, os xaxados, as marchas, os arrasta-pés.

09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?

Genésio Tocantins: Não estudei técnica vocal, mas admiro que domina a técnica, com certeza todo estudo tem sua importância… Com o tempo fui desenvolvendo na prática a minha técnica para cantar, quem mora no sertão pode soltar a voz pelos campos experimentando o fôlego, o alcance da voz, a tessitura e a afinação.

Quanto aos cuidados com a voz, é de fundamental importância manter-se atento a qualquer alteração ou variação na sua voz, melhor cuidar, para manter uma voz saudável, o melhor exercício pra voz é cantar, cantar, cantar. Mas um mel de teúba, uma semente de sicupira, um chá de gengibre com rapadura, também ajuda a manter a garganta sadia.

10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?

Genésio Tocantins: Marinês e sua gente, Luiz Gonzaga, Elis Regina, Milton Nascimento, Maria Bethânia, Roberto Carlos, Alcione Marrom, Martinho da Vila, Gal Costa, Ney Matogrosso, Marisa Monte, Mônica Salmaso, Patrícia Bastos e muitos outros tantos…

11) RM: Como é seu processo de compor?

Genésio Tocantins: Não há um processo estabelecido a ser seguido, sim estar sempre conectado nas coisas que te motivam, a inspiração as vezes vem de um som uma palavra, ou de uma visão que te faz estremecer, no mais é transpiração, já que não sou nenhum gênio da composição. inspiração e transpiração…

Penso em música todo tempo, então, estou sempre atento as sonoridades das palavras, aos ritmos, aos ventos, as águas, ao fogo, o processo também é um mergulho no mundo interior, e sentir a música que te emociona e rege… A minha música por sua natureza rítmica é um convite a dança.

12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Genésio Tocantins: Tenho a sorte de ter muitos parceiros e parceiras, ao longo da estrada da vida: Braguinha Barroso, Jura ides da Cruz, Tião Pinheiro, Léo Pinheiro, Joãozinho Gomes, Vicente Barreto, Katienne Marcelino, Salgado Maranhão, entre outros que estão chegando, que sejam todos benvindos.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Genésio Tocantins: Independente pode ser a liberdade de criação, mas na hora de lançar a sua música, o mercado da música é quem dita as regras, uma grande feira de novidades, de joias e quinquilharias, de obras que atravessam e perduram o como chuva no verão.

O artista independente é um resistente e um sobrevivente, se ele vive exclusivamente da sua música. Ninguém é independente, no real todos temos as nossas dependências…

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Genésio Tocantins: Se eu te falar que não tenho uma estratégia de mercado, faço a minha produção e vou viabilizando a circulação da minha música, participo de festivais, de mostras e shows. Para o artista independente, hoje a internet, veicula o que postar, mas é a opção disponível que temos, capaz de transformar uma música em viral em tempo recorde.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Genésio Tocantins: Mantenho uma rotina de criação e ensaios permanentes, para o desenvolvimento pessoal e manter a criatividade em ação. Leio muito, escrevo, componho como atividade diária. A produção e lançamentos de novas canções, no momento em fase de organização do meu catálogo e disponibilizar nas minhas redes e canais e nas plataformas que veiculam música.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Genésio Tocantins: A internet tá lá, cada um usa de acordo suas necessidades, uns sabem tirar proveito dessa falsa liberdade ‘o vale tudo’, outros são mais éticos o problema não é a internet, são as pessoas.

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Genésio Tocantins: Com certeza a possibilidade de o artista ter a sua disposição um estúdio caseiro, facilitou nossa vida, terminou de criar uma canção já grava, e lança de dentro de casa. Isso é bom.

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Genésio Tocantins: Vamos supor que resolvemos todas essas questões tecnológicas, home estúdio que chegaram par facilitar a produção musical, milhares de músicas são lançadas nas plataformas de músicas por dia, nesse imenso mar, navegar lá com sua canoa e não naufragar, já é lucro, faço a música que faço e não apelo para fórmulas de sucesso, tenho um compromisso que a minha música. Por não ser uma música, que copia o que tá na moda, crio a música e ela faz o seu caminho no mundo.

19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileiro. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Genésio Tocantins: Hoje não desenvolvemos mais a crítica musical de tempos recentes, que jornalistas, críticos especializados, acompanhavam o cenário musical com mais atenção e senso crítico, analisando carreiras, discos, shows e performances.

