A Cantora e compositora maranhense Flávia Bittencourt, é neta do escritor, folclorista, compositor, multi-instrumentista – Fulgêncio Pinto.
Iniciou em 1998 sua carreira musical, após umas canjas no Zanzibar (situado na litorânea em São Luís – MA). Em julho de 2000, realiza no teatro Alcione Nazaré o show“Voz e Ritmos” (No repertório pérolas dos compositores maranhenses que deu base ao repertório atual), com sucesso de público e crítica. Em agosto do mesmo ano muda-se para São Paulo com intuito de dar novo impulso à carreira.
No seu primeiro CD – “Sentidos” lançado em 2005 pela Por do Som, com distribuição pela Som Livre, traz canções de seus conterrâneos(Zeca Baleiro, Chico Maranhão, Fulgêncio Pinto, José Pinto, Raimundo Macarra, José Pereira Godão), de sua autoria, e do grande mestre Martinho da Vila, o sucesso Ex-amor , cantada em português e espanhol com direito a uma interpretação bem pessoal.
A música Terra de Noel (Josias Sobrinho) faz parte da trilha sonora da novela da TV Globo América (Berço do samba). Uma bela voz e excelente interpretação e bom gosto musical a serviço da Música Popular Brasileira.
O primeiro CD foi pré-selecionado para o Grammy – música latina despertando a atenção também pelo belo acabamento nos arranjos – com a participação direta de Flávia Bittencourt na maioria destes.
O trabalho conta com a participação de
- Dominguinhos – em Canto de Luz;
- Renato Braz – em Flor do Mal;
- Maestro Laércio de Freitas – arranjador do quarteto de cordas: Flor do Mal, Dolores, Sentido;
- Guello – percussão;
- Quinteto em Branco em Preto – Pamonha;
- Walmir Gil – trompete em Boi de Lágrimas;
- Pepi – piano em Ex-amor;
- Mestre Dinho, Kátia Kalima – percussão em Ex-amor;
- Renata Amaral – baixo elétrico em Canto de luz;
- Luizinho 7 cordas – violão 7;
- Marcos Ribeiro – violão, guitarra, bandolim;
- André Bedurê – baixo, vocais e direção musical;
- Adriano Busko– bateria;
- Celsinho, Peixinho, Alfredo – percussão;
- Renata Mattar, Míriam Maria, Leandro, Tata Fernandes, Ney Mesquita, Anaí – vocais;
- Maecília – flautas; André do cavaco – cavaquinho;
- Rogério – teclados, arranjo de bandolim e flauta em Canto de luz;
- Zé Alexandre – baixo acústico em ex-amor e Flor do Mal;
- Vitor – gaita; Miltinho – cavaquinho.
A cantora estudou na Escola de Música do Maranhão, na Faculdade Paulista de Artes e Centro de Estudos Tom Jobim – SP e mantendo-se envolvida com o folclore maranhense, através dos ritmos regionais da Festa do Divino Espírito Santo, o Bloco Tradicional, o Bumba-meu-Boi – sejam os sotaques de pindaré, orquestra, zabumba ou matraca e pandeirão – ou como o tambor de crioula, dialogando com repertórios diferentes – o samba e o choro – Nesse caldeirão de influencias seu trabalho autoral aponta para novas possibilidades na música popular brasileira atual.
Fez aberturas e dividiu palco com artistas de âmbito local e com maranhenses consagrados – Alcione, Zeca Baleiro – além de artistas renomados como Geraldo Azevedo, Adriana Calcanhotto, Dominguinhos e Leila Pinheiro.
Segue abaixo entrevista exclusiva com Flávia Bittencourt para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistada por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 01.10.2006:
01) Ritmo Melodia: Fale do seu primeiro contato com a música.
Flávia Bittencourt: Foi na Escola, na minha terra natal, São Luís do Maranhão com o meu professor de música Raimundo Luís e que mais tarde me inscreveu na Escola de Música do Maranhão.
02) RM: Quais foram suas principais influencias musicais? E quais as influencias que permanecem presentes no seu trabalho?
Flávia Bittencourt: A própria musicalidade de São Luís. Meus vinis de Milton Nascimento, Elizeth Cardoso, principalmente.
03) RM: Qual a sua formação musical? E quando começou a sua carreira musical?
Flávia Bittencourt: Estudei percepção, harmonia e canto erudito na Escola de Música do Maranhão. Em 1998 comecei a me apresentar profissionalmente na noite de São Luís. Em 2001 iniciei os estudos na Faculdade Paulista de Artes, Música Erudita, e em 2002, comecei na U.L.M – Universidade Livre Música Tom Jobim – SP, música popular e canto popular.
04) RM: Fale sobre seu primeiro disco.
Flávia Bittencourt: Esse é o meu primeiro CD – “Sentido”. Será lançado no Sesc – Pompéia dia 1 de abril 2005. O repertório é fruto de pesquisa e de minha curiosidade em conhecer mais a fundo a música produzida na minha terra. Isso me deixou e me deixa cada vez mais apaixonada pela qualidade musical dos compositores conterrâneos.
Quase todas as faixas deste trabalho são clássicos da música maranhense e brasileira, principais influências do meu trabalho.
