Geison Barbosa é filho de uma dona do lar e de um metalúrgico começou a atividade cultura quando conheceu em 2005 o mestre Ras Bernardo.
Logo em seguida, em 2008, entrou em uma escola de artes técnicas para aprender e sobreviver no universo cultural. Começou a desenvolver vários projetos na Baixada Fluminense e no centro do Rio de Janeiro com Ras Bernardo e amigos. Em 2014 após produzir e ouvir muito reggae, descobriu a vertente DUB Poetry que despertou o seu interesse. Ele comprou uma cartilha de poesias e pediu um amigo DJ para arranjar alguns riddims (bases instrumentais) e começou a ensaiar em casa. Em 2016 se tornou membro do Fórum de Cultura da Baixada Fluminense através da amiga Claudinah Oliveira que se tornou a nova presidente do Fórum pelo biênio 2016/18. Em 2016 foi convidado pelo amigo Eddi MC (ex grupo Nocaute) para fazer parte do grupo de artistas da Baixada Fluminense em parceria com a Organização das Nações Unidas, o “Baixada Nunca se Rende” em que participou de palestras e ações ligadas Objetivos de desenvolvimento Sustentável. Em 2018 começou a se apresentar em diversos Saraus e encontros poéticos em vários municípios da Baixada Fluminense e do Rio de Janeiro, até mesmo uma apresentação no evento Playing for Change Day que aconteceu em Nilópolis.
Em 2019 decidiu dar um tempo de produzir eventos e passou a se dedicar mais ao seu projeto POEMAS EM DUB. Em 2020 devido a essa situação da pandemia do Covid-19, toda sociedade está sendo remodelada e precisamos ficarmos atentos e fortes as mudanças. Ele segue adiante trabalhando seu projeto, fazendo apresentações em formato de live, recebendo convites com paz, humildade e amor.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Geison Barbosa para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 07.03.2021:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Geison Barbosa: Sou pisciano nascido no dia 07.03.1978 em Nova Iguaçu – RJ. Registrado como Geison Lima Barbosa.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Geison Barbosa: Foi no espaço MANGAHELENA em Belford Roxo na Baixada Fluminense em 2014/15, em que todas as quintas-feiras rolavam bandas de reggae e DJs/Sound System. Um belo dia me inspirei e declamei uma poesia numa batida que meus amigos DJs: Rick e Diego/Terceiro Distrito SS, estavam tocando. A galera presente curtiu e percebi que precisava dar continuidade a ideia.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Geison Barbosa: Não sou formado musicalmente, aprendi como autodidata e na prática e continuo aprendendo.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Geison Barbosa: Ouvi muito death/trash/heave metal, surf music e rock/rap nacional ao final da década de 80 e toda década de 90. No gênero reggae no qual hoje desempenho um trabalho. Eu ouvia muito Jimmy Cliff, UB40, Papa Winnie, Bob Marley, Edson Gomes, Tribo de Jah, Cidade Negra. Hoje ouço vários, pois são muitos os artistas do reggae, mas gosto bastante de Midnite, Lutan Fyah, Mato Seco, Bichos do Mato. Os outros gêneros ainda ouço, mas um pouco menos.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Geison Barbosa: Comecei em 2014 através do mestre Ras Bernardo (ex Cidade Negra) que me mostrou a vertente DUB Poetry com Mutabaruka, Michel Smith, Linton Kwase Johnson etc. Após meu primeiro contato no espaço Mangahelena, pedi para um amigo DJ Marcio do Firmamento que me arranjasse alguns riddims (base instrumental) para que eu pudesse ensaiar em casa, inicialmente, com poesias de poetas da Baixada Fluminense. O tempo foi passando e fiz uma segunda apresentação numa reunião do Fórum de Cultura da Baixada Fluminense; fui membro no biênio 2016/2018 em Seropédica e daí não parei mais. Meu foco são os Saraus, e neles que fiz diversas apresentações pela Baixada e no Rio de Janeiro.
06) RM: Quantos CDs lançados?
Geison Barbosa: Tenho 13 poemas em DUB gravados no processo de finalização. Somente dois estão prontos.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Geison Barbosa: Música, poesia e informação. Informação essa relacionada ao poeta, sua poesia, sua região, história etc.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Geison Barbosa: Não.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Geison Barbosa: Acho importante e espero um dia poder me dedicar aos estudos de fato.
10) RM: Quais as cantoras(es) que você admira?
Geison Barbosa: Vaugh Benjamin, Monkey Jahyam, Ras Bernardo, Dezarie é a Queen!
11) RM: Como é seu processo de compor?
Geison Barbosa: Eu não escrevo, eu seleciono os poetas e suas poesias a serem ensaiadas em cima de riddim (base instrumental).
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Geison Barbosa: São meus amigos DJs e produtores musicais que me fornecem os riddims, o restante é I and I.
13) RM: Quem já gravou as suas músicas?
Geison Barbosa: Meus amigos produtores musical Rick e Diego no home studio.
14) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Geison Barbosa: Acho que independente ou não, sempre haverá dificuldades. O lance é trabalhar com respeito, de cabeça erguida e bem consigo mesmo que as bênçãos serão inevitáveis.
15) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Geison Barbosa: Tenho alguns amigos que me ajudam nos editais, e através de meus próprios recursos (como sempre fiz) ou de alguma iniciativa privada.
16) RM: Quais as ações empreendedoras que você prática para desenvolver a sua carreira?
Geison Barbosa: Uma coisa básica que faço é guardar todo arquivo de apresentações para meu portfólio, pois com esses materiais as chances aumentam na busca de apoios e patrocínios.
17) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?
Geison Barbosa: Na minha opinião só vejo agregar, pois todo artista precisa de visibilidade e as redes sociais são ferramentas indispensáveis.
18) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Geison Barbosa: Vejo como uma boa oportunidade de gravar música, mas é preciso ter um bom técnico para operar os programas e equipamentos, pois se não, o trabalho pode não ter o resultado final desejado.
19) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Geison Barbosa: Tem muita obra ruim por conta disso, mas também surge obras boas. Acredito que no passado não era diferente tendo em vista que as oportunidades não eram dadas. Procuro fazer da melhor maneira, com qualidade e sem desespero.
20) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Geison Barbosa: São vários os exemplos, mas vou citar uma banda que gosto bastante, O Rappa. Eles começaram com forte pitada reggae e tal, e suas músicas estão na mente de qualquer músico, seja ele Pagodeiro, Sertanejo, Funkeiro etc.
21) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado etc)?
Geison Barbosa: Um amigo produtor me convidou para participar de dois saraus. Um em São João de Meriti na Baixada Fluminense e outro em São Cristóvão – RJ. Sendo que meu riddim não tocou por problemas técnicos e tive que cantar à capela nas duas apresentações. O meu amigo me convidou novamente para que dessa vez o riddim tocasse e eu pudesse me apresentar de fato. Daí veio a pandemia do novo corona vírus e o sarau foi cancelado (risos).
23) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Geison Barbosa: Fico feliz em poder contribuir para aquilo que gosto de fazer, pois faço de coração. E triste pela não valorização dada aos artistas em vários segmentos.
24) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Geison Barbosa: Acredito que sim e o dom cada pessoa possui o seu, seja na música, esporte, literatura etc.
25) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Geison Barbosa: O improviso dá um toque a mais ao conteúdo, além de as vezes ser bastante útil em alguma derrapada (risos).
26) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Geison Barbosa: Acredito que improviso é algo que sai de repente, na hora, e assim se tornando um desavio. Programando direitinho fica algo renovado, bem legal.
27) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Geison Barbosa: Não conheço esses métodos, mas acredito que deva ser importante no processo de criatividade.
28) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Geison Barbosa: Talvez sim por conta da quantidade de likes e visualizações na internet. Quem sabe!
29) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Geison Barbosa: Acredite, estude e siga em frente.
30) RM: Quais os prós e contras do Festival de Música?
Geison Barbosa: Difícil encontrar o contra no Festival de Música, pois todo artista precisa de visibilidade.
31) RM: Hoje os Festivais de Música revelam novos talentos?
Geison Barbosa: Sim, o Festival de Música sempre revela novos talentos.
32) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Geison Barbosa: É limitada a cobertura da cena musical pela grande mídia.
33) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Geison Barbosa: Acho bacana e essencial para o artista se apresentar e para os frequentadores desses espaços multi-esportivos. Percebo que existi pouca divulgação nos eventos culturais, mas a estrutura é muito boa.
34) RM: O circuito de Bar na cidade que você mora ainda é uma boa opção de trabalho para os músicos?
Geison Barbosa: Para mesmice musical o Bar é uma opção para o músico trabalhar, mas para diversidade e música autoral, infelizmente não.
35) RM: Como você analisa o cenário do reggae no Brasil. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Geison Barbosa: O reggae no Brasil é complexo e fraco. Somos 26 Estados e 1 Distrito Federal. Somente 4/5 Estados, em 5 regiões, o reggae bomba. Isso significa 20% do canário reggae brasileiro, e isso é pouco. As revelações como bandas foram: Mato Seco, Ponto de Equilíbrio, Raízes que tocam, Planta & Raiz, Monte Sion, Natiruts, Cidade Verde Sound System etc. Os sistemas de som/Sound System foram: Gusta Ecko Sound, Dubattack SS, Roots combo SS, Digital DUB, Deskareggae SS, Jeff Boto SS etc. E os que regrediram são os que não conseguiram continuar, infelizmente.
36) RM: Você é Rastafári?
Geison Barbosa: Não, mas respeito a filosofia, o que eles acreditam embora o próprio Haile Selassie, nunca ter assumido de fato ser a reencarnação de Jesus. Eles acreditam em Deus e isso é o que importa. Jesus foi único, assim como Buda, Moisés etc, portanto, compará-los não faz sentido para mim. Acredito em Yauh, o nome do Pai. Yausha, o nome do Filho. Yaushalam, o nome da Cidade Santa, ou o que seja, independente da pronúncia. Eu acredito em Cristo Jesus.
37) RM: Alguns adeptos da religião Rastafári afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como vocês analisam tal afirmação?
Geison Barbosa: Isso é uma questão embrionária. O reggae assim como outros gênero hoje são universais e todos fazem muito bem. Sem dúvida os jamaicanos são ótimos no que fazem, assim como nós brasileiros somos ótimos no samba (risos).
38) RM: Na sua opinião quais os motivos da cena reggae no Brasil não ter o mesmo prestígio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?
Geison Barbosa: Falta de bons empresários, investidores e de um estado eficaz e menos burocrático.
39) RM: Geison Barbosa, Quais os seus projetos futuros?
Geison Barbosa: Continuar com minhas apresentações nos Saraus, gravar meu CD e quem sabe um dia gravar um vídeo; já recebi um convite (risos).
40) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Geison Barbosa: (21) 96545 – 0421 | [email protected] | https://web.facebook.com/geison.barbosalima.1
Geison Barbosa declama “Baixada Fluminense, Retrato do Brasil”, poema de Alan Salgueiro: https://www.youtube.com/watch?v=Z0YLvtC1Lpw
Balcão Poético – Geison Barbosa Lima e Poesia em Dub – DSCN2666: https://www.youtube.com/watch?v=SNYyCzCZN7M
Documentário Baixada Nunca Se Rende: https://www.youtube.com/watch?v=fmizNARZabo