O cenário atual é promissor segundo as associações arrecadadoras, maior percentual de músicas executadas nas rádios são canções em português, na frente em disparada o sertanejo universitário, no entanto a música popular brasileira, é forte em todas as regiões com suas festas tradicionais, seus folguedos e seu folclore.

Inspirados artistas e criadores da canção brasileira, vem de várias cenas, hoje a música produzida no Norte do Brasil traz um tempero e sabor todo seu. A cena nativista no sul do país com os festivais, a cena nordestina sempre trazendo uma forte manifestação de suas misturas, cena musical em Brasília, que conecta com cena musical no Tocantins, gosto de tudo.

20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?

Genésio Tocantins: Bom, de tocar em lugar que nem tinha palco, de tocar em cima de carroceria de caminhão, cantar e não receber, usar carro de som como aparelhagem, encostar atrás do palco e arrochar o buriti, e o técnico de som perguntando se eu queria o som ‘magistério ou ministério’.

21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Genésio Tocantins: Não alimento a tristeza, nem decepções, faço o que gosto, componho o que sinto, e minha trajetória me dá muita alegria.

22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?

Genésio Tocantins: O Dom existe e você desenvolve. Com estudo, dedicação e disciplina. Uns tem mais facilidades para cordas outros para sopro, contanto que faça com amor.

Na parábola dos talentos, todos recebemos os nossos, um desenvolvem e multiplicam seus talentos, outros enterram os seus e eles não brotam. Creio que somos regidos por música, por temos um metrônomo no peito, o coração, que marca o compasso de nossas vidas, e da fala para o canto é um sopro.

23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?

Genésio Tocantins: Não tenho um conceito estabelecido sobre o assunto, já que sou um compositor que fico garimpando palavras e notas até encontrar a combinação perfeita, e não um músico genial que toca e improvisa com uma facilidade com que se bebe um copo d’agua. Admiro gênios como Hermeto Paschoal, Naná Vasconcelos, Arismar do Espírito Santo e Dominguinhos que improvisa como se conhecesse a música.

24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Genésio Tocantins: O Jazz da palavra é o repente, versos feitos na hora pelos os cantadores repentistas nas praças, feiras e teatros, onde é dado um mote, e o cantador, de improviso tem que discorrer sobre o mote ou assunto proposto pela audiência.

Na história do Brasil, temos grandes nomes da cantoria de improviso, só para citar alguns personagens desse universo: Cego Aderaldo na famosa peleja com Zé Pretinho do Tucum “CA- Apreciem meus leitores/ uma forte discussão/ que tive com Zé Pretinho um cantador do sertão/ o qual no tanger do verso/ vencia qualquer questão” P – Cego, agora puxa uma/ das tuas belas toadas/ pra ver se estas moças dão algumas gargalhadas/ quase todo povo ri/ só as moças estão caladas

C – Amigo José Pretinho/ eu não sei o que será/ de você no fim da luta porque vencido já está;/ quem a paca cara compra/ a paca cara pagará

P – Cego, estou apertado/ que só um pinto no ovo/ estás cantando aprumado                  e satisfazendo ao povo/ este seu tema de paca/ por favor diga de novo                            C – Disse uma e digo dez/ no cantar não tenho pompa/ presentemente não acho/ quem o meu mapa rompa;/ paca cara pagará/ quem a paca cara compra.           P – Cego, teu peito é de aço/ foi bem ferreiro que fez/ pensei que o cego não tinha/ no verso tal rapidez/ cego, se não for maçada/ repita a paca outra vez

C – Arre com tanta pergunta/ deste negro capivara/ não há quem cuspa pra cima/ que não lhe caia na cara/ quem a paca cara compra/ pagará a paca cara        P – Agora, cego, me ouça/ cantarei a paca, já/ tema assim é um borrego/                           no bico dum “carcará” / quem a cara cara compra/ caca caca cacará… ”(Firmino Teixeira do Amaral).

Zé Limeira o poeta do absurdo que improvisava como ninguém com uma certa dose de surrealismo fantástico e invenção de palavras para acomodar suas rimas e seus versos: improvisando versos quase sempre automáticos, (de improviso) quase alucinógenos, onde o grotesco e o inusitado se insurgem contra a racionalidade cega de um mundo irracional.