O disco possui quatro sambas, cada um com suas características: Terra de Noel, de Josias Sobrinho (autor, entre outros, de Engenho de Flores, sucesso na voz de Diana Pequeno no início dos anos 80); Ponto de Fuga, de Chico Maranhão (Compositor que gravou três discos pelo selo Marcos Pereira, nos anos 70, e autor de Gabriela, premiada em Festival da Record, em 1967), Pamonha (Parceria de José Bittencourt Pinto e Fulgêncio Pinto, respectivamente meu pai e meu avô) e Berê, um samba de roda inédito de Zeca Baleiro. Quando pensei no arranjo de Terra de Noel, procurei acrescentar um pouco da influência de Hermínia, cantora maravilhosa de Cabo Verde, através dos atabaques do percussionista Guello.
Em Ponto de Fuga e Pamonha, tive o prazer de ser acompanhada pelos meus amigos do Quinteto em Branco e Preto. Flor do Mal e Dolores são composições de César Teixeira, em minha opinião um dos maiores compositores brasileiros. Letra e melodia se combinam e o resultado é de alta qualidade. A participação de Renato Braz em Flor do Mal é um auxílio luxuoso.
A graciosa Vassourinha Meaçaba atrai adultos e crianças, talvez por ser uma marchinha. O arranjo tem flautins. Prestem atenção na onomatopéia chep, chep, chep, utilizada pelo compositor Chico Maranhão. Vazio e Sentido foram compostas por mim aqui em São Paulo. A que dá título ao disco fala da busca infindável pelo sentido da vida. Canto de Luz, de Zé Pereira Godão, é uma linda homenagem às caixeiras da festa do Divino Espírito Santo. Nessa faixa, tive a honra da presença do Mestre Dominguinhos, que classificou a música como uma oração. Boi de Lágrimas, clássico do compositor maranhense Macarra, é uma toada de bumba-meu-boi de que sempre gostei.
Foi uma das primeiras do repertório a ser escolhida. Estrela do Mar, de Marino Pinto e Paulo Soledade, marchinha famosa na voz de Dalva de Oliveira, eu conheci por meio de minha avó, que a cantava em casa.
O violão 7 cordas do Luizinho combinou bastante com a música. Foi uma das gravações mais emocionantes. Foi um dia difícil, a energia faltara diversas vezes e Luizinho esperou calmamente. Quando as coisas se ajeitaram, já eram quase quatro da manhã. Ex-amor, de Martinho da Vila, é originalmente um samba, mas para mim sempre teve “um quê” de pegada latina.
Comecei a trabalhá-la com o arranjo de salsa ainda em shows. Durante as gravações, a compositora argentina Natália Mallo, que trabalhou como técnica na gravação do disco fez uma versão em espanhol, que eu incluí no meio da música.
05) RM: Comente sobre o seu show.
FB – Interpretarei canções de Zeca Baleiro e Martinho da Vila, entre outros, do disco Sentido serei acompanhada por Tomas Howard (violão de sete cordas), Marquinho Mendonça (bandolim, viola e violão); Gigi (baixo e cavaquinho) e Guello e Netinho (percussão). O show terá a participação de Renato Braz nos vocais de Flor do Mal. Dentre os ritmos maranhenses vale destacar o Divino Espírito Santo, tambor de crioula e bumba-meu-boi sendo que, o trabalho não se restringe a esses ritmos.
06) RM: Quais os prós e contras de fazer um trabalho na cena independente ?
Flávia Bittencourt: O lado bom é que a gente pode trabalhar aquilo que nos dá prazer em cantar, sem nos preocupar com o que o “mercado” quer musicalmente naquele momento. Porém, temos muito mais dificuldades na produção, execução e divulgação do trabalho.
07) RM: Porque escolheu São Paulo como seu habitat profissional?
Flávia Bittencourt: Queria sair pra estudar música (em São Luís não existe faculdade de Música) e divulgar o trabalho que eu já vinha fazendo em São Luís.
08) RM: Como você analisa a atuação cultural e musical dos seus contemporâneos?
Flávia Bittencourt: Acredito que a transformação está aí. A música independente, a divulgação alternativa, o público pode escolher mais. Começa a descentralização das mãos das multinacionais, mas como o capitalismo sempre encontra um jeitinho de não perder sua fatia no mercado em qualquer área, vamos ver no que vai dar.
09) RM: Fale de suas divergências e convergências com o mercado fonográfico?
Flávia Bittencourt: Como eu já citei, existe ainda um jogo de cintura muito duro para o mercado independente, já que o acesso às pessoas é mais lento. Ao mesmo tempo, os meios de divulgação alternativos estão se fortalecendo, espero que as pessoas se interessem cada vez mais.
10) RM: Quem são seus principais parceiros musicais?
Flávia Bittencourt: Meus parceiros musicais são as pessoas que eu admiro e que colaboraram e colaboram com o meu trabalho como o Renato Braz, Dominguinhos, Luizinho 7 cordas, Marquinho Mendonça.
11) RM: Fale dos projetos futuros.
Flávia Bittencourt: Pretendo continuar divulgando o CD – “Sentido” e começar a planejar o próximo.
11) RM: Flávia Bittencourt, Quais os seu contatos?
Flávia Bittencourt: (11) 981444156
North America – ARE Group 1-877-606-0277 – [email protected]
Brazil – Jose Pinto / Carol Marques +55 98 98119-4422 / 21 98200-6449
France – Clelia Morali/Sarava Brazil +33 6 76293895 [email protected]
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