More Fernando Sodré »"/>More Fernando Sodré »" /> Fernando Sodré - Revista Ritmo Melodia
Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.

Fernando Sodré

Compartilhe conhecimento

O arranjador, compositor, produtor musical e violeiro mineiro Fernando Sodré é dono de uma técnica e estilo único aplicado a viola brasileira e considerado pela crítica especializada uma das vozes mais importantes deste instrumento na atualidade.

Iniciou seus estudos com a viola caipira aos 18 anos de idade como violonista e chorão Sebastião Idelfonso, que ao contrário do habitual aprendeu a executar peças ligadas ao universo do Choro, seresta e música erudita ao invés da música caipira.

Após alguns meses de estudos Sodré é convidado a participar de um programa de Rádio semanal conduzido pelo violonista Sebastião Idelfonso em que executavam choros e música erudita em um programa ao vivo por cinco anos.

Participou de um grupo de projeção para-folclórico da UFMG chamado Sarandeiros em que fez parte durante cinco anos da banda deste grupo que excursionou por diversos países apresentando espetáculos dos diversos ritmos e danças folclóricas do Brasil.

Em 2001, ganhou o prêmio jovem instrumentista do BDMG que lhe proporcionou o encontro com um dos maiores nomes da viola caipira nacional, Renato Andrade, em que Sodré selou uma grande e amizade e parcerias em shows.

Em 2004, grava seu primeiro CD de canções e música instrumental intitulado “Fernando Sodré” em que suas composições já trazem toda a influência da música mineira e da música instrumental brasileira.

Em 2007, Sodré gravou o seu segundo CD “Rio de Contraste”, um disco totalmente instrumental dirigido pelo violonista Daniel Santiago e com a participação dos músicos Gabriel Grossi na harmônica, Thiago Espírito Santo no Contrabaixo, Marcio Bahia na bateria e a participação especial de Hamilton de Holanda.

Em 2008, Sodré faz uma turnê por Portugal finalizando na Ilha da Madeira difundindo e divulgando a viola brasileira e novas formas de execução para este instrumento é ainda com a participação na gravação no disco “Nas asas do Gavião” do violeiro da Madeira Vitor Sardinha.

Em 2013, gravou o CD “Viola de ponta Cabeça” com uma formação mais Jazzística e com um repertório de músicas autorais e releituras bem arrojadas e inusitadas para este instrumento com a participação especial de Toninho Horta.

Em 2024, Sodré lançará o álbum “Minas em Mim”. Um disco com uma concepção mais acústica e que contará com grandes participações especiais como Tavinho Moura, Bárbara Barcelus, Eneias Xavie.

Atuante no cenário da música instrumental em vários e importantes festivais de jazz e world music no Brasil e no exterior, Sodré já dividiu palco com grandes nomes da música como Hamilton de Holanda, Toninho Horta, Yamandu Costa, Elza Soares, Almir Sater, Gabriel Grossi, Thiago do Espírito Santo, Jair Rodrigues, Tavinho Moura entre outros.

Possui quatro discos gravados, “Centenário de Belo Horizonte” (1999), Fernando Sodré (2004), Rio de Contraste (2007), Viola de Ponta Cabeça (2013). Em 2024 lançará o álbum “Minas em Mim. Um disco de viola solo dedicado a Minas Gerais com releituras e peças autorais. O álbum contará com três participações especiais, Tavinho Moura, Bárbara Barcellos e Eneias Xavier e com arranjos arrojados e inovadores para a viola brasileira.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Fernando Sodré para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 28.10.2024:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Fernando Sodré: Nasci no dia 06/05/1977 em Belo Horizonte – MG. Registrado como Fernando Sodré Reis.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Fernando Sodré: Desde muito cedo sempre tive contato com a música, pois meu pai (Manoel dos Reis Neto) tocava violão em rodas familiares. Foi ele quem me ensinou os primeiros acordes no violão e sempre me incentivou a tocar um instrumento.

03) RM: Qual sua formação musical e/ou acadêmica fora da área musical?

Fernando Sodré: Fiz um curso de Administração de Empresas na Faculdade FUMEC, mas a música falou mais alto e deixei o curso para trilhar os caminhos da música.

A minha formação musical começa nas rodas de Choro e programas de rádio em que tocávamos ao vivo música instrumental brasileira. Depois fiz vários cursos com grandes mestres em Belo Horizonte de harmonia, improvisação e estudei um pouco de piano e composição também.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Fernando Sodré: Tenho muitas influências, principalmente na música brasileira. As influências do passado continuam sendo as do presente, pois mesmo não ouvindo mais determinadas músicas ou compositores que fizeram parte da minha vida em um determinado momento, mas de uma certa forma ainda estão sempre presentes na minha música ou na forma de tocar minha Viola.

