O maestro, compositor, arranjador, cantor, instrumentista e produtor carioca Flávio Fonseca e dirige o Grupo Takto e a Orquestra Contemporânea Flávio Fonseca. Irmão da cantoraMônica Fonseca. Sua formação musical inclui estudos com Cláudio Santoro, Koellreuter, Arthur Bosmans, Benito Juarez, Dori Caymmi e Marco Pereira.
Ao longo de sua carreira, atuou, como instrumentista, em discos de Leila Pinheiro, Antonio Adolfo, Nando Carneiro, Hélio Delmiro e Manassés; em shows de Nara Leão, Claudio Nucci, Luli & Lucina, Zélia Duncan, Cyda Moreira, Marcelo Saback e Quarteto de Brasília; e em gravações para televisão com Jane Duboc e Cássia Eller. Como produtor musical, trabalhou com Arrigo Barnabé, Corciolli, Uakti, João Nogueira e Jorge Mautner. É autor de trilhas sonoras para teatro e dança.
Como artista solista, constam de sua discografia os discos “Flávio Fonseca” (1983), “Flávio Fonseca en Esperanto” (1985), “Luz do r” (1989), “Aerlumo” (1990), “Em nossas mãos” (1993), “A força que ecoa em todo canto” (1996), “Liberdade e compromisso” (1998), “Preces e orações” (2001), “La Korvo” (2002) e “Simbiozo”. E participou, ainda, das coletâneas “Gosto de vida” (1985), “Vinilkosmo-Kompil – vol. 1” (1995/França), “Pra pirá Brasília” (1997) e “Qual é a sua?” (2001).
O Grupo Takto possui uma formação original e de bom resultado sonoro: Marília Carvalho e Alessandra Lalucce (duas flautas alternando entre transversais e barrocas), Taís Vilar (clarineta ou clarone), Flávio Fonseca (violão), Diogo Vanelli (percussão e bateria) e, eventualmente, vozes.
O repertório do Takto passa por diversos estilos e épocas, buscando unir sofisticação e apelo popular para atingir eficazmente todo tipo de público. Em seus programas há erudito, samba, choro, frevo, baião, jazz, progressivo, trilhas sonoras de cinema e até canções infantis. Os arranjos são exclusivos e exploram bem as possibilidades oferecidas pelos instrumentos da formação. Em outubro 2009 foi lançado o primeiro CD – Tempo.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Flávio Fonseca para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 16.06.2012:
01) RitmoMelodia: Qual a data de nascimento e a cidade natal dos membros do grupo?
Flávio Fonseca e Grupo Takto: A faixa etária no grupo é bem heterogênea. De 20 e poucos anos a quase 50. Poderíamos dizer que são três gerações que se encontram. Como Brasília é uma cidade nova. O normal é termos pessoas das mais variadas procedências, a ponto de nem lembrarmos mais onde cada um nasceu. Eu, Flávio Souza da Fonseca nasci no Rio de Janeiro no dia 23.01.1963.
02) RM: Como foi o primeiro contato com a música pelos membros do grupo.
Flávio e Grupo Takto: Coincidentemente, nós: Marília Carvalho, Eidí Lima, Alessandra Lalucce – flautas, Taís Vilar – clarineta, Diogo Vanelli – bateria, crescemos em famílias musicais e tivemos educação musical desde pequenos.
03) RM: Qual a formação musical e\ou acadêmica dentro ou fora da música, dos membros do grupo?
Flávio e Grupo Takto: Todos nos formamos em música pela Universidade de Brasília.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância para os membros do grupo?
Flávio e Grupo Takto: Cada um de nós trouxe as suas influências, conforme o gosto pessoal. E isto é que proporcionou a agradável combinação de estilos que o grupo apresenta. Tem os traços de Jazz, de Rock, Bossa Nova, Erudito. E normalmente mantemos o esforço de ousar e surpreender na escolha do repertório e no tratamento dado a ele. Por isso, creio que nenhuma influência deixará de ter importância.
05) RM: Quando, como e onde começou o grupo? Explique a escolha do nome do grupo?
Flávio e Grupo Takto: Em maio de 2004 Flávio Fonseca foi convidado a se apresentar em um evento beneficente. Como não haveria cachê, Flávio optou por convidar para acompanhá-lo alguns músicos mais próximos. Todos os membros da orquestra na época regida por ele: Marília Carvalho e Eidí Lima (flautas) e Taís Vilar (clarineta). Alguns shows depois, entrou no grupo o Diogo Vanelli (bateria). Ano passado (2009) a Eidí mudou-se do Brasil, e em seu lugar entrou a Alessandra Lalucce. O nome do grupo, Takto, é uma palavra em esperanto, e significa tempo, compasso musical.
06) RM: Quantos CDs lançador pelo Grupo Takto?
Flávio e Grupo Takto: Em 2012 foi lançado o segundo CD – “Sinfonia da Alvorada”. E em 2009 o primeiro CD – “Tempo”. Flávio Fonseca – 1983; Flávio Fonseca en Esperanto – 1985; Luz do Ar – 1989; Aerlumo – 1990; Em Nossas Mãos – 1993; A Força que Ecoa em Todo Canto – 1996; Liberdade e Compromisso – 1998; Preces e Orações – 2001; La Korvo – 2002; Simbiozo – 2002; Tempo (Grupo Takto) – 2009. Participações em Coletâneas: Gosto de Vida – 1985; Vinilkosmo-Kompil’ – Vol. 1 – 1995 (França); Pra Pirá Brasília – 1997; Qual é a Sua? – 2001.