Pedro Álvares Cabral, /Invento do telefone, / Começou a tocá trombone/ Na volta de Zé Leal/ Mas como tocava mal/ Arranjou dois instrumentos/ Daí chegou um sargento/ Querendo enrabar os três. / Quem tem razão é o freguês/ Diz o Novo Testamento. / Quando Dom Pedro Segundo/ Governava a Palestina/ E Dona Leopoldina. Devia a Deus e ao mundo, / O poeta Zé Raimundo/ Começou a castrar jumento. / Teve um dia um pensamento: / Aquilo tudo é boato/ Oito noves fora quatro/ Diz o Novo Testamento.

A santa filosomia/ Descreve os peixes do mar/ As sereias do sertão

Mula preta e mangangá/ Muié de saia rendada/ Moça branca misturada

Carro de boi Jatobá.

Tudo que eu dixé agora, /Vocês note no caderno:/A feme o pato é pata,

O macho de perna é perno./Seu Heleno me arresponda

Qual é o macho de onda,/ Qual é a feme de inverno!apenas uma pequena demonstração de cantoria desafio e repente de improviso.

O mago da música instrumental brasileira Hermeto Paschoal, fez a seguinte observação; que o melhor improviso é justamente aquele que você mais ensaiou.

Os grandes gênios da música sempre ensaiaram muito e por isso são capazes de improvisarem tão bem, a ponto de nós simplesmente acreditarmos que aquele improviso arrepiante foi um raio de luz divina clareando a escuridão…

25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Genésio Tocantins: Cada artista desenvolve ou pelo o estudo acadêmico ou pela prática, as suas técnicas e métodos para o seu improviso. Sendo que há aqueles que improvisam com uma técnica e mecânica impressionante pela rapidez, mas as vezes sem o sentimento melódico que o tema sugere, outros que com poucas notas, conseguem traduzir toda dimensão do tema musical proposto na sua improvisação.

26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Genésio Tocantins: Todo estudo é aproveitado, independente de quem não estudou por falta de oportunidade, mas fez o caminho do autodidata que aprendeu de ‘oitiva’ de ouvido como se diz. Mas claro quem tem o domínio das harmonias vai se destacar no meio de só faz três acordes.

27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Genésio Tocantins: Não…hoje o jabá se institucionalizou, são espaços comprado nas rádios tv e outras mídias, pelos grandes selos, escritórios e empresários dos grandes nomes ou novos nomes, que vão emplacar o próximo sucesso da balada, do rodeio, do cabaré, da bebida etc. Compram espaço, se possível compram a rádio, em parcerias com as fabricantes de bebidas, que quanto mais a música baixo astral, mas atrai as figuras do submundo da subcultura. E o trem anda esquisito moço.

Quanto mais a moda é feia mais o povo acha bonito. Nunca foi muito diferente, as gravadoras gravavam uma boa quantidade de artistas, e depois escolhiam os que ela ia trabalhar, promover e os outros ficavam no banho-maria. As vezes tendo que comprar os seus próprios discos para divulgar.

28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Genésio Tocantins: Procure ser bom no que você faz … Siga seu sonho, acredite, se você faz bem, não há o que temer. Mas não se iluda com o sucesso fácil, promessas falsas, amizades de beira de estrada, os holofotes dos cabarés, amigos de última horas e companheiros mal-agradecidos. Entenda que nem todo mundo, nasce ou vai se tornar um Roberto Carlos.

29) RM: Festival de Música revela novos talentos?

Genésio Tocantins: Os festivais sempre cumpriram um papel importante, na revelação de novos compositores, cantores e interpretes, assim como na consolidação de compositores que fizeram história nos festivais.

No caso do Brasil, sim foi através dos festivais da canção dos anos 60, 70, 80 e 90 que muitos jovens talentos se projetaram para além das disputas pelos os primeiros lugares. De Elis Regina a Jair Rodrigues, de Geraldo Vandré a Chico Buarque, de Gilberto Gil a Caetano Veloso, de Osvaldo Montenegro a Guilherme Arantes, Chico, Cesar, Lenine, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Celso Viáfora, Vicente Barreto, Nilson Chaves, só para citar alguns, que também subiram nos palcos de festivais par apresentar sua canção inédita para um público ávido por novidades, todos esses viveram algo em comum.