Nomes como Renato Andrade, Almir Sater, Hermeto Pascoal, Egberto Gismont, Garoto, Pixinguinha, Jacob do bandolim, João Pernambuco, Heitor Villa-Lobos, são muitas as influências e todas fazem parte de um momento da minha vida.

05) RM: Quando, como e onde você começou sua carreira musical?

Fernando Sodré: Comecei aos 18 anos de idade (em 1995) tocando em um programa de Rádio semanal ao vivo tocando Choro, serestas e música popular brasileira.

06) RM: Quantos álbuns lançados?

Fernando Sodré: Lancei: Centenário de BH (1999), Fernando Sodré (2004), Rio de Contraste (2007), Viola de Ponta Cabeça (2013). Em 2024 lançarei o álbum “Minas em Mim”. 

07) RM: Como você se define como Violeiro?

Fernando Sodré: Um eterno aprendiz.

08) RM: Quais afinações você usa na Viola?

Fernando Sodré: Uso com frequência a afinação Cebolão em Mi (E – B – G# – E – B).

09) RM: Quais as principais técnicas o violeiro tem que conhecer?

Fernando Sodré: Acho interessante o violeiro conhecer algumas técnicas de ponteados e principalmente a linguagem tradicional do instrumento. Não existe regra ou forma certa de tocar uma Viola Caipira. Existem referências em que o violeiro possa pesquisar, estudar e entender uma forma que alguém desenvolveu um estilo ou uma forma de tocar e a partir daí criar e desenvolver o seu próprio estilo onde o céu é o limite.

10) RM: Quais os violeiros que você admira?

Fernando Sodré: Poderia ocupar uma página aqui escrevendo nomes, mas vou colocar alguns que foram e são minhas maiores referências: Tavinho Moura, Renato Andrade, Almir Sater, Miltinho Edilberto.

11) RM: Como é seu processo de compor?

Fernando Sodré: Geralmente começo a compor uma melodia sem instrumento. As vezes gravo as melodias que aparecem na minha cabeça e depois começo o trabalho de desenvolvê-las na viola ou em outros instrumentos.

12) RM: Quais as principais diferenças técnicas entre a Viola e o Violão?

Fernando Sodré: São muitas, a começar pela estrutura física do instrumento como tamanho, número de cordas, calibragem das cordas, tamanho da escala, timbre e técnicas de execução.

13) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Fernando Sodré: Os prós de desenvolver uma carreira independente são as possibilidades de conduzir a carreira a minha maneira e ter liberdade de escolhas. Agora os contras são todas as dificuldades que quase todos nós músicos sabemos quando o assunto é o financeiro.

As dificuldades de manter uma carreira é bem complicada principalmente para áreas como a música instrumental em que o mercado de ofertas é bem restrito para a demanda principalmente nos dias atuais.

14) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Fernando Sodré: Acho que são dois lados distintos, mas que se completam. Fora dos palcos vem o lado empresarial em que é necessário um olhar mais burocrático e visionário em que nem sempre nos músicos temos estas percepções. Geralmente é preciso uma pessoa para completar as inspirações lúdicas que saem do coração de um músico. Ter um produtor musical que entenda seu som e tenha os mesmos ideais ao seu lado é primordial, mas sabemos que nem sempre isto é possível.

Agora dentro dos palcos eu penso em sempre ser verdadeiro com o que proponho fazer. Escolher parceiros que estejam na mesma vibração do meu som e pensem parecido como você dentro da música. Música é troca, é sentimento, compartilhando dentro do palco, eu procuro ter esta sintonia com quem esteja ao meu lado.

15) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?

Fernando Sodré: Criando novos trabalhos de preferência anualmente, criação de projetos comunitários envolvendo outros artistas, criação de conteúdos digitais, buscar sempre novas parcerias.

16) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Fernando Sodré: Hoje a internet só ajuda se bem utilizada. Apesar de ser de uma geração em que a internet não era uma coisa natural, precisei me adaptar às novas regras do jogo.

17) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Fernando Sodré: As vantagens do home estúdio são muitas. Difícil até enumerar. Eu já gravei na época em que as gravações eram feitas com fitas de rolo e tudo ao vivo. Acho que estas facilidades da tecnologia tiram um pouco a essência natural da música ao vivo. Acho que cada vez mais as gravações estão ficando “emplastificadas”.

18) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar o CD não é mais o grande obstáculo. Mas concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Fernando Sodré: O que tento fazer em primeiro lugar é ser o mais verdadeiro e autêntico possível na minha forma de tocar e compor sem pensar em agradar A ou B. Acho que quando temos uma identidade musical, uma digital, de uma certa forma temos um diferencial.