07) RM: Como você define o estilo musical do grupo?
Flávio e Grupo Takto: Tocamos de tudo um pouco. Embora atualmente estejamos mais focados no repertório instrumental (sobre o qual se baseou nosso CD). E também fazemos trilhas de filmes, MPB, erudito.
08) RM: Como é o processo de compor do grupo?
Flávio e Grupo Takto: Normalmente, os arranjos são escritos pelo Flávio. Embora tenhamos também alguns feitos pela Taís e pela Marília. Algumas músicas são autorais, compostas pelo Flávio.
09) RM: Quais são seus principais parceiros musicais do grupo?
Flávio e Grupo Takto: Já nos apresentamos com outros artistas, como as cantoras Gisele Meira e Clara Pancieri.
10) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Flávio e Grupo Takto: O de sempre: mais liberdade, com menos investimento e divulgação.
11) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro. Em sua opinião quem foram as revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Flávio e Grupo Takto: Sempre teve gente fazendo coisa boa. Se antigamente reclamava-se que a mídia não apoiava, e por isso parecia que a música estava pobre, hoje a situação é diferente. Com a internet, mesmo quem não é reconhecido e apoiado pelos meios de comunicação oficiais consegue alcançar seu público, seus nichos, e sobreviver de alguma forma.
O mundo ficou menor, e é difícil falar de música brasileira sem incluir artistas de outros países, que nos influenciam e são influenciados por nós de maneira muito mais direta. Artistas nacionais fazem mais sucesso no Japão que aqui, enquanto valorizamos músicos que mal são conhecidos em sua terra natal. Vale ressaltar também o crescimento da quantidade de grupos de câmara, ou seja, pequenos grupos instrumentais acústicos.
Após a facilidade que a tecnologia trouxe para que qualquer um pudesse fazer música em seu próprio quarto, usando timbres eletrônicos, o público passou a preferir a música real, feita ao vivo, e isso abriu mercado para uma infinidade de bons – e jovens – músicos que se destacam na técnica do instrumento e na sensibilidade. Difícil citar alguns nomes, em meio a tantos.
12) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Flávio e Grupo Takto: Mais uma vez, são tantos. Que é difícil eu falar só de alguns. Grupos como: Sujeito a Guincho, Seis com Casca, Tocata Brasil, Maogani, compositores como Mário Adnet, Chico Pinheiro, Guinga, Dori Caymmi… E certamente esquecemos muitos.
13) RM: Quais as situações mais inusitadas que aconteceram na sua carreira musical?
Flávio e Grupo Takto: Acho que problemas todo artista já passou. Já tivemos contrato cancelado em cima da hora. E viagem internacional cancelada por causa das eleições, fizemos show em um grande evento, com vários palcos, com o som do palco vizinho invadindo o nosso.
14) RM: O que mais deixa feliz e triste na carreira musical os membros do grupo?
Flávio e Grupo Takto: Naturalmente, o que mais nos deixa felizes é o reconhecimento do público e da crítica, que se traduzem em bom público nos shows e boa vendagem dos discos.
15) RM: Nos apresente a cena musical da cidade que você mora?
Flávio e Grupo Takto: Brasília é uma cidade muito rica musicalmente. Aqui se encontra qualquer tipo de música. Apesar de no século passado ter se tornado conhecida como a capital do rock, o Clube do Choro é um espaço de projeção nacional, apresentando e despejando no cenário artístico músicos da melhor qualidade. Foi daqui também que saíram artistas como Rosa Passos, Fagner, Ney Matogrosso e Zélia Duncan, entre tantos outros.
Ha espaços culturais para todos os gostos. Além do mencionado reduto do choro, há casas especializadas em Jazz, Sertanejo, Pagode, MPB, Erudito… E não podemos nos esquecer do cada vez mais importante Clube da Bossa, em que recentemente o Roberto Menescal veio se apresentar.
Do ponto de vista educacional, também é uma cidade forte. Podemos citar como os principais centros de ensino a UnB (Universidade de Brasília), a Escola de Música e a Escola de Choro Rafael Rabelo, além de inúmeras escolas particulares.
16) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as músicas do grupo tocarão nas rádios?
Flávio e Grupo Takto: Felizmente, já tem tocado, principalmente em Brasília, mas também em outras cidades e países.
17) RM: O que vocês dizem para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Flávio e Grupo Takto: Assim como em qualquer carreira profissional, é necessário ter uma meta clara, autoconfiança e persistência. Fazer um trabalho de qualidade, acreditar nele, montar uma boa rede de contatos, e sempre procurar ser legal com todo mundo.
18) RM: Quais os projetos futuros?
Flávio e Grupo Takto: Lançamos o segundo CD – Sinfonia da Alvorada, com repertório baseado em nossos shows mais recentes.
19) RM: Quais os seus contatos?
Grupo TAKTO: www.myspace.com/grupotakto / www.myspace.com/flafon / http://www.myspace.com/ocflafon / [email protected]