Félix Rodrigues ou simplesmente Flayom, como é conhecido esse carioca do bairro de Madureira (RJ), assim resume numa frase a sua máxima: “Deixa o reggae bater”.
Cantor e compositor cursou a escola de música Villa-Lobos, mas foi através do Violão da sua mãe que teve o seu primeiro contato com a música. Ainda menino ficava ouvindo na madrugada o som que o vento trazia do “Charme” (bailes de soul e funk dos anos 1980) e da bateria do Império Serrano.
O swing da Black Music e a batida hipnótica do surdo foram despertando nele a sua verdadeira vocação: a música. Mas foi o reggae que quando bateu o convenceu qual o caminho que deveria seguir. Depois de muita caminhada e vários projetos, enfim chega ao seu primeiro CD – “Força do Bem” que foi produzido pelos maranhenses Glad Azevedo e Gerson da Conceição (Mano Bantu). O CD – “Força do Bem” foi gravado no Rio de Janeiro no Tonton Studio e mixado e masterizado por Eduardo Marques e Gerson da Conceição no Studioartsp em São Paulo.
São 11 musicas que falam de Deus, Amor, Natureza, Amizade, Cotidiano e União. Conta à participação especial do seu amigo de infância, Sergio Loroza na música “Vinho Bom” e também traz na música “Força do Bem”; que da nome ao Álbum, o talento de grandes músicos como Caesar Barbosa, Rodrigo Munhoz e Fabiano Segalote (Cidade Negra).
Também conta com a participação de Gerson da Conceição os arranjos e no vocal em “Resistência”. Nos shows é acompanhado pela banda “Saúva Atômica” formada por: Anton Verdoorn (Bateria), Junior Vernin (Baixo), Glad Azevedo (Guitarra), Rosinha Cruz e Vi Pitanga (Backing Vocals).
CD – “Força do Bem” está sendo lançado também em todas as plataformas digitais e nos convida a fazer uma reflexão pela busca incansável do amor e da paz em tempos de Guerra e intolerância. Viva o Amor. Jah Love!
Segue abaixo entrevista exclusiva com Flayom para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 26.11.2018:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e cidade natal?
Flayom: Conhecido artisticamente como FLAYOM, nascido no subúrbio carioca no dia 01 de março de 1961. Registrado como Felix Moreira Rodrigues Filho.
02) RM: Conte como foi o primeiro contato com a música dos membros da banda?
Flayom: Na infância eu já demonstrava sinais de curiosidade artística. Ao som das trombetas da Soul Music que embalava minhas noites, a dança, o som, a música, tudo aquilo me inspirava! Até que dei um jeito de fazer aquilo também. Eu (Flayom) descobri um Violão da minha mãe guardado a sete chaves dentro do guarda roupa. Quando lançaram o Festival de música Estudantil, todo mundo se inscrevendo e eu fui me inscrever também. Em uma semana aprendi umas notas, fiz uma música e participei do Festival. Aquele Violão realmente me trouxe boa historias. Anos mais tarde, já inserido no cenário musical, conheci Junior Vernin, meu parceiro de caminhada. Criamos nossa marca “Saúva Atômica”. E lá se vão 16 anos de parceria.
03) RM: Qual a formação musical e acadêmica fora música?
Flayom: Estudei música, mas não me formei. Minha primeira experiência musical foi ainda criança na igreja, onde acompanha dona Amélia, minha mãe. No grupo jovem da igreja, cercados de amigos, tocávamos nas missas e nas festas nas casas dos amigos. A partir dai, nunca mais parei. Estudei e completei o ensino médio.
04) RM: Quais as influências musicais no passado e no presente dos membros da banda? Quais deixaram de ter importância?
Flayom: James Brown, Michael Jackson, Gilberto Gil, Lauren Hill, Bob Marley, Hermeto Pascoal, Belchior. Até hoje todas as referências se faz presente em minha vida.
05) RM: Quando, como e onde você começou a carreira musical?