19) RM: Como você analisa o cenário da música Sertaneja pop. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Fernando Sodré: Infelizmente não consigo responder esta pergunta porque não conheço quase nada deste universo.

20) RM: O que te deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Fernando Sodré: O que me deixa mais feliz sem dúvida é a realização de um projeto. O que me deixa mais triste é ver tantos talentos incríveis com tão poucos espaços.

21) RM: Quais os outros instrumentos musicais que você toca?

Fernando Sodré: Não gosto de dizer que toco outros instrumentos, pois ainda estou em um eterno aprendizado com a Viola.

22) RM: Como você analisa o cenário da música Sertaneja Caipira/Raiz. Em sua opinião quais foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas permaneceram com obras consistentes e quais regrediram?

Fernando Sodré: Pelo pouco que conheço deste cenário atual da música sertaneja caipira tenho visto alguns violeiros muito bons com trabalhos de grande relevância, como Leandro Valentim, Arnaldo Freitas, Felipe Rezende, Bruno Takashi, Marcus Biancardini.

23) RM: Quais os vícios técnicos o violeiro deve evitar?

Fernando Sodré: Um vício que o violeiro deve evitar é de não buscar novas experiências musicais além da música caipira.

24) RM: Quais os erros no ensino da Viola?

Fernando Sodré: O erro está no aluno buscar atalhos no aprendizado. Acho importante para quem está começando a aprender um instrumento é buscar um bom profissional.

25) RM: Tocar muitas notas por compasso ajuda ou prejudica a musicalidade?

Fernando Sodré: Isto é muito relativo e depende de uma série de fatores! Para mim não ajuda nem prejudica. Depende do contexto ao qual você está inserido.

26) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Fernando Sodré: Estude muito. Tenha foco e disciplina.

27) RM: Quais os principais erros na metodologia de ensino de música?

Fernando Sodré: Nossa são muitos! Difícil até de enumerar…

28) RM: Existe o Dom musical? Qual a sua definição de Dom musical?

Fernando Sodré: E ter a música no coração.

29) RM: Qual a sua definição de Improvisação?

Fernando Sodré: Liberdade.

30) RM: Existe improvisação de fato, ou é algo estudado antes e aplicado depois?

Fernando Sodré: A improvisação é a liberdade que o músico tem para criar na hora o que ele está sentindo. O que vai determinar é a capacidade e as ferramentas que cada músico tem para improvisar. Tem músicos que aprendem a improvisar intuitivamente sem conhecimentos técnicos e outros com muito estudo.

31) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre Improvisação musical?

Fernando Sodré: Acho que não tem contras, pois quanto maior o seu conhecimento musical melhor será a sua performance na hora de improvisar.

32) RM: Quais os prós e contras dos métodos sobre o Estudo de Harmonia musical?

Fernando Sodré: Eu penso que estudar nunca é demais. Quanto maior for o seu conhecimento sobre harmonia, ritmos e melodias melhor será sua compreensão musical.

33) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia do cenário musical brasileiro?

Fernando Sodré: A cobertura feita pela grande mídia do cenário musical brasileiro é única e exclusivamente voltada para faturamento financeiro.

34) RM: Qual a importância de espaço como SESC, Itaú Cultural, Caixa Cultural, Banco do Brasil Cultural para a música brasileira?

Fernando Sodré: São espaços de resistência de extrema importância. São locais onde a música e músicos que estão fora do eixo comercial abrindo as portas para que as pessoas possam conhecer e entender o tamanho e a importância da música atual brasileira que é feita fora desta indústria musical manipuladora.

35) RM: Quais os seus projetos futuros?

Fernando Sodré: Gravação de um novo álbum para 2025 com uma formação bem inusitada com a viola caipira. Em breve darei notícias…

36) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs? 

Fernando Sodré: https://www.instagram.com/fernandosodreoficiall 

Canal: https://www.youtube.com/@fernandosodre4284 

Fernando Sodré | Bucaina (Fernando Sodré) | Instrumental Sesc Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=Gb9k-OYvkOQ 

Papo das 10 cordas: Fernando Sodré: https://www.youtube.com/watch?v=HVmf7jGuoqw


Compartilhe conhecimento

Comments · 1

  1. Entrevista música boa! Gostei bastante da definição do artista sobre improvisação ser liberdade. Perguntas e respostas muito pertinentes, gostei!

Deixe um comentário

*

Uma Revista criada em 2001 pelo jornalista, músico e poeta paraibano Antonio Carlos da Fonseca Barbosa.