O cantor e compositor brasiliense Flávio Delli lançou no dia dois de agosto de 2024 álbum “O Amor é um Pequeno Intervalo entre Duas Saudades”. O compositor propõe uma reflexão poética sobre as relações afetivas e a presença da saudade como elo central do amor. Reconhecido por suas abordagens inovadoras na música e nos videoclipes, neste trabalho, Flávio mergulha nas profundezas das emoções humanas e explora a ideia de que o amor não é pleno sem a presença marcante da saudade.
Nos shows de lançamento, Flávio Delli planeja transportar a poesia dos clipes para o palco, promovendo happenings que emulam as experiências emocionais apresentadas nos vídeos. Combinando cinema, música e performance ao vivo, o artista promete uma experiência única para os espectadores, encapsulando a essência do álbum em uma apresentação ao vivo.
Flávio Delli é um artista multifacetado que iniciou sua carreira no teatro e migrou para a música. Formado em Cinema pela Universidade de Roma, Flávio combina suas habilidades cinematográficas com sua paixão pela música, criando experiências audiovisuais únicas.
O artista lançou músicas que ultrapassaram a marca de 1 milhão de streamings e teve a honra de abrir shows para grandes nomes da música brasileira, como Silva, Marcelo Jeneci e Hamilton de Holanda.
Além de seu sucesso musical, Flávio Delli é um dos fundadores e produtor do Festival MovA, um evento cultural importante para a cena da música brasileira. Ele também já dividiu o palco com artistas renomados, como Ana Cañas, Pedro Alterio (5 a Seco) e Tico Santa Cruz.
O lançamento do primeiro álbum solo, intitulado “O Amor é um Pequeno Intervalo entre Duas Saudades”, gravado de forma independente, marca um novo capítulo em sua carreira, consolidando sua posição como um dos artistas mais inovadores e sensíveis de sua geração.
Além disso, o artista conta com uma base de fãs ativa nas redes sociais. Seus mais de 50 mil seguidores no Instagram se conectam e interagem fielmente com suas publicações.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Flávio Delli para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 23.09.2024:
01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?
Flávio Delli: Nasci no dia 02/08/1985 em Brasília, DF. Registrado como Flávio de Carvalho Nardelli.
02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Flávio Delli: O meu primeiro contato com o fazer musical foi uma banda de Samba e Pagode que tive dos 14 aos 18 anos. Ali aprendi a gostar de grandes letristas como Jorge Aragão.
03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?
Flávio Delli: Sou formado em Cinema e Artes do Espetáculo, pela Universidade de Roma TRE. Estudei canto em cursos livres e tive como mentor Wagner Barbosa, preparador vocal de Gal Costa, Marcelo Jeneci, Criolo, entre outros grandes nomes da MPB.
04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?
Flávio Delli: Tudo começou com Chico Buarque e Cazuza. Chico Buarque me foi apresentado pela minha primeira namorada e Cazuza veio por meio do livro “Só as mães são felizes”, que peguei na biblioteca da escola para minha mãe ler. Como ela demorou, fui ler o livro e fui completamente abduzido pela poesia.
Minhas grandes referências são grandes letristas ou intérpretes de grandes letras, a maioria em língua portuguesa. Além de Chico Buarque e Cazuza, Jorge Aragão, Cássia Eller, Marcelo Camelo, Beth Carvalho, Alexandre Carlo.
Nenhuma deixou de ter importância, mas por ter ouvido tanto, já não ouço mais espontaneamente Chico Buarque nem Cazuza.
05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?
Flávio Delli: Considero que comecei a minha carreira em 2016 com a banda Apráticos.
06) RM: Quantos álbuns lançados?
Flávio Delli: Lancei em agosto de 2024 meu primeiro álbum: “O Amor é um Pequeno Intervalo entre Duas Saudades”. Proponho uma reflexão poética sobre as relações afetivas e a presença da saudade como elo central do amor.