Flayom: Sempre me apresentei como Flayom de cantor solo e sem recursos e bem difícil (risos). Em 2003 conheci Junior Vernin (baixista) que me apresentou Anton Veerdoon (baterista) formamos um núcleo e trabalhando, compondo e produzindo um material até chegar ao CD – “Força do bem”. Tivemos vários amigos que em partes dessa trajetória somaram. “Saúva Atômica” é a banda que me acompanha no show: Junior Vernin (Baixo), Anton Veerdoon (Bateria), Rosinha Cruz e Vi Pitanga (backing Vocals), Glad Azevedo (Guitarra) e Alex Veley (Teclados).
06) RM: Quantos discos lançados?
Flayom: Força do bem é nosso primeiro disco e foi lançado em 2018 foi à realização de um trabalho de mais de 30 anos. Um sonho que foi possível com a parceria de grandes parceiros e amigos com a produção musical de Gerson da Conceição e Glad Azevedo. Grandes amigos e músicos participaram desse time: Anton Verdoon, Glad Azevedo, Junior Vernin, Rosinha Cruz, Vivi Pitanga, Gerson da Conceição, Regis Leal, Gilson Santos, Fabiano Segalote, Rodrigo Munhoz, Leo Mucuri, Dico Las-Casas, Cláudio Silva, Helio Guida e Nel. Participações Especiais: Sergio Loroza na música “Vinho Bom” e Caesar Barbosa na música “Força do Bem”, Gerson da Conceição na música “Resistência”. CD – “Força do BEM” canalizando todas as boas vibrações na musica retrata meu dia a dia, minha família, minha filosofia de vida. Força do bem e Filho de peixe são músicas que nos shows temos uma boa receptividade.
07) RM: Como vocês definem o estilo do Flayom dentro da cena reggae?
Flayom: Nosso trabalho é um reggae com muita influência de música brasileira.
08) RM: Flayom, como você se define como cantora/intérprete?
Flayom: Discípulo de Jah. Canto o que eu vivo. Poesia em movimento. Realidade, emoção e religiosidade.
09) RM: Flayom, quais os cantores e cantoras que você admira?
Flayom: Djavan, Ednardo, Fagner, Marisa Monte…
10) RM: Quem são os autores das canções da Flayom?
Flayom: Eu componho minhas próprias canções e tenho parceiros como Glad Azevedo e Junior Vernin.
11) RM: Quais outras bandas de reggae regravaram seus reggae?
Flayom: Nenhuma banda gravou ainda (risos). Mas alguns amigos já regravaram algumas de nossas músicas. Jonnhy Rasta e Glad Azevedo.
12) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolvimento da sua carreira musical?
Flayom: Participo sempre de saraus culturais com a ideia de fortalecer a cena artística e independente da cidade. Invisto em materiais de divulgação e audiovisual. Sem contar os ensaios, shows. Estamos preparando um vídeo da música resistência será uma espécie de vídeo clipe e documentário que relata a minha historia e do lugar onde vivo e toda a dificuldade que enfrentamos todos os dias.
13) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento da sua carreira musical?
Flayom: Ajuda e muito! A internet é sem duvidas umas das melhores ferramentas de divulgação atualmente na música. Uma grande vitrine. Conseguimos nos conectar com várias pessoas e bandas do mundo.
14) RM: Como vocês analisam o cenário reggae brasileiro? Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Flayom: Reggae é uma música de resistência que tem grande representatividade no Brasil inteiro têm movimentos e cenas fortes e por todos os lugares do Sul ao Nordeste. “Ponto de equilíbrio” e uma banda com quase vinte anos que se consolidou com as suas letras e ideologia.
15) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso a tecnologia de gravação (Home Studio)?
Flayom: Vejo grandes vantagens sim, facilita na hora de compor, de fazer o registro das músicas e por vezes também facilita todo o processo de gravação, você pode ter uma participação de uma pessoa de outro estado ou país, ficou mais curto esse caminho.
16) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente uma carreira musical. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo, mas a concorrência se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Flayom: Pensar bem na composição, nas letras e arranjos e elementos das músicas. Não tenho a pretensão de sermos melhores ou diferentes, apenas acreditamos no nosso som.
17) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que vocês têm como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Flayom: “Natiruts” é uma banda com uma boa estrutura, bons músicos, uma boa equipe técnica e um ótimo nível musical. “Mato Seco” é uma banda independente são bem organizados e articulados mostrando que é possível divulgar o trabalho, eles servem de inspiração para bandas alternativas.
18) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical?
Flayom: Lembro-me uma vez, que fui convidado para abrir um show de um amigo. Cheguei lá, muitas motos, cabelos compridos, camisetas pretas. Foi quando percebi onde estava o público era rock. Subi cantei minhas músicas e graças Deus deu certo, foi quando percebi que o reggae e rock podem e andam juntos.
19) RM: O que deixam você mais felizes e mais tristes na carreira musical?
Flayom: Feliz é quando nos apresentamos e o público canta junto com a gente. A mais triste é a falta de união entre as pessoas que trabalham com música.
20) RM: Quais os músicos ou/e bandas que vocês recomendam ouvir?
Flayom: Samory, Tribal Seeds.
21) RM: Qual a relação pessoal e profissional com Gerson Conceição?
Flayom: Pura irmandade, puro Amor. Um grande irmão e mestre e foi um divisor de águas para mim. Ele produziu o nosso disco. Teve um olhar diferenciado, que fortaleceu a minha música e poesia. Sou eternamente Grato.
22) RM: Qual a relação pessoal e profissional com Sergio Loroza?
Flayom: Somos parceiros desde criança. Até hoje nos falamos, com aquele cuidado especial um para com o outro. Faz parte da minha historia e abrilhanta uma das músicas do CD, a “Vinho Bom”.
23) RM: Você acha que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Flayom: Sim, nossas músicas tem tocado em varias rádios pelo Brasil sem o pagamento do famoso Jabá. Hoje existem varias rádios e aplicativos via web que dão espaço para o nosso som. Existem vários e ótimos programas em rádios independentes, que falam diretamente para nosso segmento.
24) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Flayom: Acredite, Siga e não Desista. Se isso for sua verdade, Insista nisso! Tenha fé em Deus. Trabalhe, trabalhe e trabalhe.
25) RM: Como você analisa a relação direta que se faz do reggae com o uso da maconha?
Flayom: Eu não acho positiva, pois vivemos em um país com vários tabus e preconceitos e vários pontos que devem ser esclarecidos. O reggae e a ganja (maconha) são marginalizados por muitos.
26) RM: Como você analisa a relação direta que se faz do reggae com a religião Rastafari?
Flayom: O Reggae é um gênero musical que fala de Deus, de amor, natureza, respeito ao próximo que são conceitos da religião Rastafari. Bob Marley foi um representante do reggae e adepto a religião Rastafari, por isso a grande associação.
27) RM: Algum de vocês são adeptos a religião Rastafari?
Flayom: Não somos adeptos ao Rastafari.
28) RM: Os adeptos a religião Rastafari afirmam que só eles fazem o reggae verdadeiro. Como você analisa essa afirmação?
Flayom: A mensagem acima de tudo é o que me interessa. Não importa a cor, o gênero e muito menos a religião. A música é universal e a forma mais pura de expressão. Meu reggae tem cor, sabor e movimento. Escrevo e canto o que eu vivo. E essa é a minha verdade.
29) RM: Quais os motivos para o Reggae no Brasil não ter o mesmo prestigio que tem na Europa, nos EUA e no exterior em geral?
Flayom: Preconceito parece ser o motivo principal, pelo reggae ser uma música proveniente do gueto.
30) RM: O que falta para as bandas de reggae no Brasil fortalecerem o movimento sem se apegarem a gosto pessoal da vertente que optaram em tocar?
Flayom: Acredito que as coisas vêm mudando que as bandas, produtores e organizadores de eventos vêm se organizando e com isso a cena vai se fortalecendo.
31) RM: Quais as atitudes individuais dos músicos permitem vida longa para uma banda?
Flayom: Respeito um pelo outro e tolerância.
32) RM: Quais os projetos futuros da banda?
Flayom: Continuar divulgando o CD, shows e levar nosso reggae a todas as partes do mundo.
33) RM: Quais os seus contatos para show e para os fãs?
Flayom: www.flayom.com.br