O palco dos festivais capaz de consagrar canções e seus criadores e promover movimentos como o tropicalismo, tudo fruto da diversidade brasileira para o usufruto nosso.

30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Genésio Tocantins: Não vejo uma grande cobertura assim da grande mídia, antes haviam os que escreviam sobre música, os críticos que ouviam e analisavam música por música para depois escrever sobre os artistas e seus lançamentos. Todo este processo nem há mais, os grandes pesquisadores, estudiosos sobre a nossa MPB, a canção, já partiram fora do combinado.

A cena musical brasileira, hoje continua riquíssima, há importantes compositores e artistas, em todo o território nacional, construindo cenas regionais fora do eixo sul-sudeste, há uma cena sulista que se alenta e alimenta nos festivais nativistas, uma cena nordestina que alimenta nos folguedos juninos, e uma cena nortista que busca emergir do fundo e das bordas da floresta amazônica. A grande mídia, no entanto, continua ignorando esta grande pororoca sonora de água doce, que invade o oceano da mesmice musical.

31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?

Genésio Tocantins: Todos os espaços abertos a boa música são benvindos e necessários, possibilitando, tantos aos artistas quanto ao público em geral, acesso aos equipamentos e aos bens culturais.

O circuito de artes integradas, comandado pelo o SESC por todo o país, considero hoje um dos maiores projetos de circulação cultural. Itaú Cultural também cumpre um papel crucial nesse contexto, com o seu Rumos Culturais.

Precisamos de mais acesso e participação nesse processo de transformação do mundo. “Sou o rosto atrás da tinta, do curumim na Amazônia, o jogador, o olé, a finta, o sonho, o sono, a insônia. Eu sou o som do tambor e espelho um autorretrato, sete fôlegos, sete vidas, eu sou o pulo do gato. (Sete Vidas-Genésio Tocantins e Léo Pinheiro).

32) O Tocantins completa 26 anos de criação. OEstado já tem uma identidade musical própria, um sotaque que o diferencie de outras regiões?

Genésio Tocantins: É muito difícil relacionar que há, especificamente, uma música tocantinense ou que há uma identidade, porque isso é um processo de construção de toda uma coletividade.

Dentro de um processo histórico de uma região, de hábitos, costumes, gastronomia, saberes e vários outros aspectos culturais que se confundem com a história de Goiás, Maranhão, Pará e parte da Amazônia, temos uma história e uma cultura muito rica.

Temos influência musical de toda essa região. Desde o ponto de vista da biodiversidade – aqui no Tocantins comporta um ecótono – o bioma Cerrado, floresta e zona de Pantanal, e essa geografia reflete diretamente na questão cultural também.

Temos influência também da região Sudeste (São Paulo e Minas), da Bahia, Estado com que temos uma ligação direta desde o ciclo do ouro, dos animais curraleiros. Então, existe esse Tocantins baiano.

O Bico do Papagaio, que considero a Mesopotâmia brasileira pela confluência de dois rios (Araguaia e Tocantins) importantes da bacia hidrográfica brasileira já tem influência do Maranhão, com os seus ritmos, com seus bumbas-meu-boi, seus cacuriás, influência também do Pará, com seu carimbó-siriá, a música da Amazônia também não deixa de penetrar no universo musical das composições tocantinenses. Tudo isso são elementos que precisam ser desenvolvidos, compartilhados dentro da música tocantinense, da música que é produzida hoje no nosso Estado.

33) E a influência de Goiás na musicalidade tocantinense?

Genésio Tocantins: Tem muita influência por conta das músicas, por conta de ser aquela coisa interiorana. Influência nas artes e na cultura em si. Em termos religiosos, temos as mesmas folias, procissões e romarias, como tem em Goiás e em Minas Gerais. A Romaria do Bonfim é tradicional aqui no Tocantins e atrais milhares de pessoas.

A festa do Divino em Goiás, a catira, tudo está contido no DNA da música feita por essas bandas tocantinenses. Do ponto de vista social, antropológico e étnico-musical a nossa musicalidade tem uma identidade definida sim, a ponto de a catira praticada aqui no Tocantins ter uma diferença da catira feita em Goiás e Minas Gerais, diferença de sotaque.