Álbum composto por oito músicas, das quais três em colaboração, o trabalho é uma ode à brasilidade entrelaçada com poesia, ironia e existencialismo. Sob a direção musical de João Ferreira, conhecido por seu trabalho com o Natiruts e vencedor do Grammy Latino. Eu ofereço uma abordagem psicanalítica das relações afetivas, desafiando a concepção convencional de amor como um estado de plenitude constante.
O álbum é estruturado para refletir o ciclo do amor, desde a carência antes de um relacionamento até o luto após o seu fim. Cada faixa representa uma fase distinta desse ciclo, oferecendo uma jornada emocional que mescla esperança, paixão inicial, amor, planos futuros, término recente e memórias de amores passados.
Destaque para o clipe da música “Pedacinho”, que viralizou na internet ao retratar encontros emocionais entre ex-casais, inspirado nas performances de Marina Abramovic. Com mais de 4 milhões de visualizações, 150 mil likes e 10 mil comentários, o sucesso do vídeo me motivou a expandir a proposta do “doc-clipe”, filmando mais dois clipes no mesmo formato documental.
07) RM: Como você define seu estilo musical?
Flávio Delli: Música brasileira contemporânea.
08) RM: Você estudou técnica vocal?
Flávio Delli: Muito técnica vocal. Estudei canto em cursos livres e tive como mentor Wagner Barbosa, preparador vocal de Gal Costa, Marcelo Jeneci, Criolo, entre outros grandes nomes da MPB.
09) RM: Qual a importância do estudo de técnica vocal e cuidado com a voz?
Flávio Delli: Por não ter desenvolvido intuitivamente a ferramenta do canto, foi importantíssimo ter cruzado com grandes preparadores vocais, pois cada um acrescentava em um campo do vasto universo da voz. Destaco as técnicas de voz mista com Wagner Barbosa, que me deram uma extensão vocal ampla e natural, e os estudos de ritmo para cantores com Giana Viscardi.
10) RM: Quais as cantoras (es) que você admira?
Flávio Delli: Cássia Eller, Amy Wine House, Jeff Buckley, Elis Regina, Raye, Beth Carvalho, Chico Buarque.
11) RM: Como é seu processo de compor?
Flávio Delli: Comecei escrevendo apenas letras e apenas sobre coisas que vivia na pele. Estudei violão e hoje componho letra e música, de modo que às vezes a melodia sai antes, de improvisos no violão, e às vezes um insight letrístico desencadeia o processo.
Cada música tem de ter uma sacada, um fio que faça com que valha à pena seguir com a composição. Hoje escrevo tanto sobre o que vivi, quanto sobre histórias imaginadas com as quais depois o público se identifica, o que considero um sinal da minha maturidade como compositor.
12) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?
Flávio Delli: George Costa, Will Mourão e Mônica Vicentim.
13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Flávio Delli: O grande pró é poder expressar plenamente a minha visão de mundo e de arte, sem condicionantes externos.
O grande contra é não conseguir escalar o meu trabalho, fazê-lo chegar em mais gente, na velocidade que eu gostaria.
14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?
Flávio Delli: Dentro do palco é montar um show que seja catártico, um espetáculo com inspirações em narrativas cinematográfica e teatrais (linguagens que fazem parte da minha formação).
Fora do palco a estratégia é focada em aumentar o alcance da minha música, criando uma comunidade engajada em torno dela, para que as pessoas queiram ir nos shows, fim maior da minha carreira musical.
15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?
Flávio Delli: Busco captar patrocínios via leis de incentivo e criar conteúdo que ampliem o sentido das minhas músicas nas redes sociais, principalmente o instagram.
16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?
Flávio Delli: A internet só ajuda. Não fosse a internet, pra eu conseguir fazer shows com 300 pessoas cantando cada sílaba das músicas, como tenho feito, eu teria que morar no Rio e São Paulo e contar com a sorte de uma gravadora olhar pro meu trabalho de forma a apostar nele. Com a internet, eu consigo buscar o meu espaço, mesmo que a passos mais lentos.