A catira daqui é feita de pandeiro, diferente da feita em São Paulo, por exemplo. Não são palmas, são sapateados e pandeiros. Há instrumentos percussivos colocados à disposição da praticada nos locais de origem, segundo os estudiosos, mas aqui tem essa diferenciação na levada das cantigas, cantilenas e bordões.

Existe muito dessa manifestação histórico-cultural nas cidades da região Sudeste do Estado, principalmente, em Natividade, Monte do Carmo, Silvanópolis, Santa Rosa e Porto Nacional. São 12 pandeiros, com violas e o pau comendo.

É uma mistura do sagrado com o profano, em determinados momentos dos rituais e das festas. Enfim, a catira de cá difere das de lá. Mas temos influência da musicalidade de várias regiões do Brasil. Tudo isso são matrizes de uma música que tem uma identidade étnico-musical.

34) E a cultura indígena, como entra nesse processo de criação musical tocantinense?

Genésio Tocantins: Exerce também grande influência, a ligação é grande. Temos uma levada que envolve cânticos e mantras indígenas, do coco, da embolada, do xote, do xaxado, do baião e, por que não, do samba.

Todo esse movimento musical feito aqui tem essas nuances. Obviamente que o poder de agregar todos esses elementos perfaz a um mergulho na cultura musical. As bandas e os regionais não deixam também de carimbar o nosso fazer musical. São as lembranças quando adolescente pelo interior do Estado, dessa região que hoje é o Tocantins.

35) Os compositores e músicos do Tocantins necessitam de um movimento para projetar a nossa música em outras regiões do Brasil?

Genésio Tocantins: Com certeza. Eu acredito que só através desses movimentos que a coisa acontece como uma cena. Os movimentos acontecem com mostras, com festivais e com o intercâmbio do artista urbano com os mestres, porque não pode haver essa desconexão do Tocantins moderno, como se fala, com as nossas raízes. Palmas, nossa capital, precisa ter essa conexão e essa interlocução.

“A catira do Tocantins é feita de pandeiro, diferente da feita em São Paulo, por exemplo. Não são palmas, são sapateados e pandeiros. É uma mistura do sagrado com o profano”.

“A catira do tocantins é feita de pandeiro, diferente da feita em São Paulo, por exemplo. Não são palmas, são sapateados e pandeiros. É uma mistura do sagrado com o profano”.

36) Palmas abriga gente de praticamente todas as regiões do Brasil. Isso forma um verdadeiro caldeirão cultural. Essa mistura não define um traço, um sotaque desse Tocantins moderno?

Genésio Tocantins: Esse sotaque vai sendo adquirido através da culinária e do conhecimento da própria cultura daqui; que existe há muito tempo, aquilo que já existia como manifestação cultural desde há muito tempo e não pode ser esquecida nem relegada ou descartada. É possível você conversar com as pessoas que estão em Palmas ou em outra cidade do Estado e que já se consideram tocantinenses.

37) É possível misturar forró com vanerão, samba e coco, por exemplo? Essa miscelânea dá liga?

Genésio Tocantins: Eu acho que tudo isso faz parte. Por exemplo, nós temos manifestações na área da música mais tradicional como a catira e a rodas de viola, a dança de roda mais especificamente, uma modalidade que é praticada aqui no Estado, a súcia, a curraleira por conta de todo um sotaque em que a música é abordada na nossa região.

Com a vinda da tecnologia utilizada na música e o acesso à internet, com certeza que surgiram outras criações e concepções para o processo de criação musical. Esse intercâmbio eu acho ainda que falta para se dizer que temos uma identidade tocantinense em termos musicais, ou se dizer que toda música produzida no local é do local.

38) A música sertaneja, não a genuinamente caipira de tempos idos, não abafou um pouco essa música dita de raiz?

Genésio Tocantins: Com certeza. A música sertaneja da forma como é praticada hoje, tratada em nível de mercado, impõe um gosto na grande maioria da população através da mídia, que a massifica com uma superexposição.

É a temática do hedonismo, que é uma dedicação ao prazer como estilo de vida e reflete os anseios de consumo e ostentação, as carências, os desencontros amorosos. A música sertaneja que é produzida hoje reflete tudo isso.

Mas existe outra música sertaneja sendo produzida por compositores que pesquisam e buscam traduzir um pouco desse Brasil brejeiro, caipira, desse Brasil musical, que não é só o samba, vanerão, baião, mas que aqui adquire um novo sotaque.

O sr. sempre alimentou a ideia de realizar um movimento que repercutisse a música tocantinense além-fronteiras. O que falta para a iniciativa frutificar?

Olha, a gente sempre conversou com outros compositores como Braguinha, Dorivan, Juraíldes da Cruz, com a preocupação de trabalhar um movimento nesse sentido, porque sabemos que, só através da coletividade, é possível a gente romper fronteiras e cair no gosto popular.

39) Como o compositor tocantinense sobrevive?

Genésio Tocantins: É a arte de sobreviver sem dinheiro (risos). Como não tem leão por aqui, você tem que matar um jacaré por dia.

40) No seu caso, que não gosta de tocar em barzinhos, é mais difícil?

Genésio Tocantins: Verdade. Mas é porque não é um mercado que condiz com aquilo que faço, que é música autoral. No bar, você tem que atender toda uma clientela com pedidos de músicas que não estão no seu repertório.

A música é apenas um tira-gosto (ironias), o principal é a bebida, a falação, a conversa, etc. Para o artista que tem um trabalho autoral, que é compositor, resta procurar os espaços, para adquirir uma clientela, um público que goste do nosso repertório. Há certa diferença entre esse mercado comercial da música e o mercado alternativo. A prova disso são os mais de 300 festivais realizado pelo Brasil durante o ano, existem sites especializados para a música alternativa independente.

Há cidades que atraem muitos turistas através de seus festivais de música, que é uma forma de se mostrar a produção cultural e artística alternativa. A música daqui não vai acontecer isolada da produção de audiovisual daqui, do teatro, da literatura, da dança…

41) Quando a cultura do Tocantins vai despontar em nível nacional?

Genésio Tocantins: Acho que vai depender muito da prática do encontro entre os mais variados setores da cultura e das artes. Todos os movimentos artísticos do mundo não são diferentes e aqui no Brasil não pode ser diferente, porque há uma conexão com todos os tempos e histórias.

42) A MPB estagnou em termos de criação e qualidade? Há uma crise de identidade na produção musical?

Genésio Tocantins: Não, não. Têm surgido bons nomes. Só que o seguinte: a mídia tradicional trabalha apenas um mercado. Hoje, quem quer ouvir uma boa música tem que buscar alternativas, entre elas a internet. Não tem como.

Lá você encontra muitos trabalhos de pessoas que produzem, que são independentes, que produzem e lançam seus trabalhos nessa rede global. São boas músicas. Os trabalhos autorais lançados anualmente por bons artistas atestam isso, são trabalhos de qualidade. Mas a indústria fonográfica tem investido muito no sertanejo dito universitário. De 30 músicas executadas pelas rádios, 25 são do estilo sertanejo. Mas, na verdade, tentam passar a ideia de que é Música Popular Brasileira. Tudo no mesmo bojo.

43) Osr. tem falado em um tal Sertanejo Tropical. Isso contrapõe o Sertanejo Universitário? O que seria esse estilo?

Genésio Tocantins: O Sertanejo Tropical valoriza muito mais a poesia. A tropicalidade da nossa musicalidade. Um sotaque nosso de falar, os nossos ritmos e os argumentos utilizados, a poética mesmo. Não é uma forma de combater o Sertanejo Universitário, é apenas uma forma de mostrar o sotaque do sertanejo genuíno. Cantos em Si-a identidade tocantinense (Paulo Albuquerque). Identidade tocantinense na música vai se tornar livro.

44) RM: Quais os seus projetos futuros?

Genésio Tocantins: O futuro a Deus pertence…Mas estou preparando um novo álbum, (em fase de gravação), um livro (em fase de escrevinhação), um filme (em fase de roteirização).

45) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

(63) 99289 – 3932 | [email protected]

| https://www.instagram.com/genesiotocantinsoficial

Canal Genésio Tocantins: https://www.youtube.com/@genesiotocantins4608

Canal Genésio Tocantins: https://www.youtube.com/channel/UCAYAt2SWQwUzhQu0qr73idw 

Genésio Tocantins no Domingão do Faustão:  https://www.youtube.com/watch?v=JhZ1JEjlrwI

Playlist Genésio Tocantins: https://www.youtube.com/watch?v=WjPBeaESLIg&list=RDEMItk38kqdMytX2_OOp7ntYA&start_radio=1


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Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.