17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?
Flávio Delli: A vantagem é o preço que se paga pra gravar músicas com qualidade. Não vejo desvantagens.
18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?
Flávio Delli: O mais difícil para conseguir me diferenciar no meu nicho foi, justamente, descobrir qual o meu diferencial. Assim que minha banda acabou e comecei a carreira solo, mergulhei no Flávio Delli artista, pra descobrir o que eu tinha a dizer pro mundo, quem é o artista Flávio Delli, o que é só dele, que ninguém mais tem.
A partir disso, desenvolvi uma persona, que é parte do que eu sou, mas é a parte artística que quero mostrar para o mundo. Defini meus atributos e meu arquétipo e qualquer ação minha (videoclipes, poesias, conteúdo, músicas, conceituação de show) parte dessa persona, que hoje considero bem definida.
Uma vez tendo conseguido isso, toda a minha produção artística flui com muito mais naturalidade. Aí uso técnicas de marketing digital e criação de conteúdo pra redes sociais pra fazer com que esse diferencial alcance e se comunique com o público certo.
19) RM: Como você analisa o cenário da Música Popular Brasileira. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?
Flávio Delli: Analiso a MPB atual como efervescente, sempre com o surgimento de novos nomes interessantes, mas ainda seguindo uma linha estética muito parecida, e pouco focada em uma área que acho muito importante: a letra. Acho que os artistas que se destacam não dão tanta importância para as histórias cantadas ou para a escolha de palavras, fonemas e campo semântico. Acredito que há espaço hoje para o surgimento de grandes letristas da nova MPB.
A maior revelação da música brasileira das últimas décadas e que permanece relevante ainda hoje foi Marcelo Camelo. Para citar alguém mais recente, admiro bastante o trabalho do Martins, da Juliana Linhares e do Jota Pê, três artistas que mostram cuidado com a canção, contam histórias e tem coerência na estética.
Difícil dizer quais artistas regrediram, pois pode ser apenas porque não acompanhei de perto o desenvolvimento da carreira deles, mas uma artista que não vejo produzir nada de relevante há quase uma década é Maria Gadu.
20) RM: Quais as situações mais inusitadas aconteceram na sua carreira musical (falta de condição técnica para show, brigas, gafes, show em ambiente ou público tosco, cantar e não receber, ser cantado, etc)?
Flávio Delli: A situação mais constrangedora foi fazer um show da minha banda para 6 pessoas, 5 conhecidas e 1 que trabalhava no local do show. Ali percebi que tinha alguma coisa errada com nosso planejamento de carreira.
21) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Flávio Delli: A troca com o público a respeito da minha arte me alimenta muito. Eu escolhi ser músico e não apenas poeta por isso, pela troca com a plateia. Nada me deixa triste hoje, mas a velocidade com que as coisas ainda andam na minha carreira me angustiam.
22) RM: Existe o Dom musical? Como você define o Dom musical?
Flávio Delli: Existe. O dom, na minha definição, é aptidão misturada com paixão. Se a pessoa tem paixão e facilidade pra uma área, ela se desenvolve com menos esforço do que alguém que só tenha paixão ou só tenha aptidão. Além disso, a música é composta de infinitos universos e há dons possíveis em várias habilidades.
Acredito também que com paixão e sem aptidão, uma pessoa sem dom pode igualar uma com dom. Já com aptidão, mas sem paixão, uma pessoa sem dom não pode igualar uma com dom.
23) RM: Qual é o seu conceito de Improvisação Musical?
Flávio Delli: Eu pratico mais a improvisação lenta, que é a improvisação fora do palco, pra fins de composição. Experimento uma sensação de muita liberdade nisso, mas ainda não lapidei minhas habilidades para transformar a improvisação em algo a ser exibido em shows.
24) RM: Existe improvisação musical de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?
Flávio Delli: Existe, e é algo cuja aplicação o estudo facilita muito.
25) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?
Flávio Delli: Os prós são possibilitar que pessoas que não têm isso intuitivamente possam experimentar a liberdade que é improvisar. Contras de estudo são muito poucos, talvez haja contras se a abordagem for no sentido de engessar a pessoa.
26) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?
Flávio Delli: Contras de estudo são muito poucos, talvez haja contras se a abordagem for no sentido de engessar a pessoa.
27) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?
Flávio Delli: Acho bem difícil.
28) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Flávio Delli: Desista! Se você desistir de desistir, aí é pra você. Isso vale pra qualquer carreira artística.
29) RM: Festival de Música revela novos talentos?
Flávio Delli: Acredito que festivais de música dão palco pra novos talentos se desenvolverem, mas não acredito que a presença no line up de um grande festival irá mudar a carreira de um artista. Para figurar em vários festivais, o artista tem que ter público, só assim será chamado.
Então acredito que o artista deva investir em formar primeiro uma base de fãs. Assim, participar ou não de festivais não é tão importante e assim ele tem muito mais chances de ser chamado para vários festivais.
30) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?
Flávio Delli: A cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira é bem engessada e previsível.
31) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI e Itaú Cultural para cena musical?
Flávio Delli: Como os festivais, são espaços que farão a diferença pra quem já tem um público. Se o artista não tem público, esses palcos o chamarão algumas poucas vezes e não farão tanta diferença em sua carreira, a não ser pela possibilidade de se desenvolver.
32) RM: Fale de sua atuação no teatro.
Flávio Delli: Trabalhei por mais de 10 anos no teatro como diretor, roteirista e produtor de comédia e drama. Minha vocação para contar histórias foi plenamente desenvolvida ali. A arte de se montar um espetáculo que prenda a plateia, também. Hoje uso muitos elementos teatrais e até um pouco da comédia, em meus shows, clipes e músicas.
33) RM: Apresente o Festival MovA.
Flávio Delli: O Festival MOVA teve sua primeira edição realizada em 2017, fruto do sonho de dois músicos de Brasília – DF, a fim de proporcionar uma plataforma que desse voz e visibilidade nacional para artistas da cidade por meio do intercâmbio com artistas consagrados da Nova Música Popular Brasileira.
O evento é desenvolvido por artistas e produtores que buscam se expressar por meio da arte e da cultura, como uma interseção entre diversas gerações, vertentes e ritmos. Já passaram pelo palco do MOVA artistas consagrados como: Ana Cañas, Silva, Maria Gadu, Céu, Mestrinho, Marcelo Jeneci.
34) RM: Quais os seus projetos futuros?
Flávio Delli: Meu principal projeto é uma turnê nacional do meu novo álbum, O amor é um pequeno intervalo entre duas saudades, recém-lançado, que rodará 12 capitais.
35) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?
Flávio Delli: Para fãs, o meu contato é meu https://www.instagram.com/flaviodelli, onde respondo pessoalmente cada comentário e cada mensagem por directo. Contato para shows: (61) 99466 – 8192 | [email protected]
Canal YouTube: https://www.youtube.com/@flaviodelli5520
Confira o doc-clipe “Pedacinho”: https://www.instagram.com/p/CwGZ3RtqfzO
Spotify: https://open.spotify.com/intl-pt/artist/7tvccNdYN1CIEfUEpv4R9d
Informações para Imprensa – Tudo em Pauta
Flávia Schott (11) 96593 – 7066 – [email protected]
Alex Olobardi (11) 99254 – 4604 – [email protected]
Marcelo Guaré (11) 99131 – 8322 – [email protected]
Erika Digon (11) 99953 – 1048 – [email protected]
Gostei da entrevista e do artista. Do teatro para a música, que bacana! Também me agrada a reflexão poética sobre as relações afetivas que o artista faz.